Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 8, n. 00, e023015, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.19036 1
A INFLUÊNCIA DAS POLÍTICAS INTERNACIONAIS PARA A EJA EM ESPAÇOS
DE PRIVAÇÃO E RESTRIÇÃO DE LIBERDADE: UMA ANÁLISE DO BRASIL E
CHILE
LA INFLUENCIA DE LAS POLÍTICAS INTERNACIONALES EN LA EJA EN
CONTEXTOS DE PRIVACIÓN Y RESTRICCIÓN DE LIBERTAD: UN ANÁLISIS DE
BRASIL Y CHILE
THE INFLUENCE OF INTERNATIONAL POLICIES ON EJA IN CONTEXTS OF
DEPRIVATION AND LIBERTY RESTRICTION: AN ANALYSIS OF BRAZIL AND
CHILE
Paula CABRAL1
e-mail: paulacabralprofa@gmail.com
Maria Hermínia Lage Fernandes LAFFIN2
e-mail: herminialaffin@gmail.com
Violeta ACUÑA-COLLADO3
e-mail: v-acuna@upla.cl
Como referenciar este artigo:
CABRAL, P.; LAFFIN, M. H. L. F.; ACUÑA-COLLADO,
V. A influência das políticas internacionais para a EJA em
espaços de privação e restrição de liberdade: Uma análise
do Brasil e Chile. Plurais - Revista Multidisciplinar,
Salvador, v. 8, n. 00, e023015, 2023. e-ISSN: 2177-5060.
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.19036
| Submetido em: 09/08/2023
| Revisões requeridas em: 19/10/2023
| Aprovado em: 25/11/2023
| Publicado em: 20/12/2023
Editoras:
Profa. Dra. Célia Tanajura Machado
Profa. Dra. Kathia Marise Borges Sales
Profa. Dra. Rosângela da Luz Matos
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis SC Brasil. Doutorado em Educação pela Universidade
Federal de Santa Catarina. Professora do Ensino Superior e Supervisora escolar da educação básica de Florianópolis.
2
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis SC Brasil. Professora do Programa de Pós-graduação em
Educação, da Universidade Federal de Santa Catarina; Coordenadora e pesquisadora CNPq no Projeto Interinstitucional
Fundamentos e autores recorrentes no Campo da Educação de Jovens e Adultos do Brasil.
3
Universidade de Playa Ancha (UPLA), Valparaíso Chile. Professora e investigadora da Faculdade de Ciências da Educação
da Universidade de Playa Ancha.
A influência das políticas internacionais para a EJA em espaços de privação e restrição de liberdade: Uma análise do Brasil e Chile
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 8, n. 00, e023015, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.19036 2
RESUMO: O presente artigo apresenta um estudo sobre as influências das políticas
internacionais, particularmente as da Unesco, para a EJA em Espaços de Privação e Restrição
de Liberdade (EPRL) no Brasil e no Chile. Como procedimentos metodológicos, foram
adotadas a análise documental e estudos bibliográficos. No que se refere à EJA em EPRL,
dialogou-se com Julião (2018) e Acuña (2015 e 2018). Os referenciais para os estudos no campo
das políticas públicas sociais, em especial de educação, contemplam as produções de fling
(2001), Souza (2006), Shiroma et al. (2011), Ventura (2008 e 2013), entre outros. Como
resultado, foi possível constatar um alinhamento entre as políticas para a EJA em prisões nos
dois países, a agenda educacional globalmente estruturada e como a educação no sistema
prisional tem assumido o discurso de promessa do alcance de coesão social, da redução de
violências e da criminalidade, assim como de prevenção da reincidência.
PALAVRAS-CHAVE: Educação de Jovens e Adultos. Espaços de Privação e Restrição de
Liberdade. Unesco. Políticas Públicas Educacionais.
RESUMEN: Este artículo presenta un estudio sobre las influencias de las políticas
internacionales, particularmente las de la Unesco, sobre la EJA en Espacios de Privación y
Restricción de la Libertad (EPRL) en Brasil y Chile. Los procedimientos metodológicos fueron
el análisis documental y los estudios bibliográficos. Respecto a EJA en EPRL, se dialogó con
Julião (2018) y Acuña, (2015 y 2018). Las referencias para estudios en el campo de las políticas
públicas sociales, especialmente la educación, incluyen las producciones de Höfling (2001),
Souza (2006), Shiroma et al. (2011) y Ventura (2008 y 2013). Como resultado, se pudo verificar
un alineamiento entre las políticas de EJA en las prisiones de ambos los países, la agenda
educativa estructurada globalmente, la educación en el sistema penitenciario, asumiendo
entonce la promesa de lograr la cohesión social, reducir la violencia y el crimen, así como
prevenir la reincidencia.
PALABRAS CLAVE: Educación de Jóvenes y Adultos. Espacios de Privación y Restricción
de la Libertad. Unesco. Políticas Publicas Educativas.
ABSTRACT: This article presents a study on the influences of international policies,
particularly those of Unesco, on EJA in Spaces of Deprivation and Restriction of Freedom
(EPRL) in Brazil and Chile. The methodological procedures were document analysis and
bibliographic studies. Regarding EJA in EPRL, a dialogue was held with Julião (2016 and
2018) and Acuña (2015 and 2018). The references for studies in the field of public social
policies, especially education, include the productions of Höfling (2001), Souza (2006),
Shiroma et al. (2011), and Ventura (2008 and 2013). As a result, it was possible to verify an
alignment between the policies for EJA in prisons in both countries, the globally structured
educational agenda, and education in the prison system, which has assumed the promise of
achieving social cohesion, reducing violence and crime, as well as preventing recidivism.
KEYWORDS: Youth and Adult Education. Spaces of Deprivation and Restriction of Freedom.
Unesco. Public Education Policies.
Paula CABRAL; Maria Hermínia Lage Fernandes LAFFIN e Violeta ACUÑA-COLLADO
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 8, n. 00, e023015, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.19036 3
Introdução
O texto atual apresenta os resultados de uma investigação de tese
4
que visou
compreender os aspectos que caracterizam os pressupostos educacionais da Educação de Jovens
e Adultos (EJA) nos espaços de privação e restrição de liberdade (EPRL). Além disso, aborda
as consequentes atribuições direcionadas aos professores, considerando o projeto educacional
da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para o
Brasil. Nesse contexto, o artigo tem como objetivo apresentar um estudo sobre as influências
das políticas internacionais, particularmente as da Unesco, para a Educação de Jovens e Adultos
em Espaços de Privação e Restrição de Liberdade (EPRL), no Brasil e no Chile.
Reafirma-se aqui a defesa apresentada por Julião (2018) de que “a educação e o trabalho
são compreendidos hoje na América do Sul como dever social e condição de dignidade humana
para os sujeitos jovens e adultos em situação de restrição e privação de liberdade”, o que exige
uma perspectiva crítica de análise aos processos educativos voltados a essa população.
Políticas públicas educacionais para o contexto prisional
No contexto prisional, evidenciam-se inúmeros desafios enfrentados pelos(as)
profissionais que atuam no sistema prisional brasileiro, em especial os envolvidos com a
educação, sobretudo pelas condições às quais estão submetidas as pessoas em cumprimento de
penas privativas/restritivas de liberdade. Neste contexto, é apresentado o presente artigo, que
se propõe a realizar uma análise no âmbito dos estudos das políticas públicas educacionais, com
o objetivo de compreender os motivos e os critérios pelos quais os governos elegem
determinadas ações ou direções.
Nos últimos anos, a adoção de políticas restritivas de gastos, predominantes nas agendas
nacionais de países em desenvolvimento, têm obtido maior visibilidade. Tal lógica preconiza
novos papéis aos governos, impondo a substituição das políticas keynesianas
5
do pós-guerra,
fundamentadas no liberalismo clássico, no Estado de bem-estar social e na teoria do capital
4
Este artigo foi produzido a partir da tese de uma das autoras que se intitula A EJA nos espaços de privação e restrição de
liberdade: as apropriações das diretrizes da Unesco no direcionamento do trabalho de professores(as), que foi defendida em
2019 no Programa de Pós-graduação em Educação na Universidade Federal de Santa Catarina. O artigo amplia o debate e traz
contribuições a partir do contexto chileno.
5
Essa noção foi criada por John Maynard Keynes, que defendeu a implementação de ações políticas que conciliaram as
questões econômicas e sociais no sentido de um estado de bem-estar social (welfare state).
A influência das políticas internacionais para a EJA em espaços de privação e restrição de liberdade: Uma análise do Brasil e Chile
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humano
6
, por dinâmicas de redimensionamento da intervenção estatal na economia e nas
políticas sociais.
Refere-se, conforme discutido por Souza (2006, p. 26), de um “campo do conhecimento
que busca, ao mesmo tempo, colocar o governo em ação e/ou analisar essa ação e, quando
necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações”. Desse modo, interessa para
análise de políticas públicas tanto seu desenho, quanto aos parâmetros que direcionam suas
decisões, conduções e implementação em si, pois esse conjunto influencia também os próprios
conflitos inerentes às suas deliberações, ou seja, auxilia a responder questões como: “quem
ganha o quê, por que e que diferença faz” (Souza, 2006, p. 24).
Para Höfling (2001, p. 31), o conceito de políticas públicas “não pode se reduzir ao de
políticas estatais”, mas deve ser compreendido como o Estado empreendendo ações
direcionadas a setores específicos da sociedade. Isso engloba a “implementação e manutenção
a partir de um processo de tomada de decisões”, envolvendo diversos órgãos públicos,
organismos e agentes da sociedade.
As políticas sociais têm a ver com os mecanismos de proteção social efetivados pelo
Estado, focados, em tese, na redistribuição para redução de desigualdades geradas pelo
desenvolvimento socioeconômico. Essa noção de políticas sociais surge diante de “movimentos
populares do século XIX, voltadas aos conflitos surgidos entre capital e trabalho, no
desenvolvimento das primeiras revoluções industriais”, como aponta Höfling (2001, p. 31).
Diante disso, o papel do Estado neoliberal na implementação de políticas e programas sociais
consiste em “qualificar permanentemente a mão-de-obra para o mercado”, assim como “manter
sob controle parcelas da população não inseridas no processo produtivo” (Höfling, 2001, p. 33).
As ações do Estado, nessa dimensão, são tentativas de regulação dos “desequilíbrios
gerados pelo desenvolvimento da acumulação capitalista” e, ao mesmo tempo, são encaradas
como barreiras a este desenvolvimento por serem consideradas causadoras da “crise que
atravessa a sociedade” (Höfling, 2001, p. 37). Justamente por isso, pensando no contexto latino-
americano, não tem sido (e talvez nunca seja) possível “formar coalizões políticas capazes de
equacionar minimamente o desenho de políticas públicas capazes de impulsionar o
desenvolvimento econômico e de promover a inclusão social” (Souza, 2006, p. 21).
Sob esse entendimento, o processo de elaboração das políticas públicas em nossa
sociedade comporta incompatibilidade de interesses, disputas, assim como relações de poder
6
Criada por Theodore W. Schultz a partir dos seus estudos em que defendia questões relacionadas em explicar a produtividade
gerada pelo “fator humano” na produção.
Paula CABRAL; Maria Hermínia Lage Fernandes LAFFIN e Violeta ACUÑA-COLLADO
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intrínsecas às estruturas, às instituições estatais e à sociedade de maneira geral. O sucesso ou
fracasso de uma política, bem como as soluções adotadas para “ações públicas de intervenção”,
precisam considerar elementos culturais que “historicamente vão construindo processos
diferenciados de representações, de aceitação, de rejeição, de incorporação das conquistas
sociais” (Höfling, 2001, p. 38).
Nesse sentido, torna-se essencial buscar a compreensão dos pressupostos centrais da
Educação de Jovens e Adultos (EJA) em espaços de privação e restrição de liberdade (EPRL)
por meio da análise dos documentos pertinentes na área. Esses documentos desempenham papel
significativo no contexto do movimento das políticas públicas educacionais nesse domínio. Em
virtude da escolha metodológica adotada, que se refere à análise documental dos textos gerados
no contexto da atual reforma neoliberal, os documentos normativos e orientadores constituem
o ponto de partida para esta pesquisa.
O objetivo é compreender a política educacional a partir da perspectiva de como
determinados aspectos têm consolidado certa “hegemonia discursiva, a colonização do
vocabulário da reforma, a bricolagem de conceitos [...], para ler o que dizem, mas também para
captar o que não dizem”, visto que “os sentidos não são dados nos documentos, são produzidos;
estão aquém e além das palavras que os compõem” (Shiroma; Campos; Garcia, 2005, p. 427).
Com esses propósitos, procedeu-se à análise de um conjunto de documentos
internacionais e nacionais provenientes de organismos internacionais, com destaque para a
Unesco. Essa abordagem visa mapear elementos que contribuam para a compreensão do
processo de consolidação das políticas públicas educacionais destinadas à Educação de Jovens
e Adultos (EJA) em espaços de privação e restrição de liberdade (EPRL). É pertinente revisitar
o referencial conceitual estratégico no âmbito educacional brasileiro, oriundo da denominada
Educação para Todos (EPT)
7
de 1990.
No ano de 2015 findaram os prazos para cumprimento dos acordos firmados pelos ODM
e pelas metas da EPT, renovadas em 2000, em Dakar, justamente pela falta de avanços na
década de 90, em relação ao que se havia proposto. A Conferência das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Sustentável (2012-Rio+20), apesar de não ter estabelecido compromissos
práticos, serviu como ponto de partida para a elaboração, em 2015, dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), em substituição aos ODM que não haviam fixado meta
específica para EJA, mencionando apenas num dos objetivos que se pretendia alcançar
7
A Declaração Mundial sobre Educação para Todos foi assinada na Conferência Mundial sobre Educação para Todos realizada
em Jomtien, na Tailândia.
A influência das políticas internacionais para a EJA em espaços de privação e restrição de liberdade: Uma análise do Brasil e Chile
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educação primária universal. Quanto a isso, o Relatório de Monitoramento Global da Educação
para Todos (Relatório de EPT) da Unesco, sobre os ODMs de 2014, admitiu que o número de
analfabetos entre jovens e adultos no mundo permanecia muito alto.
Do mesmo modo, a meta da EPT (1990/2000) de oferecer a todas as crianças, jovens e
adultos uma educação que satisfizesse necessidades básicas de aprendizagem, foi postergada
para 2015 e desdobrada, relacionando-se à EJA em dois objetivos: 1. Assegurar que as
“necessidades de aprendizagem de todos os jovens e adultos sejam alcançadas através de acesso
equitativo a programas apropriados de aprendizagem e competências para a vida”; e, além
disso, 2. Alcançar “50% de melhora nos níveis de educação de adultos até 2015, especialmente
para as mulheres, e acesso equitativo à educação básica e continuada para adultos” (Di Pierro;
Haddad, 2015, p. 201).
O Brasil figura entre os 53 países que não alcançaram ainda os objetivos da Educação
para Todos (EPT) até 2015. Apesar dos progressos observados na taxa de matrícula no ensino
fundamental, o 11º Relatório de Monitoramento Global da EPT da Unesco, datado de 2014,
indicou que o Brasil ocupava a 8ª posição entre as nações com o maior contingente de adultos
analfabetos (Di Pierro; Haddad, 2015, p. 203). Esse relatório aponta que no Chile, havia
disparidades de alcance de níveis de desempenho escolar, com diferenças pequenas na 4ª série,
mas na 8ª série 77% dos alunos ricos alcançam níveis mínimos, contra 44% dos alunos pobres.
Considerando os compromissos estabelecidos pela Educação para Todos (EPT) e a
ausência de avanços ao longo de duas décadas, nos anos 1990 e 2000, a UNESCO, em 2015,
em conjunto com o United Nations Children's Fund (UNICEF), o Banco Mundial, o Fundo de
População das Nações Unidas (UNFPA), o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), a ONU Mulheres e o Alto Comissariado das Nações Unidas para
os Refugiados (ACNUR), aprovou a Declaração de Incheon. Esta declaração expressa o
comprometimento da comunidade educacional, adotado por 184 Estados-membros, com as
agendas globais da Educação para 2030 (Educação 2030) e a Agenda de Desenvolvimento
Sustentável 2030. Essas agendas visam assegurar “oportunidades de educação de qualidade
inclusiva e equitativa, assim como de aprendizagem ao longo da vida para todos”. Além disso,
definem a educação como o principal impulsionador do desenvolvimento (Nacif et al., 2016).
Com base nesse impulso em direção às agendas globais para a educação, são
apresentados elementos das políticas públicas destinadas à Educação de Jovens e Adultos
(EJA), ao mesmo tempo em que se analisam documentos orientadores dessa modalidade nos
espaços de privação e restrição de liberdade (EPRL). A Unesco, enquanto agência especializada
Paula CABRAL; Maria Hermínia Lage Fernandes LAFFIN e Violeta ACUÑA-COLLADO
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em educação da ONU, tem disseminado diretrizes no âmbito internacional apreendidas pelos
países. Tais apropriações definem as linhas de discussão e ocupam relevante espaço na
implementação das políticas públicas educacionais pelos governos no que se refere à EJA em
EPRL. Em vista disso, cabe levantar algumas reflexões sobre um conjunto de documentos de
referência na área, na intenção de entender os pressupostos educacionais para a EJA em EPRL
e possíveis delineamentos ao trabalho de professores(as) nesses espaços.
O primeiro documento é o manual La Educación Básica en los Establecimentos
Penitenciarios
8
, de 1994, que revela o “compromisso” da comunidade internacional em
assegurar no âmbito mundial a garantia de acesso à educação básica, tendo em vista os
problemas sociais enfrentados por diversos países, com o aumento nos últimos anos da
violência e da criminalidade (Unesco, 1994).
Mediante a análise das Conferências Internacionais para Educação de Adultos
vinculadas à Unesco, iniciadas em 1949, verifica-se que no período dos últimos setenta anos
essas conferências têm sido espaços de difusão das diretrizes e políticas globais da educação de
adultos. É apontada, por conseguinte, como uma via capaz de oferecer possibilidades para
resolução de grandes problemas humanitários de ordem social, política e cultural, assim como
as crises econômicas que afetam os chamados “países em desenvolvimento” (Knoll, 2009). As
agendas globais relacionadas à educação de adultos são revisitadas e avaliadas com base nas
propostas da Confintea. Identifica-se que somente a partir da V Confintea, realizada em 1997
com a Declaração de Hamburgo, é que se observou um debate, ainda que incipiente, acerca da
EJA em EPRL.
Esse fato exige observar o movimento no Brasil, particularmente a partir dos anos 2000,
em relação ao consentimento da proposta educacional disseminada pelas agências
internacionais, em especial a Unesco. Nesse sentido, remeteu-se ao Projeto “Educando para a
Liberdade”, que buscou implementar ações educacionais direcionadas ao sistema prisional.
Esse documento foi desenvolvido no Brasil, a partir de 2005, numa ação conjunta envolvendo
a Unesco, os Ministérios da Justiça e da Educação, com subsídios do governo japonês, por meio
do projeto EUROsociAL
9
.
8
O manual La Educación Básica en los Establecimentos Penitenciarios, publicado em 1994; 2. Os textos das Conferências
Internacionais para Educação de Adultos (Confintea) da Unesco, em especial a Declaração de Hamburgo (Unesco, 1997) e o
Marco de Ação de Belém (Unesco, 2010); 3. O Projeto “Educando para a Liberdade” de 2005 pelo Ministério da Educação
(MEC) e pelo Ministério da Justiça (MJ), em parceria com a UNESCO e o consórcio EUROsociAL, financiado pelo Japão
(Unesco, 2006); 4. “Educação em prisões na América Latina: direito, liberdade e cidadania” apresenta os documentos referentes
ao II Seminário Nacional Consolidação das Diretrizes para a Educação no Sistema Penitenciário de 2007 e ao Encontro
Regional da América Latina de Educação em Prisões de 2008 (Unesco, 2009); 5. Normativas relacionadas à oferta de EJA em
EPRL.
9
É fruto da parceria entre a Oficina das Nações Unidas em Viena e o Instituto de Educação da UNESCO (UIE).
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Na mesma época, no Chile, realizou-se uma consulta que possibilitou diagnosticar a
necessidade de aprimorar a qualidade e relevância dos processos pedagógicos. Constatou-se
que as condições gerais nas quais se desenvolvia o processo educativo não atendiam às
necessidades dos reclusos, comprometendo a eficácia do processo reabilitativo. Um programa
chileno, que compartilha semelhanças com as propostas do projeto brasileiro, é denominado
Educación para la Libertad
10
. Este programa teve início em 2001, foi desenvolvido até 2010,
interrompido e retomado em 2014,
Desde de sus inicios esta propuesta ha tenido como propósito contribuir al
mejoramiento de la calidad y pertinencia de los procesos educativos que se
desarrollan en los centros educativos ubicados en contextos de encierro. Para
este efecto, el diseño de su estrategia de implementación contemplaba dos
momentos: el primero tenía como objetivo establecer las condiciones
adecuadas para el desarrollo de los procesos educativos y promover una
mayor integración entre el centro educativo y Genchi
11
; y el segundo, debía
contribuir a mejorar la calidad y pertinencia de los aprendizajes de los
estudiantes, teniendo como eje central el vínculo entre educación y
reinserción social (Chile, 2016-2018).
No contexto brasileiro, em 2009, em consonância com as iniciativas do Projeto
“Educando para a Liberdade”, resultou na produção de um livro intitulado “Educação em
prisões na América Latina: direito, liberdade e cidadania
12
. Esta obra foi desenvolvida por
meio de uma parceria entre a Unesco, a Organização dos Estados Ibero-Americanos para a
Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), e a Agência Espanhola de Cooperação Internacional
para o Desenvolvimento (AECID). O livro apresenta os documentos relacionados ao II
Seminário Nacional Consolidação das Diretrizes para a Educação no Sistema Penitenciário,
realizado em 2007, e ao Encontro Regional da América Latina de Educação em Prisões,
ocorrido em 2008.
O propósito desta publicação foi aprofundar o debate sobre a educação em prisões,
concebida como um direito subjetivo da pessoa privada de sua liberdade, bem como discutir o
10
Resultado desse trabalho temos a produção do documento Educación para la Libertad - Propuesta de mejoramiento de la
calidad y pertinencia de los procesos pedagógicos para establecimientos educacionales en contextos de encierro, datado de
2016-2018.
11
GENCHI é um acrônimo para Gendarmería do Chile, uma instituição dependente do Ministério da Justiça, responsável pelo
sistema carcerário e pela segurança do país. Tem como missão “Contribuir para uma sociedade mais segura, garantindo o
cumprimento eficaz da detenção preventiva e das penas privativas ou restritivas de liberdade determinadas pelos tribunais,
proporcionando um tratamento digno aos afetados, de acordo com sua qualidade de pessoa, e desenvolvendo programas de
reinserção social que visam reduzir as probabilidades de reincidência delitiva”. Disponível:
https://www.gendarmeria.gob.cl/historia.html. Acesso em: 05 nov. 2023.
12
Tem como foco o campo da educação de jovens e adultos, não restrita apenas à etapa inicial de alfabetização, mas à elevação
do nível de escolaridade e das oportunidades de aprendizagem e educação ao longo da vida, dando destaque especial para as
pessoas privadas de liberdade.
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papel da educação no processo de ressocialização (Unesco, 2009). O documento também
registra um debate preparatório para a I Conferência Internacional de Educação em Prisões,
inicialmente programada pela Unesco para o ano de 2008, em Genebra, mas adiada para 2009
e eventualmente cancelada.
O debate no cenário brasileiro sobre a EJA em EPRL, “guiado” pelas recomendações
internacionais, resultou em diversas normativas que orientam as diretrizes nacionais brasileiras
para oferta educacional em espaços de privação e restrição de liberdade
13
. Após a aprovação
dessas normativas, foram realizados seminários de orientação nos anos de 2011, 2012 e 2013,
visando permitir que as unidades federativas desenvolvessem seus planos estaduais de educação
em prisões. Esses planos englobam concepções pedagógicas, diagnósticos das unidades em
termos de oferta educacional e estrutural, estabelecendo um projeto de ação com pelo menos
seis metas relacionadas à ampliação de matrículas na EJA, criação de bibliotecas ou espaços de
leitura, acesso a atividades educacionais não formais, qualificação profissional, exames de
certificação e monitoramento da qualidade da educação. Atualmente, discussões em
andamento nas reuniões preparatórias para a Conferência Nacional de Educação (Conae) de
2024.
No Chile, entre 2010 e 2020, nos governos de Sebastián Piñera (2010-2014) (2018-
2021) e no governo de Michelle Bachelet (2014-2018), foram abordadas políticas relacionadas
à justiça e aos direitos humanos, educação e trabalho por meio de diferentes regulamentações.
Piñera, foram defendidas questões relacionadas à situação trabalhista e formação para o
trabalho por meio de diferentes normativas (Ministerio de Justicia y Derechos Humanos,
Decreto n. 943, 2011) incluindo a modificação de medidas alternativas às penas privativas ou
restritivas de liberdade (Ministerio de Justicia y Derechos Humanos, Ley n.º 20.603, 2012).
13
Dentre essas diretrizes destacamos: a. As Diretrizes Nacionais para a Oferta de Educação nos estabelecimentos penais,
elaboradas pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), vinculado ao Ministério da Justiça
(Resolução nº 03, de 11/3/2009); b. o Parecer do CNE/CEB nº 4 de 9/3/2010, sob relatorio de Adeum Hilário Sauer para tratar
das Diretrizes Nacionais de Oferta da EJA nos estabelecimentos penais; c. as Diretrizes Nacionais para a oferta de Educação
para Jovens e Adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais (CNE, Resolução nº 2, de 19/5/2010;
d. o Decreto 7.626, de 24/11/2011, que estabelece o Plano Estratégico de Educação no âmbito do Sistema Prisional; e. O
Parecer CNE/CEB nº 05/2015 e a Resolução nº 4 de 30/5/2016, que dispõem sobre as Diretrizes Operacionais Nacionais para
a remição de pena pelo estudo de pessoas em privação de liberdade nos estabelecimentos penais do sistema prisional brasileiro;
f. as alterações da Lei de Execução Penal 7.210/1984 em que a Lei 12.245/2010 insere autorização para instalação de
salas de aulas nos presídios; a Lei nº 12.433/2011 regulamenta a remição de parte do tempo de execução da pena por estudo ou
por trabalho; e a Lei nº 13.163/2015, que institui a oferta de ensino médio nas penitenciárias e estabelece o censo penitenciário
(que deve mapear os dados referentes à demanda/atendimento educacional nas unidades penais e informações para o
aprimoramento educacional das pessoas privadas ou restritas de liberdade); g. a Recomendação nº 44, de 26/11/2013, do CNJ,
que trata das atividades educacionais complementares para fins de remição da pena pelo estudo e estabelece critérios para remir
por meio da leitura e a Informação 07/2014 do Conselho Nacional do Ministério Público, que trata sobre a Recomendação
44/2013 do CNJ a respeito da necessidade de observância, pelos membros do Ministério Público, dos artigos 126 a 129 da
Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal LEP), para que também fomentem ações voltadas ao oferecimento de cursos e
disponibilização de livros às pessoas privadas de liberdade.
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Em 2015, com a Educação de Adultos, reconhecida como modalidade educativa pela
Lei Geral de Educação (2009), se projeta no marco dos objetivos do programa mundial de EPT.
A reforma da Educação de Pessoas Jovens e Adultas promovida desde 2000, lenta e de difícil
implementação, foi interrompida durante o primeiro governo de Sebastián Piñera, quando a
Coordenação Nacional de Educação de Jovens e Adultos do Ministério da Educação mudou seu
nome para “Normalização dos Estudos” entre os anos de 2010-2014 e depois voltou ao nome
original no governo de Michel Bachelet (Acuña, 2015). Mas, sem dúvida, um dos acordos mais
importantes foi o de colaboração celebrado entre o Ministério da Educação e o Ministério da
Justiça chilenos, para desenvolver atividades educativas para pessoas privadas de liberdade no
sistema penitenciário (Decreto n.º 1447/2013).
No segundo governo de Piñera, uma das diretrizes foi acelerar a modernização do
Código Penal, a atualização das questões relativas aos jovens infratores, a reforma da lei de
responsabilidade dos adolescentes, bem como a criação de um novo serviço de reinserção social
juvenil amparado na modernização do sistema policial e no desenvolvimento de políticas de
reinserção (Projeto de 2019 do Ministério da Justiça e Direitos Humanos). No segundo mandato
da Presidente Michelle Bachelet, foi instituída a Subsecretaria de Direitos Humanos, sendo está
incorporada à Lei Orgânica do Ministério da Educação e Direitos Humanos em 2016.
Adicionalmente, em 2017, foi implementada uma política pública de Reinserção Social.
Diante do conjunto de normativas apresentadas nos dois países, procede-se a seguir com
análises dos documentos da Unesco e de suas influências no cenário educacional sul-americano
nas últimas décadas.
As influências da Unesco na produção das diretrizes nacionais
A política pública pensada na esfera educacional tem passado por modificações
importantes. Nos anos 60 e 70, as reformas no ensino tinham em sua base uma política alinhada
ao desenvolvimento nacional
14
, na linha de uma “educação para a formação de capital
humano
15
”. Nesse período há, então, movimentos contraditórios e complementares que
envolvem a expansão da oferta e, ao mesmo tempo, controle político-ideológico em todos os
níveis do ensino e suas esferas.
14
Antes dos anos 1990 a educação sempre esteve ligada à ideia de que os países tinham direito ao desenvolvimento e, depois
disso, com a implementação das reformas no contexto neoliberal, a tônica passou a ser a educação para todos.
15
A teoria do capital humana vincula-se em uma perspectiva economicista, educação e mercado de trabalho, “modernização
de hábitos de consumo, integração da política educacional aos planos gerais de desenvolvimento e segurança nacional, defesa
do Estado, repressão e controle político-ideológico” (Shiroma; Moraes; Evangelista, 2011, p. 29).
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Nas disputas envolvendo a Lei de Diretrizes e Bases Nacionais (Brasil, 1996) brasileiras
em vigor, dentre as consequências das políticas adotadas nas décadas de 60 a 80, destacam-se
interesses maiores que transformaram as reivindicações em mecanismos limitadores à
constituição da educação pública pelas vias democráticas nos anos 1990 e 2000. Como
salientam Shiroma, Moraes e Evangelista (2011, p. 44), isso se deve a algumas mudanças, a
partir de reformas no campo educacional: a formação de professores foi resumida em
“profissionalização, a participação da sociedade civil como articulação de empresários e
ONGs”. A descentralização implicou na redução das obrigações do Estado, enquanto a
autonomia foi apresentada como justificativa para o contingenciamento de recursos. A
igualdade transformou-se em equidade, e a “cidadania crítica tornou-se cidadania produtiva, a
formação do cidadão em atendimento ao cliente”, orientando a formação do cidadão para
atender às demandas do mercado. A qualidade, por sua vez, passou a ser um dispositivo de
adequação às exigências do mercado, relegando o aluno a uma posição de mero consumidor.
No Chile, entre 1973 e 1990, durante a Ditadura Militar estabelecida após o golpe de
Estado, surgiu o processo de municipalização da educação na década de oitenta. Nesse contexto,
os professores perderam seus direitos no setor público, passando a ser regidos pelo Código do
Trabalho. Simultaneamente, a administração do ensino público foi transferida para os
municípios. A diminuição dos recursos transferidos para essas organizações foi determinante
para a queda na qualidade do sistema escolar nos anos 90.
Outra reforma importante dos anos 80 foi a do ensino superior, que foi organizado em
três níveis: centro de formação técnica, institutos profissionais e universidades. Houve uma
redução nos aportes do Estado para as universidades que compunham o Conselho de Reitores,
inicialmente composto por oito universidades atuantes no ensino superior nos anos oitenta.
Nesse período, surgiram diversas universidades privadas, cuja oferta de vagas aumentou, mas
a qualidade tornou-se variada e de difícil controle, apesar dos esforços realizados pelo Conselho
do Ensino Superior.
Ainda no Chile, a Lei Geral de Educação do ano de 2009 regula os direitos e deveres da
comunidade educativa. No artigo segundo, são estabelecidos requisitos mínimos para cada um
dos níveis de ensino, incluindo pré-escolar, básico e secundário, define La educación es el
proceso de aprendizaje permanente que abarca las distintas etapas de la vida de las personas
y que tiene como finalidad alcanzar su desarrollo espiritual, ético, moral, afectivo, intelectual,
artístico y físico, mediante la transmisión y el cultivo de valores, conocimientos y destrezas
(Chile, 2009, p. 1). Desse modo, percebe-se também no Chile a compreensão de que
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La educación ha sido relevada por la comunidad internacional como
esencial para el desarrollo de todos los niños, niñas y adolescentes,
reconociéndose que ella constituye un derecho humano fundamental,
enfatizándose además su carácter transformador tanto a nivel individual
como colectivo (Unesco, 2014). Em la misma línea, la educación en
contextos de encierro se ha transformado en una herramienta esencial para
entregar una nueva oportunidad a los niños, niñas y jóvenes en conflicto con
la justicia (Meléndez, 2017
16
).
En Chile existen una serie de estándares educativos internacionales que han
sido adscritos desde un enfoque de derechos y que es preciso tener en cuenta
para observar cuál es el camino que nuestro país recorre, y ha recorrido
(Sanhueza, 2020, p. 13).
Entende-se, assim, que as reformas educacionais tanto no Brasil quanto no Chile
caracterizam-se como intervenções consentidas e operacionalizadas pelas autoridades
educacionais, seguindo definições das agências internacionais “no contexto da universalização
do capitalismo, direcionadas por uma razão instrumental e pela busca de consenso social geral”
(Silva Júnior, 2002, p. 206). Segundo Silva Júnior (2002, p. 206), tem-se consolidado um
processo de mercantilização da esfera política de maneira geral e, de modo específico, da
dimensão educacional, entendida como um “lócus privilegiado para o Estado de formação do
ser social, portanto, de construção de um novo pacto social”.
Nos anos 1990, as reformas educacionais que carregaram em seu teor a defesa de uma
educação acessível a todos e a atuação da Unesco na definição das políticas educacionais
ganharam ainda maior expressividade. A agência aparece como “a defensora dos direitos
humanos, em especial do direito à educação”, e, nesse caso, dos “direitos fundamentais de todos
os reclusos que devem estar a serviço do desenvolvimento integral de sua personalidade”
(Unesco, 1994, p. 8). Essa ideia está presente nos demais documentos situados, pois a agência
constitui-se como a instância capaz de “promover estratégias que viabilizem os alicerces de
uma cultura global da paz” (Unesco, 2006, p. 16).
A noção de paz mundial seria a base para o “desenvolvimento sustentável, equitativo e
justo do continente e para os milhões de jovens e adultos até agora excluídos do direito à
educação” (Unesco, 2009, p. 15). Desse modo, “a Unesco tem desempenhado papel
fundamental na defesa do direito dos adultos não alfabetizados a uma educação e aprendizagem
de qualidade, [...] fazem parte desse processo de advocacy
17
e elaboração teórica as Confintea,
16
MELÉNDEZ, Pamela. Oferta educativa para niños, niñas y jóvenes privados de libertad: descripción, desafíos e
propostas de política pública. Faculdade de Economia e Negócios. Universidade do Chile, 2017.
17
O termo advocacy não possui uma tradução exata para a língua portuguesa e vem sendo empregado constantemente em
documentos dos organismos internacionais com um sentido de defesa ou ajuda às pessoas em situação de vulnerabilidade que
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espaço privilegiado de diálogo e discussão, momento ímpar para estabelecer diretrizes para a
educação de adultos (Unesco, 2009, p. 13-14). também uma abordagem recorrente nos
documentos (Unesco, 1994; 2006; 2009) quanto à importância de parcerias para a educação em
prisões: “tanto a formulação quanto a implementação dessa política é o processo que se constrói
de maneira coletiva e democrática entre União, estados, sociedade civil organizada e os atores
diretamente envolvidos: professores, agentes e presos e presas” (Unesco, 2009, p. 17).
Nos documentos analisados, torna-se evidente que a Unesco tem se empenhado em
consensuar a ideia de que a educação básica representa um direito inalienável de todo ser
humano, sendo essencial atender e garantir suas necessidades de aprendizagem ao longo da
vida. Entretanto, ao longo desse período, os enfoques das discussões convergem e se
complementam.
O Manual para Educação Básica em Estabelecimentos Penitenciários (1994) emerge
como resultado de uma preocupação da comunidade internacional com a garantia e
universalização da educação básica em escala global. Nessa perspectiva, reforça os
compromissos estabelecidos na Conferência Mundial sobre Educação para Todos de 1990, em
colaboração com o PNUD, o Unicef e o Banco Mundial. Nessa conferência, estabeleceu-se a
educação básica ao longo da vida como um direito humano, destinado a preparar os indivíduos
para a integração social, além de ser uma estratégia aliada ao desenvolvimento econômico, à
justiça social e à consolidação da paz mundial. Dessa forma, é vista como capaz de combater o
cenário de violência, reduzindo a criminalidade por proporcionar às pessoas maiores condições
de obterem emprego e exercerem plenamente sua cidadania (Unesco, 1994).
Em complementaridade a essa ideia, o Projeto “Educando para a Liberdade
18
”,
documento publicado no Brasil pela UNESCO, apresenta os desafios de se manter a garantia
dos direitos aos sujeitos privados de liberdade e a falta de referenciais para oferta educacional
com maior qualidade, considerando as demandas desse público (Unesco, 2006). Defende duas
frentes de ação para a educação em EPRL: a “restauração da autoestima e [...] a reintegração
posterior do indivíduo à sociedade”, visando à “realização pessoal, o exercício da cidadania e a
preparação para o trabalho” (Unesco, 2006, p. 14).
deve ser prestada por organizações da sociedade civil para maior visibilidade de temáticas ou questões com a intenção de
influenciar a elaboração e implementação de políticas ou, nesse caso, promover mudanças do marco legal referente à educação.
Essa noção se vincula a de think tanks institutos de consultoria que analisam problemas e propõem soluções nas áreas militar,
social e política (Wacquant, 2008, p. 29).
18
Assim como o Manual citado anteriormente, o projeto “Educando para a Liberdade” busca criar estratégias para a “redução
da violência urbana por meio da educação para a inclusão social da população prisional” (Unesco, 2006, p. 16).
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Na mesma perspectiva, sistematizações dos debates brasileiros e chilenos feito nessa
área apresentam que a educação deve promover “o desenvolvimento integral desses homens e
mulheres, reduzindo suas vulnerabilidades e ampliando as formas de participação na sociedade”
(Unesco, 2009, p. 17). Como nos documentos anteriores, uma forte vinculação entre
educação e segurança pública, atribuindo à primeira o papel de reinserção do sujeito egresso do
sistema prisional.
Nesse período, se observa um enfoque maior para a busca pela qualidade da educação
ofertada nas prisões, a qual exige “respeito à dignidade da pessoa, à justiça, à democracia e aos
direitos humanos [...] é um requisito para o êxito da reintegração social das pessoas privadas de
liberdade, uma contribuição ao desenvolvimento real e sustentável da sociedade que a coloca
em prática” (Unesco, 2009, p. 133).
Educação como direito humano e a aprendizagem ao longo da vida
Considerando as orientações associadas à Unesco, torna-se relevante refletir sobre os
fundamentos subjacentes às concepções que estabelecem a educação como um direito humano,
intrinsecamente ligada à ideia de aprendizagem ao longo da vida. Além disso, destaca-se a
defesa pelo acesso à educação básica, percebendo-a como um meio para a reintegração social
das pessoas privadas de liberdade. A oferta educacional, nessa perspectiva, é compreendida
como uma estratégia essencial para a promoção da coesão social, justiça e paz, contribuindo
para o desenvolvimento sustentável, a integração no mercado de trabalho, a geração de renda
e, por conseguinte, a redução da violência e criminalidade.
As argumentações nesse viés nos fazem concordar com Evangelista e Shiroma (2006,
p. 63), quando afirmam que o direito à educação básica disseminado pelas agências
internacionais carrega a intenção de conter “[...] a pobreza, aumentando a produtividade do
trabalho dos pobres, reduzindo a fecundidade, melhorando a saúde, e dota as pessoas de atitudes
de que necessitam para participar plenamente na economia e na sociedade”.
Quanto a esse espaço (de prestígio) ocupado pela Unesco na formulação de políticas
públicas, cabe lembrar que isso se dá, em especial em 1990 no Brasil, com a valorização dos
princípios de eficiência e credibilidade pautados no que se denomina o “novo gerencialismo
público e política fiscal restritiva de gastos” (Souza, 2006), seguida pelos governos. Os dois
princípios objetivam trazer à discussão das políticas públicas a “diminuição dos riscos da ação
coletiva”, a ser atingida por meio de um equilíbrio resultante da “luta entre grupos de interesse
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concorrentes” e da “desregulamentação, privatização e reformas no sistema social” (Souza,
2006, p. 34-35).
A eficiência passa a ser o epicentro de qualquer política pública, associada com a
credibilidade, assegurada mediante transferência de poder às instituições com suposta
neutralidade ou independência política. Nesse movimento, nascem as ideias de políticas
públicas em caráter participativo, propaladas, de um lado, por organismos internacionais e, de
outro, pelos preceitos constitucionais e compromissos político-partidários assumidos.
Com base na discussão apresentada, destaca-se que as proposições educacionais para a
Educação de Jovens e Adultos (EJA) em espaços de privação e restrição de liberdade (EPRL),
incorporam as orientações advogadas pela Unesco para a formulação e implementação de
políticas públicas educacionais nesse contexto.
Este debate tem se fortalecido, buscando a necessidade de avançar além da etapa do
reconhecimento do direito do sujeito encarcerado à educação, especialmente após a aprovação
de normativas na área em 2009. Torna-se imperativo agora direcionar esforços para a
construção de políticas públicas que efetivem esse direito. Ireland (2011, p. 35) retoma o
reconhecimento do direito à educação, considerado “inerentemente contraditório” quando se
leva em conta o papel social atribuído às prisões.
Vale lembrar que “o movimento de discussão sobre a educação no sistema prisional,
iniciado no cenário brasileiro em 2005/2006, vinha tendo avanços que foram interrompidos em
2016, por mais um golpe à democracia brasileira (Cabral, 2023, p. 397).
As concepções de aprendizagem e educação ao longo da vida refletem uma perspectiva
instrumental, conforme estabelecido nos documentos de organismos internacionais, como o
Banco Mundial e a Unesco. Essas concepções conferem à EJA uma função qualificadora. Essa
concepção foi apresentada no contexto de dois documentos, o Relatório Faure (1972) e o
Relatório Delors (1990), que objetivaram “garantir ao Estado nacional o papel de coordenador
das relações capitalistas”. O primeiro tratava de uma “educação permanente” capaz de
responder exigências da sociedade industrial capitalista, ao longo do século XX, enquanto o
segundo, com sua “proposta humanista”, buscava consolidar hegemonia de uma proposta
educacional que oferecesse bases à “fase de acumulação flexível do sistema capitalista”
(Ventura, 2013, p. 39).
Nesse sentido, o sujeito é responsável por sua própria formação e tornando-se
“empregável”, para o mercado. Compete a cada membro da “sociedade da informação” ou
“sociedade do conhecimento” (Chauí, 2003, p. 8-9) aumentar seu leque de oportunidades.
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A educação ao longo da vida, como paradigma a ser alcançado, nos conduz “ao consenso
implementado globalmente de que esta seria a melhor alternativa para as nações semiperiféricas
e a mais emancipadora para o aluno da EJA” (Ventura, 2013, p. 41). Subordinada a essa linha
de pensamento, a educação teria presumivelmente duas possibilidades: na primeira aparece
reconfigurada como formação profissional e contínua, articulada com a economia e empresas
(e, nesse caso, próspera); noutra, insiste na sua tradição de mudança social e de
“conscientização, articulando-se com movimentos sociais populares, renovando os ideais de
educação política e de alfabetização crítica (e, nesse caso, corre sérios riscos)” (Lima, 2007, p.
56).
Análises de documentos normativos para a EJA em EPRL
As discussões acerca da aprendizagem de adultos, que culminaram na Declaração de
Hamburgo, também resultaram na elaboração da Agenda para o Futuro (Unesco, 1998),
desdobrada em dez temas de estudo, associados a 61 metas. O tema VIII abordava a
aprendizagem considerando os direitos e aspirações de diferentes grupos. Em um de seus itens
(nº 43), a Agenda destaca a educação como um direito universal, defendendo, assim, a
implementação de ações que possibilitem a inclusão de grupos que ainda não têm acesso à
educação de adultos, tais como “pessoas idosas, migrantes, ciganos, outros povos sem
territórios fixos ou nômades, refugiados, deficientes e prisioneiros” (Unesco, 1998, p. 19 grifo
acrescentado).
De acordo com esse documento, esses grupos deveriam ter acesso a programas
educativos fundamentados em uma pedagogia centrada na pessoa, capazes de atender a diversas
necessidades de aprendizagem e promover a participação na sociedade. Essa abordagem se
aproxima da ideia de uma educação que possibilita a reinserção social do sujeito privado de
liberdade. Posteriormente, a meta n.º 47 estabelece como necessidade:
Reconhecer o direito de detentos à aprendizagem: a) informando os presos
sobre oportunidades de educação e de formação existentes em diversos níveis,
e permitindo-lhes o acesso a elas; b) elaborando e pondo em marcha, nas
prisões, amplos programas de educação, com a participação dos detentos, a
fim de responder suas necessidades e aspirações de aprendizagem; c)
facilitando a ação de organizações não governamentais, de educadores e
de outros agentes educativos nas prisões, permitindo, assim, aos detentos, o
acesso a instituições educativas, estimulando iniciativas que tenham por fim
conectar cursos dados na prisão com os oferecidos fora dela (Unesco, 1998,
p. 20 [grifos acrescentados]).
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Na análise de Spezia e Ireland (2014, p. 218), as políticas de educação de jovens e
adultos devem tomar por base “a cultura própria de cada sociedade”, priorizando oportunidades
educacionais que respeitem a diversidade, “eliminando os preconceitos e estereótipos que
limitam o acesso à educação e que restringem os seus benefícios”. Contudo, na Declaração de
Hamburgo, aliada a essa ideia está a de que a educação dos detentos nos estabelecimentos, além
de um direito básico, seria fator primordial à reintegração e à reabilitação dos mesmos (Unesco,
1998).
Para D’Avila (2012, p. 102), a Declaração de Hamburgo serviu para “cadenciar o
movimento político que traciona o ímpeto por maior justiça social derivado dos movimentos de
esquerda do final do século XX”, mas esse levante foi tomado pelos moldes do capital-
imperialismo”; a bandeira de justiça social acabou atendendo, em vários aspectos, à reprodução
das relações sociais hegemônicas do capital.
Ao analisar a situação na Europa, observa-se que a educação de adultos tem se
concentrado especialmente em grupos como desempregados, imigrantes, minorias étnicas e
outros setores marginalizados, como refugiados. Contudo, a aprendizagem de adultos para
pessoas em situação de privação ou restrição de liberdade, conforme alertado por Spezia e
Ireland (2014, p. 243), “vem recebendo atenção em pouquíssimos países”.
No contexto das políticas sob o atual governo de Lula da Silva (2023-), uma nova
narrativa está sendo construída, e, no futuro, poderemos contribuir para contá-la, destacando
especialmente a denúncia de que nos últimos anos de governo conservadorista houve a
supressão de direitos sociais da população, especialmente daquelas que vivem em prisões.
No Chile, apesar de assinar tratados internacionais seguindo as orientações da Unesco,
esse processo é mediado pela história política das últimas décadas, marcada pelo golpe cívico-
militar de 1973. Somente a partir dos anos 90, com a consolidação de políticas públicas em um
sistema democrático, houve avanço nas políticas educacionais, incluindo a educação de jovens
e adultos nas prisões. No entanto, o progresso desejado não foi alcançado conforme esperado.
Governos de centro-esquerda (Patricio Aylwin, Eduardo Frei, Ricardo Lagos, dois governos de
Michelle Bachelet) e dois governos de direita sob Sebastián Piñera atrasaram, sem dúvida, a
implementação contínua de políticas públicas para a educação de adultos estabelecidas em
2009. Após a Confintea em Marrocos, um acompanhamento dos acordos está sendo realizado
pela Unesco e pelo governo chileno de Gabriel Boric (2022).
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Considerações finais
É possível verificar que os encontros da Confintea não ofereceram especificações
significativas em relação à educação em prisões para subsídio da elaboração de políticas
públicas, embora definam aspectos conceituais estruturantes do campo da EJA. Como afirma
Ventura (2008), desde a Confintea V, a ELV vem sendo assimilada nacionalmente no campo
da EJA e seria (supostamente) uma espécie de contraposição a um modelo educacional
supletivo ou compensatório, historicamente associado à modalidade. Esse processo de transição
de referências (ou paradigmas) seria justificado pela crítica às políticas pontuais e fragmentárias
da EJA, reduzidas em reposição de estudos/escolarização. Nesse sentido, a ênfase na ELV se
articula com outro paradigma, o de “sociedade do conhecimento”, e permeia tanto os
documentos de organismos internacionais, em especial da Unesco, como os documentos
governamentais e as pesquisas na área da EJA (Ventura, 2008, p. 103).
Tais definições traduzem diretrizes com perspectivas que nos impelem a questionar
consequências ao processo educacional junto aos sujeitos em privação/restrição de liberdade.
Os documentos das conferências da Unesco para a EJA validam as agendas globais para a
educação definidas pelos organismos internacionais. Nesta transposição das diretrizes gerais da
educação básica para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Unesco reitera seu compromisso
com a formulação de políticas públicas direcionadas à promoção: da educação para todos, na
perspectiva da aprendizagem ao longo da vida; da formação de jovens e adultos produtivos,
capazes de se adaptarem e assimilarem novos conhecimentos, desenvolvendo habilidades,
capacidades e competências para um mundo em constante transformação (com a inserção de
tecnologias, sociedade da informação ou do conhecimento); de indivíduos que exerçam sua
autonomia, responsabilidades e cidadania de maneira ativa, crítica e criativa; da ordem
democrática, incentivando diálogos para a justiça e eliminando as violências na consolidação
de uma cultura de paz social.
As instituições estatais responsáveis por assegurar o direito à educação no ambiente
prisional devem atenuar as lacunas de vulnerabilidade social dos detidos, empenhando-se ao
máximo para garantir o acesso à educação (Braggio et al., 2017; Acuña-Collado, 2018).
Contudo, alguns elementos suscitam questionamentos em relação aos objetivos do projeto
educativo delineado pela Unesco, cujas diretrizes têm sido adotadas no contexto brasileiro,
chileno e em outros países latino-americanos. Esses questionamentos concentram-se,
sobretudo, na dimensão conceitual, em especial na noção de Educação ao Longo da Vida
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(ELV), que revela uma convergência entre as políticas para a Educação de Jovens e Adultos
(EJA) em prisões e uma agenda educacional globalmente estruturada, na qual a educação
assume o discurso promissor de promoção da coesão social, redução de violência e
criminalidade, além da prevenção da reincidência.
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Faculdade de Educação da Universidade de Playa Ancha e ao Programa
de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina.
Financiamento: CNPq- Pesquisadora Visitante de Maria Hermínia Lage Fernandes Laffin.
Rede Asociación de Universidades Grupo Montevideo (AUGM) que permitiu a
participação em atividades na UFSC de Violeta Acuña Collado em reunião de produção do
presente artigo; Fundo Estadual de Apoio à Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação
Superior (FUMDES/UNIEDU) no desenvolvimento de tese de doutorado de Paula Cabral.
Conflitos de interesse: Não se aplica.
Aprovação ética: Não se aplica, pois a pesquisa foi bibliográfica e documental.
Disponibilidade de dados e material: Sim, estão disponíveis nas referências utilizadas.
Contribuições dos autores: Paula Cabral, desenvolveu o texto inicial em sua tese em 2019,
Maria Hermínia Lage Fernandes Laffin foi sua orientadora e participou na elaboração do
artigo, assim como, Violeta Acuña- Collado que, particularmente, trouxe o contexto do
Chile para o estudo.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 8, n. 00, e023015, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.19036 1
THE INFLUENCE OF INTERNATIONAL POLICIES ON EJA IN CONTEXTS OF
DEPRIVATION AND LIBERTY RESTRICTION: AN ANALYSIS OF BRAZIL AND
CHILE
A INFLUÊNCIA DAS POLÍTICAS INTERNACIONAIS PARA A EJA EM ESPAÇOS DE
PRIVAÇÃO E RESTRIÇÃO DE LIBERDADE: UMA ANÁLISE DO BRASIL E CHILE
LA INFLUENCIA DE LAS POLÍTICAS INTERNACIONALES EN LA EJA EN
CONTEXTOS DE PRIVACIÓN Y RESTRICCIÓN DE LIBERTAD: UN ANÁLISIS DE
BRASIL Y CHILE
Paula CABRAL1
e-mail: paulacabralprofa@gmail.com
Maria Hermínia Lage Fernandes LAFFIN2
e-mail: herminialaffin@gmail.com
Violeta ACUÑA-COLLADO3
e-mail: v-acuna@upla.cl
How to reference this paper:
CABRAL, P.; LAFFIN, M. H. L. F.; ACUÑA-COLLADO,
V. The influence of international policies on YAE in
contexts of deprivation and liberty restriction: An analysis
of Brazil and Chile. Plurais - Revista Multidisciplinar,
Salvador, v. 8, n. 00, e023015, 2023. e-ISSN: 2177-5060.
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.19036
| Submitted: 09/08/2023
| Revisions required: 19/10/2023
| Approved: 25/11/2023
| Published: 20/12/2023
Editors:
Prof. Dr. Célia Tanajura Machado
Prof. Dr. Kathia Marise Borges Sales
Prof. Dr. Rosângela da Luz Matos
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Federal University of Santa Catarina (UFSC), Florianópolis SC Brazil. Ph.D. in Education from the Federal
University of Santa Catarina. Professor of Higher Education and School Supervisor in Basic Education in
Florianópolis.
2
Federal University of Santa Catarina (UFSC), Florianópolis SC Brazil. Professor in the Graduate Program in
Education at the Federal University of Santa Catarina. Coordinator and CNPq researcher in the Interinstitutional
Project Foundations and Recurrent Authors in the Field of Youth and Adult Education in Brazil.
3
University of Playa Ancha (UPLA), Valparaíso Chile. Professor and researcher at the Faculty of Education
Sciences at the University of Playa Ancha.
The influence of international policies on YAE in contexts of deprivation and liberty restriction: An analysis of Brazil and Chile
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 8, n. 00, e023015, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.19036 2
ABSTRACT: This article presents a study on the influences of international policies,
particularly those of Unesco, on EJA in Spaces of Deprivation and Restriction of Freedom
(EPRL) in Brazil and Chile. The methodological procedures were document analysis and
bibliographic studies. Regarding EJA in EPRL, a dialogue was held with Julião (2016 and 2018)
and Acuña (2015 and 2018). The references for studies in the field of public social policies,
especially education, include the productions of Höfling (2001), Souza (2006), Shiroma et al.
(2011), and Ventura (2008 and 2013). As a result, it was possible to verify an alignment
between the policies for EJA in prisons in both countries, the globally structured educational
agenda, and education in the prison system, which has assumed the promise of achieving social
cohesion, reducing violence and crime, as well as preventing recidivism.
KEYWORDS: Youth and Adult Education. Spaces of Deprivation and Restriction of Freedom.
Unesco. Public Education Policies.
RESUMO: O presente artigo apresenta um estudo sobre as influências das políticas
internacionais, particularmente as da Unesco, para a EJA em Espaços de Privação e Restrição
de Liberdade (EPRL) no Brasil e no Chile. Como procedimentos metodológicos, foram
adotadas a análise documental e estudos bibliográficos. No que se refere à EJA em EPRL,
dialogou-se com Julião (2018) e Acuña (2015 e 2018). Os referenciais para os estudos no
campo das políticas públicas sociais, em especial de educação, contemplam as produções de
Höfling (2001), Souza (2006), Shiroma et al. (2011), Ventura (2008 e 2013), entre outros. Como
resultado, foi possível constatar um alinhamento entre as políticas para a EJA em prisões nos
dois países, a agenda educacional globalmente estruturada e como a educação no sistema
prisional tem assumido o discurso de promessa do alcance de coesão social, da redução de
violências e da criminalidade, assim como de prevenção da reincidência.
PALAVRAS-CHAVE: Educação de Jovens e Adultos. Espaços de Privação e Restrição de
Liberdade. Unesco. Políticas Públicas Educacionais.
RESUMEN: Este artículo presenta un estudio sobre las influencias de las políticas
internacionales, particularmente las de la Unesco, sobre la EJA en Espacios de Privación y
Restricción de la Libertad (EPRL) en Brasil y Chile. Los procedimientos metodológicos fueron
el análisis documental y los estudios bibliográficos. Respecto a EJA en EPRL, se dialogó con
Julião (2018) y Acuña, (2015 y 2018). Las referencias para estudios en el campo de las políticas
públicas sociales, especialmente la educación, incluyen las producciones de Höfling (2001),
Souza (2006), Shiroma et al. (2011) y Ventura (2008 y 2013). Como resultado, se pudo verificar
un alineamiento entre las políticas de EJA en las prisiones de ambos los países, la agenda
educativa estructurada globalmente, la educación en el sistema penitenciario, asumiendo
entonce la promesa de lograr la cohesión social, reducir la violencia y el crimen, así como
prevenir la reincidencia.
PALABRAS CLAVE: Educación de Jóvenes y Adultos. Espacios de Privación y Restricción
de la Libertad. Unesco. Políticas Publicas Educativas.
Paula CABRAL; Maria Hermínia Lage Fernandes LAFFIN and Violeta ACUÑA-COLLADO
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 8, n. 00, e023015, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.19036 3
Introduction
The current text presents the results of a thesis
4
investigation aimed at understanding the
aspects that characterize the educational assumptions of Youth and Adult Education (YAE) in
spaces of deprivation and restriction of liberty (DRL). Additionally, it addresses the consequent
responsibilities directed towards teachers, considering the educational project of the United
Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) for Brazil. In this
context, the article aims to present a study on the influences of international policies,
particularly those of UNESCO, for Youth and Adult Education in Spaces of Deprivation and
Restriction of Liberty (DRL) in Brazil and Chile.
Here, the defense presented by Julião (2018) is reaffirmed, stating that "education and
work are understood today in South America as a social duty and a condition of human dignity
for young and adult individuals in situations of restriction and deprivation of liberty," which
demands a critical perspective on educational processes for this population.
Educational public policies for the prison context
In the prison context, numerous challenges are evident for professionals working in the
Brazilian prison system, especially those involved in education, primarily due to the conditions
to which individuals serving sentences are subjected. In this context, this article is presented
aiming to conduct an analysis within the scope of educational public policy studies to
understand the reasons and criteria by which governments choose certain actions or directions.
In recent years, the adoption of restrictive spending policies, predominant in the national
agendas of developing countries, has gained greater visibility. This logic advocates for new
roles for governments, imposing the replacement of post-war Keynesian
5
policies based on
classical liberalism, the welfare state, and the theory of human capital
6
, with dynamics of
resizing state intervention in the economy and social policies.
4
This article was produced based on the thesis of one of the authors, titled A EJA nos espaços de privação e
restrição de liberdade: as apropriações das diretrizes da Unesco no direcionamento do trabalho de
professores(as) (Youth and Adult Education in Spaces of Deprivation and Restriction of Liberty: Appropriations
of UNESCO Guidelines in Directing the Work of Teachers), which was defended in 2019 in the Graduate Program
in Education at the Federal University of Santa Catarina. The article expands the debate and brings contributions
from the Chilean context.
5
This notion was created by John Maynard Keynes, who advocated for the implementation of political actions
that reconciled economic and social issues towards a welfare state.
6
Created by Theodore W. Schultz based on his studies, in which he advocated issues related to explaining the
productivity generated by the "human factor" in production.
The influence of international policies on YAE in contexts of deprivation and liberty restriction: An analysis of Brazil and Chile
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 8, n. 00, e023015, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.19036 4
It refers, as discussed by Souza (2006, p. 26, our translation), to a "field of knowledge
that seeks, at the same time, to set the government in action and/or analyze this action, and
when necessary, propose changes in the direction or course of these actions." Thus, it is of
interest for the analysis of public policies to consider both their design and the parameters that
guide their decisions, conduct, and implementation, as this set also influences the inherent
conflicts in their deliberations. In other words, it helps answer questions such as "who gains
what, why, and what difference it makes" (Souza, 2006, p. 24, our translation).
According to Höfling (2001, p. 31, our translation), the concept of public policies
"cannot be reduced to that of state policies" but should be understood as the State undertaking
actions directed at specific sectors of society. This encompasses the "implementation and
maintenance from a decision-making process" involving various public agencies,
organizations, and agents of society.
Social policies are related to the mechanisms of social protection carried out by the state,
focused, in theory, on redistributing to reduce inequalities generated by socioeconomic
development. This notion of social policies arises from the "popular movements of the 19th
century, focused on conflicts between capital and labor, in the development of the first industrial
revolutions," as pointed out by Höfling (2001, p. 31, our translation). In this context, the role
of the neoliberal state in implementing social policies and programs is to "permanently qualify
the workforce for the market," as well as "keep under control segments of the population not
integrated into the productive process" (Höfling, 2001, p. 33, our translation).
The actions of the State in this dimension are attempts to regulate the "imbalances
generated by the development of capitalist accumulation" and, at the same time, are seen as
barriers to this development because they are considered causes of the "crisis that permeates
society" (Höfling, 2001, p. 37, our translation). Precisely for this reason, considering the Latin
American context, it has not been (and perhaps never will be) possible to "form political
coalitions capable of minimally addressing the design of public policies capable of driving
economic development and promoting social inclusion" (Souza, 2006, p. 21, our translation).
Under this understanding, the process of formulating public policies in our society
involves the incompatibility of interests, disputes, and power relations intrinsic to the structures,
state institutions, and society in general. The success or failure of a policy, as well as the
solutions adopted for "public intervention actions," need to consider cultural elements that
"historically construct differentiated processes of representations, acceptance, rejection, and
incorporation of social achievements" (Höfling, 2001, p. 38, our translation).
Paula CABRAL; Maria Hermínia Lage Fernandes LAFFIN and Violeta ACUÑA-COLLADO
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 8, n. 00, e023015, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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In this sense, it becomes essential to seek an understanding of the central assumptions
of Youth and Adult Education (YAE) in spaces of deprivation and restriction of freedom (DRF)
through the analysis of relevant documents in the field. These documents play a significant role
in the context of the movement of educational public policies in this domain. Due to the adopted
methodological choice, which refers to the documentary analysis of texts generated in the
context of the current neoliberal reform, normative and guiding documents constitute the
starting point for this research.
The objective is to understand educational policy from the perspective of how certain
aspects have consolidated a particular "discursive hegemony, the colonization of the vocabulary
of reform, the bricolage of concepts [...], to read what they say, but also to capture what they
do not say," since "meanings are not given in documents, they are produced; they are both
within and beyond the words that compose them" (Shiroma; Campos; Garcia, 2005, p. 427, our
translation).
With these purposes, an analysis was conducted on a set of international and national
documents from international organizations, with an emphasis on UNESCO. This approach
aims to map elements that contribute to understanding the process of consolidation of
educational public policies for Youth and Adult Education (YAE) in spaces of deprivation and
restriction of freedom (DRF). It is pertinent to revisit the strategic conceptual framework within
the Brazilian educational context, originating from the so-called Education for All (EFA)
7
of
1990.
In the year 2015, the deadlines for the fulfillment of the agreements established by the
Millennium Development Goals (MDGs) and the Education for All (EFA) targets, renewed in
2000 in Dakar, came to an end precisely due to the lack of progress in the 1990s compared to
what had been proposed. The United Nations Conference on Sustainable Development (2012-
Rio+20), despite not establishing practical commitments, served as a starting point for the
formulation, in 2015, of the Sustainable Development Goals (SDGs), replacing the MDGs that
had not set specific targets for Youth and Adult Education (YAE), mentioning only in one of
the goals the intention to achieve universal primary education. Regarding this, the Global
Education for All (EFA) Monitoring Report from UNESCO on the MDGs of 2014
acknowledged that the number of illiterates among young people and adults worldwide
remained very high.
7
The World Declaration on Education for All was signed at the World Conference on Education for All held in
Jomtien, Thailand.
The influence of international policies on YAE in contexts of deprivation and liberty restriction: An analysis of Brazil and Chile
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 8, n. 00, e023015, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.19036 6
Similarly, the EFA goal (1990/2000) of providing all children, young people, and adults
with an education that meets basic learning needs was postponed to 2015 and unfolded, relating
to YAE in two objectives: 1. Ensure that "the learning needs of all young people and adults are
met through equitable access to appropriate learning programs and life skills"; and, furthermore,
2. Achieve "a 50% improvement in adult education levels by 2015, especially for women, and
equitable access to basic and continuing education for adults" (Di Pierro; Haddad, 2015, p. 201,
our translation).
Brazil is among the 53 countries that have not yet achieved the goals of Education for
All (EFA) by 2015. Despite progress observed in the enrollment rate in elementary education,
the 11th Global Monitoring Report on EFA from UNESCO, dated 2014, indicated that Brazil
ranked 8th among nations with the largest contingent of adult illiterates (Di Pierro; Haddad,
2015, p. 203). This report points out that in Chile, there were disparities in the reach of school
performance levels, with slight differences in the 4th grade, but in the 8th grade, 77% of rich
students achieved minimum levels, compared to 44% of poor students.
Considering the commitments established by Education for All (EFA) and the lack of
progress over two decades in the 1990s and 2000s, UNESCO, in 2015, together with the United
Nations Children's Fund (UNICEF), the World Bank, the United Nations Population Fund
(UNFPA), the United Nations Development Programme (UNDP), UN Women, and the United
Nations High Commissioner for Refugees (UNHCR), approved the Incheon Declaration. This
declaration expresses the commitment of the educational community, adopted by 184 member
states, to the global Education Agenda for 2030 (Education 2030) and the 2030 Sustainable
Development Agenda. These agendas aim to ensure "opportunities for quality, inclusive, and
equitable education, as well as lifelong learning for all." Moreover, they define education as the
key driver of development (Nacif et al., 2016).
Based on this momentum toward global education agendas, elements of public policies
for Youth and Adult Education (YAE) are presented, while guiding documents for this modality
in spaces of deprivation and restriction of freedom (DRF) are analyzed. UNESCO, as the UN
specialized agency for education, has disseminated international guidelines embraced by
countries. Such appropriations define the lines of discussion and occupy a relevant space in the
implementation of public education policies by governments regarding YAE in DRF. Given
this, it is appropriate to reflect on a set of reference documents in the area, with the intention of
understanding the educational assumptions for YAE in DRF and possible outlines for the work
of teachers in these spaces.
Paula CABRAL; Maria Hermínia Lage Fernandes LAFFIN and Violeta ACUÑA-COLLADO
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The first document is the manual La Educación Básica en los Establecimentos
Penitenciarios
8
, (Basic Education in Penitentiary Establishments), from 1994, which reveals
the "commitment" of the international community to ensure access to basic education
worldwide, considering the social problems faced by various countries, with the increase in
violence and crime in recent years (Unesco, 1994).
Through the analysis of International Conferences on Adult Education linked to
UNESCO, initiated in 1949, it is observed that these conferences have been spaces for
disseminating global guidelines and policies for adult education over the last seventy years.
Consequently, it is seen as a means capable of offering possibilities for solving significant
humanitarian problems of a social, political, and cultural nature, as well as economic crises
affecting the so-called "developing countries" (Knoll, 2009, our translation). Global agendas
related to adult education are revisited and evaluated based on Confintea's proposals. It is
identified that only from the V Confintea, held in 1997 with the Hamburg Declaration, was
there an, albeit incipient, debate on YAE in DRF.
This fact requires observing the movement in Brazil, particularly from the 2000s,
regarding the acceptance of the educational proposals disseminated by international agencies,
especially UNESCO. In this regard, reference is made to the Educando para a Liberdade
(Educating for Freedom) project, which sought to implement educational actions directed
towards the prison system. This document was developed in Brazil, starting in 2005, through a
joint effort involving UNESCO and the Ministries of Justice and Education, with support from
the Japanese government through the EUROsociAL project
9
.
Around the same time, in Chile, a consultation was conducted that allowed diagnosis of
the need to improve the quality and relevance of pedagogical processes. It was observed that
the general conditions in which the educational process developed did not meet the inmates'
needs, compromising the rehabilitation process's effectiveness. A Chilean program that shares
8
The manual La Educación Básica en los Establecimentos Penitenciarios, published in 1994; 2. The texts from
the International Conferences on Adult Education (Confintea) of UNESCO, especially the Hamburg Declaration
(Unesco, 1997) and the Belem Framework for Action (Unesco, 2010); 3. The Educando para a Liberdade
project of 2005 by the Ministry of Education (MEC) and the Ministry of Justice (MJ), in partnership with UNESCO
and the EUROsociAL consortium, funded by Japan (Unesco, 2006); 4. Educação em prisões na América Latina:
direito, liberdade e cidadania (Education in Prisons in Latin America: Right, Freedom, and Citizenship)presents
documents related to the II National Seminar Consolidation of Guidelines for Education in the Penitentiary System
in 2007 and the Regional Meeting of Latin America on Prison Education in 2008 (Unesco, 2009); 5. Regulations
related to the provision of ABE in EPRL.
9
It is the result of the partnership between the United Nations Office in Vienna and the UNESCO Institute for
Lifelong Learning (UIE).
The influence of international policies on YAE in contexts of deprivation and liberty restriction: An analysis of Brazil and Chile
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similarities with the Brazilian project is called Educación para la Libertad
10
. (Education for
Freedom). This program started in 2001, was developed until 2010, interrupted, and resumed
in 2014.
From its inception, this proposal has aimed to contribute to the improvement
of the quality and relevance of educational processes in educational centers
located in confinement contexts. To this end, the design of its implementation
strategy included two moments: the first aimed to establish suitable conditions
for the development of educational processes and promote greater integration
between the academic center and Genchi
11
; and the second aimed to
contribute to improving the quality and relevance of students' learning, with
a central focus on the link between education and social reintegration (Chile,
2016-2018, our translation).
n the Brazilian context, in 2009, in line with the initiatives of the Educando para a
Liberdade”, project, it resulted in the production of a book entitled Educação em prisões na
América Latina: direito, liberdade e cidadania
12
(Education in Prisons in Latin America: Right,
Freedom, and Citizenship). This work was developed through a partnership between
UNESCO, the Ibero-American States Organization for Education, Science, and Culture (OEI),
and the Spanish Agency for International Cooperation for Development (AECID). The book
presents documents related to the II National Seminar Consolidation of Guidelines for
Education in the Penitentiary System, held in 2007, and the Regional Meeting of Latin America
on Education in Prisons, born in 2008.
The purpose of this publication was to deepen the debate on education in prisons,
conceived as a subjective right of the person deprived of their freedom, as well as to discuss the
role of education in the process of social reintegration (Unesco, 2009). The document also
records a preparatory debate for the First International Conference on Prison Education, initially
scheduled by Unesco for 2008 in Geneva but postponed to 2009 and eventually canceled.
10
As a result of this work, we have produced the document Educación para la Libertad - Propuesta de
mejoramiento de la calidad y pertinencia de los procesos pedagógicos para establecimientos educacionales en
contextos de encierro, dated 2016-2018.
11
GENCHI is an acronym for Gendarmería de Chile, an institution under the Ministry of Justice responsible for
the prison system and security in the country. Its mission is to "Contribute to a safer society, ensuring the effective
fulfillment of preventive detention and penalties imposed by the courts, providing dignified treatment to those
affected, according to their status as individuals, and developing social reintegration programs aimed at reducing
the chances of recidivism." Source: https://www.gendarmeria.gob.cl/historia.html. Accessed in: 5 Nov. 2023.
12
It focuses on the field of education for young people and adults, not restricted only to the initial literacy stage
but also to the elevation of educational levels and opportunities for learning and education throughout life, with
special emphasis on individuals deprived of freedom.
Paula CABRAL; Maria Hermínia Lage Fernandes LAFFIN and Violeta ACUÑA-COLLADO
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The debate in the Brazilian context regarding YAE in EPRL, "guided" by international
recommendations, resulted in various regulations that guide Brazilian national guidelines for
educational offerings in spaces of deprivation and restriction of freedom
13
. After the approval
of these regulations, orientation seminars were held in 2011, 2012, and 2013, aiming to allow
federative units to develop their state plans for education in prisons. These plans encompass
pedagogical concepts, diagnoses of units in terms of educational and structural offerings,
establishing an action project with at least six goals related to the expansion of enrollments in
EJA, creation of libraries or reading spaces, access to non-formal educational activities,
professional qualification, certification exams, and monitoring the quality of education.
Ongoing discussions are taking place in the preparatory meetings for the National Conference
on Education (Conae) in 2024.
In Chile, between 2010 and 2020, during the governments of Sebastián Piñera (2010-
2014) (2018-2021) and Michelle Bachelet (2014-2018), policies related to justice and human
rights, education, and work were addressed through different regulations. Under Piñera, issues
related to employment and vocational training were advocated through various regulations
(Ministry of Justice and Human Rights, Decree No. 943, 2011), including the modification of
alternative measures to privative or restrictive penalties (Ministry of Justice and Human Rights,
Law No. 20,603, 2012).
In 2015, Adult Education, recognized as an educational modality by the General
Education Law (2009), was aligned with the goals of the global EFA program. The reform of
Youth and Adult Education, promoted since 2000, slow and challenging to implement, was
13
Among these guidelines, we highlight: a. National Guidelines for the Provision of Education in penal
establishments, elaborated by the National Council of Criminal and Penitentiary Policy (CNPCP), linked to the
Ministry of Justice (Resolution No. 03, of 11/3/2009); b. Opinion of CNE/CEB No. 4 of 9/3/2010, under the report
of Adeum Hilário Sauer, addressing the National Guidelines for the Provision of EJA in penal establishments; c.
National Guidelines for the Provision of Education for Youth and Adults in Situations of Deprivation of Liberty
in Penal Establishments (CNE, Resolution No. 2, of 19/5/2010); d. Decree No. 7,626 of 24/11/2011 establishes
the Strategic Education Plan within the Prison System; e. Opinion CNE/CEB No. 05/2015 and Resolution No. 4
of 30/5/2016 provide for the National Operational Guidelines for sentence remission through the study of
individuals in deprivation of liberty in Brazilian prison system establishments; f. Amendments to the Penal
Execution Law No. 7,210/1984, where Law No. 12,245/2010 authorizes the installation of classrooms in prisons;
Law No. 12,433/2011 regulates the remission of part of the sentence through study or work; and Law No.
13,163/2015, which establishes the offering of high school education in penitentiaries and establishes the
penitentiary census (which must map data related to the demand/educational attendance in penal units and
information for the educational improvement of individuals deprived or restricted of freedom); g.
Recommendation No. 44, of 26/11/2013, from the National Council of Justice (CNJ), which deals with
complementary educational activities for the purpose of sentence remission through study and establishes criteria
for remission through reading; and Information No. 07/2014 from the National Council of the Public Ministry,
which addresses Recommendation No. 44/2013 of the CNJ regarding the need for adherence, by members of the
Public Ministry, to articles 126 to 129 of Law No. 7,210/84 (Penal Execution Law LEP), to also promote actions
aimed at offering courses and making books available to individuals deprived of freedom.
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interrupted during the first government of Sebastián Piñera. The National Coordination of
Youth and Adult Education at the Ministry of Education changed its name to "Normalization
of Studies" between 2010 and 2014 and then returned to its original name during the
government of Michelle Bachelet (Acuña, 2015). However, one of the most significant
agreements was the collaboration between the Chilean Ministry of Education and the Ministry
of Justice to develop educational activities for individuals deprived of freedom in the prison
system (Decree No. 1447/2013).
During Piñera's second term, one of the directives was to accelerate the modernization
of the Penal Code, update issues related to young offenders, reform the law on adolescent
responsibility and create a new juvenile social reintegration service based on the modernization
of the police system and the development of reintegration policies (2019 Project of the Ministry
of Justice and Human Rights). In the second term of President Michelle Bachelet, the
Subsecretariat of Human Rights was established and incorporated into the Organic Law of the
Ministry of Education and Human Rights in 2016. Additionally, in 2017, a public policy for
Social Reintegration was implemented.
Given the set of regulations presented in both countries, the analysis will now proceed
to examine UNESCO documents and their influences on the South American educational
landscape in recent decades.
The Influences of UNESCO on the Formulation of National Guidelines
Public policy in the educational sphere has undergone significant modifications. In the
1960s and 1970s, educational reforms were rooted in a policy aligned with national
14
development, following the principles of "education for the formation of human capital
15
".
During this period, there were contradictory and complementary movements involving the
expansion of educational offerings and political-ideological control at all levels of education
and its spheres.
In the disputes surrounding the Brazilian National Guidelines and Bases Law (Brazil,
1996), among the consequences of policies adopted in the 1960s to 1980s, larger interests
14
Before the 1990s, education was always linked to the idea that countries had the right to development. However,
with the implementation of neoliberal reforms, the emphasis shifted to education for all.
15
The theory of human capital is associated with an economic perspective, connecting education and the labor
market, "modernization of consumption habits, integration of educational policy into the overall development and
national security plans, defense of the state, repression, and political-ideological control" (Shiroma; Moraes;
Evangelista, 2011, p. 29, our translation).
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emerged that transformed demands into limiting mechanisms for establishing public education
through democratic channels in the 1990s and 2000s. As highlighted by Shiroma, Moraes, and
Evangelista (2011, p. 44, our translation), this is attributed to some changes resulting from
educational reforms: teacher training was condensed into "professionalization, the participation
of civil society as an articulation of entrepreneurs and NGOs." Decentralization led to a
reduction in state obligations, while autonomy was presented as justification for resource
constraints. Equality transformed into equity, and "critical citizenship" became "productive
citizenship," guiding the formation of citizens to meet market demands. Quality, in turn, became
a device for adapting to market requirements, relegating the student to a mere consumer
position.
In Chile, between 1973 and 1990, during the Military Dictatorship established after the
coup d'état, the process of municipalizing education emerged in the 1980s. In this context,
teachers lost their rights in the public sector, becoming subject to the Labor Code.
Simultaneously, the administration of public education was transferred to municipalities. The
reduction of resources allocated to these organizations was decisive in the decline in the quality
of the school system in the 1990s.
Another significant reform in the 1980s was that of higher education, organized into
three levels: technical training centers, professional institutes, and universities. There was a
reduction in state funding for the universities that formed the Council of Rectors, initially
composed of eight universities active in higher education in the 1980s. During this period,
numerous private universities emerged, increasing the number of available positions, but the
quality became varied and difficult to control despite efforts by the Higher Education Council.
In Chile, the General Education Law of 2009 regulates the rights and duties of the
educational community. In the second article, minimum requirements are established for each
level of education, including preschool, primary, and secondary education, defining, La
educación es el proceso de aprendizaje permanente que abarca las distintas etapas de la vida
de las personas y que tiene como finalidad alcanzar su desarrollo espiritual, ético, moral,
afectivo, intelectual, artístico y físico, mediante la transmisión y el cultivo de valores,
conocimientos y destrezas(Chile, 2009, p. 1). Thus, it is also evident in Chile an understanding
that
Education has been recognized by the international community as essential
for the development of all children and adolescents, acknowledging that it
constitutes a fundamental human right, emphasizing its transformative
The influence of international policies on YAE in contexts of deprivation and liberty restriction: An analysis of Brazil and Chile
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character at both individual and collective levels (Unesco, 2014). Along the
same line, education in confinement contexts has become essential to
provide a new opportunity for children and young people in conflict with the
law (Meléndez, 2017
16
, our translation).
In Chile, several international educational standards have been adhered to
from a rights-based approach, and it is necessary to consider them to
observe the path that our country has taken and traversed (Sanhueza, 2020,
p. 13, our translation).
It is understood, therefore, that educational reforms in both Brazil and Chile are
characterized as interventions consented to and operationalized by academic authorities,
following definitions from international agencies "in the context of the universalization of
capitalism, directed by instrumental reason and the pursuit of general social consensus" (Silva
Júnior, 2002, p. 206, our translation). According to Silva Júnior (2002, p. 206, our translation),
there has been a consolidation of a process of commodification of the political sphere in general
and, specifically, the educational dimension, understood as a "privileged locus for the State in
forming the social being, therefore, in constructing a new social pact."
In the 1990s, educational reforms advocating for accessible education for all and
UNESCO's role in defining educational policies gained even greater prominence. The agency
emerges as "the defender of human rights, especially the right to education," and in this case,
the "fundamental rights of all prisoners that must be at the service of the integral development
of their personality" (Unesco, 1994, p. 8, our translation). This idea is present in other related
documents, as the agency constitutes itself as the entity capable of "promoting strategies that
enable the foundations of a global culture of peace" (Unesco, 2006, p. 16, our translation).
The notion of world peace would be the basis for the "sustainable, equitable, and just
development of the continent and for the millions of young people and adults so far excluded
from the right to education" (Unesco, 2009, p. 15, our translation). Thus, "UNESCO has played
a fundamental role in advocating for the right of illiterate adults to quality education and
learning, [...] part of this advocacy
17
and theoretical elaboration process are the Confintea, a
privileged space for dialogue and discussion, a unique moment to establish guidelines for adult
education" (Unesco, 2009, p. 13-14, our translation). There is also a recurring approach in the
16
MELÉNDEZ, Pamela. Oferta educativa para niños, niñas y jóvenes privados de libertad: descripción,
desafíos e propostas de política pública. Faculdade de Economia e Negócios. Universidade do Chile, 2017.
17
The term "advocacy" does not have an exact translation into Portuguese and has been consistently used in
documents from international organizations with a sense of defending or assisting people in vulnerable situations,
which civil society organizations should provide for greater visibility of issues or themes with the intention of
influencing the formulation and implementation of policies or, in this case, promoting changes in the legal
framework related to education. This notion is linked to think tanks consulting institutes that analyze problems
and propose military, social, and political solutions (Wacquant, 2008, p. 29, our translation).
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documents (Unesco, 1994; 2006; 2009, our translation) regarding the importance of
partnerships for education in prisons: "both the formulation and implementation of this policy
are processes that are built collectively and democratically between the Union, states, organized
civil society, and the actors directly involved: teachers, agents, and prisoners" (Unesco, 2009,
p. 17).
In the analyzed documents, it becomes evident that UNESCO has been committed to
building a consensus around the idea that basic education represents an inalienable right for
every human being, essential to address and guarantee their lifelong learning needs. However,
over this period, the focal points of discussions converge and complement each other.
The Manual for Basic Education in Penitentiary Institutions (1994) emerges from
international community concern with the assurance and universalization of basic education on
a global scale. This perspective reinforces the commitments established at the 1990 World
Conference on Education for All in collaboration with UNDP, UNICEF, and the World Bank.
In this conference, lifelong primary education was established as a human right aimed at
preparing individuals for social integration, as well as being a strategy allied with economic
development, social justice, and the consolidation of world peace. In this way, it is seen as
capable of combating the scenario of violence and reducing crime by providing individuals with
better conditions to obtain employment and fully exercise their citizenship (Unesco, 1994).
In complementarity to this idea, the "Educating for Freedom" Project, a document
published in Brazil by UNESCO, presents the challenges of ensuring the rights of individuals
deprived of freedom and the lack of benchmarks for educational offerings with higher quality,
considering the demands of this population (Unesco, 2006). t advocates for two fronts of action
for education in penitentiary institutions: the "restoration of self-esteem and [...] the subsequent
reintegration of the individual into society," aiming at "personal fulfillment, the exercise of
citizenship, and preparation for work" (Unesco, 2006, p. 14, our translation).
From the same perspective, systematizations of Brazilian and Chilean debates in this
area show that education should promote "the integral development of these men and women,
reducing their vulnerabilities and expanding forms of participation in society" (Unesco, 2009,
p. 17, our translation). As in previous documents, there is a strong connection between
education and public security, attributing to education the role of reintegrating individuals
released from prison.
During this period, there is a greater focus on the pursuit of the quality of education
offered in prisons, which requires "respect for the dignity of the person, justice, democracy, and
The influence of international policies on YAE in contexts of deprivation and liberty restriction: An analysis of Brazil and Chile
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human rights [...] is a requirement for the success of the social reintegration of individuals
deprived of liberty, a contribution to the real and sustainable development of society that puts
it into practice" (Unesco, 2009, p. 133, our translation).
Education as a human right and lifelong learning
Considering the guidelines associated with UNESCO, it becomes relevant to reflect on
the underlying principles of conceptions that establish education as a human right, intrinsically
linked to the idea of lifelong learning. Additionally, emphasis is placed on advocating for access
to basic education, perceiving it as a means for the social reintegration of individuals deprived
of liberty. From this perspective, educational provision is understood as an essential strategy
for promoting social cohesion, justice, and peace, contributing to sustainable development,
labor market integration, income generation, and, consequently, the reduction of violence and
crime.
Arguments in this vein lead us to agree with Evangelista and Shiroma (2006, p. 63, our
translation), who states that the right to primary education disseminated by international
agencies carries the intention to contain "[...] poverty, increasing the productivity of the labor
of the poor, reducing fertility, improving health, and endowing people with the attitudes they
need to participate in the economy and society fully".
Regarding the prestigious role played by UNESCO in shaping public policies, it is worth
remembering that this occurred, especially in 1990 in Brazil, with the valorization of efficiency
and credibility principles guided by what is called "new public management and restrictive
fiscal policy" (Souza, 2006, our translation), followed by the governments. Both principles aim
to bring to the discussion of public policies the "diminution of the risks of collective action," to
be achieved through a balance resulting from the "struggle between competing interest groups"
and "deregulation, privatization, and reforms in the social system" (Souza, 2006, p. 34-35, our
translation).
Efficiency becomes the epicenter of any public policy, associated with credibility,
ensured by transferring power to institutions with supposed neutrality or political independence.
In this movement, ideas of participatory public policies emerge and are propagated, on the one
hand, by international organizations and, on the other hand, by constitutional precepts and
assumed political-party commitments.
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Based on the presented discussion, it is highlighted that educational proposals for Youth
and Adult Education (YAE) in spaces of deprivation and restriction of liberty (EPRL)
incorporate the guidelines advocated by UNESCO for formulating and implementing
educational public policies in this context.
This debate has been strengthening, seeking the need to move beyond the stage of
recognizing the incarcerated individual's right to education, especially after the approval of
regulations in the area in 2009. It is now imperative to direct efforts toward the development of
public policies that actualize this right. Ireland (2011, p. 35) revisits the recognition of the right
to education, considered "inherently contradictory" when considering the social role attributed
to prisons.
It is worth noting that "the discussion movement about education in the prison system,
initiated in the Brazilian scenario in 2005/2006, had been making progress that was interrupted
in 2016 due to another blow to Brazilian democracy" (Cabral, 2023, p. 397, our translation).
Conceptions of lifelong learning and education reflect an instrumental perspective, as
established in documents from international organizations such as the World Bank and
UNESCO. These conceptions attribute a qualifying function to Adult and Youth Education
(EJA). This concept was presented in the context of two documents, the Faure Report (1972)
and the Delors Report (1990), which aimed to "ensure the national state's role as coordinator of
capitalist relations." The first dealt with "lifelong education" capable of responding to the
demands of capitalist industrial society throughout the 20th century, while the second, with its
"humanistic proposal," sought to consolidate the hegemony of an educational proposal that
provided a foundation for the "flexible accumulation phase of the capitalist system" (Ventura,
2013, p. 39, our translation).
In this sense, the individual is responsible for their formation and becoming
"employable" for the market. It is the responsibility of each member of the "information
society" or "knowledge society" (Chauí, 2003, p. 8-9) to expand their range of opportunities.
As a paradigm to be achieved, lifelong education leads us "to the globally implemented
consensus that this would be the best alternative for semi-peripheral nations and the most
emancipatory for adult education students" (Ventura, 2013, p. 41, our translation). Subordinated
to this line of thought, education would presumably have two possibilities: in the first, it is
reconfigured as professional and continuous training, linked to the economy and businesses
(and, in this case, prosperous); in the other, it insists on its tradition of social change and
"awareness, articulating with popular social movements, renewing the ideals of political
The influence of international policies on YAE in contexts of deprivation and liberty restriction: An analysis of Brazil and Chile
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education and critical literacy (and, in this case, running serious risks)" (Lima, 2007, p. 56, our
translation).
Analysis of normative documents for YAE in EPRL
Discussions about adult learning, which culminated in the Hamburg Declaration, also
resulted in elaborating the Agenda for the Future (Unesco, 1998), which unfolded into ten study
themes associated with 61 goals. Theme VIII addressed learning, considering the rights and
aspirations of different groups. In one of its items (No. 43), the Agenda highlights education as
a universal right, thus advocating for the implementation of actions that enable the inclusion of
groups that still do not have access to adult education, such as "the elderly, migrants, gypsies,
other peoples without fixed or nomadic territories, refugees, disabled persons, and prisoners"
(Unesco, 1998, p. 19, emphasis added, our translation).
According to this document, these groups should have access to educational programs
based on a person-centered pedagogy that meets diverse learning needs and promotes
participation in society. This approach aligns with the idea of education that enables the social
reintegration of the individual deprived of freedom. Subsequently, goal No. 47 establishes the
need to:
Recognize the right of detainees to learning: a) informing prisoners about
existing education and training opportunities at various levels and allowing
them access to them; b) developing and implementing comprehensive
education programs in prisons, with the participation of prisoners, to meet
their learning needs and aspirations; c) facilitating the action of non-
governmental organizations, educators, and other educational agents in
prisons, thus allowing prisoners access to educational institutions,
encouraging initiatives that aim to connect courses offered in prison with those
offered outside it (Unesco, 1998, p. 20 [emphasis added], our translation).
In the analysis by Spezia and Ireland (2014, p. 218), policies for youth and adult
education should be based on "the culture specific to each society," prioritizing educational
opportunities that respect diversity, "eliminating prejudices and stereotypes that limit access to
education and restrict its benefits." However, the Hamburg Declaration, coupled with this idea,
is that the education of inmates in institutions, in addition to being a basic right, is a fundamental
factor for their reintegration and rehabilitation (Unesco, 1998).
According to D'Avila (2012, p. 102), the Hamburg Declaration served to "set the pace
for the political movement driven by the momentum for greater social justice derived from left-
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wing movements of the late 20th century," but this uprising was taken in the "molds of
capitalist-imperialism"; the banner of social justice ended up, in many aspects, serving the
reproduction of hegemonic social relations of capital.
When analyzing the situation in Europe, it is observed that adult education has focused
especially on groups such as the unemployed, immigrants, ethnic minorities, and other
marginalized sectors, such as refugees. However, adult learning for individuals in situations of
deprivation or restriction of freedom, as warned by Spezia and Ireland (2014, p. 243, our
translation), "has received attention in very few countries".
In the context of policies under the current government of Lula da Silva (2023-), a new
narrative is being constructed, and in the future, we may contribute to telling it, especially
emphasizing the denouncement that in the last years of the conservative government, social
rights of the population, especially those living in prisons, have been suppressed.
In Chile, despite signing international treaties following UNESCO guidelines, this
process is mediated by the political history of recent decades, marked by the civic-military coup
of 1973. Only since the 1990s, with the consolidation of public policies in a democratic system,
has there been progress in educational policies, including youth and adult education in prisons.
However, the desired progress has not been achieved as expected. Center-left governments
(Patricio Aylwin, Eduardo Frei, Ricardo Lagos, two governments of Michelle Bachelet) and
two right-wing governments under Sebastián Piñera undoubtedly delayed the continuous
implementation of public policies for adult education established in 2009. After the Confintea
in Morocco, a follow-up on the agreements is being carried out by UNESCO and the Chilean
government of Gabriel Boric (2022).
Final considerations
It can be observed that the Confintea meetings did not provide significant
specifications regarding education in prisons to support the development of public policies,
although they defined the structuring of conceptual aspects of the Youth and Adult Education
(YAE) field. As Ventura (2008) states, since Confintea V, Lifelong Learning (LLL) has been
nationally assimilated in the YAE field and would (supposedly) be a kind of counterposition to
a historically associated compensatory or remedial educational model. This process of
transitioning references (or paradigms) would be justified by the criticism of specific and
fragmentary YAE policies, reduced to study/schooling replacement. In this sense, the emphasis
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on LLL is articulated with another paradigm, that of the "knowledge society" permeating both
international organization documents, mainly from UNESCO, as well as government
documents and research in the YAE field (Ventura, 2008, p. 103).
These definitions translate into guidelines with perspectives that prompt us to question
the consequences for the educational process with individuals in deprivation/restriction of
freedom. UNESCO conference documents for YAE validate global agendas for education
defined by international organizations. In this transposition of general guidelines from basic
education to Youth and Adult Education (YAE), UNESCO reaffirms its commitment to
formulating public policies aimed at promoting: education for all, in the perspective of lifelong
learning; the training of productive young people and adults capable of adapting and
assimilating new knowledge, developing skills, abilities, and competencies for a constantly
changing world (with the integration of technologies, information society, or knowledge);
individuals who exercise their autonomy, responsibilities, and citizenship actively, critically,
and creatively; democratic order, encouraging dialogues for justice and eliminating violence in
the consolidation of a culture of social peace.
The state institutions responsible for ensuring the right to education in the prison
environment must alleviate the gaps in the social vulnerability of detainees, making every effort
to guarantee access to education (Braggio et al., 2017; Acuña-Collado, 2018). However, some
elements raise questions regarding the objectives of the educational project outlined by
UNESCO, whose guidelines have been adopted in the Brazilian, Chilean, and other Latin
American contexts. These questions focus primarily on the conceptual dimension, especially
the notion of Lifelong Learning (LLL), which reveals a convergence between policies for Youth
and Adult Education (YAE) in prisons and a globally structured educational agenda. In this
agenda, education assumes the promising discourse of promoting social cohesion, reducing
violence and crime, and preventing recidivism.
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CRediT Author Statement
Acknowledgements: Faculty of Education at the University of Playa Ancha and the
Graduate Program in Education at the Federal University of Santa Catarina.
Funding: CNPq- Visiting Researcher Grant for Maria Hermínia Lage Fernandes Laffin.
Association of Montevideo Group Universities (AUGM), which allowed the participation
of Violeta Acuña Collado in activities at UFSC during the production of this article; State
Fund for Support, Maintenance, and Development of Higher Education
(FUMDES/UNIEDU) in the development of Paula Cabral's doctoral thesis.
Conflicts of interest: Not applicable.
Ethical approval: Not applicable, as the research was bibliographic and documentary.
Data and material availability: They are available in the references used.
Authors' contributions: Paula Cabral developed the initial text in her thesis in 2019. Maria
Hermínia Lage Fernandes Laffin was her supervisor and participated in the article's
elaboration, along with Violeta Acuña-Collado, who specifically brought the context of
Chile to the study.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.