Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v9iesp.1.19400 1
ACOLHIMENTO, ESCUTA E DIÁLOGO: AÇÕES DE SAÚDE MENTAL NA
PRÁTICA DO ORIENTADOR EDUCACIONAL
ACOGIDA, ESCUCHA Y DIÁLOGO: ACCIONES DE SALUD MENTAL EN LA
PRÁCTICA DE LOS DOCENTES DE ORIENTACIÓN EDUCATIVA
WELCOMING SPACE, LISTENING AND DIALOGUE: MENTAL HEALTH ACTIONS
IN THE PRACTICE OF EDUCATIONAL GUIDANCE TEACHERS
Adriana Andrade ALVES
1
e-mail: adriana.aalves@yahoo.com.br
Izabel Cristina de SOUZA
2
e-mail: izabel.souza.rj@gmail.com
Como referenciar este artigo:
ALVES, A. A.; SOUZA, I. C. de. Acolhimento, escuta e
diálogo: Ações de saúde mental na prática do orientador
educacional. Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador,
v. 9, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2177-5060. DOI:
https://doi.org/10.29378/plurais.v9iesp.1.19400
| Submetido em: 22/12/2023
| Revisões requeridas em: 20/01/2024
| Aprovado em: 25/01/2024
| Publicado em: 12/07/2024
Editoras:
Profa. Dra. Célia Tanajura Machado
Profa. Dra. Kathia Marise Borges Sales
Profa. Dra. Rosângela da Luz Matos
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro RJ Brasil. Professora do Colégio de Aplicação da
UFRJ no Setor de Orientação Educacional.
2
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro RJ Brasil. Professora do ensino básico, técnico e
tecnológico (EBTT) do Colégio de Aplicação (CAp) da UFRJ no setor de Orientação Educacional. Doutoranda
em Ciências Humanas - Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Acolhimento, escuta e diálogo: Ações de saúde mental na prática do orientador educacional
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v9iesp.1.19400 2
RESUMO: O retorno presencial às escolas pós-pandemia trouxe à tona uma problemática para
além dos currículos: as questões de sofrimento mental nos estudantes se materializaram de
forma concreta no âmbito educativo. Em uma escola federal do Rio de Janeiro, o Setor de
Orientação Educacional (SOE), responsável por estar próximo dos estudantes e familiares, se
deparou com maior procura por espaços de escuta e acolhimento. Em sua grande maioria, as
queixas atravessaram os aspectos da socialização, convivência, depressão e ansiedade. O
objetivo deste trabalho é analisar o processo de construção de ações para a saúde mental na
esfera escolar com estudantes, familiares e educadores. A metodologia, de abordagem
qualitativa, trata-se de um relato de experiência de professoras orientadoras educacionais do
Ensino Fundamental anos finais e do Ensino Médio. O trabalho aponta a importância de
parcerias entre educação e saúde para atender as demandas que atravessam o contexto da
aprendizagem dos estudantes.
PALAVRAS-CHAVE: Educação e saúde. Acolhimento. Parceria.
RESUMEN: El regreso presencial a las escuelas después de la pandemia sacó a la luz un
problema más allá del currículo: cuestiones de sufrimiento mental en los estudiantes se
materializaron de manera concreta en el ámbito educativo. En una escuela federal de Río de
Janeiro, el Sector de Orientación Educativa (SOE), responsable de estar cerca de los
estudiantes y las familias, enfrentó una mayor demanda de espacios de escucha y acogida. La
gran mayoría de las denuncias abarcaban aspectos de socialización, convivencia, depresión y
ansiedad. El objetivo de este trabajo es analizar el proceso de construcción de acciones para
la salud mental en el ámbito escolar con estudiantes, familias y educadores. La metodología,
con un enfoque cualitativo, es un relato de la experiencia de docentes de orientación educativa
de los últimos años de Educación Primaria y Secundaria. El trabajo destaca la importancia de
las alianzas entre educación y salud para satisfacer las demandas que atraviesan el contexto
del aprendizaje de los estudiantes.
PALABRAS CLAVE: Educación y salud. Acogida. Alianzas.
ABSTRACT: The in-person return to school post-pandemic brought to light a problem beyond
the curriculum: issues of mental suffering in students materialized in a concrete way in the
educational sphere. In a federal school in Rio de Janeiro, the Educational Guidance Sector
(SOE), responsible for being close to students and families, was faced with greater demand for
listening and welcoming spaces. Most complaints covered aspects of socialization, coexistence,
depression and anxiety. The objective of this work is to analyze the process of building actions
for mental health in the school sphere with students, families and educators. The methodology,
with a qualitative approach, is an experience report from educational guidance teachers in the
final years of Elementary and High School. The work highlights the importance of partnerships
between education and health to meet the demands that cross the context of student learning.
KEYWORDS: Education and health. Welcoming space. Partnership.
Adriana Alves ANDRADE; Izabel Cristina de SOUZA
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Introdução
A saúde mental é uma área que recebe destaque no âmbito das discussões sobre saúde e
vem tendo sua relevância reconhecida. De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), ela poderia ser definida como “um estado de bem-estar em que o indivíduo realiza suas
capacidades, supera o estresse normal da vida, trabalha de forma produtiva e frutífera e
contribui de alguma forma para sua comunidade” (OMS, 2022).
A pandemia da COVID-19 alastrou uma crise mundial de saúde pública que teve
reflexos no âmbito político, econômico, social e cultural, refletindo diretamente nos aspectos
inerentes à saúde mental. Segundo Faraj et al. (2022) os dados da Organização Mundial da
Saúde de 2020 apontam que o período da pandemia:
[…] contribuiu com o aumento de mais de 25% dos casos de doenças
psiquiátricas no mundo como, por exemplo, a depressão. Sob esse contexto, o
Brasil se estabeleceu como o país de maior prevalência da doença dentre toda
a América Latina (Ministério da Saúde, 2022), o que levou o Conselho Federal
de Enfermagem (2022) a entender como um segundo período de crise, dessa
vez, em Saúde Mental (Faraj et al., 2022, p. 4).
Para Estanislau e Bressan (2014, p. 14) o paradigma de saúde mental evoluiu nas últimas
décadas ampliando os conceitos puramente biológicos e passando a considerar os “fenômenos
resultantes da interação complexa entre fatores genéticos, biológicos, psicológicos, sociais e
culturais”. A escola, como ambiente que promove experiências de socialização a partir da
diferença em grupos ampliados, é cenário relevante para fomentar e contribuir com o debate.
No contexto educacional, a pandemia da COVID-19 evidenciou a necessidade de
debater a saúde mental nas escolas. O isolamento social, a partir de março de 2020, alterou de
forma significativa a dinâmica cotidiana dos estudantes, familiares e educadores. Em
decorrência desse período, após o gradativo retorno ao ensino presencial, pode-se observar,
além das questões de aprendizagem, o aumento significativo de casos ligados à saúde mental,
sobretudo os sintomas de ansiedade, depressão e dificuldades na socialização dos estudantes.
Neste artigo, damos luz às vivências de educadoras que acompanharam de perto o
surgimento de questões de saúde mental em adolescentes e jovens a partir da pandemia. A
narrativa acontece a partir dessas educadoras em uma escola pública federal do Rio de
Janeiro/RJ, que atende estudantes de diferentes faixas etárias e de grupos heterogêneos da
sociedade, em relação ao nível socioeconômico, localidade de moradia, gênero e raça/cor.
O setor de orientação educacional (SOE), especialmente voltado para o acolhimento de
crianças e adolescentes no seu processo de desenvolvimento escolar, se deparou com o aumento
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da procura dos estudantes por espaços de diálogo e escuta, com frequentes pedidos de ajuda no
âmbito da saúde mental. Essas demandas chamaram a atenção das professoras atuantes no setor,
graduadas em Pedagogia, e as levou a pensar em possibilidades de suporte no âmbito escolar.
Este artigo visa analisar o processo de construção de ações para a saúde mental na esfera
escolar com estudantes, familiares e educadores, a partir do relato de experiência de professoras
orientadoras educacionais que atuam no Ensino Fundamental anos finais e Ensino Médio. O
texto está organizado em cinco seções, além desta introdução. Na primeira delas, apresentamos
a metodologia adotada no artigo, contextualizando-a em relação à instituição de ensino da qual
se trata esse trabalho. Na segunda seção, trazemos reflexões sobre adolescência e juventude e a
prática de orientadores educacionais nessa etapa. Na seção seguinte, discutimos sobre o
processo de construção de ações enquanto orientadoras educacionais para a saúde mental dos
estudantes. A quarta seção discute os desafios e limites encontrados pela orientação educacional
no âmbito da saúde mental de adolescentes e jovens. Por fim, as considerações finais apontam,
a partir das discussões e das práticas apresentadas, caminhos que permitem continuar olhando
para a saúde mental no cenário educacional brasileiro.
Metodologia
A metodologia deste trabalho teve abordagem qualitativa e trata-se de um relato de
experiência de professoras orientadoras educacionais que atuam com o Ensino Fundamental -
anos finais e o Ensino Médio. O relato contempla as experiências com cerca de 450 estudantes,
na faixa etária de 14 a 18 anos, e compreende as vivências do período de 2021 a 2023, em uma
escola da rede federal de educação localizada no Rio de Janeiro.
O relato de experiência (RE) é um tipo de produção de conhecimento, cujo texto trata
de uma vivência acadêmica e/ou profissional em um dos pilares da formação universitária
(ensino, pesquisa e extensão), cuja característica principal é a descrição da intervenção (Mussi;
Flores; Almeida, 2021, p.65). Os autores ainda destacam:
Então, o RE em contexto acadêmico pretende, além da descrição da
experiência vivida (experiência próxima), a sua valorização por meio do
esforço acadêmico-científico explicativo, por meio da aplicação crítica-
reflexiva com apoio teórico-metodológico (experiência distante) (Mussi;
Flores; Almeida, 2021, p. 64).
Adriana Alves ANDRADE; Izabel Cristina de SOUZA
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Apesar de Mussi, Flores e Almeida (2021) se referirem ao RE no contexto acadêmico
do ensino superior, entendemos que ele também pode ser aplicado à educação básica, objeto
deste estudo.
As ações desenvolvidas para compor o relato, compreendem três frentes de atuação. A
primeira consiste nos atendimentos individuais realizados com os próprios estudantes, seus
familiares, docentes e profissionais da saúde responsáveis pelo seu acompanhamento. A
segunda abarca as atividades de sala de aula com as turmas de cada uma das séries envolvidas.
E a terceira, nos estudos de caso realizados pelas orientadoras educacionais e no fortalecimento
de parcerias estabelecidas com projetos de pesquisa, espaços e profissionais da saúde.
Para a construção das ações, foram considerados os aspectos relacionais dos
adolescentes e jovens no contexto escolar e familiar. Conforme citado por Alves (2019), a teoria
das relações significativas desenvolvida por Grinspun (1992) nos ajuda a pensar as tramas do
processo de estar e conviver com outro. Essa teoria compreende cinco pontos básicos:
valoração, compreensão, conhecimento, confronto e produção, que se estabelecem em cinco
momentos: 1. EU com EU (condições de estruturação do EU em uma estrutura dialética de criar
sua história, fazer a história e fazer-se histórico) 2. EU com TU: (dar significado na ação do
outro e reconhecer o processo dinâmico, contínuo e permanente de múltipla integração de um
com o outro) 3. EU com o NÓS (corresponde ao meio, uma relação mais ampla de pluralidade
e valor das dialéticas sociais) 4. TU com o S (o outro com o meio); 5. NÓS com NÓS (meio
com o meio) (Grinspun, 1992 apud Alves, 2019, p. 41).
A partir disso, Grinspun (1992 apud Alves, 2019) destaca três pontos fundamentais na
atuação do orientador educacional: observar (observação geral e constante dos fenômenos com
o objetivo de trabalhar com dados interligados), compreender (detectar causas e origens dos
fenômenos) e agir (ação sobre os fatos). O tripé aliado à teoria das relações significativas
também é apresentado no estudo de Alves (2019) acerca do fomento de práticas desenvolvidas
pelos orientadores educacionais no âmbito das relações estabelecidas na escola. Tal estudo
corrobora e dialoga com as ações propostas pelas orientadoras educacionais nas três frentes de
atuação deste relato gerando contribuições nas práticas dos orientadores educacionais.
A escrita do texto apresentado utilizou como fonte de dados os registros produzidos
pelas próprias orientadoras, sejam as atas das reuniões e ou reflexões sobre os atendimentos ou
intervenções coletivas com as turmas, bem como os registros produzidos em sala de aula com
os estudantes. Entendemos os registros produzidos a partir da perspectiva de Freire (1996), que
prevê a observação, o registro e a reflexão como exercício metodológico sistematizado da
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prática docente. A partir de seus estudos, a observação consiste em romper o olhar cristalizado
que nos paralisa. Requer atenção e presença no movimento de sair de si para ver o outro. O
registro consiste no próprio ato de escrever sobre seu processo pedagógico, como ampliação da
memória capaz de gerar o exercício de ações e reflexões acerca do objeto de estudo. Em suas
palavras:
Este aprendizado do registro é o mais poderoso instrumento na construção da
consciência pedagógica e política do educador […]. O ato de escrever nos
obriga a formular perguntas, levantamento de hipóteses, onde vamos
aprendendo mais e mais, tanto a formulá-las quanto a respondê-las. Esta
capacidade tão vital de perguntar, que nos impulsiona à vitalidade de pensar,
pesquisar, aprender, todo educador tem que educar. Assim o registrar de sua
reflexão cotidiana significa abrir-se para seu processo de aprendizagem
(Freire, 1996, p. 6).
Os registros, aliados ao campo da observação e reflexão da prática, orientam os
caminhos possíveis na construção e sistematização de ações de experimentação de linguagens.
Para explicitar a discussão dos resultados, foram elaborados imagens e esquemas baseados nos
registros das orientadoras e nos registros construídos em sala com os estudantes, visando
destacar aspectos predominantes na atuação das orientadoras nos atendimentos individuais,
atividades com as turmas e encaminhamentos para profissionais de saúde.
Adolescência, juventude e orientação educacional: a saúde mental em evidência
A transição da infância para a vida adulta é um período repleto de mudanças nos
diversos âmbitos da vida. Neste artigo, utilizamos como referência, em termos de faixa etária,
a definição do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (Brasil, 1990), que compreende a
adolescência como a etapa entre 12 e 18 anos de idade. No lócus do estudo, a maior parte dos
estudantes do Ensino Fundamental anos finais e do Ensino Médio apresenta entre 12 e 18
anos, ainda que haja algumas exceções de jovens acima dos 18 anos que estão no espaço escolar
sem terem finalizado a etapa de formação na Educação Básica.
Compreendemos a adolescência e a juventude de maneira não unívoca, a partir da
perspectiva sócio-histórica discutida por Bock (2007). A discussão da autora vai na contramão
de diferentes estudos da Psicologia do Desenvolvimento, que compreendem essas etapas de
modo universal, sem os atravessamentos culturais, sociais e econômicos que as perpassam:
Nossa cultura valoriza o adulto produtivo. Desvaloriza todas as outras fases
da vida: a infância, a velhice e a adolescência, tomadas como fases
improdutivas para a sociedade, por isso desvalorizadas. A visão naturalizadora
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reforça estes valores, ao tomar o desenvolvimento como referência (Bock,
2007, p. 73).
Na mesma perspectiva, Novaes (2009) também critica a compreensão desses períodos
da vida como universais:
Infância, adolescência, juventude, maturidade e velhice: cada uma destas
palavras designa um período diferente da vida. São palavras que nasceram no
campo das ciências sobretudo da biologia, medicina e psicologia – mas hoje
habitam o vocabulário comum da vida cotidiana. A distinção entre cada uma
destas fases passou a ser vista como natural, como se houvesse uma cronologia
geral, oficial, definidora da “natureza humana”. Neste contexto, a “juventude”
é tratada como se fosse um segmento populacional bem definido, suposto
como universal (Novaes, 2009, p. 10).
Nesse sentido, podemos dizer que a instituição escolar é o espaço de encontro entre
adolescências e juventudes, num contexto cada vez mais plural a partir da recente
democratização do acesso à escola da qual falamos, cuja adoção ao sorteio como forma de
acesso se deu na última década, o que tem ampliado a chegada de estudantes de grupos
minoritários e tornado esse espaço mais heterogêneo.
Num contexto de escola com público heterogêneo, as situações de conflito podem ser
ainda mais intensificadas no encontro com a diferença e com as desigualdades em suas
múltiplas facetas, seja entre os adolescentes e jovens com os pares ou entre eles e os educadores.
Bock (2007) explicita a respeito do sentimento de apropriação dos pais em relação aos filhos e
da dificuldade em se reconhecer a existência de culturas jovens. Para a autora, os adolescentes
são colocados como responsáveis pelas relações tensas e conflituosas com os adultos; por sua
vez, cabe aos pais “salvarem” essas relações. Além disso, os pais não veem os filhos
adolescentes como parceiros.
Em diálogo com Bock (2007), defendemos que os adolescentes e jovens precisam ser
reconhecidos como parceiros sociais, com os quais se deve estabelecer um diálogo e não uma
simples tolerância. Assim, também é necessário compreender as adolescências e as juventudes
“em suas diversidades, vulnerabilidades e potencialidades” (Novaes, 2009, p. 19). Optamos por
usar ambos os termos – “adolescentes” e “jovens” – para nos referirmos aos estudantes, não os
restringindo ao marcador etário e entendendo a complexidade dessa discussão.
A orientação educacional pode ter um papel aliado no contato com os adolescentes e
jovens no cotidiano escolar. Ela é compreendida como a área cujo foco está no desenvolvimento
integral dos estudantes (Giacaglia; Penteado, 2010) e sua formação cidadã numa perspectiva
crítica, levando em conta seus desejos, utopias e paixões. (Grinspun, 2011). Assim, ao se
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colocar disponível a compreender o encontro das diversidades de adolescências e juventudes
no espaço escolar, a orientação educacional constrói diálogos com o estudante, seus pares, sua
família e demais educadores.
Sendo a porta de entrada da escuta e do acolhimento dos estudantes, em diversas
ocasiões, é através do SOE que acontece a chegada das narrativas de sofrimento e conflitos dos
adolescentes e jovens. Tanto nas atividades em sala de aula com as turmas ou nas conversas
individuais e/ou em pequenos grupos, diversos estudantes compreenderam o SOE como um
espaço de acolhimento para escuta e diálogo.
Ações de orientadoras educacionais para a saúde mental dos estudantes: acolhimento,
escuta, diálogo e vínculo
Em outubro de 2021, a escola pública federal em questão retomou o ensino presencial,
mas, devido às condições de distanciamento ainda vigentes na pandemia, as turmas foram
divididas em dois grupos para que não houvesse aglomeração de estudantes por sala e pela
escola. Foi apenas em 2022 que as turmas voltaram a frequentar a escola com a composição
original e utilizando a máscara de forma obrigatória. A seguir, exibimos o registro produzido
pelos estudantes do Ensino Médio no primeiro dia de retorno híbrido.
Figura 1 - Atividade do primeiro dia de retorno híbrido em 2021
Fonte: Elaboração das autoras
Observou-se, desde o momento inicial, diversas dificuldades na interação entre os
estudantes, expressas em atitudes de isolamento, como a preferência por usar o celular em vez
de conversar com colegas. Além disso, a cada atendimento com estudantes e/ou familiares,
eram sinalizados os casos de sofrimento psíquico que surgiram durante o confinamento. As
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professoras atuantes no SOE junto ao Ensino Fundamental anos finais e ao Ensino Médio
também passaram a receber um maior número de relatos de ideação suicida dos estudantes.
Também foram acionadas para acolher jovens em diversos casos de lesões autoprovocadas,
dentro da escola e de suas casas. Alguns alunos compartilhavam com as professoras
orientadoras sobre a busca de atendimento de psicólogos e psiquiatras e pediam para que fossem
encaminhados a esses profissionais, entendendo que precisavam de ajuda.
As situações descritas, que foram se tornando uma rotina no SOE, mobilizou as
professoras a atuarem de diferentes formas para responderem às questões que surgiam no
cotidiano. Oliveira (2021) aponta a escola como um espaço privilegiado na promoção ações de
saúde mental, destacando a relevância da atuação em etapas precoces do desenvolvimento. Este
estudo visa compartilhar a importância de garantir os espaços de acolhimento e escuta nas
escolas como forte aliado na identificação e mapeamento dos casos de sofrimento psíquico,
violência autoprovocada, encaminhamento adequado aos profissionais de saúde especializados
e proposição de intervenções e ações dentro do próprio espaço escolar.
Os atendimentos individuais compõem uma das principais frentes de atuação dos
orientadores educacionais. Cabe ressaltar que a orientação educacional não promove
atendimentos de caráter terapêutico, mas tem o intuito de acolher as demandas dos estudantes
enquanto educadoras e não como profissionais de saúde mental em atuação clínica.
Compreendemos que nossa ação se num ambiente institucional escolar e as discussões e
proposições dos atendimentos sempre têm o horizonte de propiciar suporte para a experiência
dos adolescentes e jovens como estudantes.
Os atendimentos são realizados a partir de solicitações dos próprios estudantes, das
famílias, de docentes e de profissionais de saúde que os atendem em contexto extraescolar.
Cabe ressaltar que muitos dos atendimentos realizados, são propostos pelas próprias
orientadoras e configuram como porta de entrada para estabelecer o primeiro contato de
acolhimento e escuta da história de vida do estudante. A escuta se tornou elemento central das
nossas ações. Como ressalta Freire (1996, p. 10) “ver e ouvir demanda implicação, entrega ao
outro, estar aberto para ver e ouvir como é […] é buscar sintonia com o ritmo do outro”.
As orientadoras educacionais acompanham, desde o início do ano, determinadas turmas
e séries. Elas se debruçam sobre a história de cada estudante que compõem as turmas,
observando os registros anteriores sobre o contexto familiar, comunitário, social e as questões
de aprendizagens e socialização. A partir do acesso à história dos adolescentes e jovens, as
professoras conseguem dar luz às necessidades e especificidades que serão importantes no
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decorrer do ano letivo. No caso dos adolescentes e jovens, observamos que é bastante comum
a procura do SOE pelos próprios estudantes.
O fato das professoras orientadoras se apropriarem da história deles e de se colocarem
disponíveis à escuta pode ser importante na criação de vínculo entre orientadora e estudante,
vínculo esse que propicia o compartilhamento de sonhos, projetos, dúvidas, inquietudes e
também de sofrimento. A procura dos estudantes por este espaço, também revela a construção
de um ambiente favorável à livre expressão, capaz de proporcionar o acolhimento em situação
de grande estresse e frustração.
Neste contexto pós-pandêmico, observamos aumento na procura dos estudantes para
atendimentos individuais. Passou a ser comum termos de pedir aos estudantes para aguardarem
ou combinarmos um horário específico, que as demandas surgiam de maneira simultânea.
Nas conversas individuais com os alunos, apareciam problemáticas ligadas à dificuldade em
restabelecer contato com os pares, principalmente por se verem “diferentes” de como eram
antes, com outros interesses e gostos. Assim, algumas questões frequentemente colocadas eram
a perda dos amigos e a dificuldade em construir novos laços pelo medo de rejeição. Também
compartilhavam questões para conseguir expressar seus sentimentos para as pessoas com as
quais tinham vínculo.
Além disso, nos dias de atividades avaliativas, se tornou comum sermos acionadas pelos
estudantes que demonstraram nervosismo, ansiedade e medo de terem um mau desempenho.
No cotidiano, passou a ser corriqueiro haver estudantes com sintomas de ansiedade como
taquicardia, tremor, choro e falta de ar motivados por alguma situação de conflito com os pares,
com outros educadores da escola, conflitos familiares e frustração diante de resultados
acadêmicos. Foi também nas conversas individuais que os estudantes compartilharam ter
ideação suicida e nos mostraram lesões autoprovocadas, o que nos levou a tomar algumas ações
que serão abordadas mais adiante.
Nos atendimentos, nem sempre o sofrimento era verbalizado com palavras - em algumas
ocasiões, os estudantes se expressavam através de textos escritos e/ou desenhos. Estes recursos
foram utilizados como estratégias capazes de oferecer um canal de diálogo para além da
verbalização, especialmente em cenários de grande introspecção. Os atendimentos individuais,
principalmente nas situações de urgência trazidas pelos estudantes, se configuraram como
espaços de pausa necessários e capazes de proporcionar tranquilidade e conforto em momentos
de alto grau de estresse e frustração, possibilitando, inclusive, o processamento e elaboração
das próprias emoções de acordo com o contexto para retorno às atividades escolares do dia.
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O aumento notado pelas orientadoras nas demandas de saúde mental de adolescentes e
jovens também foi observado pelas famílias, que traziam relatos sobre sintomas compatíveis
com quadros de ansiedade, depressão e outras questões. Nos atendimentos, as professoras
procuravam entender se as famílias percebiam em casa o sofrimento dos estudantes que
estávamos observando no ambiente escolar, alinhando essas perspectivas sobre os adolescentes
e jovens nos diferentes espaços onde se encontram. Com os profissionais da saúde, os
atendimentos tinham o mesmo intuito e também se buscava orientações sobre intervenções que
podíamos fazer na escola para dar suporte aos adolescentes e jovens.
A atuação do SOE também prea realização de atividades em sala de aula, o que
compreendemos ser fundamental para nossa prática. Nas ações com o coletivo, entendemos a
observação como dispositivo que nos ajuda a compreender o contexto e mapear situações no
âmbito individual, das relações e da socialização. Como diz Freire (1996, p. 7), a observação é
ferramenta básica no aprendizado do olhar, requer atenção e presença para a escuta de ruídos e
silêncios na comunicação. Não é sobre invadir o espaço do outro sem pauta, sem planejamento
e sem devolução, mas colher os registros da realidade significativa e não idealizada.
As atividades são voltadas tanto para a autoavaliação, avaliação do processo escolar e
da equipe docente, momentos de observação, coleta de informações e levantamento de
demandas dos estudantes, quanto encontros elaborados para discutir temáticas específicas da
faixa etária e de cada segmento escolar. No âmbito da convivência, os encontros com os grupos,
possibilitam ao orientador compreender e “atuar no campo das relações significativas,
propiciando um espaço colaborativo e facilitador da percepção dessas relações” (Alves, 2019,
p. 42) e consequentemente seus impactos nas questões emocionais que atravessam sua
aprendizagem. Apresentamos a imagem produzida a partir de relatos de 90 estudantes do ensino
médio sobre os desafios do retorno presencial no ano de 2022. O registro elucida a prevalência
das questões de socialização e convivência.
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Figura 2 – Relatos de estudantes sobre os desafios do retorno presencial em 2022
Fonte: Elaboração das autoras
São ainda realizadas atividades em sala de aula que integram diferentes faixas etárias e
segmentos, com o objetivo de dialogar sobre temas que perpassam todo o coletivo da escola.
Como exemplos, podemos citar a elaboração de palavras cruzadas pelos estudantes no retorno
ao ensino híbrido, em outubro de 2021 (figura 1) e as rodas de conversa sobre os desafios do
retorno presencial ao longo do ano letivo de 2022 (figura 2). No mesmo período, também foram
feitos debates sobre convivência, empatia e respeito às diferenças a partir de diferentes materiais
como vídeos, imagens, charges e textos para impulsionar as discussões. Nessas atividades, os
estudantes foram divididos em grupos e depois apresentaram suas reflexões para a turma, que
foram registradas pelas orientadoras. Estes momentos criaram oportunidades para que os
próprios estudantes verbalizem sobre seus processos coletivos e individuais, possibilitando a
construção de ações em conjunto com os jovens e adolescentes. A seguir, ilustramos uma das
atividades desenvolvidas no Encontro anual de Representantes de turmas - ENREP, a partir da
pergunta: o que te acolhe? Nessa proposta, os estudantes escreveram individualmente uma
palavra para responder à questão proposta e afixaram a palavra na representação da escola, para
que todos pudessem fazer suas reflexões.
Adriana Alves ANDRADE; Izabel Cristina de SOUZA
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2177-5060
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Figura 3 – Registro de atividade produzida no ENREP (2022)
Fonte: Elaboração das autoras
Nessas atividades coletivas, sobretudo nas rodas de conversa e debates, os adolescentes
e jovens trouxeram diversos relatos de cansaço, privação de sono, exaustão e desânimo com a
rotina que vivenciam. É importante contextualizar que as aulas do Ensino Fundamental – anos
finais e do Ensino Médio acontecem no turno da manhã, com algumas atividades no turno da
tarde, e parte dos estudantes não reside no entorno da escola. Assim, nas rodas de conversa e
debates, apareceram queixas sobre questões sociais muito importantes, como a necessidade de
acordar antes das 5 horas da manhã para ir à escola e chegar em casa apenas às 20 horas, por
morarem em localidades distantes. Por mais que o sofrimento psíquico possa ser entendido a
partir desses relatos, o contexto nos ajuda a compreender que ele está atrelado a variáveis sociais
de alto impacto no cotidiano juvenil de uma parcela de nossos estudantes e não pode ser
desconsiderado ou minimizado.
Os estudos de caso se mostraram como uma ferramenta fundamental ao SOE,
principalmente diante da similaridade de questões com estudantes do Ensino Fundamental
anos finais e do Ensino Médio. Eles consistiam em um momento, na reunião de equipe do SOE,
no qual uma das professoras apresentava o caso de algum estudante de uma das turmas
acompanhadas, explicitando as ações tomadas e planejadas na ocasião e as referências teórico-
legais que fundamentaram essas ações. Ao discutir sobre os casos com a equipe, as professoras
Acolhimento, escuta e diálogo: Ações de saúde mental na prática do orientador educacional
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2177-5060
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podiam trocar experiências e possibilidades de atuação em relação aos estudantes. Além disso,
os estudos permitiram que o setor se debruçasse, nas reuniões de equipe, sobre a construção de
formas de proceder diante de casos parecidos.
Podemos exemplificar a discussão sobre os estudantes em caso de lesão autoprovocada,
a partir da Lei nº 13.819 de abril de 2019, que versa sobre a Política Nacional de Prevenção da
Automutilação e do Suicídio (Brasil, 2019). O texto sinaliza sobre a notificação compulsória
ao Conselho Tutelar quando a escola identifica violência autoprovocada. Entendemos que,
nesse tipo de caso, iríamos elaborar um relatório sobre o estudante e a direção o enviaria ao
Conselho Tutelar.
No estudo de Souza (2018), os orientadores educacionais da região metropolitana
fluminense destacaram perceber a necessidade de realizar um trabalho articulado com os demais
atores escolares e com outros órgãos e setores que possibilitam ações conjuntas. Da mesma
maneira, nossa experiência tem indicado um caminho semelhante.
O encaminhamento dos estudantes para a rede de atenção psicossocial (RAPS) tem
destaque em nossa atuação cotidiana no SOE. Uma das atribuições da equipe é encaminhar os
adolescentes e jovens que necessitam de apoio profissional nas diferentes áreas da saúde. Ao
perceber a necessidade desse tipo de acompanhamento, as professoras realizam uma conversa
com a família dos estudantes para indicar o tipo de especialidade que os adolescentes e jovens
precisam. Nesse sentido, podemos observar que as professoras orientadoras exercem sua
discricionariedade, muito abordado na pesquisa de Lotta (2012), ou seja, tomam a decisão de
direcionar o estudante para algum tipo de atendimento. Essa escolha pode acontecer a partir da
interação entre os valores das próprias professoras e as normas e procedimentos da instituição
de ensino, definindo como atuará diante do caso.
O que temos notado após a pandemia é a ampliação dos pedidos dos próprios estudantes
para que acessem os serviços de saúde mental. Anteriormente, era mais comum que os adultos
que lidam com os jovens e adolescentes, sejam educadores ou familiares, pedirem os
encaminhamentos ao setor. É importante refletir que os estudantes chegam para as conversas
solicitando um encaminhamento nomeando o diagnóstico que acreditam apresentar, e temos a
hipótese de que esse tipo de informação sobre laudos e diagnósticos decorrem do acesso a redes
sociais nas quais estão presentes muitas informações, inclusive equivocadas e enviesadas, sobre
transtornos mentais. Tornou-se comum que os estudantes afirmem que têm algum transtorno
porque fizeram um teste em determinada rede social. Esse tipo de afirmação é utilizado pelas
professoras para discutir com o coletivo de estudantes sobre a temática.
Adriana Alves ANDRADE; Izabel Cristina de SOUZA
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Diante do aumento da demanda por encaminhamentos, principalmente para psicólogos
e psiquiatras, o SOE passou a se dedicar de maneira mais intensificada para fortalecer as
parcerias que tínhamos com alguns projetos de extensão da própria universidade. Alguns
desses projetos oferecem vagas de avaliação e atendimento neuropsicológico e neurológico para
estudantes indicados pela equipe. Para as situações que precisam de psicoterapia, fonoterapia e
outras especialidades desta natureza, as orientadoras têm feito contato com espaços que
realizam atendimento com valor social para encaminhar os estudantes.
Além disso, foi necessário buscar as clínicas da família, centros de atenção psicossocial
infantojuvenil (CAPSi) e centros de atenção psicossocial (CAPS), sendo esses últimos para os
estudantes maiores de 18 anos. Essas reuniões com as equipes, atreladas ao estudo dos
documentos norteadores, nos permitiu compreender o sistema de acesso a esses
acompanhamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que funciona de forma territorializada.
No caso de uma instituição escolar que atende a estudantes de diferentes localidades da região
metropolitana do Rio de Janeiro, o contato com as equipes de saúde para os encaminhamentos
se torna mais complexo, que uma única professora orientadora pode precisar fazer contato
com diversas clínicas da família, CAPS e CAPSi.
Observamos que as três principais frentes de atuação das orientadoras educacionais no
Ensino Fundamental anos finais e no Ensino Médio atendimentos individuais, atividades
com as turmas e encaminhamentos para profissionais de saúde - se mostraram valiosas diante
do sofrimento narrado pelos estudantes, familiares, profissionais da saúde e docentes.
As ações de escuta e acolhimento promovidas pelas orientadoras educacionais
possibilitam a observação de sinais que permitem as intervenções precoces, sinais esses que
poderiam ter sido facilmente interpretados como desinteresse e descaso. Em um ambiente ainda
permeado pelo resultado e pelo desempenho, olhar para a saúde mental dos estudantes pode ser
um diferencial na compreensão da relação dos adolescentes e jovens com a escola, com os
pares, com os adultos e com a própria vida. A seguir, apresentamos uma figura que explicita
esses aspectos tão fundamentais para a atuação de orientadores educacionais na promoção de
saúde mental de adolescentes e jovens:
Acolhimento, escuta e diálogo: Ações de saúde mental na prática do orientador educacional
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Figura 4 - Elementos norteadores da atuação de orientadores educacionais para a saúde
mental de adolescentes e jovens
Fonte: Elaboração das autoras
Desafios e limites da orientação educacional na promoção de saúde mental na
adolescência e juventude
As experiências vivenciadas ao longo dos três últimos anos evidenciam os limites
enfrentados pelas escolas na garantia de atendimentos e intervenções necessárias aos estudantes
em situação de sofrimento psíquico.
Alguns aspectos principais a serem considerados são os desafios socioeconômicos que
inviabilizam a busca por intervenções adequadas. Na conjuntura vivida por parte dos
adolescentes e jovens, sobretudo os de grupos minoritários, as dificuldades socioeconômicas
implicam na saúde mental desses estudantes. Compreendemos que as condições precárias de
acesso à escola, a falta de infraestrutura das moradias e as questões de insuficiência alimentar
são alguns elementos que se relacionam ao cansaço físico e mental, sensação de esgotamento,
privação de sono e alimentação inadequada narrados pelos estudantes durante os atendimentos
individuais e as atividades coletivas. Em um contexto de escassez de recursos, cabe à escola
direcionar as famílias dos estudantes para obter assistência estudantil e se inserir em programas
sociais, mas sabemos que isso é insuficiente diante de um cenário de desigualdades provocados
pelo atual modo de produção.
Além disso, alguns adolescentes, enquanto menores de idade, dependem de seus
responsáveis legais para frequentarem os espaços de saúde. Nem sempre esses adultos possuem
disponibilidade de tempo para acompanhá-los, o que impede a continuidade dos atendimentos.
Para muitas famílias, levar o filho ao psicólogo, por exemplo, significa ter que sair mais cedo
do trabalho semanalmente e essa não é uma realidade possível para elas.
Adriana Alves ANDRADE; Izabel Cristina de SOUZA
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v9iesp.1.19400 17
Outro aspecto observado foi a alta procura por espaços de atendimento gratuito e social
frente a quantidade de vagas disponibilizadas. Ao fazermos nossos levantamentos sobre as
vagas disponíveis no território de origem dos estudantes, analisamos que havia menos vagas
nas áreas periféricas da cidade e região metropolitana fluminense, sendo essas as áreas com
mais estudantes que precisam de atendimento gratuito ou em valor social. Os adolescentes e
jovens em sofrimento psíquico que necessitam de atendimento conseguem acessar mais
facilmente esses serviços por terem condições de arcar financeiramente com os custos.
Atrelado a esse fator, notamos uma distinção no tempo de espera para garantia dos
atendimentos no sistema público de saúde. Em contato com as clínicas da família, CAPS e
CAPSi das regiões de maior poder aquisitivo, observamos haver uma equipe multiprofissional
mais completa, com profissionais diversificados, o que não acontecia nos espaços situados nas
periferias da cidade e região metropolitana fluminense. Assim, o tempo de espera pelos
atendimentos no SUS, para os estudantes com menor nível socioeconômico, tem se mostrado
superior aos que residem nas áreas mais abastadas.
Diante do cenário, apontamos que as ações do SOE para estabelecer parcerias com
projetos de extensão da universidade e com profissionais da saúde que atendem a valor social
viabilizaram a garantia de atendimentos, especialmente aos estudantes mais vulnerabilizados
socialmente. Considerando o tempo de espera e a escassez de vagas, as parcerias podem
permitir o acesso mais rápido a serviços de saúde diversificados e de qualidade.
Gomes e Grinspun (2018) compreendem que a orientação educacional funciona como
um elo entre a família, a escola e a comunidade. Isso nos direciona para outro aspecto desafiador
como professoras no SOE: a aceitação da família para buscar atendimento especializado. Ao
lidar com os adolescentes e jovens, é comum que eles próprios apresentem essa demanda, como
foi discutido. Entretanto, o trabalho da orientação educacional se constrói no processo de
diálogo com as famílias, e não é sempre que uma aceitação para as questões de saúde mental.
Em diversas situações, as famílias não compreendem o sofrimento dos adolescentes e jovens e
atribuem esse à faixa etária, como se fosse algo que pode ser resolvido sempre de forma natural,
sem intervenções. Assim, famílias que entendem o sofrimento psíquico como frescura ou
fraqueza, de forma bastante estereotipada, o que dificulta ainda mais o acesso dos adolescentes
e jovens aos cuidados que necessitam. Neste contexto, cabe ao orientador educacional
problematizar com as famílias sobre a saúde mental e sua relevância para não negligenciar
questões fundamentais a serem acompanhadas.
Acolhimento, escuta e diálogo: Ações de saúde mental na prática do orientador educacional
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2177-5060
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Nas ações com os coletivos de estudantes, apontamos sobre a necessidade de a
professora orientadora de referência da turma ter cuidado ao abordar temáticas em sala de aula
que podem despertar gatilhos nos estudantes. Por ter conhecimento prévio sobre a história de
vida de cada um, é fundamental buscar maneiras sutis de abarcar nas atividades as questões que
se fazem indispensáveis, mas sem correr o risco de expor os estudantes e suas particularidades.
O trabalho coletivo na adolescência e juventude se mostra muito potente para o protagonismo
e a construção de culturas juvenis, potencializando suas vivências e reflexões como sujeitos de
direitos e autores de suas próprias histórias. Dialogamos com Grinspun (2011) sobre a
necessidade dos mais variados atores escolares estarem voltados para a construção de um
projeto coletivo defendido pela escola e que é construído coletivamente e cotidianamente pela
ação educativa de todos, inclusive os estudantes.
Se tratando de um espaço escolar, temos também como desafio incluir a temática da
saúde mental no currículo. Enquanto professoras, temos a possibilidade de abordá-la nas
entradas em sala de aula com as turmas, mas isso ainda é muito incipiente para a relevância que
essa temática apresenta no cotidiano atual. No entanto, ainda lidamos com um currículo pouco
flexível, que abarca diversos conteúdos importantes para a aprendizagem escolar, mas pouco
próximo da realidade vivida pelos adolescentes e jovens. Abordar sobre saúde mental permite
desmistificar diversas questões do imaginário e romper com paradigmas que impedem os
sujeitos de buscarem práticas que promovam a saúde.
Cabe também ressaltar os desafios da equipe docente para lidar com as questões de
saúde mental no cotidiano escolar. Cada vez mais, a pluralidade de situações coloca os
educadores diante de cenários inéditos que exigem intervenções imediatas. Em muitas
situações, o SOE é acionado para oferecer suporte e acolhimento, entretanto, pelos casos
simultâneos compreendemos o limite para lidar com todas as situações. Entendemos que é
necessário considerar os estudos da saúde mental na formação de professores. Como aponta
Estanislau e Bressan (2014, p.20) “não uma expectativa de responsabilizar os educadores e
sim ofertar conhecimentos selecionados em saúde mental, baseados principalmente em aspectos
de promoção e prevenção na prática educativa”. Enquanto professoras orientadoras, também
apontamos a necessidade de promovermos e garantirmos esses espaços como parte das ações
do currículo da orientação educacional.
Adriana Alves ANDRADE; Izabel Cristina de SOUZA
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v9iesp.1.19400 19
Considerações finais
Este trabalho se propôs a apresentar o processo de construção de ações para a saúde
mental na esfera escolar com estudantes, familiares e educadores. Tendo como metodologia o
relato de experiência e como lócus de discussão o Ensino Fundamental – anos finais e o Ensino
Médio de uma escola federal do Rio de Janeiro, foi possível desvelar aspectos relevantes na
discussão sobre saúde mental, na interface entre saúde, educação, adolescências e juventudes.
O contexto se tornou elemento fundamental para essa análise. Ao compreendermos as
especificidades dos adolescentes e jovens que frequentam uma escola pública federal na capital
fluminense, ficam evidentes as desigualdades e a heterogeneidade entre eles. Assim, não é
possível abordar questões de saúde mental desvinculadas de um contexto de privação de
recursos dos quais muitos estudantes provêm. É nesse espaço plural que convivem lado a lado
estudantes com diversificadas experiências de ser adolescente e ser jovem, e é nesse mesmo
espaço que emergem inúmeras situações de sofrimento psíquico.
Enquanto pedagogas e orientadores educacionais, entendemos que é necessário garantir
e ampliar os espaços de formação para toda a comunidade escolar. Ao garantir o acesso à
informação assim como espaços de diálogo, estamos construindo uma comunidade sensível a
um tema tão urgente e necessário que nos atravessa cotidianamente. No que se refere às
famílias, geramos a oportunidade de trocas de experiências tanto com profissionais da saúde e
da educação, quanto entre responsáveis que vivenciam situações similares no âmbito do
desenvolvimento de jovens e adolescentes.
Apontamos a necessidade de aprofundar o debate sobre o tema da saúde mental nas
escolas, especialmente após o período de isolamento social. Reconhecemos que ainda muito
a ser construído, entretanto, ao revisitarmos nossas práticas, podemos dar luz às iniciativas que
inauguram uma longa caminhada nessa direção. Os espaços de acolhimento, escuta e construção
de vínculos permitiram a identificação e mapeamento de casos graves no âmbito do sofrimento
psíquico, garantindo o correto encaminhamento e intervenção precoce. Propor novas ações é
também compreender a necessidade de seguirmos em diálogo constante com as nossas práticas
docentes para a construção de cenários outros de autonomia e formação.
Acolhimento, escuta e diálogo: Ações de saúde mental na prática do orientador educacional
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v9iesp.1.19400 20
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WELCOMING SPACE, LISTENING AND DIALOGUE: MENTAL HEALTH
ACTIONS IN THE PRACTICE OF EDUCATIONAL GUIDANCE TEACHERS
ACOLHIMENTO, ESCUTA E DIÁLOGO: AÇÕES DE SAÚDE MENTAL NA PRÁTICA
DO ORIENTADOR EDUCACIONAL
ACOGIDA, ESCUCHA Y DIÁLOGO: ACCIONES DE SALUD MENTAL EN LA
PRÁCTICA DE LOS DOCENTES DE ORIENTACIÓN EDUCATIVA
Adriana Andrade ALVES
1
e-mail: adriana.aalves@yahoo.com.br
Izabel Cristina de SOUZA
2
e-mail: izabel.souza.rj@gmail.com
How to reference this paper:
ALVES, A. A.; SOUZA, I. C. de. Welcoming space,
listening and dialogue: Mental health actions in the practice
of educational guidance teachers. Plurais - Revista
Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. esp. 1, e024006, 2024.
e-ISSN: 2177-5060. DOI:
https://doi.org/10.29378/plurais.v9iesp.1.19400
| Submitted: 22/12/2023
| Revisions required: 20/01/2024
| Approved: 25/01/2024
| Published: 12/07/2024
Editors:
Prof. Dr. Célia Tanajura Machado
Prof. Dr. Kathia Marise Borges Sales
Prof. Dr. Rosângela da Luz Matos
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Federal University of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – RJ Brazil. Teacher at the School of Application of UFRJ
in the Educational Guidance Department.
2
Federal University of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro RJ – Brazil. Basic, Technical, and Technological Education
(EBTT) teacher at the School of Application (CAp) of UFRJ in the Educational Guidance Department. Doctoral
degree candidate in Human Sciences - Education at Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Welcoming space, listening and dialogue: Mental health actions in the practice of educational guidance teachers
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v9iesp.1.19400 2
ABSTRACT: The in-person return to school post-pandemic brought to light a problem beyond
the curriculum: issues of mental suffering in students materialized in a concrete way in the
educational sphere. In a federal school in Rio de Janeiro, the Educational Guidance Sector
(SOE), responsible for being close to students and families, was faced with greater demand for
listening and welcoming spaces. Most complaints covered aspects of socialization, coexistence,
depression, and anxiety. The objective of this work is to analyze the process of building actions
for mental health in the school sphere with students, families, and educators. The methodology,
with a qualitative approach, is an experience report from educational guidance teachers in the
final years of Elementary and High School. The work highlights the importance of partnerships
between education and health to meet the demands that cross the context of student learning.
KEYWORDS: Education and health. Welcoming space. Partnership.
RESUMO: O retorno presencial às escolas pós-pandemia trouxe à tona uma problemática
para além dos currículos: as questões de sofrimento mental nos estudantes se materializaram
de forma concreta no âmbito educativo. Em uma escola federal do Rio de Janeiro, o Setor de
Orientação Educacional (SOE), responsável por estar próximo dos estudantes e familiares, se
deparou com maior procura por espaços de escuta e acolhimento. Em sua grande maioria, as
queixas atravessaram os aspectos da socialização, convivência, depressão e ansiedade. O
objetivo deste trabalho é analisar o processo de construção de ações para a saúde mental na
esfera escolar com estudantes, familiares e educadores. A metodologia, de abordagem
qualitativa, trata-se de um relato de experiência de professoras orientadoras educacionais do
Ensino Fundamental anos finais e do Ensino Médio. O trabalho aponta a importância de
parcerias entre educação e saúde para atender as demandas que atravessam o contexto da
aprendizagem dos estudantes.
PALAVRAS-CHAVE: Educação e saúde. Acolhimento. Parceria.
RESUMEN: El regreso presencial a las escuelas después de la pandemia sacó a la luz un
problema más allá del currículo: cuestiones de sufrimiento mental en los estudiantes se
materializaron de manera concreta en el ámbito educativo. En una escuela federal de Río de
Janeiro, el Sector de Orientación Educativa (SOE), responsable de estar cerca de los
estudiantes y las familias, enfrentó una mayor demanda de espacios de escucha y acogida. La
gran mayoría de las denuncias abarcaban aspectos de socialización, convivencia, depresión y
ansiedad. El objetivo de este trabajo es analizar el proceso de construcción de acciones para
la salud mental en el ámbito escolar con estudiantes, familias y educadores. La metodología,
con un enfoque cualitativo, es un relato de la experiencia de docentes de orientación educativa
de los últimos años de Educación Primaria y Secundaria. El trabajo destaca la importancia de
las alianzas entre educación y salud para satisfacer las demandas que atraviesan el contexto
del aprendizaje de los estudiantes.
PALABRAS CLAVE: Educación y salud. Acogida. Alianzas.
Adriana Alves ANDRADE and Izabel Cristina de SOUZA
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Introduction
Mental health is an area that has received prominence in discussions about health and
its relevance has been widely recognized. According to the World Health Organization (WHO),
it can be defined as "a state of well-being in which the individual realizes his or her own
abilities, can cope with the normal stresses of life, can work productively and fruitfully, and is
able to make a contribution to his or her community" (OMS, 2022).
The COVID-19 pandemic has unleashed a global public health crisis with repercussions
in political, economic, social, and cultural realms, directly impacting aspects related to mental
health. According to Faraj et al. (2022), data from the World Health Organization for 2020
indicated that the pandemic period:
[…] contributed to an increase of over 25% in psychiatric illnesses worldwide,
such as depression. Under this context, Brazil emerged as the country with the
highest prevalence of the disease throughout Latin America (Ministry of
Health, 2022), leading the Federal Nursing Council (2022) to recognize it as
a second crisis period, this time in Mental Health (Faraj et al., 2022, p. 4, our
translation).
Estanislau and Bressan (2014, p. 14) argue that the paradigm of mental health has
evolved in recent decades by expanding beyond purely biological concepts to include
"phenomena resulting from the complex interaction of genetic, biological, psychological,
social, and cultural factors." The school, as an environment that promotes socialization
experiences within diverse groups, plays a crucial role in fostering and contributing to this
debate.
Within the educational context, the COVID-19 pandemic underscored the need to
address mental health in schools. Social isolation, beginning in March 2020, significantly
altered the daily dynamics of students, families, and educators. As a result of this period,
following the gradual return to in-person education, there has been a notable increase in mental
health issues, particularly anxiety, depression, and difficulties in student socialization.
This article sheds light on the experiences of educators who closely observed the
emergence of mental health issues among adolescents and young people during the pandemic.
The narrative unfolds through these educators in a federal public school in Rio de Janeiro/RJ,
serving students from diverse socioeconomic backgrounds, locations, genders, and
races/ethnicities.
The educational guidance department (SOE), specifically focused on supporting
children and adolescents in their educational development process, faced an increase in students
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seeking spaces for dialogue and support, with frequent requests for mental health assistance.
These demands drew the attention of the Pedagogy graduates working in the department,
prompting them to consider various support possibilities within the school environment.
This article aims to analyze the process of developing actions for mental health within
the school environment involving students, families, and educators, based on the experiential
accounts of educational guidance counselors working in the upper years of elementary school
and high school. The text is organized into five sections, including this introduction. The first
section presents the methodology adopted in the article, contextualizing it within the specific
educational institution discussed in this study. The second section reflects on adolescence and
youth, focusing on the role of educational guidance counselors during this developmental stage.
In the following section, we discuss the process of crafting actions for students' mental health
from the perspective of educational guidance counselors. The fourth section explores the
challenges and limitations encountered by educational guidance in the realm of adolescent and
youth mental health. Finally, the concluding remarks draw from the discussions and practices
presented, proposing pathways further to address mental health within the Brazilian educational
setting.
Methodology
The methodology employed in this study is qualitative and centers on the experiential
accounts of educational guidance counselors working with upper years of elementary school
and high school students. The narrative encompasses experiences with approximately 450
students aged 14 to 18 years, spanning from 2021 to 2023, at a federal education institution
located in Rio de Janeiro.
The experiential account (EA) is a type of knowledge production that describes
academic and professional experiences within one of the pillars of university education
(teaching, research, and extension), with its main characteristic being the description of
intervention (Mussi; Flores; Almeida, 2021, p. 65). The authors further emphasize:
In an academic context, the EA intends not only to describe lived experiences
(proximal experience) but also to valorize them through academic-scientific
explanatory efforts, employing critical-reflexive application supported by
theoretical-methodological frameworks (distant experience) (Mussi; Flores;
Almeida, 2021, p. 64, our translation).
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While Mussi, Flores, and Almeida (2021) refer to EA in the context of higher education,
we understand its applicability to basic education, which is the focus of this study. The actions
developed to compose this report encompass three fronts of operation. The first involves
individual consultations conducted with students themselves, their families, teachers, and
healthcare professionals responsible for their care. The second encompasses classroom
activities with each of the involved grade levels. The third focuses on case studies conducted
by educational counselors and strengthening partnerships established with research projects,
spaces, and healthcare professionals.
In constructing these actions, the relational aspects of adolescents and young people
within the school and family context were considered. As cited by Alves (2019), the theory of
significant relationships developed by Grinspun (1992) helps us to conceptualize the intricacies
of being and living with others. This theory consists of five basic points: valuation,
understanding, knowledge, confrontation, and production, which manifest in five moments: 1.
I wish I (conditions of structuring the self in a dialectical framework of creating one's history-
making history, and becoming historical); 2. I with YOU (assigning meaning to the other's
action and recognizing the dynamic, continuous, and permanent process of mutual integration);
3. I with WE (corresponding to the environment, a broader relationship of plurality and value
of social dialectics); 4. YOU with WE (the other with the environment); 5. WE with WE
(environment with environment) (Grinspun, 1992 apud Alves, 2019, p. 41).
From this, Grinspun (1992 apud Alves, 2019) highlights three fundamental points in the
role of the educational counselor: observing (general and constant observation of phenomena
with the aim of working with interconnected data), understanding (detecting causes and origins
of phenomena), and acting (action on the facts). This tripod, allied with the theory of significant
relationships, is also presented in Alves' study (2019) regarding the promotion of practices
developed by educational counselors within the established relationships at school. This study
supports and aligns with the actions proposed by educational counselors across the three
operational fronts of this report, contributing to the practices of educational counselors.
The writing of this text is used as a data source for the records produced by the
educational counselors themselves, including meeting minutes, reflections on consultations or
collective interventions with classes, as well as records produced in the classroom with students.
We understand these records from the perspective of Freire (1996), who sees observation,
recording, and reflection as a systematic methodological exercise in teaching practice.
According to his studies, observation involves breaking the crystallized gaze that paralyzes us.
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It requires attention and presence in the movement of stepping out of oneself to see the other.
Recording is the act of writing about one's pedagogical process, expanding memory capable of
generating the exercise of actions and reflections on the object of study. In his words:
This learning from recording is the most powerful instrument in building the
pedagogical and political consciousness of the educator […]. The act of
writing obliges us to formulate questions, raise hypotheses, where we learn
more and more, both to formulate them and to answer them. This vital ability
to question drives us to be vital in thinking, researching, and learning, and
every educator must educate. Thus, recording one's daily reflection means
opening oneself to one's learning process (Freire, 1996, p. 6, our translation).
The records, combined with the field of observation and reflection on practice, guide
the possible paths in the construction and systematization of actions experimenting with
languages. To explicate the discussion of results, images, and diagrams were developed based
on the counselors' records and the records constructed in the classroom with students, aiming
to highlight predominant aspects of the counselors' roles in individual consultations, classroom
activities, and referrals to healthcare professionals.
Adolescence, Youth, and Educational Counseling: Mental Health in Focus
The transition from childhood to adulthood is a period filled with changes across various
aspects of life. In this article, we use as a reference, in terms of age group, the definition of the
Statute of Children and Adolescents (ECA) (Brasil, 1990), which defines adolescence as the
stage between 12 and 18 years old. In the study's context, most students in upper elementary
and high school are between 12 and 18 years old, although there are exceptions to young adults
above 18 who remain in the school setting without having completed their basic education.
We understand adolescence and youth in a non-univocal manner, based on the socio-
historical perspective discussed by Bock (2007). The author's discussion runs counter to various
studies in Developmental Psychology, which understand these stages universally, without
considering the cultural, social, and economic intersections that permeate them:
Our culture values the productive adult. It devalues all other phases of life:
childhood, old age, and adolescence, seen as unproductive phases for society,
hence undervalued. The naturalizing view reinforces these values by taking
development as a reference point (Bock, 2007, p. 73, our translation).
Similarly, Novaes (2009) criticizes the understanding of these life periods as universal:
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Childhood, adolescence, youth, maturity, and old age: each of these words
designates a different period of life. They are terms that originated in the fields
of science—particularly biology, medicine, and psychology—but today
inhabit the common vocabulary of everyday life. The distinction between each
of these phases has come to be seen as natural, as if there were a general,
official chronology defining "human nature." In this context, "youth" is treated
as if it were a well-defined population segment, assumed to be universal
(Novaes, 2009, p. 10, our translation).
In this sense, we can say that the school institution is the meeting place for adolescents
and youths in an increasingly plural context due to the recent democratization of access to the
school in question, which adopted a lottery system for admission in the last decade, thus
increasing the arrival of students from minority groups and making this space more
heterogeneous.
In a school context with a diverse audience, situations of conflict can be even more
intensified in encounters with differences and inequalities in their multiple facets, whether
between adolescents and young people with their peers or between them and educators. Bock
(2007) explains the parents' sense of ownership over their children and the difficulty in
recognizing the existence of youth cultures. According to the author, adolescents are held
responsible for tense and conflictual relationships with adults; in turn, it is up to parents to
"save" these relationships. Furthermore, parents do not see adolescent children as partners.
In dialogue with Bock (2007), we argue that adolescents and young people need to be
recognized as social partners with whom dialogue should be established, not just tolerance.
Thus, it is also necessary to understand adolescents and youths "in their diversities,
vulnerabilities, and potentials" (Novaes, 2009, p. 19, our translation). We choose to use both
terms—"adolescents" and "youths"—to refer to students, not restricting them to age markers
and understanding the complexity of this discussion.
Educational counseling can play a supportive role in interacting with adolescents and
young people in daily school life. It is understood as the area focused on the comprehensive
development of students (Giacaglia; Penteado, 2010) and their citizenship education from a
critical perspective, taking into account their desires, utopias, and passions (Grinspun, 2011).
Thus, by making themselves available to understand the encounters of diverse adolescents and
youths in the school space, educational counseling builds dialogues with students, their peers,
their families, and other educators.
As the gateway for listening to and welcoming students, on many occasions, it is through
the Educational Counseling Service (ECS) that narratives of suffering and conflicts of
adolescents and young people arrive. Whether in classroom activities with classes or in
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individual and/or small group conversations, many students perceive the ECS as a space for
listening and dialogue.
Actions of educational counselors for students' mental health: welcoming, listening,
dialogue, and bond
In October 2021, the federal public school in question resumed face-to-face teaching.
However, due to the ongoing distancing measures in the pandemic, classes were divided into
two groups to avoid student overcrowding in classrooms and throughout the school. It was only
in 2022 that classes returned to attending school in their original compositions, with mandatory
mask usage. Below, we present the record produced by high school students on the first day of
hybrid return.
Figure 1 - Activity on the first day of hybrid return in 2021
Source: Authors' elaboration.
From the outset, various difficulties in student interaction were observed, manifested in
behaviors of isolation, such as preferring to use their cell phones instead of engaging with peers.
Additionally, during every meeting with students and/or their families, cases of psychological
distress that arose during confinement were identified. Teachers working in the Student
Counseling Service (SOE) with both the Upper Elementary and High School grades also began
receiving an increased number of reports of suicidal ideation among students. They were also
called upon to support young people in various cases of self-inflicted injuries, both within the
school and in their homes. Some students shared with the educational counselors their efforts
to seek help from psychologists and psychiatrists, requesting referrals to these professionals
and understanding their need for assistance.
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These described situations, which became a routine within the SOE, mobilized the
teachers to act in different ways to address the emerging issues in their daily work. Oliveira
(2021) identifies schools as privileged spaces for promoting mental health actions, emphasizing
the relevance of early intervention in development stages. This study aims to underscore the
importance of ensuring spaces for reception and listening in schools as strong allies in
identifying and mapping cases of psychological distress, self-inflicted violence, appropriate
referral to specialized healthcare professionals, and proposing interventions and actions within
the school environment itself.
Individual counseling sessions constitute one of the main fronts of action for educational
counselors. It is important to emphasize that educational counseling does not provide
therapeutic interventions, but aims to address students' demands as educators rather than as
clinical mental health professionals. We understand that our actions take place within the
institutional school environment, and discussions and proposals during counseling sessions
always aim to provide support for adolescents and young people in their roles as students.
Counseling sessions are conducted based on requests from students themselves, their
families, teachers, and healthcare professionals who work with them outside the school context.
It is worth noting that many of these sessions are initiated by the counselors themselves and
serve as the initial point of contact for welcoming and listening to the student's life story.
Listening has become a central element of our actions. As Freire (1996, p. 10) emphasizes,
"seeing and hearing demand involvement, dedication to the other, being open to seeing and
hearing as it is [...] it is seeking harmony with the other's rhythm."
Educational counselors have been following specific classes and grades since the
beginning of the year. They delve into the history of each student in these classes, reviewing
previous records regarding family, community, social contexts, and learning and socialization
issues. By accessing the history of adolescents and young people, counselors can shed light on
the needs and specificities that will be important throughout the academic year. In the case of
adolescents and young people, we observe that seeking Student Counseling Services (SOE) is
quite common.
The fact that counselor educators appropriate their students' stories and make
themselves available to listen can be crucial in establishing a bond between counselor and
student, a bond that encourages the sharing of dreams, projects, doubts, concerns, and also
suffering. Students' search for this space also reveals the creation of an environment conducive
to free expression, capable of providing support in situations of great stress and frustration.
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In this post-pandemic context, we have observed an increase in students seeking
individual counseling. It has become common to ask students to wait or schedule a specific
time, as demands arise simultaneously. In individual conversations with students, issues related
to difficulties reconnecting with peers have emerged frequently, primarily because they
perceive themselves as "different" from before, with different interests and preferences.
Consequently, common concerns include losing friends and struggling to build new
relationships due to fear of rejection. Students also shared challenges related to expressing their
feelings to those with whom they have connections.
Furthermore, on assessment days, it has become common for us to be contacted by
students who demonstrate nervousness, anxiety, and fear of performing poorly. In daily life, it
has become routine to encounter students exhibiting symptoms of anxiety such as rapid
heartbeat, tremors, crying, and shortness of breath due to conflicts with peers, other educators
at the school, family disputes, and frustration over academic outcomes. It was also during
individual conversations that students shared suicidal ideation and showed self-inflicted
injuries, prompting us to take actions that will be discussed further.
In these sessions, suffering was not always verbalized with words - at times, students
expressed themselves through written texts and/or drawings. These resources were used as
strategies to offer a dialogue channel beyond verbalization, especially in introspective
scenarios. Individual sessions, particularly in urgent situations brought by students, served as
necessary pauses capable of providing tranquility and comfort during high stress and
frustration, enabling the processing and elaboration of emotions per the school day context.
The increase noticed by counselors in the mental health demands of adolescents and
young people was also observed by families, who reported symptoms consistent with anxiety,
depression, and other issues. During sessions, teachers sought to understand whether families
noticed at home the suffering of students we observed in the school environment, aligning these
perspectives on adolescents and young people in their different spaces. With healthcare
professionals, sessions had the same purpose, also seeking guidance on interventions we could
implement at school to support adolescents and young people.
The role of the Student Counseling Service (SOE) also includes conducting activities in
the classroom, which we consider fundamental to our practice. In collective actions, we
understand observation as a tool that helps us understand the context and map situations at the
individual, relational, and socialization levels. As Freire (1996, p. 7) states, observation is an
essential tool in learning to see, requiring attention and presence to listen to noises and silences
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in communication. It is not about invading others' space without agenda, planning, or feedback,
but about gathering records of meaningful and non-idealized reality.
These activities are geared towards self-assessment, evaluation of the school process
and teaching staff, moments of observation, data collection, and identifying student demands,
as well as meetings designed to discuss specific age-related themes and each school segment.
Regarding social interaction, meetings with groups enable the counselor to understand and
"operate in the field of significant relationships, providing a collaborative space that facilitates
the perception of these relationships" (Alves, 2019, p. 42, our translation) and consequently,
their impact on emotional issues affecting their learning. We present an image produced from
reports of 90 high school students on the challenges of returning to face-to-face classes in 2022.
The record elucidates the prevalence of socialization and coexistence issues.
Figure 2 – Students' reports on the challenges of returning to in-person classes in 2022
Source: Authors' elaboration.
Activities are still carried out in the classroom that integrate different age groups and
segments, aiming to discuss topics that permeate the entire school community. Examples
include students creating crossword puzzles upon returning to hybrid learning in October 2021
(Figure 1) and group discussions about the challenges of returning to face-to-face classes
throughout the 2022 school year (Figure 2). During the same period, discussions on coexistence,
empathy, and respect for differences were also held using various materials such as videos,
images, cartoons, and texts to stimulate discussions. In these activities, students were divided
into groups and then presented their reflections to the class, which counselors documented.
These moments created opportunities for students themselves to articulate their collective and
individual processes, enabling the development of actions together with young people and
adolescents. Next, we illustrate one of the activities developed at the Annual Meeting of Class
Representatives - ENREP, based on the question: what welcomes you? In this proposal,
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students individually wrote a word to answer the question and displayed it on the school
representation board for everyone to reflect upon.
Figure 3 – Activity record produced at ENREP (2022)
Source: Authors' elaboration.
In these collective activities, especially in group discussions and debates, adolescents
and young people brought forth various reports of fatigue, sleep deprivation, exhaustion, and
discouragement with their daily routines. It is important to contextualize that classes for
students in the Upper Elementary and High School levels take place in the morning, with some
activities in the afternoon, and some students do not live near the school. Thus, during the group
discussions and debates, complaints arose about critical social issues, such as the need to wake
up before 5 a.m. to go to school and arriving home only around 8 p.m. due to living in distant
locations. While psychological distress can be understood through these reports, the context
helps us understand that it is linked to high-impact social variables in the daily lives of a portion
of our students and cannot be disregarded or minimized.
Case studies have proven to be a fundamental tool for the Educational Guidance sector,
especially given the similarity of issues among Upper Elementary and High School students.
They consisted of a moment during the SOE team meetings where one of the teachers presented
a case of a student from one of the monitored classes, outlining the actions taken and planned
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at the time, as well as the theoretical-legal references that underpinned these actions. By
discussing these cases with the team, teachers could exchange experiences and possibilities for
dealing with students. Additionally, these studies allowed the department to focus during team
meetings on developing approaches to similar cases.
We can exemplify the discussion regarding students with self-inflicted injuries, based
on Law No. 13,819 of April 2019, which addresses the National Policy for the Prevention of
Self-Mutilation and Suicide (Brasil, 2019). The text stipulates mandatory reporting to the
Guardianship Council when the school identifies self-inflicted violence. In such cases, we
would prepare a report on the student, and the school administration would submit it to the
Guardianship Council.
In Souza's study (2018), educational counselors from the metropolitan region of Rio de
Janeiro highlighted the need to work collaboratively with other school stakeholders and with
other agencies and sectors to enable joint actions. Similarly, our experience has indicated a
similar path.
The referral of students to the Psychosocial Care Network (RAPS) is a prominent aspect
of our daily work at the SOE. One of the team's responsibilities is to refer adolescents and young
people who require professional support in various health areas. Upon identifying the need for
such support, teachers engage in conversations with students' families to recommend the type
of specialty required by adolescents and young people. In this regard, we observe that
educational counselors exercise their discretion, a concept extensively discussed in Lotta's
research (2012), meaning they make decisions about directing students to specific forms of
care. This decision-making process may involve a blend of the teachers' personal values and
the institutional norms and procedures of the school, defining their approach to each case.
What we have noticed post-pandemic is an increase in students themselves requesting
access to mental health services. Previously, it was more common for adults dealing with young
people—whether educators or family members—to request referrals to the sector. It is
important to reflect that students now often initiate conversations seeking referrals, naming the
diagnosis they believe they have. We hypothesize that this type of diagnostic information stems
from their exposure to social media, where there is a plethora of information, including
misinformation and biases, about mental disorders. It has become common for students to assert
they have a disorder because they took a test on a particular social network. Teachers use these
assertions as opportunities to discuss these themes with the student body.
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The SOE has intensified efforts to strengthen partnerships with university extension
projects in response to the increased demand for referrals, especially to psychologists and
psychiatrists. Some of these projects offer assessment and neuropsychological and neurological
care slots for students recommended by the team. For cases requiring psychotherapy, speech
therapy, and other specialized services of this nature, counselors have been reaching out to
facilities that provide social value-based care to refer students.
Furthermore, it has been necessary to engage with family clinics, Child and Adolescent
Psychosocial Care Centers (CAPSi), and Psychosocial Care Centers (CAPS), the latter for
students over 18 years old. These meetings with the teams, coupled with the study of guiding
documents, have enabled us to understand the system for accessing these supports through the
Unified Health System (SUS), which operates in a territorialized manner. In the case of a school
institution serving students from various locations in the metropolitan region of Rio de Janeiro,
contacting health teams for referrals becomes more complex, as a single educational counselor
may need to liaise with multiple family clinics, CAPS, and CAPSi centers.
We have observed that educational counselors in the upper elementary and high school's
three main fronts of action—individual consultations, class activities, and referrals to health
professionals—have proven valuable in addressing the suffering reported by students, families,
healthcare professionals, and teachers.
The listening and support actions carried out by educational counselors enable the
observation of signs that allow for early interventions, signs that could have easily been
misinterpreted as disinterest and neglect. In an environment still dominated by outcomes and
performance, focusing on students' mental health can be a distinguishing factor in
understanding adolescents and young people's relationships with school, peers, adults, and life
itself. Below, we present a figure that explicitly illustrates these fundamental aspects of the role
of educational counselors in promoting the mental health of adolescents and young people:
Adriana Alves ANDRADE and Izabel Cristina de SOUZA
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Figure 4 - Guiding elements for the role of educational counselors in the mental health
promotion of adolescents and young people
3
Source: Authors' elaboration.
Challenges and Limits of educational counseling in promoting mental health in
Adolescents and youth
Experiences over the past three years highlight the challenges faced by schools in
ensuring necessary care and interventions for students experiencing psychological distress.
Several key aspects need to be considered, including socioeconomic challenges that
hinder access to appropriate interventions. In the context experienced by adolescents and young
people, especially those from minority groups, socioeconomic difficulties impact the mental
health of these students. We understand that precarious conditions of access to school,
inadequate housing infrastructure, and issues of food insecurity are elements related to physical
and mental fatigue, feelings of exhaustion, sleep deprivation, and insufficient nutrition reported
by students during individual consultations and collective activities. In a context of resource
scarcity, it falls upon schools to direct families of students to seek student assistance and
participate in social programs, but we acknowledge that this is insufficient in the face of
inequalities exacerbated by the current mode of production.
Furthermore, some adolescents, while minors, depend on their legal guardians to access
healthcare services. Often, these adults do not have the time to accompany them, which hinders
continuity of care. For many families, taking their child to a psychologist, for example, means
having to leave work early weekly, which is not feasible.
3
Translation of the words in the figure: In the center - Reception; In the circle around - Listening, Dialogue,
Intervention, Referral, Bonding.
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Another aspect observed was the high demand for free and socially priced healthcare
services compared to the number of available slots. Our analysis of available slots in the
students' home territory revealed fewer openings in the peripheral areas of the city and the Rio
de Janeiro metropolitan region, which are areas with more students needing free or socially
priced care. Adolescents and young people experiencing psychological distress who require
care can more easily access these services because they can afford the costs.
Linked to this factor, we noted a distinction in waiting times for public healthcare
appointments. Upon contacting family clinics, CAPS, and CAPSi in higher-income regions, we
observed more comprehensive multidisciplinary teams with diverse professionals, which was
not the case in clinics located in the outskirts of the city and metropolitan area of Rio de Janeiro.
Consequently, waiting times for appointments in the Brazilian Unified Health System (SUS)
for students from lower socioeconomic backgrounds have been longer compared to those
residing in more affluent areas.
Given this scenario, we emphasize that the actions of the Educational Counseling
Service (SOE) to establish partnerships with university extension projects and healthcare
professionals offering socially priced services have facilitated access to care, especially for
socially vulnerable students. Considering the waiting times and shortage of slots, these
partnerships can enable quicker access to diverse and quality healthcare services.
Gomes and Grinspun (2018) understand that educational counseling serves as a link
between family, school, and community. This directs us to another challenging aspect as
educators in the Educational Counseling Service (SOE): gaining acceptance from families to
seek specialized care. When dealing with adolescents and young people, it is common for them
to express this need, as previously discussed. However, the work of educational counseling is
built on a process of dialogue with families, and it is not always that there is acceptance for
mental health issues. In many situations, families do not comprehend the suffering of
adolescents and young people and attribute it to their age group, as if it were something that
can always be resolved naturally, without interventions. Thus, some families perceive
psychological distress as fussiness or weakness, in a stereotypical manner, further hindering
adolescents and young people's access to the care they need. In this context, it falls upon the
educational counselor to engage families in discussions about mental health and its relevance,
so as not to neglect crucial issues that need attention.
In actions involving student groups, we emphasize the need for the lead educational
counselor of each class to handle classroom topics carefully, considering potential triggers for
Adriana Alves ANDRADE and Izabel Cristina de SOUZA
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students. Having prior knowledge of each student's life history, it is crucial to subtly incorporate
essential issues into activities without risking exposing students and their personal
circumstances. Collective work during adolescence and youth prove highly potent for
promoting leadership and constructing youth cultures, enhancing their experiences and
reflections as rights holders and authors of their stories. We engage with Grinspun (2011) on
the necessity for various school actors to focus on building a collective project advocated by
the school and constructed collectively and daily through educational action, including that of
students.
Regarding the school environment, another challenge is integrating mental health into
the curriculum. As educators, we have the opportunity to address it during classroom
introductions with students, but this effort is still nascent, given the significance of this theme
in today's daily life. However, we still contend with a somewhat inflexible curriculum that
covers various important educational contents but remains disconnected from the realities
experienced by adolescents and young people. Addressing mental health allows for
demystifying several misconceptions and breaking paradigms that hinder individuals from
seeking practices that promote health.
It is also essential to highlight the challenges faced by the teaching staff in dealing with
mental health issues in the school routine. Increasingly, educators are confronted with
unprecedented scenarios requiring immediate interventions. In many instances, the SOE is
called upon to provide support and assistance; however, the simultaneous nature of cases
underscores the limitations in addressing all situations. Recognizing the need to incorporate
mental health studies into teacher training is crucial. As noted by Estanislau and Bressan (2014,
p.20, our translation), "There is no expectation to hold educators accountable but rather to offer
selected knowledge in mental health, primarily focusing on promotion and prevention in
educational practice." As educational counselors, we also stress the need to promote and ensure
these spaces are integral parts of the educational counseling curriculum.
Final considerations
This work aimed to present the process of developing actions for mental health within
the school environment involving students, families, and educators. Employing experiential
reports as methodology and focusing on the final years of Elementary School and High School
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at a federal school in Rio de Janeiro, it was possible to unveil pertinent aspects in the discussion
on mental health at the interface of health, education, adolescence, and youth.
Context became a pivotal element in this analysis. Understanding the specificities of
adolescents and young people attending a federal public school in the capital of Rio de Janeiro
highlights the inequalities and heterogeneity among them. Therefore, addressing mental health
issues cannot be detached from the context of resource deprivation that many students face. It
is within this diverse space that students with varied experiences of adolescence and youth
coexist, and it is within this same space that numerous situations of psychological distress
emerge.
As educators and educational counselors, we recognize the need to ensure and expand
training opportunities for the entire school community. By providing access to information and
spaces for dialogue, we are fostering a community sensitive to a topic so urgent and necessary
that it permeates our daily lives. Regarding families, we facilitate opportunities for exchanging
experiences among health and education professionals, as well as among caregivers
experiencing similar situations in the development of young people and adolescents.
We emphasize the need to deepen the debate on mental health in schools, especially
after the period of social isolation. While acknowledging that much remains to be built,
revisiting our practices can shed light on initiatives that inaugurate a long journey in this
direction. Spaces for support, listening, and building relationships have enabled the
identification and mapping of severe cases of psychological distress, ensuring proper referral
and early intervention. Proposing new actions also entails understanding the necessity of
ongoing dialogue with our teaching practices to construct alternative scenarios of autonomy
and education.
Adriana Alves ANDRADE and Izabel Cristina de SOUZA
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