Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v9i00.19382 1
REFLEXÕES SOBRE AS PEDAGOGIAS CISHETERONORMATIVAS E SEUS
EFEITOS EM SUJEITOS LGBTQIAPN+ NA ESCOLA
REFLEXIONES SOBRE LAS PEDAGOGÍAS CISHETERONORMATIVAS Y SUS
EFECTOS EN LOS SUJETOS LGBTQIAPN+ EN LA ESCUELA
REFLECTIONS ON CISHETERONORMATIVE PEDAGOGIES AND THEIR EFFECTS
ON LGBTQIAPN+ SUBJECTS AT SCHOOL
Hárllen Éric Benevides de CASTRO 1
e-mail:harllenbc171@gmail.com
Douglas Lima RODRIGUES 2
e-mail:oedouglas1@gmail.com
Staela Rodrigues Porto dos SANTOS 3
e-mail:staelasantos20@gmail.com
Ana Luiza Salgado CUNHA 4
E-mail:ana.luiza@uesb.edu.br
Como referenciar este artigo:
CASTRO, H. É. B. de; RODRIGUES, D. L.; SANTOS,
Staela R. P. dos; CUNHA, A. L. S.; Reflexões sobre as
pedagogias cisheteronormativas e seus efeitos em sujeitos
LGBTQIAPN+ na escola. Plurais - Revista
Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. 00, e024021, 2024. e-
ISSN: 2177-5060. DOI:
https://doi.org/10.29378/plurais.v9i00.19382
| Submetido em: 20/12/2023
| Revisões requeridas em: 18/06/2024
| Aprovado em: 09/07/2024
| Publicado em: 02/12/2024
Editoras:
Profa. Dra. Célia Tanajura Machado
Profa. Dra. Kathia Marise Borges Sales
Profa. Dra. Rosângela da Luz Matos
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Caetité BA Brasil. Mestrando pelo Programa de Pós-graduação
em Ensino, Linguagem e Sociedade (PPGELS), Campus VI da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
2
Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Caetité BA Brasil. Mestrando pelo Programa de Pós-graduação
em Ensino, Linguagem e Sociedade (PPGELS), Campus VI da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
3
Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Caetité BA Brasil. Mestranda pelo (Programa de Pós-graduação
em Ensino, Linguagem e Sociedade (PPGELS), Campus VI, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
4
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Vitória da Conquista BA Brasil. Professora da
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB, da Pós-Graduação em Educação (PPGED/UESB) e da Pós-
graduação em Ensino Linguagem e Sociedade (PPGELS/UNEB); Líder do VIVAs, Grupo de Estudos e Pesquisas
Feministas (UESB).
Reflexões sobre as pedagogias cisheteronormativas e seus efeitos em sujeitos LGBTQIAPN+ na escola
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2177-5060
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RESUMO: O objetivo deste trabalho é refletir sobre os efeitos das pedagogias
cisheteronormativas na escola, bem como apontar, de maneira breve, algumas de suas
consequências para a população LGBTQIAPN+ nesse contexto, pautado em uma norma
classista, patriarcal, branca e cisheterossexista, que, velada ou explicitamente, define o sujeito
“padrão”, o modelo imagético do sujeito dentro dessas estruturas. Como consequência dessa
conjuntura opressora, instaura-se uma democracia seletiva, que legitima a cidadania apenas
para aqueles que se inserem na lógica do “humano universal”. Para isso, realizamos uma revisão
bibliográfica e levantamos os dados por meio do cruzamento de palavras-chave, a saber:
cisheteronormatividade e escola, LGBTQIAPN+fobia e escola, diversidade sexual e escola,
pedagogias cisheteronormativas e escola. Apontamos, assim, a urgência e emergência da
(trans)gressão desse modelo de pedagogia cisheterossexista, visando o desenvolvimento de uma
educação qualificada e segura para todas as pessoas.
PALAVRAS-CHAVE: Desobediência de Gênero. Instituição escolar. Pedagogias
Cisheteronormativas. População LGBTQIAPN+. Sexualidades em dissidência.
RESUMEN: Los objetivos es reflexionar sobre los efectos de las pedagogías
Cisheteronormativas en la escuela, así como señalar brevemente algunas de sus consecuencias
para la población LGBTQIAPN+ en la mencionada institución, esa que se basa en una
ideología clasista, patriarcal, blanca y Cisheterossexista que, velada o explícita, define cual el
cuerpo “estándar”, el imaginario del sujeto dentro de estas estructuras. Por consecuencia de
esta situación opresiva en el cual se instaura una “Democracia Selectiva” (Oliveira, 2020) y
la legitimación de la Ciudadanía sólo a sujetos incluidos en la lógica “humana universal”. Se
realizó una recolección de datos en cruce de palabras clave, las cuales fueron: CIS-
heteronormatividade y escuela, Diversidad Sexual y escuela, pedagogías Cisheteronormativas
y escuela. Resalta la urgente y emergente necesidad de la (trans)gresión de este modelo de
pedagogía Cisheterosexista para que sea posible desarrollar una educación calidad y
seguridad para todas las personas.
PALABRAS CLAVE: Desobediencia de género. Institución de la escuela. Pedagogías
Cisheteronormativa. Población LGBTQIAPN+. Sexualidades LGNTQIAP+ en disidencia.
ABSTRACT: The objective of this paper is to reflect on the effects of cis-heteronormative
pedagogies in schools, as well as to briefly point out some of their consequences for the
LGBTQIAPN+ population within a context grounded in a classist, patriarchal, white, and cis-
heterosexist norm, which, either explicitly or implicitly, defines the “standard” subject, the
imagistic model of the individual within these structures. As a consequence of this oppressive
scenario, a selective democracy is established, which legitimizes citizenship only for those who
fit into the logic of the “universal human.” To this end, we conducted a bibliographic review
and gathered data through the cross-referencing of keywords, namely: cis-heteronormativity
and school, LGBTQIAPN+phobia and school, sexual diversity and school, cis-heteronormative
pedagogies and school. In doing so, we highlight the urgency and necessity of (trans)gressing
this model of cis-heterosexist pedagogy, aiming at the development of a qualified and safe
education for all individuals.
KEYWORDS: Gender Disobedience. School Institution. Cisheteronormative Pedagogies.
LGBTQIAPN+ population. Sexual Dissent.
Hárllen Éric Benevides de CASTRO; Douglas Lima RODRIQUES; Staela Rodriques P. dos SANTOS; Ana Luiza Salgado CUNHA
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2177-5060
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Introdução
A Constituição Federal de 1988 em seu Art. 205, traz a Educação Básica pública e
gratuita como “direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (Brasil, 2016, p. 123). Porém, o
que observamos ao longo dos anos é uma instituição escolar pautada numa norma classista,
patriarcal, branca e cisheterossexual
5
, que, de forma velada ou explícita, define desde a
Educação Infantil ao Ensino Médio um modelo de performance de um sujeito padrão,
reconhecido como universal dentro de estruturas que se apresentam como normas (Oliveira,
2020).
Diante do exposto, “todos”, posto pela legislação, não inclui de fato todos os sujeitos e
suas singularidades/subjetividades em diversidade de identidades de gênero e orientações
sexuais, mas sim permanece restringindo quais sujeitos possuem o direito de serem legitimados
ou não dentro das instituições escolares a partir do sistema sexo-gênero-sexualidade pautado
por perspectivas hegemônicas (Oliveira, 2020).
Isto posto, o presente texto tem como objetivo refletir sobre os efeitos das pedagogias
cisheteronormativas na escola, bem como apontar de modo breve algumas de suas
consequências à população LGBTQIAPN+
6
na referida instituição. Para tanto, tecemos neste
texto diálogos sobre a história da população LGBTQAIAPN+ no Brasil, relacionando a função
da escola como (re)produtora de uma perspectiva hegemônica de padrão social sobre sujeitos,
desconsiderando as demais formas de ser e existir e, por fim, propomos uma reflexão acerca
dos efeitos das pedagogias que aqui nomeadas de cisheteronormativas sobre os sujeitos
desobedientes de gênero e em dissidência sexual presentes nas instituições escolares.
Ademais, salientamos que, para este estudo, o conceito de cisheteronormatividade será
tomado a partir das elaborações realizadas por Preciado (2022), que a compreende como um
sistema de normas hegemônicas desenvolvidas socialmente que apenas legítima sujeitos e
subjetividades cisgêneras e heterossexuais, universalizando características de um dado sujeito,
cisheterossexual, como padrões sociais normativos. Consequentemente a isso, observamos a
5
Cisheterossexual é um modelo de organização social, baseado no sistema sexo-gênero-sexualidade,
tornando-se um regime e também uma ideologia que sistematiza tanto as orientações sexuais
(heterossexualidade) e as identidades de gênero (cisgênero).
6
Comunidade que compõe o movimento político de sujeitos nas identidades de gênero e orientações
sexuais, lésbicas, gays, transsexuais, travestis, queer, intersexo, assexual, pansexual, não-binárias e
todas identificações de sexualidade e identidades gênero existentes incluídas no sinal de +.
Reflexões sobre as pedagogias cisheteronormativas e seus efeitos em sujeitos LGBTQIAPN+ na escola
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instauração de uma conjuntura societária que realiza a manutenção de práticas de opressões e
apagamentos de sujeitos em dissidências, como a de sujeitos LGBTQIAPN+.
Este estudo utilizou como método a Revisão de Literatura, compreendida como um
processo de levantamento e avaliação crítica de materiais publicados sobre determinada
temática (Hohendorff, 2014). Além disso, torna-se possível tencionar respostas diante da
problemática delimitada nesta pesquisa, a saber: quais os efeitos ocasionados pelo uso e
manutenção de pedagogias cisheteronormativas para a vida de sujeitos LGBTQIAPN+ na
escola? Intencionados em respondê-la, delimitou-se uma estratégia de levantamento de
bibliografias a partir do estabelecimento de alguns cruzamentos de palavras-chave, sendo eles:
CIS-heteronormatividade e Escola, LGBTQIAPN+Fobia e Escola, Diversidade Sexual e
Escola, Pedagogias Cisheternormativas.
As bases de dados utilizadas neste processo foram: Google Acadêmico, Scielo e
Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde (BVS/Brasil). Assim, foram considerados
materiais (artigos científicos, dissertações, teses e livros) nacionais e internacionais que
contemplassem o objetivo deste trabalho. Outrossim, foram feitas buscas manuais no decorrer
do processo de escrita nos textos selecionados, a fim de uma melhor delimitação do corpus
teórico e das discussões propostas.
Breves Notas sobre a História da Comunidade LGBTQIAPN+ no Brasil
Realizar apontamentos sobre a trajetória histórica do movimento LGBTQIAPN+ no
Brasil é uma tarefa desafiadora, dado que essa população sempre foi alvo de processos de
silenciamento e apagamento de suas subjetividades, realizados por meio de uma estrutura de
lógicas hegemônicas e de um sistema-mundo colonial de sexo-gênero binário. Esse sistema
impôs, ao longo da história colonial, normas morais e biológicas/naturais para as categorias de
identidade de gênero e sexualidade. Nesse contexto, Quinalha (2022, p. 17) afirma que a história
dos sujeitos LGBTQIAPN+ se configura como um “inventário em negativo composto por
ausências, lacunas e silenciamentos”.
É notório que os países colonizados pelo continente europeu sofreram, e tendem a
espelhar, os modos de vida do colonizador, tornando-se padrões normativos impostos em
relação às questões de identidade de gênero e sexualidade. Essa herança da cosmovisão e
cosmopercepção de mundo envolve aspectos da cultura, política, epistemologias, ideologias e
religiões, entre outras áreas, nas quais os povos colonizados acabam por reproduzir sistemas de
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opressão que desqualificam, inferiorizam, marginalizam e violentam modos de ser e existir que
desobedecem às normas hegemônicas. Tais normas, que perpetuam até os dias contemporâneos
o status quo da colonialidade, se estabelecem como padrões rígidos e estratégicos, operando o
controle e a estilização dos sujeitos dentro de uma conjuntura societária capitalista e
(neo)liberal, agravada pelo uso acrítico das tecnologias de comunicação e informação.
Sexo, nero e sexualidade são compreendidos nesta pesquisa à luz dos estudos teóricos
de Michel Foucault (2021) e Judith Butler (2020). De forma simplificada e resumida, ambos os
autores concebem essas categorias como práticas discursivas, alinhadas às produções sócio-
históricas e culturalmente estabelecidas. A partir dessas práticas, um jogo de saberes e
poderes exercidos por meio das relações de poder, oportunizadas por determinadas condições
de possibilidade em um tempo-espaço, que contribuem para a constituição das subjetividades.
Foucault argumenta que o “sexo” em si é uma categoria fictícia que tem sido
interpretada como a fonte e a causa de desejo. O corpo não é naturalmente
“sexuado”, e assim se torna por meio de processos culturais que utilizam a
produção da sexualidade para ampliar e sustentar as relações de poder
específicas (Spargo, 2019, p. 42).
Em História da sexualidade I: vontade de saber, Foucault (2021) define a sexualidade
através do conceito de dispositivo: um conjunto de práticas discursivas e não discursivas,
responsáveis por exercer poderes sobre os corpos e gerenciá-los ao controle, incluindo-os em
uma política dos corpos, isto é, uma biopolítica e/ou “bionecropolítica” como chamará Duque
(2013, p. 12).
Portanto, o “dispositivo da sexualidade [é] uma estratégia potente e perversa não de
repressão, mas de gerenciamento e controle da produção dos corpos, subjetividades e
populações” (Cassal; Gonzalez; Bicalho, 2011, p.466), que podem ser observadas nas
instituições da sociedade moderna e contemporânea.
Butler (2020) fundamenta-se nos estudos foucaultianos para propor uma concepção
sobre identidade de gênero, compreendendo que, como categoria constitutiva, está ancorado na
cultura, e não em aspectos bio-fisio-morfológicos.
Seguindo essas linhas de raciocínio, nas quais o sexo e o gênero são analisados pelas
construções de práticas discursivas que são desenvolvidas através de inúmeros fatores inter-
relacionais, interdisciplinares e discursivos, Foucault afirma que “a sexualidade é constituída
socialmente” (Spargo, 2019, p.24).
Ante a uma configuração social regulamentada por uma lógica cisheterossexista, que
apenas legítima sujeitos e subjetividades cisgêneras e heterossexuais, tentam de diversos
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modos, o apagamento e a invisibilização do percurso histórico do movimento LGBTQIAPN+
por narrativas violentas, estereotipadas pelos mecanismos de gerenciamento do saber/poder
mantidas ao longo da história pelos regimes de discriminação e preconceito, sendo uma destas
a ditada pelo regime heterocentrado,
que impõe sua lei e sua violência que vai do machismo à misoginia, do
pressuposto de que somos todos heterossexuais, e de que existem dois
sexos; de que ninguém deve sair dos seus papéis de gênero; do ódio e da
perseguição às sapatões, aos trans e às bichas; um regime que respira e cresce
dia a dia, partindo dos púlpitos das igrejas e das mesquitas, das escolas, dos
tribunais, das famílias, das rádios, das televisões e da imprensa (Sáez;
Carrascosa, 2016, p. 75 grifo nosso).
No entanto, mesmo diante desse cenário opressor, estudiosos como Trevisan (2018) e
Mott (1992) destacam em suas pesquisas a presença de experiências afetosexuais e de
expressões identitárias de sujeitos pertencentes à comunidade LGBTQIAPN+ antes mesmo da
chegada dos colonizadores portugueses ao território brasileiro. Essas expressões estavam
presentes por meio das artes, monumentos, mitos, relatos, registros históricos e documentais.
Durante o período da escravização e do tráfico negreiro realizado por países europeus,
que trouxe pessoas da África para o Brasil, existem registros que comprovam a existência de
sujeitos com subjetividades não-europeizadas. Um exemplo disso é a presença da primeira
travesti negra africana, Xica Manicongo, desde o século XVI. Ela foi traficada da região do
Congo para o Brasil, subvertendo as normas de raça, gênero e sexualidade (Nascimento,
2021, p. 86).
Observa-se que as relações e identidades não cisheterossexuais somente passaram a ser
rotuladas como imoralidade, desvio, pecado e/ou ilegalidade a partir da instauração do processo
de colonização no país. Isso ocorreu por meio das condutas morais religiosas cristãs, da
proliferação de ideologias eurocêntricas e da criação de mecanismos de controle e
disciplinarização das subjetividades pela colonização, especialmente com a educação jesuíta.
Esses processos, que ainda perduram na contemporaneidade, carregam estigmas, estereótipos e
preconceitos contra os sujeitos LGBTQIAPN+.
A discriminação e o preconceito, enquanto formas de violência, constituem uma matriz
de opressão LGBTQIAPN+fóbica estrutural, que é uma consequência direta do regime
colonialista. Esse regime continua atravessando e regulamentando as estruturas das relações de
poder e saber na sociedade brasileira contemporânea, por meio de um regime de colonialidade
que ainda se mantém operativo, mesmo após o processo de descolonização.
Ademais, esse mecanismo de opressão violento pode ser compreendido como:
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uma manifestação arbitrária de designar o outro como seu “oposto”. Contrário
à norma, inferior ou anormal. Esse processo é promovido pela hierarquização
das sexualidades na sociedade contemporânea, sendo a heterossexualidade o
padrão para avaliar todas as outras formas de exercer a sexualidade Por isso,
sofrem pela LGBTQIAPN+fobia todas as pessoas que desafiam a norma
corpo-sexo-gênero-sexualidade-desejo: além dos(as) homossexuais, pessoas
bissexuais, intersexuais, assexuais, travestis, transexuais e tantas outras
formas de ser divergentes da cisheteronormatividade (Conselho Federal de
Psicologia - CFP, 2023, p. 35).
Consequentemente, observamos nos últimos anos, entre 2018 a 2022, a manutenção de
um contexto brasileiro extremamente hostil, a vida dos sujeitos LGBTQIAPN+ em vulneráveis
condições de sobrevivência, pois seus direitos, cidadanias, são negados e/ou não reconhecidos
pelas instituições modernas/coloniais reiteradamente. A título de exemplificação, apontamos a
psicopatologização das identidades LGBTQIAPN+ sustentada pela comunidade científica, pela
psiquiatria e psicologia a partir do regime da “Diferença Sexual” ao longo da história, como a
materialização de uma estrutura social que visa mortificar as existências e singularidades de
sujeitos desobedientes e em dissidência às normativas de gênero, sexo e sexualidade impostas
(Preciado, 2022).
Elucidamos, também, na contemporaneidade a Necropolítica desenvolvida pelo
Governo Federal dos anos 2018 e 2022, evidenciada através de discursos com teor que incitam
ódio contra aos mais diversos modos de existências humana em diversidades, bem como a partir
do movimento cibernético em dias sociais de falsificação e divulgação de informações
distorcidas, inverídicas e falsas sobre o movimento LGBTQIAPN+, como o inexistente “Kit
Gay” e a mirabolante “Ideologia de Gênero”. As fake News objetivaram causar, através das
temáticas abordadas, pânico moral a uma determinada parcela da população brasileira
conservadora e sem os devidos conhecimentos acerca dos estudos sobre identidade de gênero e
orientação sexual, sendo bombardeados de “desinformações” que despertavam o medo de que
o seu mundo, suas ideias, moral e ética sejam infligidas, tais acontecimentos resultaram em
reações de discriminação e ódio de modo mais intensificados e recorrentes, principalmente nas
instituições escolares, pelas famílias e dentre outras instituições sociais (Castro Rocha, 2021).
Além do exposto no parágrafo anterior, o governo federal mencionado não apenas
provocou, mas também estimulou e legitimou, por meio de seus discursos, a violência contra
pessoas LGBTQIAPN+ ao longo de seu mandato. Ao incitar discursos falsos que despertam
sentimentos de ódio contra esses modos de existência, o governo contribuiu para a perpetuação
de uma configuração societária caracterizada por uma soberania rígida e extremista de
Reflexões sobre as pedagogias cisheteronormativas e seus efeitos em sujeitos LGBTQIAPN+ na escola
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conservadorismo. Essa configuração desconsidera a pluralidade da subjetividade de cada
indivíduo, sustentando a ideia de que os chamados “sujeitos universais” (cisheterossexuais,
brancos e burgueses) possuem a autorização para subjugar, violentar e até mesmo assassinar os
chamados “sujeitos abjetos”, sujeitos que, embora vivos, não são reconhecidos como humanos.
Se certas vidas não são qualificadas como vidas ou se, desde o começo, não
são concebíveis como vidas de acordo com certos enquadramentos
epistemológicos, então essas vidas nunca serão vividas nem perdidas no
sentido pleno dessas palavras [...] Não desafio que o reconhecimento
proponha à forma do humano que tenha servido tradicionalmente como norma
para a condição de ser reconhecido, uma vez que a pessoa é essa própria norma
[...] Na verdade, uma figura viva fora das normas da vida não somente se torna
o problema com o qual a normatividade tem de lidar, mas parece ser aquilo
que a normatividade está fadada a reproduzir: está vivo, mas não é uma vida
(Butler, 2023, p. 13-20-22).
O índice de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil, publicado em 2023, através
da união de três organizações: Acontece Arte e Política LGBTI+, Associação Nacional de
Travestis e Transexuais (ANTRA) e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), revela que, em 2022, ocorreram 273 casos de
homicídios com requintes de violência e suicídios, além de diversas outras formas de violência
contra indivíduos LGBTQIAPN+.
As organizações não-governamentais indicaram que, dos 273 casos de violência, 228
referem-se a homicídios, 30 a suicídios e 15 a outras modalidades de violência. Conforme o
relatório, “implica em ausência de medidas e ações que incluam essa população em políticas
públicas, proteção, possibilitando sem essas ações, a propagação da exclusão, da violência e da
negação de direitos, especialmente os Direitos Fundamentais, como a própria vida” (Acontece;
ANTRA; ABGLT, 2023, p. 9).
Destacamos ainda que analisar os efeitos da LGBTQIAPN+fobia estrutural na vida de
indivíduos LGBTQIAPN+ é uma tarefa extremamente complexa, uma vez que esses efeitos
atravessam essa população em diversas esferas sociais, como nas escolas, no mercado de
trabalho, na rede de saúde pública e até mesmo no âmbito familiar.
Dessa forma, os efeitos tornam-se ainda mais profundos, intensos e complexos quando
interseccionados com outros marcadores sociais da diferença, como a raça e a classe social.
Como afirmam estudiosas como Mombaça (2021) e Oliveira (2020), sujeitos transexuais, não-
binários e bixas pretas afeminadas, especialmente aquelas periféricas, estão mais vulneráveis a
sofrer violências devido ao cenário cisheterossexista de extrema hostilidade e vulnerabilização
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de seus corpos e subjetividades, agravado pela sobreposição de múltiplos marcadores sociais
estigmatizados.
Entretanto, diante desse cenário crítico, o Estado brasileiro permanece não apenas
omisso, mas também fomenta práticas e saberes que legitimam as violências contra os sujeitos
dessa comunidade, em prol da sustentação de um sistema desigual, que contraria as premissas
de uma democracia (Grupo Gay da Bahia - GGB, 2022). Esse fato é evidenciado pela
manutenção de uma educação baseada em pedagogias cisheteronormativas, que continuam a
invisibilizar, marginalizar e violentar sujeitos e modos de existência LGBTQIAPN+ nas
instituições escolares, iniciando a prática dessa normatização desde a base da socialização,
utilizando a educação escolar como um dispositivo disciplinar (Oliveira, 2020).
O Currículo escolar: a produção e reprodução da Cisheteronorma
Antes de tencionarmos formulações sobre o conceito de Escola, ressaltamos a
instituição dentro de um conjunto de saberes e práticas discursivas constituindo os currículos,
documentos e diretrizes educacionais. O primeiro e o segundo, referem-se àquilo que está no
planejamento, mas o terceiro, ocorre conforme os acontecimentos materializados em sala de
aula, indicando as produções sócio-históricas de poder, regras e padrões de saberes enquanto
regimes de verdades, seleções, organizações, hierarquizações e avaliações do que se entende
por conhecimento válido, competência e responsabilidade da escola na formação de sujeitos-
cidadãos.
Em sua estrutura histórica, a instituição escolar brasileira atendeu parcialmente a
pressupostos associados a valores provenientes dos saberes do período colonial, por meio da
educação jesuíta. Estes valores incluem a concepção de civilizado e primitivo, o
estabelecimento de normas e crenças responsáveis por elevar um indivíduo à categoria de
sujeito, segregando aqueles/as classificados/as como o outro, o não considerado sujeito, que era
visto como estranho, inferior, pecador, doente, pervertido, criminoso, isto é, não conforme as
referências do adulto, masculino, branco, heterossexual, burguês e com condições físicas e
mentais “normais” (Junqueira, 2012).
De acordo com Dayrell (2001, p. 139), “a escola é vista como uma instituição única,
com os mesmos sentidos e objetivos, tendo como função garantir a todos o acesso ao conjunto
de conhecimentos socialmente acumulados pela sociedade”. Contudo, de maneira contraditória
a essa ideia, observamos na constituição escolar a perpetuação de desigualdades e injustiças, ao
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não problematizar as origens históricas e sociais dos alunos/as/es de um país com raízes
coloniais presentes até os dias contemporâneos. Isso impede a desmitificação do senso de
superioridade, da hierarquização e de outras formas de segregar e diferenciar indivíduos por
suas identidades. Cada indivíduo é sujeito e provém de um conjunto de experiências
subjetivas, particulares, adquiridas em outros espaços da vida.
Em uma lógica política neoliberal e capitalista aceleracionista
7
, a escola reproduz uma
hierarquização que se aproxima dos currículos tecnicistas, expondo publicamente as diferenças
sociais, de identidade de gênero, sexualidade, raça, classe, religião, etnia e condição física, todas
marcadas por desigualdades sociais historicamente pré-determinadas e ainda não ou totalmente
ressarcidas por políticas públicas e ações afirmativas. Há, portanto, sucesso em alguns avanços
provenientes das lutas dos movimentos sociais, mas também fracassos que, de certa forma, são
“aceitáveis”, uma vez que a escola passa a ser orientada por uma concepção pautada por
iniciativas de mercado e privatizações, que buscam reduzir as questões políticas à economia e
ao raciocínio neoliberal.
Ao analisarmos a escola por essa vertente de análise sócio-histórica, entendemos que a
instituição vem se adequando aos modos heterogêneos do sistema capitalista, fornecendo o
conhecimento e o pessoal necessários para o funcionamento deste sistema. Esse processo opera
gradualmente na constituição das subjetividades em uma “vida líquida”, gerando e transmitindo
valores que legitimam os interesses dominantes, mascarando alternativas para a gestão da
sociedade e promovendo a internalização e dominação estruturadas por uma ótica de consumo
e da desigualdade entre aqueles e aquelas que desviam das normas padrões sociais de modos
de ser e existir.
Todavia, é importante considerar que a instituição escolar não é a força ideológica
controladora do sistema a que nos referimos; pelo contrário, uma de suas principais funções é
produzir conformidade e consenso na medida em que for capaz, utilizando-se de seus
instrumentos internos, limites institucionalizados e legalmente sancionados para o controle e
manutenção do status quo de uma organização societária baseada na hierarquização dos sujeitos
a partir de categorias identitárias. Por isso, as mudanças almejadas nesse campo não podem ser
meramente formais, mas devem ser essenciais, com o intuito de promover a democratização e
a radicalização das desigualdades sociais (Mészáros, 2008).
7
“Uma política aceleracionista envolve a tentativa de levar o capitalismo e todo o seu processo sócio-tecnológico
às últimas consequências. Trata-se de ampliar o capitalismo, de acelerar o capitalismo até que haja uma mutação,
ou, a eliminação do mesmo” (Leopoldo, 2020, p. 244).
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Nessa perspectiva, é necessário observar que não existem espaços neutros; todos são
dotados de valores morais, ideias e ideais, tradições, costumes e aspirações. Na escola, o desafio
é reconhecer e assumir a diversidade e pluralidade, promover a reflexão crítica e a tolerância
diante do que ainda é visto como “desconhecido” ou “diferente”, enfatizando a necessidade de
articular os contextos de produção de conhecimento para que se estendam à vida social em suas
diversas áreas, e não se restrinjam apenas ao âmbito acadêmico e científico (Perez Gomes, 2001
apud Oliveira, 2003).
Conforme Perez Gomes (2000), a escola parece demonstrar uma carência em tomar
iniciativas e enfrentar novas exigências urgentes e contemporâneas, ao permanecer presa a
saberes historicamente questionados e/ou ultrapassados, além de retrógrados. Isso ocorre
porque, embora a escola imponha, de forma lenta e persistente, modos de subjetivação, conduta,
pensamento e relações próprias de normatização e/ou adequação dos sujeitos ao conjunto de
normas vigentes em uma dada sociedade, ela também possui independência para mudanças
radicais que possam ocorrer em seu entorno. Foucault (2021, p. 105) afirmava: “Onde
poder, há resistência”.
A título de exemplo, propomos uma visão da teoria decolonial para refletir sobre
mudanças por outras lentes epistemológicas, filosóficas e éticas, contra-coloniais.
A teoria colonial [...] criticamente reflete sobre nosso senso comum e sobre
pressuposições científicas referentes a tempo, espaço, conhecimento e
subjetividade, entre outras áreas-chave da experiência humana, permitindo-
nos identificar e explicar os modos pelos quais sujeitos colonizados
experenciam a colonização, ao mesmo tempo em que fornece ferramentas
conceituais para avançar na descolonização [...] o pensamento e a teoria
decoloniais exigem um engajamento crítico com as teorias da modernidade,
que tendem a servir como estruturas epistemológicas das ciências e
humanidades europeias (Bernardino et al., 2018, p. 29).
Diante da citação destacada, compreendemos que é necessário evidenciar que existe um
padrão historicamente consolidado na cultura escolar, que reforça mecanismos de adaptação e
dominação por meio dos processos legislativos, documentais/normativos, diretrizes, materiais
didáticos, teorias e metodologias pedagógicas, organizativas, gestões e tomadas de decisões
políticas alinhadas aos interesses de uma determinada população, constituída e identificada
como sujeitos universais, que mantém o monopólio das relações de poder. Esse padrão é mais
expressivo e nítido em um Estado-nação, como o Brasil, com 201 anos de independência e
descolonização. A colonialidade ainda opera nos eixos da constituição de sujeitos por meio do
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ser-saber, ser-poder e ser-si (ética) nos processos e mecanismos de constituição de
subjetividades.
Essa realidade histórica da instituição escolar perpassa as legislações e recomendações
das entidades mantenedoras do poder público, dito democrático. Ou seja, a escola, enquanto
uma instituição que compõe a estrutura de um Estado-nação proveniente de um processo de
colonização, escravização e políticas institucionalizadas de exclusão e apagamento, no que
tange ao acesso como direito social básico para populações afro-brasileiras, indígenas e
LGBTQIAPN+, torna-se a principal instituição responsável por “educar” sujeitos-cidadãos em
âmbito considerado formal, por meio da naturalização e/ou normalização das desigualdades
sociais. Entretanto, a instituição escolar é ampla e pode se reestruturar a partir dos cotidianos
vivenciados, decidindo quais serão suas peculiaridades, singularidades e a histórica ética da
constituição do país, que, ao serem adotadas como políticas de reparação, promovem uma
cultura que abrange e atende às necessidades de um país com inúmeras diversidades (Silva,
2006).
No entanto, é essencial reforçar e questionar se a escola está efetivamente atuando como
uma instituição inclusiva para todos, em conformidade com o artigo 205 da Constituição da
República Federativa do Brasil. Conforme aponta Louro (1997), a escola historicamente produz
diferenças, distinções e desigualdades, já que, em seu início, incumbiu-se de separar os sujeitos
que nela estavam inseridos daqueles que não a frequentavam. Ademais, a escola é marcada
por contradições, pois, apesar de concebida para acolher a todos sem distinções, a realidade
demonstra que determinados sujeitos são contemplados, enquanto outros têm o acesso negado
devido a fatores que os condicionam à subalternidade social.
Com o tempo, no entanto, a escola foi pressionada por reivindicações de movimentos
políticos e sociais, que tensionaram a instituição a adotar transformações voltadas à inclusão de
populações em situação de vulnerabilidade social. Embora suas origens não tenham um viés
social nem tenham sido planejadas para responder às demandas históricas, tais mudanças foram
impostas pelas lutas e reivindicações de partidos políticos progressistas e movimentos sociais
antirracistas, construindo uma “organização, currículos, prédios, docentes, regulamentos,
avaliações iriam, explícita ou implicitamente, ‘garantir’ — e também produzir as diferenças
entre os sujeitos” (Louro, 1997, p. 58).
Dessa forma, é pertinente refletir: qual seria o espaço escolar ideal para acolher a
diversidade de sujeitos na contemporaneidade, considerando a pluralidade de existências
subjetivas e identitárias? Embora essa resposta possa parecer simples, a realidade é mais
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complexa. Idealizar uma escola perfeita pode levar à homogeneização, normatização e
enquadramento, direcionando para uma utopia distante o que não deve ser o objetivo. Em
vez disso, a escola deve problematizar as condições sociais vigentes e desenvolver métodos e
ontoepistemologias que enfrentem desigualdades e discriminações, combatendo os sistemas de
opressão em suas múltiplas formas.
Reconhecemos que a escola é composta por uma ampla gama de diversidades, e essa
característica não pode, nem deve, ser anulada ou ignorada. Questionar suas responsabilidades
e concepções é um ato de resistência e luta, que exige uma postura ampla, justa e
verdadeiramente democrática, voltada a todos e para todos. Contudo, observa-se uma crescente
violência, tanto física quanto psicológica, contra as diversidades de modos de ser e existir,
frequentemente sustentada por princípios ditos como morais, que, na prática, traduzem-se em
atos de opressão e violência (Castro; Santos; Cunha, 2023). A escola, enquanto espaço formal
e social de educação, tem o dever de preservar a igualdade de direitos, a liberdade e a dignidade
humana. Para isso, é fundamental reconhecer que crenças e costumes não podem ser impostos,
e o respeito às diferenças deve ser promovido e discutido, garantindo que as diversas
identidades e existências sejam reconhecidas e valorizadas (Fernandes et al., 2020).
De acordo com Caetano, Lima e Castro (2019, p. 8) “a escola que dita democrática não
pode se privar do enfrentamento sistemático a toda e qualquer violência e discriminação, a
cultura do estupro e os mais diversos tipos de bullying, respeitando a pluralidade humana,
característica da própria sociedade em que está inserida”.
Dessa forma, compreendemos que a escola deve posicionar-se como um espaço onde as
diferenças sejam respeitadas e a pluralidade seja defendida. Enquanto instituição democrática,
é fundamental que rompa com os paradigmas que moldam rigidamente a educação,
promovendo reflexões sobre o conceito de cidadania e reconhecendo as contribuições dos
alunos/as/es para a construção e organização da vida social.
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Pedagogias cisheterossexistas e seus efeitos à vida de sujeitos LGBTQIAPN+ na escola
Nomear a norma é o primeiro passo rumo a uma
redistribuição desobediente de gênero e anticolonial da
violência, porque a norma é o que não se nomeia, e
nisso consiste seu privilégio.
8
A norma é apreendida porque é ensinada, performada e constituída, mediante práticas
discursivas alicerçadas entre as produções mútuas de saberes e exercícios do poder. Ademais,
as práticas discursivas são responsáveis por gerar e constituir efeitos de sentidos à nossa
realidade social em processos de subjetivação dos sujeitos ao longo do tempo-espaço.
Observamos que, durante a história da sociedade moderna, com os avanços de grupos
de diferentes áreas da sociedade dos séculos XVII-XVIII (religiosa, intelectual, científica,
moral, educativa, artística, literária), o nascimento de um novo estágio na história da Europa
ocidental estendendo-se, posteriormente, pela colonização europeia, a todas as partes do
mundo do ocidente global isto é, o nascimento da biopolítica como processo de
sistematização de estratégias de gerir e automatizar a vida.
Michel Foucault (2021) nos convida a refletir sobre a transformação dos mecanismos
de controle nas sociedades modernas. Diferentemente das sociedades anteriores, em que a
necropolítica e o poder disciplinar eram táticas de controle diretamente impostas ao sujeito, a
era da biopolítica opera em um nível distinto. Nesse contexto, a vida passa a ser concebida no
nível da população, transformando-se em produto e objeto de regulação. O sujeito, por sua vez,
é produzido por práticas discursivas de saber-poder que promovem adequação, normatização e
regulação, definindo como a vida deve, será ou precisará ser conduzida. Essas práticas
configuram ferramentas associadas a uma racionalidade que busca compreender e orientar a
existência humana, uma perspectiva que demanda reflexões, pesquisas e estudos aprofundados.
Na era biopolítica, o controle não se dá por forças exteriores, mas por práticas
discursivas que integram a realidade do sujeito, conduzindo-o a desempenhar autocontrole,
autoajuste e autoadministração. Essa lógica se insere em uma racionalidade própria de Estados-
nação orientados ideologicamente pelo (neo)liberalismo e pela economia capitalista.
Esse modus operandi, articulado pelas instituições (escola, igreja, hospital,
penitenciária, família e mídias), promove a normatização do sujeito biopolítico. Nesse cenário,
a pedagogia emerge como um dispositivo de poder, responsável pela produção e regulação de
saberes e pelo exercício de poderes que sustentam uma concepção específica de sujeito.
8
Mombaça (2022, p. 75).
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Contudo, essa mesma pedagogia também enfrenta desafios. Ela se depara com as subjetividades
contemporâneas que resistem às normas binárias de gênero (masculino/feminino cisgênero) e
às normas de orientação sexual (heterossexualidade), configurando dissidências que
reivindicam direitos igualitários, reparações históricas e políticas públicas no contexto de um
Estado democrático de direito.
No dicionário de língua portuguesa de Cândido de Figueiredo (1993 [1913])
9
,
“pedagogia” está definida como “arte da educação e do ensino; educação moral das crianças.
Modos de pedagogo”. Ao verificar no referido material, a definição do sujeito que exerce e
produz a pedagogia, o pedagogo, como: “escravo que, na antiguidade, acompanhava as crianças
às escolas. Mestre de crianças. Aquelle que exerce a pedagogia ou que se occupa dos methodos
de educar e ensinar. Aquelle que se arroga o direito de censurar os OUTROS. Aquelle que
alardeia erudição. Pedante” (Figueiredo,1993 [1913], p. 1504, ortografia preservada do autor).
Não obstante, ao compararmos as definições de pedagogia de Figueiredo (1993 [1913]),
identificamos sentidos semelhantes que permanecem no dicionário contemporâneo de Aulete
(2011, p. 1042), ao definir pedagogia como “ciência e conjunto de teorias, princípios e métodos
da educação e do ensino; ofício e prática do ensino sistemático; ciência que abrange as técnicas
de tratamento de crianças e adolescente com dificuldades de aprendizado; método pedagógico
empregado na reeducação ou educação especializada para adultos”. Observamos, portanto, que
os sentidos atribuídos à pedagogia na língua portuguesa brasileira ocupam, historicamente, um
espaço entre a normatização e a gestão da vida, desde os primeiros momentos de socialização
da vida humana em sociedade.
Ao interpretar os significados da palavra pedagogia apresentados pelos dicionários de
Figueiredo (1993 [1913]) e Aulete (2011), utilizamos como referência a noção de dispositivo
de poder, vinculada às formas de assujeitamento e subjetivação do sujeito. Essa perspectiva
revela a pedagogia como um mecanismo que opera em consonância com a biopolítica,
promovendo a normalização, adequação e produção de sujeitos em sua fase inicial de interação
social. Nesse contexto, a pedagogia contribui para atender aos padrões estabelecidos por uma
sociedade normatizada. Contudo, ela também se associa a uma necrobiopolítica, voltada
àqueles sujeitos que desviam das normas hegemônicas de ser e existir, os quais são penalizados
por não aderirem ao padrão ético e social previamente definido como “correto”.
Assim, as relações de poder e suas resistências configuram-se como forças que tanto
constituem o sujeito-padrão quanto produzem sujeitos desviantes, submetidos à fiscalização e
9
A escolha dos dicionários utilizados para esta pesquisa deu-se por serem contemporâneos.
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exclusão. Essa exclusão não se limita a uma política de otimização dos corpos, mas se manifesta
em práticas necropolíticas, evidenciando uma estratégia biopolítica e necropolítica articulada
que atende aos interesses do mercado, da economia e da ideologia neoliberalista.
Nas sociedades modernas, a alma instala-se primeiro como um implante vivo
na carne, e, em seguida, à medida que cresce, é esculpida como um bonsai,
através de treinamento e castigo repetitivos, invocações linguísticas e rituais
institucionais, que visam reduzi-la a uma determinada identidade. Algumas
almas desdobram-se mais que outras, mas não almas no jardim dos vivos
que não sejam efeito de implante e poda. Entre todos os corpos, alguns
parecem ter existido sem alma durante muito tempo. Foram considerados pura
anatomia, carne comestível, músculos que trabalham, úteros reprodutivos,
pele dentro da qual ejacular. Esses foram e ainda são os que são chamados de
animais, os corpos colonizados, escravizados e racializados, mas também, de
outro modo, as mulheres, aqueles que são considerados doentes ou
incapacitados, as crianças, os homossexuais e aqueles cuja alma, dizia a
medicina do século XIX, pretendia se mudar para um corpo de sexo diferente
(Preciado, 2023, p. 20).
As inter-relações nos processos educacionais, materializadas por meio das práticas
pedagógicas, constituem práticas discursivas que, nos moldes conhecidos na
contemporaneidade, são heranças dos processos históricos impostos e importados pela
colonização no Brasil, perpetuados pela modernidade europeia. Essas práticas discursivas,
voltadas para a domesticação dos sujeitos, não são recentes; remontam ao período da educação
jesuíta e à imposição de conhecimentos cristão-judaicos historicamente vinculados a saberes
biomorais (ciências biológicas e saberes morais-cristãos). Como exemplo, pode-se citar o
modelo que distingue seres humanos com base em características genitais, definindo uma
divisão binária de gênero (homem/mulher) e associando a essa distinção a heterossexualidade
como a única possibilidade legítima, natural e digna de vivência sexual.
Nesse sentido, Nascimento (2021, p. 96) informa que “precisamos entender os processos
discursivos como criadores da nossa realidade social” para compreender como o saber-poder
de uma determinada época opera na construção de regimes de verdade. Esses regimes são
legitimados em áreas e saberes por meio de discursos que, ao serem naturalizados e
normalizados, reforçam sua autoridade.
A escola, enquanto instituição educacional, tal como a conhecemos atualmente, tem
origem no continente europeu. Embora tenha passado por diversas transformações ao longo do
tempo, a escola sempre operou como uma extensão do modelo de cosmovisão e
cosmopercepção europeia, sustentando suas ideologias, saberes, práticas, discursos e formatos.
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Essas estruturas são rigidamente configuradas para moldar subjetividades e identidades em
conformidade com normas hegemônicas modernas e neocoloniais.
Assim, as identidades de gênero e as orientações sexuais tornam-se meios, modos e
tecnologias de manutenção desse padrão determinista, assegurando o status quo de uma
organização de mundo que favorece tais hegemonias. Desse modo, a escola é compreendida
como uma verdadeira tecnologia bionecropolítica, manifestada nas pedagogias
cisheteronormativas, que operam na normatização dos sujeitos na contemporaneidade.
A heteronormatividade é um regime de visibilidade, ou seja, um modelo social
regulador das formas como as pessoas se relacionam. Em nossos dias, a
sociedade até permite, minimamente, por sinal, que as pessoas se relacionam
com pessoas do mesmo sexo, portanto, ao menos para alguns estratos sociais
privilegiados, não vivemos mais em pleno domínio da heterossexualidade
compulsória. Nas classes médias e altas urbanas, sobretudo metropolitanas,
ganhou clara visibilidade a existência de pessoas que se interessam por outras
do mesmo sexo. Nesse contexto, não é possível dizer que se nega a elas a
homossexualidade, mas a sociedade ainda exige o cumprimento das
expectativas com relação ao gênero e a um estilo de vida que mantêm a
heterossexualidade como um modelo inquestionável para todos/as (Miskolci,
2021, p. 46).
Miskolci (2021, p. 19) afirma que a escola pune, e persegue aqueles e aquelas que
escapam o controle, marca-os como estranhos anormais, indesejáveis”. Com base no autor, a
própria instituição escolar, em sua estrutura física e organizacional como a distinção de
sanitários por gêneros masculino e feminino cisgêneros reforça e comunica a binariedade de
gênero, baseada em critérios anatômico-fisiológicos e morfológicos aplicados a alunos/as/es e
aos demais integrantes da comunidade escolar.
Dentro desse contexto, diversas técnicas de controle e enquadramento dos corpos
emergem nas relações sociais promovidas pela escola. Práticas aparentemente simples, como a
formação de filas segregadas por gêneros binários (meninos e meninas), a adoção de uniformes
diferenciados, o uso de cores associadas ao binarismo de gênero (azul para meninos e rosa para
meninas) e materiais escolares que reproduzem representações estereotipadas, exemplificam
mecanismos de normatização. Essas técnicas configuram-se como estratégias
cisheteronormativas que buscam moldar as subjetividades em conformidade com normas
hegemônicas de gênero e sexualidade, funcionando como elementos de pedagogização que
vinculam o sistema sexo-gênero-desejo a outras esferas da vida, como o capitalismo e o
mercado.
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O sujeito, portanto, é continuamente (in)formado por múltiplas instituições sociais,
sendo a escola um dos principais agentes reforçadores das normas projetadas pelo modelo
moderno-colonial europeu. Nesse cenário, as pedagogias cisheteronormativas, enquanto
técnicas de disciplinarização, transcendem o ambiente educacional e se manifestam em outras
instituições, como a família nuclear conservadora e organizações religiosas fundamentalistas e
extremistas judaico-cristãs, enraizadas em concepções cisgêneras e heterossexistas.
Além disso, essas práticas disciplinadoras estão inscritas, reguladas e performadas por
todos os sujeitos sociais, sejam jurídicos ou físicos, que operam sob a lógica
cisheteronormativa. Essas práticas incluem, em casos extremos, a perpetração de violências
bionecropolíticas motivadas por saberes biologizantes e morais. Tal dinâmica possibilita que
sujeitos privilegiados socialmente não reconheçam a diversidade de subjetividades,
desumanizando aqueles que não refletem o padrão normativo, o que resulta em diversas formas
de violência, como simbólicas, afetivas, morais, físicas e até mesmo homicídios e suicídios de
sujeitos que divergem das normas de gênero e sexualidade.
Como estratégia de sobrevivência e resistência a essas violências, a população
LGBTQIAPN+ muitas vezes adota e performa comportamentos, condutas, estéticas e relações
afetivas alinhadas ao modelo cisheteronormativo, buscando evitar discriminações de gênero e
sexualidade. Um exemplo contemporâneo dessa dinâmica é a incorporação e a valorização da
virilidade por homens homossexuais em suas performatividades de gênero e sexualidade,
frequentemente se distanciando de traços e trejeitos associados à feminilidade. Isso demonstra
a arbitrariedade das relações entre identidade sexual e identidade de gênero, evidenciando que
homens cisgêneros homossexuais também podem reproduzir misoginia contra performances
femininas. Essa prática, entretanto, não se restringe a uma orientação sexual ou identidade de
gênero específica, sendo observada em diferentes sujeitos e contextos.
Os sujeitos performam práticas discursivas que contribuem para a estrutura normativa
da sexualidade e da identidade de gênero em hegemonia. É uma técnica que não está em acordo
com as normas de identidade de gênero e sexualidade, mas atendem aos requisitos cisgêneros
e de relações afeto-sexuais que se adequam às normas sem subvertê-las, mesmo enquanto
sujeitos desviantes das normas, as performances de gênero e sexualidade não rompem com este
sistema cisgênero e heterossexista, mas se adequam para serem aceitos por este modelo de vida,
tornando-os pelo sistema capitalista seres (re)produtivos e não resistentes.
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O processo de autoajustamento da população LGBTQIAPN+ aos moldes das
pedagogias cisheternormativas na educação é uma estratégia de normatização e enquadramento
desta população ao sistema econômico de produtividade.
Se antes se educava todo mundo para a heterossexualidade, punindo ou
ignorando quem não a seguisse, passa a educar para o binário, para ser hétero
ou homo. Além de manter o impulso normalizador, apenas ampliando o
número de possibilidades para um conjunto restrito de identidades disponíveis
no presente, essa forma de educar passa a exercer ainda mais pressão social
sobre crianças ou adolescentes, pessoas em formação, para que se definam
logo e adotem uma identidade. Essa forma de pressão é, em si mesma, uma
violência que podemos evitar (Miskolci, 2021, p. 18).
A justaposição de sujeitos ao enquadramento de uma estrutura cravada por um saber-
poder que realiza a manutenção do cisgênero, heterossexual e patriarcal não promovem uma
experiência de emancipação e libertação, como nos propõe Freire (2009), mas sim novas
estratégias bancárias de educação, a partir da normatização dos sujeitos, considerados como
indesejados para o sistema, que passam a ser inseridos em bionecropolíticas de controle do
Estado.
Tais estratégias de subjugação, estilização e controle de subjetividades mantidas nos
espaços escolares ocasionam efeitos negativos para sujeitos desobedientes de gênero e em
dissidência sexual, como a população LGBTQIAPN+ (Torres, 2010).
Um estudo realizado durante a Parada do Orgulho GLBT, ocorrida em Belo Horizonte
no ano de 2005, concluiu que 44,7% das pessoas entrevistadas haviam sido discriminadas no
âmbito escolar. Além disso, a escola foi considerada como o terceiro maior contexto de
discriminação para estes sujeitos, ficando abaixo somente do ambiente familiar e dos espaços
públicos de lazer (Prado; Rodrigues; Machado, 2006).
Diante da realidade hostil enfrentada pela comunidade LGBTQIAPN+ não apenas no
ambiente escolar, mas em diversos espaços sociais sejam eles públicos ou privados ,
estudos indicam que esses indivíduos estão expostos a um maior sofrimento psíquico. Essa
vulnerabilidade está associada a uma propensão mais elevada ao desenvolvimento e/ou
intensificação de psicopatologias, como ansiedade e depressão. Além disso, os dados dessas
pesquisas revelam que este grupo social apresenta maior suscetibilidade a comportamentos de
risco, bem como ao uso e abuso de substâncias psicoativas, quando comparado à população
cisheterossexual (Baére; Conceição, 2018; Barbosa; Medeiros, 2018; Castro; Nascimento,
2021).
Reflexões sobre as pedagogias cisheteronormativas e seus efeitos em sujeitos LGBTQIAPN+ na escola
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Considerações finais
Ao refletirmos sobre as pedagogias cisheteronormativas e seus impactos na vida de
sujeitos LGBTQIAPN+ no contexto da escola básica brasileira, identificamos a instituição
escolar como uma potência na reprodução de uma compreensão hegemônica de mundo. Essa
concepção é fundamentada em uma ideia de sujeito universal, que negligência, violenta e exclui
aqueles/as/es que se desviam do padrão normativo estabelecido. Quando não excluídos, esses
sujeitos são compelidos à adequação, de forma que, mesmo em sua dissidência, não rompam
com a estrutura cisheterossexista, mas permaneçam sob controle.
Nesse sentido, a sexualidade e a identidade de gênero se configuram como dispositivos
centrais de ajustamento e regularização dos sujeitos, determinando modos de ser e existir que
são monitorados pela instituição escolar. A escola, por sua vez, opera como uma microestrutura
que estende a cosmovisão europeia de mundo. A sociedade brasileira, ao se produzir e
reproduzir sob uma ideologia que projeta a universalidade do sujeito, utiliza mecanismos
diversos para perpetuar essa visão, sendo a escola uma de suas principais aliadas. Essa dinâmica
mantém um contexto brasileiro hostil e violento para todos/as/es que desafiam a norma sexo-
gênero-desejo binária, incluindo os sujeitos LGBTQIAPN+.
Diante do exposto, compreende-se que as pedagogias cisheteronormativas operam na
formação dos modos de ser e existir, fundamentando-se em uma concepção de sujeito ancorada
em uma visão de mundo onde a cisgeneridade e a heterossexualidade são estabelecidas como
normas. Essas normas são transmitidas e reforçadas pela instituição escolar como práticas
formativas dos sujeitos.
Refletimos, portanto, que as práticas de performatividade de gênero e de orientação
sexual são aprendidas, ensinadas e (re)produzidas, configurando, de fato, uma pedagogia que
dita como o sujeito deve ser e existir em uma sociedade estruturada sob uma lógica
cisheteronormativa. Essa lógica legitima exclusivamente o ideário do sujeito cisgênero e
heterossexual, relegando as subjetividades dissidentes, como as da população LGBTQIAPN+,
a um constante estado de rejeição e vigilância. Essas subjetividades são reiteradamente
sinalizadas como inadequadas às normas vigentes, processo que se inicia, em muitos casos, na
própria instituição escolar.
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Reflexões sobre as pedagogias cisheteronormativas e seus efeitos em sujeitos LGBTQIAPN+ na escola
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Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v9i00.19382 24
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Agradecemos a profa. Dra. Ana Luiza Salgado Cunha pelas orientações
e suporte acadêmico para a realização deste trabalho.
Financiamento: Não há financiamento.
Conflitos de interesse: Não há conflito de interesses.
Aprovação ética: Por se tratar de uma pesquisa bibliográfica, não foi necessária a
submissão neste comitê de ética.
Disponibilidade de dados e material: Não aplicável.
Contribuições dos autores: Autor 1: Introdução, resumo, considerações finais,
metodologia, discussão acerca da história do movimento LGBTQIAPN, redação do texto,
bem como ajustes indicados pela revista. Autora 2: Discussão teórica acerca da reprodução
da Cisheteronorma no currículo escolar brasileiro, também contribuiu nos ajustes indicados
pela revista e da tradução do título e resumo da obra para o espanhol. Autore 3: Discussão
teórica sobre as pedagogias cisheterossexista e seus efeitos para sujeitos dissidentes em
sexualidade e identidade de gênero na escola, além da correção e redação do texto, bem
como na tradução do título e resumo da obra para a língua inglesa. Autora 4: orientou todo
o processo de escrita do texto, participou ainda da construção do resumo, introdução e
considerações finais da pesquisa.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2177-5060
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REFLECTIONS ON CISHETERONORMATIVE PEDAGOGIES AND THEIR
EFFECTS ON LGBTQIAPN+ SUBJECTS AT SCHOOL
REFLEXÕES SOBRE AS PEDAGOGIAS CISHETERONORMATIVAS E SEUS
EFEITOS EM SUJEITOS LGBTQIAPN+ NA ESCOLA
REFLEXIONES SOBRE LAS PEDAGOGÍAS CISHETERONORMATIVAS Y SUS
EFECTOS EN LOS SUJETOS LGBTQIAPN+ EN LA ESCUELA
Hárllen Éric Benevides de CASTRO 1
e-mail:harllenbc171@gmail.com
Douglas Lima RODRIGUES 2
e-mail:oedouglas1@gmail.com
Staela Rodrigues Porto dos SANTOS 3
e-mail:staelasantos20@gmail.com
Ana Luiza Salgado CUNHA 4
E-mail:ana.luiza@uesb.edu.br
How to reference this paper:
CASTRO, H. É. B. de; RODRIGUES, D. L.; SANTOS,
Staela R. P. dos; CUNHA, A. L. S. Reflections on
cisheteronormative pedagogies and their effects on
LGBTQIAPN+ subjects at school. Plurais - Revista
Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. 00, e024021, 2024. e-
ISSN: 2177-5060. DOI:
https://doi.org/10.29378/plurais.v9i00.19382
| Submitted: 20/12/2023
| Revisions required: 18/06/2024
| Approved: 09/07/2024
| Published: 02/12/2024
Editors:
Prof. Dra. Célia Tanajura Machado
Prof. Dra. Kathia Marise Borges Sales
Prof. Dra. Rosângela da Luz Matos
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
State University of Bahia (UNEB), Caetité BA Brazil. Master's student in the Graduate Program in Teaching,
Language, and Society (PPGELS), Campus VI of the State University of Bahia (UNEB).
2
State University of Bahia (UNEB), Caetité BA Brazil. Master's student in the Graduate Program in Teaching,
Language, and Society (PPGELS), Campus VI of the State University of Bahia (UNEB).
3
State University of Bahia (UNEB), Caetité BA Brazil. Master's student in the Graduate Program in Teaching,
Language, and Society (PPGELS), Campus VI of the State University of Bahia (UNEB).
4
State University of Southwestern Bahia (UESB), Vitória da Conquista BA Brazil. Professor at the State
University of Southwestern Bahia, UESB, in the Graduate Program in Education (PPGED/UESB) and the
Graduate Program in Teaching, Language, and Society (PPGELS/UNEB); Leader of VIVAs, the Feminist Studies
and Research Group (UESB).
Reflections on cisheteronormative pedagogies and their effects on LGBTQIAPN+ subjects at school
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v9i00.19382 2
ABSTRACT: The objective of this paper is to reflect on the effects of cis-heteronormative
pedagogies in schools, as well as to briefly point out some of their consequences for the
LGBTQIAPN+ population within a context grounded in a classist, patriarchal, white, and cis-
heterosexist norm, which, either explicitly or implicitly, defines the “standard” subject, the
imagistic model of the individual within these structures. As a consequence of this oppressive
scenario, a selective democracy is established, which legitimizes citizenship only for those who
fit into the logic of the universal human.” To this end, we conducted a bibliographic review
and gathered data through the cross-referencing of keywords, namely: cis-heteronormativity
and school, LGBTQIAPN+phobia and school, sexual diversity and school, cis-heteronormative
pedagogies and school. In doing so, we highlight the urgency and necessity of (trans)gressing
this model of cis-heterosexist pedagogy, aiming at the development of a qualified and safe
education for all individuals.
KEYWORDS: Gender Disobedience. School Institution. Cisheteronormative Pedagogies.
LGBTQIAPN+ population. Sexual Dissent.
RESUMO: O objetivo deste trabalho é refletir sobre os efeitos das pedagogias
cisheteronormativas na escola, bem como apontar, de maneira breve, algumas de suas
consequências para a população LGBTQIAPN+ nesse contexto, pautado em uma norma
classista, patriarcal, branca e cisheterossexista, que, velada ou explicitamente, define o sujeito
“padrão”, o modelo imagético do sujeito dentro dessas estruturas. Como consequência dessa
conjuntura opressora, instaura-se uma democracia seletiva, que legitima a cidadania apenas
para aqueles que se inserem na lógica do “humano universal”. Para isso, realizamos uma
revisão bibliográfica e levantamos os dados por meio do cruzamento de palavras-chave, a
saber: cisheteronormatividade e escola, LGBTQIAPN+fobia e escola, diversidade sexual e
escola, pedagogias cisheteronormativas e escola. Apontamos, assim, a urgência e emergência
da (trans)gressão desse modelo de pedagogia cisheterossexista, visando o desenvolvimento de
uma educação qualificada e segura para todas as pessoas.
PALAVRAS-CHAVE: Desobediência de Gênero. Instituição escolar. Pedagogias
Cisheteronormativas. População LGBTQIAPN+. Sexualidades em dissidência.
RESUMEN: Los objetivos es reflexionar sobre los efectos de las pedagogías
cisheteronormativas en la escuela, así como señalar brevemente algunas de sus consecuencias
para la población LGBTQIAPN+ en la mencionada institución, esa que se basa en una
ideología clasista, patriarcal, blanca y cisheterossexista que, velada o explícita, define cual el
cuerpo “estándar”, el imaginario del sujeto dentro de estas estructuras. Por consecuencia de
esta situación opresiva en el cual se instaura una “Democracia Selectiva” (Oliveira, 2020) y
la legitimación de la Ciudadanía sólo a sujetos incluidos en la lógica “humana universal”. Se
realizó una recolección de datos en cruce de palabras clave, las cuales fueron: CIS-
heteronormatividade y escuela, Diversidad Sexual y escuela, pedagogías cisheteronormativas
y escuela. Resalta la urgente y emergente necesidad de la (trans)gresión de este modelo de
pedagogía Cisheterosexista para que sea posible desarrollar una educación calidad y
seguridad para todas las personas.
PALABRAS CLAVE: Desobediencia de género. Institución de la escuela. Pedagogías
Cisheteronormativa. Población LGBTQIAPN+. Sexualidades LGNTQIAP+ en disidencia.
Hárllen Éric Benevides de CASTRO; Douglas Lima RODRIQUES; Staela Rodriques P. dos SANTOS; Ana Luiza Salgado CUNHA
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2177-5060
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Introduction
The 1988 Brazilian Federal Constitution, in its Article 205, establishes public and free
Basic Education as “a right of all and a duty of the State and the family, to be promoted and
encouraged with the collaboration of society, aiming at the full development of the individual,
their preparation for the exercise of citizenship, and their qualification for work” (Brasil, 2016,
p. 123, our translation). However, what has been observed over the years is a school institution
guided by classist, patriarchal, white, and cisheterosexual
5
norms, which, either implicitly or
explicitly, define a performance model for an idealized standard subject, recognized as
universal within structures presented as norms (Oliveira, 2020).
In light of the above, the "all" referenced in the legislation does not, in fact, encompass
all individuals and their singularities/subjectivities across diverse gender identities and sexual
orientations. Instead, it continues to restrict which individuals are granted legitimacy within
school institutions, based on a sex-gender-sexuality system rooted in hegemonic perspectives
(Oliveira, 2020).
This study, therefore, aims to reflect on the effects of cisheteronormative pedagogies in
schools and briefly highlight some of their consequences for LGBTQIAPN+
6
individuals
within these institutions. To achieve this, we engage in discussions on the history of
LGBTQIAPN+ populations in Brazil, examining the role of schools as (re)producers of a
hegemonic social standard for individuals while disregarding alternative forms of being and
existing. Lastly, we propose a reflection on the impacts of pedagogies here termed as
cisheteronormative on gender-disobedient and sexually dissident individuals in school settings.
Furthermore, for this study, the concept of cisheteronormativity is grounded in the work
of Preciado (2022), who defines it as a system of socially developed hegemonic norms that only
legitimize cisgender and heterosexual individuals and subjectivities, universalizing the
characteristics of a particular cis-heterosexual subject as normative social standards.
Consequently, this system sustains a societal framework that perpetuates practices of
oppression and erasure of dissident subjects, including LGBTQIAPN+ individuals.
This study employed a literature review methodology, which is understood as a process
of surveying and critically evaluating published materials on a given topic (Hohendorff, 2014).
5
Cisheterosexual is a model of social organization, based on the sex-gender-sexuality system, becoming a regime
and also an ideology that systematizes both sexual orientations (heterosexuality) and gender identities (cisgender).
6
A community that makes up the political movement of subjects in gender identities and sexual orientations,
lesbians, gays, transsexuals, transvestites, queer, intersex, asexual, pansexual, non-binary, and all existing
sexuality identifications and gender identities included in the + sign.
Reflections on cisheteronormative pedagogies and their effects on LGBTQIAPN+ subjects at school
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Through this approach, we sought to address the research question: What are the effects of
employing and perpetuating cisheteronormative pedagogies on the lives of LGBTQIAPN+
individuals in schools? To answer this question, a strategy was outlined for collecting
bibliographic material using specific keyword combinations, including: Cis-heteronormativity
and School, LGBTQIAPN+Phobia and School, Sexual Diversity and School, and
Cisheteronormative Pedagogies.
The databases utilized in this process included Google Scholar, SciELO, and the Virtual
Health Library of the Brazilian Ministry of Health (BVS/Brazil). National and international
materials (scientific articles, dissertations, theses, and books) addressing the objectives of this
study were considered. Additionally, manual searches were conducted during the writing
process to refine the theoretical corpus and deepen the proposed discussions.
Brief Notes on the History of the LGBTQIAPN+ Community in Brazil
Addressing the historical trajectory of the LGBTQIAPN+ movement in Brazil is a
challenging endeavor, as this population has consistently been subjected to processes of
silencing and erasure of its subjectivities. These processes have been perpetuated through the
imposition of hegemonic logics and a colonial, binary sex-gender world system. This system,
throughout colonial history, enforced moral and biological/natural norms for gender identity
and sexuality categories. In this context, Quinalha (2022, p. 17, our translation) observes that
the history of LGBTQIAPN+ individuals takes shape as an “inventory in the negative,
composed of absences, gaps, and silences.”
It is evident that countries colonized by Europe experienced, and continue to mirror, the
colonizer’s ways of life, which became normative standards regarding gender identity and
sexuality. This legacy of the colonizer’s worldview encompasses aspects of culture, politics,
epistemologies, ideologies, and religions, among other domains. In these domains, colonized
peoples often reproduce systems of oppression that disqualify, marginalize, and violently
suppress ways of being and existing that deviate from hegemonic norms. These norms, which
perpetuate the colonial status quo into contemporary times, are established as rigid and strategic
standards, operating to control and shape individuals within a capitalist and (neo)liberal societal
framework, exacerbated by the uncritical use of communication and information technologies.
Sex, gender, and sexuality are understood in this research through the theoretical
frameworks of Michel Foucault (2021) and Judith Butler (2020). In simplified terms, both
Hárllen Éric Benevides de CASTRO; Douglas Lima RODRIQUES; Staela Rodriques P. dos SANTOS; Ana Luiza Salgado CUNHA
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authors conceptualize these categories as discursive practices, aligned with socio-historical and
culturally established productions. Through these practices, a dynamic interplay of knowledge
and power exists, exercised through power relations, enabled by specific conditions of
possibility in a given time-space, contributing to the constitution of subjectivities.
Foucault argues that “sex” itself is a fictitious category interpreted as the
source and cause of desire. The body is not naturally “sexed”; rather, it
becomes so through cultural processes that utilize the production of sexuality
to expand and sustain specific power relations (Spargo, 2019, p. 42, our
translation).
In The History of Sexuality: Volume I - An Introduction, Foucault (2021) defines
sexuality through the concept of the dispositive: a set of discursive and non-discursive practices
responsible for exerting power over bodies and managing them under control, integrating them
into a politics of the body, that is, biopolitics or “bionecropolitics,” as Duque (2013, p. 12)
terms it.
Thus, the dispositive of sexuality is [a] potent and perverse strategy, not of repression,
but of the management and control of the production of bodies, subjectivities, and populations”
(Cassal; Gonzalez; Bicalho, 2011, p.466, our translation), which can be observed in the
institutions of modern and contemporary society.
Butler (2020) builds upon Foucauldian studies to propose a conception of gender
identity, understanding it as a culturally anchored category rather than one rooted in bio-
physiological-morphological aspects.
Following these lines of reasoning, wherein sex and gender are analyzed through the
constructions of discursive practices developed through numerous inter-relational,
interdisciplinary, and discursive factors, Foucault affirms that “sexuality is socially constituted”
(Spargo, 2019, p.24, our translation).
Under a social structure governed by cisheterosexist logic, which legitimizes only
cisgender and heterosexual subjects and subjectivities, numerous attempts have been made to
erase and render invisible the historical trajectory of the LGBTQIAPN+ movement. These
efforts rely on violent, stereotyped narratives sustained by mechanisms of knowledge/power
management maintained throughout history by regimes of discrimination and prejudice. One
such regime, heterocentrism,
imposes its rules and violencefrom machismo to misogyny, the
presumption of universal heterosexuality, the binary view of sex, and rigid
gender roles, to hatred and persecution directed at lesbians, trans people, and
Reflections on cisheteronormative pedagogies and their effects on LGBTQIAPN+ subjects at school
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gay men. This regime thrives and expands daily, emanating from church
pulpits, mosques, schools, courts, families, radios, television, and the press
(Sáez; Carrascosa, 2016, p. 7, our translation).
Nevertheless, even within this oppressive context, scholars such as Trevisan (2018) and
Mott (1992) highlight the existence of affective-sexual experiences and identity expressions
among subjects belonging to the LGBTQIAPN+ community before the arrival of Portuguese
colonizers in Brazilian territory. These expressions were evident in the arts, monuments, myths,
accounts, and historical and documentary records.
During the period of enslavement and the transatlantic slave trade conducted by
European nations, which forcibly brought African people to Brazil, records demonstrate the
presence of subjects with non-Europeanized subjectivities. One example is the figure of Xica
Manicongo, the first African Black Cross-dresser documented in the sixteenth century.
Trafficked from the Congo region to Brazil, she subverted norms of race, gender, and sexuality
(Nascimento, 2021, p. 86).
Non-cisheterosexual identities and relationships began to be labeled as immoral,
deviant, sinful, and/or illegal only with the establishment of colonization in Brazil. This was
primarily due to the imposition of Christian moral-religious conduct, the proliferation of
Eurocentric ideologies, and the creation of mechanisms to control and discipline subjectivities
through colonization, particularly with Jesuit education. These processes, which persist to this
day, carry stigmas, stereotypes, and prejudices against LGBTQIAPN+ individuals.
Discrimination and prejudice, as forms of violence, constitute a structural
LGBTQIAPN+-phobic matrix of oppression that is a direct consequence of colonialist regimes.
This regime continues to traverse and regulate the structures of power and knowledge relations
in contemporary Brazilian society through a coloniality framework that remains operative
despite formal decolonization.
Moreover, this violent mechanism of oppression can be understood as:
An arbitrary manifestation of designating the other as one’s “opposite,
contrary to the norm, inferior, or abnormal. This process is promoted by the
hierarchical organization of sexualities in contemporary society, where
heterosexuality becomes the standard against which all other forms of
sexuality are measured. As a result, LGBTQIAPN+-phobia affects all
individuals who challenge the normative body-sex-gender-sexuality-desire
framework: in addition to homosexuals, bisexuals, intersex individuals,
asexuals, cross-dresser, transsexuals, and many other forms of being that
diverge from cisheteronormativity (Conselho Federal de Psicologia - CFP,
2023, p. 35, our translation).
Hárllen Éric Benevides de CASTRO; Douglas Lima RODRIQUES; Staela Rodriques P. dos SANTOS; Ana Luiza Salgado CUNHA
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 9, n. 00, e024021, 2024. e-ISSN: 2177-5060
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In recent years, particularly between 2018 and 2022, Brazil has maintained an extremely
hostile environment where LGBTQIAPN+ individuals face precarious living conditions. Their
rights and citizenship are repeatedly denied or unrecognized by modern/colonial institutions.
For instance, the pathologization of LGBTQIAPN+ identities, perpetuated by the scientific
community, psychiatry, and psychology under the “Sexual Difference” regime throughout
history, materializes a social structure aimed at mortifying the existence and singularities of
subjects who resist and dissent from the gender, sex, and sexuality norms imposed upon them
(Preciado, 2022).
We also highlight the contemporary manifestation of Necropolitics as developed by the
Federal Government during the years 2018 to 2022. This was evident in discourse that incited
hatred against diverse forms of human existence, as well as through the propagation of distorted,
false, and fabricated information about the LGBTQIAPN+ movement on social media
platforms. Examples include the fictitious “Gay Kit” and the spurious concept of “Gender
Ideology.” These “fake news” narratives aimed to generate moral panic among a specific
segment of Brazil’s conservative population, which often lacked knowledge about gender
identity and sexual orientation studies. This population, inundated with misinformation, was
led to fear that their worldview, values, morality, and ethics were under threat. Such occurrences
intensified and normalized discriminatory and hateful reactions, particularly within educational
institutions, families, and other social structures (Castro Rocha, 2021).
In addition to the issues outlined above, the mentioned federal administration not only
provoked but actively encouraged and legitimized violence against LGBTQIAPN+ individuals
throughout its tenure. By promoting false narratives that fomented hatred toward these modes
of existence, the government contributed to sustaining a societal framework marked by rigid
and extreme conservative sovereignty. This framework disregarded the plurality of individual
subjectivities, upholding the notion that so-called “universal subjects(cisgender, heterosexual,
white, and bourgeois individuals) are entitled to subjugate, harm, and even kill those deemed
“abject subjects.” These abject subjects, although alive, are not recognized as human.
If certain lives are not qualified as lives or if, from the start, they are not
conceivable as lives within certain epistemological frames, then these lives
will never be lived or lost in the full sense of those terms [...] There is no
challenge that recognition offers to the form of the human that has traditionally
served as the norm for the condition of being recognized, as the person is that
very norm [...] Indeed, a living figure outside the norms of life not only
becomes the problem that normativity must address but appears to be what
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normativity is fated to reproduce: it is alive, but it is not a life (Butler, 2023,
p. 13-20-22, our translation).
The Index of Deaths and Violence against LGBTI+ Individuals in Brazil, published in
2023 through the collaboration of three organizations: Acontece Arte e Política LGBTI+,
Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) and Associação Brasileira de
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), reveals that, in 2022,
there were 273 cases of homicides characterized by extreme violence, as well as suicides and
various other forms of violence against LGBTQIAPN+ individuals.
The report by these non-governmental organizations indicates that out of the 273
documented cases, 228 were homicides, 30 were suicides, and 15 involved other forms of
violence. According to the report: “This indicates an absence of measures and actions that
include this population in public policies and protection mechanisms. Without these actions,
the exclusion, violence, and denial of rightsespecially Fundamental Rights such as the right
to lifeare perpetuated” (Acontece; ANTRA; ABGLT, 2023, p. 9, our translation).
We further emphasize that analyzing the effects of structural LGBTQIAPN+phobia on
the lives of LGBTQIAPN+ individuals is an exceedingly complex task. These effects permeate
various social spheres, including schools, the labor market, the public healthcare system, and
even familial environments.
Moreover, these effects become deeper, more intense, and more complex when
intersecting with other social markers of difference, such as race and social class. As highlighted
by scholars like Mombaça (2021) and Oliveira (2020), trans individuals, non-binary
individuals, and effeminate Black queer men, particularly those from peripheral communities,
are especially vulnerable to violence. This vulnerability stems from a cisheterosexist context of
extreme hostility and the marginalization of their bodies and subjectivities, exacerbated by the
overlap of multiple stigmatized social markers.
However, in light of this critical scenario, the Brazilian State remains not only negligent
but actively fosters practices and knowledge that legitimize violence against members of this
community, sustaining an unequal system that contradicts the principles of democracy (Grupo
Gay da Bahia - GGB, 2022). This reality is evidenced by the persistence of an education system
grounded in cisheteronormative pedagogies, which continue to render LGBTQIAPN+
individuals and modes of existence invisible, marginalized, and subjected to violence within
educational institutions. This normativity is entrenched at the very foundation of socialization,
using school education as a disciplinary device (Oliveira, 2020).
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The School Curriculum: The Production and Reproduction of Cisheteronormativity
Before delving into theoretical formulations regarding the concept of school, it is
essential to frame the institution within a network of knowledge and discursive practices that
shape curricula, documents, and educational guidelines. The first two refer to what is formally
planned, while the third concerns materialized classroom experiences, reflecting the socio-
historical productions of power, norms, and epistemic standards. These standards function as
regimes of truth, delineating the selection, organization, hierarchization, and assessment of
what is deemed valid knowledge, as well as the school’s role in shaping citizen subjects.
Historically, Brazilian school institutions partially adhered to principles associated with
values inherited from the colonial period, predominantly through Jesuit education. These values
encompass notions of civilization versus primitiveness, establishing norms and beliefs that
elevate certain individuals to the status of subjects while segregating others deemed as “the
other”: those who are not recognized as subjects but rather perceived as strange, inferior, sinful,
diseased, perverse, criminalessentially, those who deviate from the references of adulthood,
masculinity, whiteness, heterosexuality, bourgeois status, and “normal” physical and mental
conditions (Junqueira, 2012).
As Dayrell (2001, p. 139, our translation) notes, “The school is seen as a unique
institution with uniform purposes and objectives, aimed at ensuring access for all to the body
of knowledge accumulated by society.” However, in stark contradiction to this ideal, the
school’s structural constitution perpetuates inequalities and injustices by failing to critically
address the historical and social origins of its students in a country whose colonial roots remain
evident in contemporary times. This omission obstructs the dismantling of entrenched
superiority complexes, hierarchical systems, and other mechanisms that segregate and
differentiate individuals based on their identities. Each individual is already a subject, shaped
by a unique set of subjective experiences acquired in various life contexts.
In a neoliberal and accelerationist capitalist
7
, political framework, schools reproduce a
form of hierarchization closely aligned with technocratic curricula, publicly exposing social
differences tied to gender identity, sexuality, race, class, religion, ethnicity, and physical
conditionall of which are marked by historically pre-determined social inequalities that have
7
An accelerationist policy involves the attempt to take capitalism and its entire socio-technological process to its
ultimate consequences. It is about expanding capitalism, accelerating capitalism until there is a mutation, or its
elimination(Leopoldo, 2020, p. 244, our translation).
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yet to be fully redressed through public policies or affirmative actions. While some progress
has been made, driven by social movements, these advancements are often accompanied by
failures that are, to some extent, deemed “acceptable.” This is because schools are increasingly
guided by market-oriented and privatization-driven principles, reducing political issues to
economic considerations and neoliberal rationality.
From this socio-historical perspective, it becomes evident that schools have been
adapting to the heterogeneous modes of the capitalist system, supplying the knowledge and
workforce necessary for its functioning. This gradual process shapes subjectivities in a “liquid
life,” generating and transmitting values that legitimize dominant interests while masking
alternatives for social governance. It also fosters the internalization of structural domination
through a consumerist lens, perpetuating inequality among those who deviate from the
normative social standards of being and existing.
However, it is essential to consider that the school institution is not the controlling
ideological force of the system we refer to. On the contrary, one of its primary functions is to
produce conformity and consensus to the extent that it can, utilizing its internal instruments,
institutionalized limits, and legally sanctioned mechanisms to control and maintain the status
quo of a societal organization based on the hierarchization of individuals according to identity
categories. Therefore, the desired changes in this field cannot be merely formal but must be
substantive, aimed at promoting the democratization and radical transformation of social
inequalities (Mészáros, 2008).
From this perspective, it is essential to recognize that no space is neutral; all spaces are
imbued with moral values, ideas, ideals, traditions, customs, and aspirations. In schools, the
challenge lies in acknowledging and embracing diversity and plurality, fostering critical
reflection and tolerance toward what is still perceived as “unknown” or “different,” while
emphasizing the need to link the contexts of knowledge production to broader social life,
extending beyond academic and scientific realms (Perez Gomes, 2001 apud Oliveira, 2003).
According to Perez Gomes (2000), schools appear to lack initiative in addressing urgent
and contemporary demands, remaining tied to historically questioned and/or outdated
knowledge, as well as to retrograde approaches. This occurs because, while schools persistently
impose modes of subjectification, conduct, thought, and relationships aligned with a given
society's normative and regulatory framework, they also possess the autonomy to enact radical
changes influenced by their surroundings. As Foucault (2021, p. 105, our translation) asserted,
“Where there is power, there is resistance.”
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For instance, we propose employing decolonial theory as a lens to reflect on potential
changes through alternative epistemological, philosophical, and ethical frameworks that are
counter-colonial.
Decolonial theory [...] critically reflects on our common sense and scientific
assumptions regarding time, space, knowledge, and subjectivity, among other
key areas of human experience, allowing us to identify and explain the ways
in which colonized subjects experience colonization, while also providing
conceptual tools to advance decolonization [...] Decolonial thought and theory
demand critical engagement with modernity theories, which tend to serve as
epistemological frameworks for European sciences and humanities
(Bernardino et al., 2018, p. 29, our translation).
Building upon this observation, it is crucial to highlight that a historically entrenched
pattern exists within school culture, reinforcing mechanisms of adaptation and domination
through legislative processes, regulatory documents, guidelines, instructional materials,
pedagogical theories and methodologies, organizational structures, management practices, and
political decision-making processes aligned with the interests of a specific population identified
as universal subjects who maintain a monopoly on power relations. This pattern is particularly
pronounced and evident in a nation-state like Brazil, which has had 201 years of independence
and decolonization. Coloniality continues to operate through axes of the subject constitution,
including being-knowing, being-power, and being-self (ethics), within processes and
mechanisms that shape subjectivities.
This historical reality of school institutions permeates the legislation and
recommendations issued by public entities that claim democratic principles. In other words,
schools, as institutions embedded within the structure of a nation-state shaped by colonization,
enslavement, and institutionalized policies of exclusion and erasureparticularly regarding
access to education as a fundamental social right for Afro-Brazilian, Indigenous, and
LGBTQIAPN+ populations—become the primary institutions tasked with “educating” citizen-
subjects within a formally defined framework. This is often achieved through the naturalization
and/or normalization of social inequalities.
However, the school as an institution is broad and possesses the capacity to restructure
itself based on lived daily experiences, determining its particularities, singularities, and ethical
historical framework of the nation. When adopted as reparative policies, these practices can
foster a culture that encompasses and addresses the needs of a country characterized by
immense diversity (Silva, 2006).
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However, it is essential to emphasize and critically examine whether schools effectively
function as inclusive institutions for all, per Article 205 of the Constitution of the Federative
Republic of Brazil. As Louro (1997) observes, schools have historically produced differences,
distinctions, and inequalities, as they were originally designed to separate those already
integrated into the educational system from those excluded from it. Moreover, schools are
marked by contradictions, as despite being conceived to welcome everyone without distinction,
the reality reveals that certain individuals are included while others are denied access due to
factors that condition them to social subordination.
Over time, however, schools have faced pressures from political and social movements
demanding transformations aimed at including populations in situations of social vulnerability.
Although the origins of the school system lacked a social focus and were not designed to address
historical demands, these changes were imposed by the struggles and demands of progressive
political parties and anti-racist social movements, shaping an institution where "organization,
curricula, facilities, educators, regulations, and evaluations would, explicitly or implicitly,
'guarantee' and also produce the differences between individuals" (Louro, 1997, p. 58,
our translation).
Thus, it is pertinent to reflect: what would be the ideal school environment to embrace
the diversity of individuals in contemporary society, considering the plurality of subjective and
identity-based existences? While this question might seem straightforward, the reality is far
more complex. Idealizing a perfect school risk leading to homogenization, standardization, and
rigid categorization, ultimately constructing a distant utopia a goal that should not be
pursued. Instead, schools must critically address prevailing social conditions, develop methods
and onto-epistemologies that confront inequalities and discriminations, and actively resist
oppression in its multiple forms.
We acknowledge that schools comprise a broad range of diversities, and this
characteristic cannot and should not be disregarded or overlooked. Questioning their
responsibilities and underlying conceptions is an act of resistance and struggle, requiring a
broad, fair, and genuinely democratic stance, inclusive of all. However, there is growing
evidence of both physical and psychological violence against diverse modes of being and
existing, often justified by so-called moral principles, which, in practice, manifest as acts of
oppression and violence (Castro; Santos; Cunha, 2023). As formal and social spaces of
education, schools are obligated to uphold equality, freedom, and human dignity. Achieving
this requires recognizing that beliefs and customs cannot be imposed, and fostering respect for
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differences must be actively promoted and debated, ensuring that diverse identities and
existences are acknowledged and valued (Fernandes et al., 2020).
According to Caetano, Lima, and Castro (2019, p. 8, our translation), "A school that
claims to be democratic cannot shy away from systematically confronting all forms of violence
and discrimination, including rape culture and various types of bullying, while respecting the
human plurality characteristic of the society in which it operates."
Thus, we understand that schools must position themselves as spaces where differences
are respected and plurality is defended. As democratic institutions, they must break away from
paradigms that rigidly shape education, fostering reflections on the concept of citizenship and
recognizing the contributions of students of all genders and identities to the construction and
organization of social life.
Cisheterosexist Pedagogies and Their Effects on the Lives of LGBTQIAPN+ Individuals
in Schools
Naming the norm is the first step toward a
disobedient, anticolonial redistribution of gender and
violence because the norm is that which remains
unnamed, and therein lies its privilege.
8
The norm is only apprehended because it is taught, performed, and constituted through
discursive practices rooted in the mutual production of knowledge and the exercise of power.
Furthermore, discursive practices are responsible for generating and constituting meaning
within our social reality, shaping the subjectivization of individuals over time and space.
Throughout the history of modern society, the evolution of various social sectors during
the 17th and 18th centuries (religious, intellectual, scientific, moral, educational, artistic,
literary) marked the emergence of a new stage in the history of Western Europe. This stage later
extended, through European colonization, to the global Western world: the birth of biopolitics
as a process of systematizing strategies for managing and automating life.
Michel Foucault (2021) invites us to reflect on the transformation of control
mechanisms in modern societies. Unlike earlier societies, where necropolitics and disciplinary
power were tactics directly imposed on individuals, the era of biopolitics operates on a distinct
level. In this context, life is conceptualized at the population level, becoming both a product
and an object of regulation. The individual, in turn, is produced by discursive practices of
8
Mombaça (2022, p. 75).
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knowledge-power that promote conformity, normalization, and regulation, defining how life
should, will, or must be conducted. These practices constitute tools associated with a rationality
aimed at understanding and guiding human existence, a perspective that demands deep
reflection, research, and study.
In the biopolitical era, control is no longer exerted through external forces but through
discursive practices integrated into the individual’s reality, leading them to engage in self-
control, self-adjustment, and self-administration. This logic is embedded in the rationality of
nation-states ideologically oriented by (neo)liberalism and the capitalist economy.
This modus operandi, orchestrated by institutions (schools, churches, hospitals, prisons,
families, and media), fosters the normalization of the biopolitical subject. Within this context,
pedagogy emerges as a mechanism of power, responsible for producing and regulating
knowledge and exercising power that upholds a specific conception of the individual. However,
this same pedagogy also encounters challenges. It must contend with contemporary
subjectivities that resist binary gender norms (male/female cisgender) and sexual orientation
norms (heterosexuality), forming dissidents that demand equal rights, historical reparations,
and public policies within the framework of a democratic state.
In Cândido de Figueiredo’s Portuguese Dictionary (1993 [1913])
9
, pedagogy” is
defined as “the art of education and teaching; the moral education of children. The ways of a
pedagogue.” When consulting this material for the definition of the individual who practices
and produces pedagogy, the pedagogue, it is described as: “a slave who, in antiquity,
accompanied children to schools. Teacher of children. One who practices pedagogy or is
concerned with methods of educating and teaching. One who arrogates the right to criticize
OTHERS. One who flaunts erudition. Pedant” (Figueiredo,1993 [1913], p. 1504, our
translation).
Nonetheless, when comparing Figueiredo’s definitions of pedagogy (1993 [1913]) with
those found in Aulete’s contemporary dictionary (2011, p. 1042, our translation), we identify
similar meanings. Aulete defines pedagogy as: “science and a set of theories, principles, and
methods of education and teaching; the craft and practice of systematic teaching; the science
encompassing techniques for addressing children and adolescents with learning difficulties; the
pedagogical method employed in reeducation or specialized adult education.” Therefore, we
observe that the meanings attributed to pedagogy in Brazilian Portuguese have historically
9
The dictionaries used for this research were chosen because they were contemporary.
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occupied a space between normalization and the management of life, starting from the earliest
moments of human socialization.
Interpreting the definitions of pedagogy presented by Figueiredo (1993 [1913]) and
Aulete (2011), we reference the notion of the dispositive of power tied to the forms of
subjectivization and subjection of individuals. This perspective reveals pedagogy as a
mechanism operating in tandem with biopolitics, promoting normalization, adaptation, and the
production of subjects during their initial phase of social interaction. Within this framework,
pedagogy serves to align individuals with the standards established by a normativized society.
However, it also aligns with necrobiopolitics, targeting those individuals who deviate from
hegemonic norms of being and existence, penalizing them for failing to adhere to the ethical
and social standards predefined as “correct.”
Thus, power relations and their resistances manifest as forces constituting the standard
subject and producing deviant individuals, subject to surveillance and exclusion. This exclusion
extends beyond a policy of optimizing bodies, manifesting instead in necropolitical practices,
illustrating a biopolitical and necropolitical strategy designed to serve the interests of the
market, economy, and neoliberal ideology.
In modern societies, the soul is first implanted as a living presence within the
flesh. Over time, as it grows, it is sculpted like a bonsai through repetitive
training and punishment, linguistic invocations, and institutional rituals aimed
at reducing it to a specific identity. Some souls unfold more than others, yet
none exist within the garden of the living without being the result of
implantation and pruning. Among all bodies, some appear to have existed
without souls for a long time. These were regarded as mere anatomy: edible
flesh, working muscles, reproductive wombs, and skin to ejaculate into. These
have beenand continue to bethose referred to as animals, the colonized,
enslaved, and racialized bodies, as well as, in a different sense, women,
individuals considered sick or disabled, children, homosexuals, and those
whose souls, as 19th-century medicine claimed, were thought to desire
migration into a body of different sex (Preciado, 2023, p. 20, our translation).
The interrelations in educational processes, materialized through pedagogical practices,
constitute discursive practices that, in the contemporary context, are legacies of historical
processes imposed and imported through colonization in Brazil, perpetuated by European
modernity. These discursive practices, aimed at the domestication of individuals, are not recent;
they trace back to the period of Jesuit education and the imposition of Christian-Judaic
knowledge historically associated with biomoral knowledge (biological sciences and moral-
Christian doctrines). An example can be found in the model that distinguishes human beings
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based on genital characteristics, defining a binary gender division (man/woman) and
associating this distinction with heterosexuality as the only legitimate, natural, and dignified
form of sexual experience.
In this sense, Nascimento (2021, p. 96, our translation) asserts that “we need to
understand discursive processes as creators of our social reality” in order to comprehend how
the knowledge-power of a given era operates in constructing regimes of truth. These regimes
are legitimized in various fields and areas of knowledge through discourses that reinforce their
authority when naturalized and normalized.
The school, as the educational institution we know today, has its origins in Europe.
Although it has undergone several transformations over time, the school has always functioned
as an extension of the European model of worldview and cosmoperception, sustaining its
ideologies, knowledge, practices, discourses, and formats. These structures are rigidly
configured to shape subjectivities and identities in accordance with hegemonic modern and
neocolonial norms.
Thus, gender identities and sexual orientations become means, modes, and technologies
for maintaining this deterministic standard, ensuring the status quo of a world organization that
favors such hegemonies. In this way, the school is understood as a true bionecropolitical
technology, manifested in cisheteronormative pedagogies, which operate in the normalization
of subjects in contemporary society.
Heteronormativity is a regime of visibility, that is, a social model that
regulates the ways in which people relate to one another. In our times, society
minimally permits, although marginally, that people may engage in same-sex
relationships; therefore, for certain privileged social strata, we no longer live
in the full domain of compulsory heterosexuality. Among urban middle and
upper classes, particularly in metropolitan areas, the existence of individuals
attracted to others of the same sex has gained clear visibility. In this context,
it cannot be said that homosexuality is entirely denied, but society still
demands conformity to gender expectations and a lifestyle that upholds
heterosexuality as the unquestionable model for all (Miskolci, 2021, p. 46, our
translation).
Miskolci (2021, p. 19, our translation) states that “the school punishes and persecutes
those who escape control, marking them as strange, abnormal, undesirable.” Based on this
author, the very institution of the school, in its physical and organizational structure such as
the distinction between male and female restrooms for cisgender individuals reinforces and
communicates gender binarism, based on anatomical-physiological and morphological criteria
applied to students and other members of the school community.
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Within this context, various control and framing techniques for bodies emerge in the
social relations promoted by the school. Seemingly simple practices, such as forming
segregated lines by binary genders (boys and girls), adopting differentiated uniforms, using
colors associated with gender binarism (blue for boys and pink for girls), and school materials
that reproduce stereotypical representations, exemplify mechanisms of normalization. These
techniques function as cisheteronormative strategies that seek to shape subjectivities in
alignment with hegemonic gender and sexuality norms, acting as elements of pedagogization
that link the sex-gender-desire system to other spheres of life, such as capitalism and the market.
The subject, therefore, is continuously (in)formed by multiple social institutions, with
the school being one of the primary agents reinforcing the norms projected by the European
modern-colonial model. In this context, cisheteronormative pedagogies, as techniques of
disciplining, transcend the educational environment and manifest in other institutions, such as
the conservative nuclear family and fundamentalist and extremist Judeo-Christian religious
organizations, rooted in cisgender and heterosexist conceptions.
Furthermore, these disciplining practices are inscribed, regulated, and performed by all
social subjects, whether legal or physical, who operate under the cisheteronormative logic.
These practices include, in extreme cases, the perpetuation of bionecropolitical violence driven
by biologizing and moralizing knowledge. This dynamic enables socially privileged subjects to
fail to recognize the diversity of subjectivities, dehumanizing those who do not conform to the
normative standard, resulting in various forms of violence, including symbolic, affective,
moral, physical, and even homicides and suicides of individuals who deviate from gender and
sexuality norms.
As a strategy of survival and resistance to these violences, the LGBTQIAPN+
population often adopts and performs behaviors, conducts, aesthetics, and affective
relationships aligned with the cisheteronormative model, aiming to avoid gender and sexuality
discrimination. A contemporary example of this dynamic is the incorporation and valorization
of masculinity by homosexual men in their gender and sexuality performances, frequently
distancing themselves from traits and mannerisms associated with femininity. This
demonstrates the arbitrariness of the relationship between sexual identity and gender identity,
highlighting that cisgender homosexual men can also reproduce misogyny towards feminine
performances. However, this practice is not restricted to a specific sexual orientation or gender
identity, being observed in different subjects and contexts.
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Subjects perform discursive practices that contribute to the normative structure of
sexuality and gender identity in hegemony. It is a technique that may not align with gender
identity and sexuality norms but conforms to cisgender requirements and affective-sexual
relationships that adapt to the norms without subverting them. Even while deviating from the
norms, gender and sexuality performances do not break with this cisgender and heterosexist
system but adjust to being accepted by this model of life, making them, within the capitalist
system, (re)productive beings rather than resistant ones.
The process of self-adjustment of the LGBTQIAPN+ population to the molds of
cisheteronormative pedagogies in education is a strategy of normalization and framing of this
population within the economic system of productivity.
Whereas previously, everyone was educated for heterosexuality, with those
who did not follow it being punished or ignored, the education now shifts to
the binary, to being either hetero or homo. In addition to maintaining the
normalizing impulse, merely expanding the number of possibilities for a
restricted set of identities available today, this form of education places even
greater social pressure on children or adolescents, people in formation, to
define themselves and adopt an identity. This form of pressure is, in itself, a
violence that we can avoid (Miskolci, 2021, p. 18, our translation).
The juxtaposition of subjects within the framework of a structure entrenched by a
knowledge power that maintains the cisgender, heterosexual, and patriarchal order does not
promote an experience of emancipation and liberation, as proposed by Freire (2009), but rather
new banking strategies of education, based on the normalization of subjects considered
undesirable for the system, which is then inserted into state-controlled bionecropolitics.
Such strategies of subjugation, stylization, and control of subjectivities maintained in
school spaces have negative effects on gender-disobedient subjects and those in sexual dissent,
such as the LGBTQIAPN+ population (Torres, 2010).
A study conducted during the 8th GLBT Pride Parade in Belo Horizonte in 2005
concluded that 44.7% of the individuals interviewed had experienced discrimination within the
school environment. Furthermore, the school was identified as the third most significant context
of discrimination for these individuals, ranking just below the family environment and public
leisure spaces (Prado; Rodrigues; Machado, 2006).
Given the hostile reality faced by the LGBTQIAPN+ community not only in schools
but also in various social spaces, whether public or private, studies indicate that these
individuals are exposed to greater psychological distress. This vulnerability is associated with
a higher propensity for the development and/or intensification of psychopathologies, such as
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anxiety and depression. Additionally, the data from these studies reveal that this social group
has a higher susceptibility to risky behaviors, as well as the use and abuse of psychoactive
substances, compared to the cisheterosexual population (Baére; Conceição, 2018; Barbosa;
Medeiros, 2018; Castro; Nascimento, 2021).
Final considerations
When reflecting on cisheteronormative pedagogies and their impacts on the lives of
LGBTQIAPN+ subjects within the context of Brazilian basic education, we identify the school
institution as a powerful agent in the reproduction of a hegemonic worldview. This
understanding is based on an idea of the universal subject, which neglects, violates, and
excludes those who deviate from the established normative standard. When not excluded, these
subjects are compelled to conform, so that, even in their dissent, they do not break from the
cisheterosexist structure but remain under control.
In this sense, sexuality and gender identity are central devices for adjusting and
regulating subjects, determining ways of being and existing that the school institution monitors.
The school, in turn, operates as a microstructure that extends the European worldview. Brazilian
society, in producing and reproducing itself under an ideology projecting the universality of the
subject, uses various mechanisms to perpetuate this vision, with the school being one of its
primary allies. This dynamic maintains a hostile and violent Brazilian context for all who
challenge the binary sex-gender-desire norm, including LGBTQIAPN+ subjects.
In light of this, it is understood that cisheteronormative pedagogies operate in the
formation of ways of being and existing, grounded in a concept of the subject anchored in a
worldview where cisgender and heterosexuality are established as norms. These norms are
transmitted and reinforced by the school institution as formative practices of subjects.
We, therefore, reflect that gender performativity and sexual orientation practices are
learned, taught, and (re)produced, effectively constituting a pedagogy that dictates how the
subject should be and exists in a society structured under a cisheteronormative logic. This logic
exclusively legitimizes the ideology of the cisgender and heterosexual subject, relegating
dissident subjectivities, such as those of the LGBTQIAPN+ population, to a constant state of
rejection and surveillance. These subjectivities are repeatedly marked as incompatible with the
prevailing norms, a process that often begins within the school institution itself.
Reflections on cisheteronormative pedagogies and their effects on LGBTQIAPN+ subjects at school
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CRediT Author Statement
Acknowledgements: We would like to thank Prof. Dr. Ana Luiza Salgado Cunha for her
guidance and academic support in the completion of this work.
Funding: No funding was received for this research.
Conflicts of interest: The authors declare no conflicts of interest.
Ethical approval: As this is a bibliographical research, submission to an ethics committee
was not required.
Availability of data and material: Not applicable.
Author contributions: Author 1: Introduction, abstract, final considerations, methodology,
discussion of the history of the LGBTQIAPN movement, text writing, as well as
adjustments suggested by the journal. Author 2: Theoretical discussion on the reproduction
of Cisheteronormativity in the Brazilian school curriculum, also contributed to the
adjustments suggested by the journal and to the translation of the title and abstract into
Spanish. Author 3: Theoretical discussion on cisheterosexist pedagogies and their effects
on dissident subjects in sexuality and gender identity within the school, in addition to text
correction and writing, as well as the translation of the title and abstract into English. Author
4: Guided the entire writing process of the text and also participated in the construction of
the abstract, introduction, and final considerations of the research.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.