Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 8, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.17461 1
ARTICULAÇÕES DISCURSIVAS E SENTIDOS DE EDUCAÇÃO PARA AS
RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA
ARTICULACIONES DISCURSIVAS Y SIGNIFICADOS DE EDUCACIÓN PARA LAS
RELACIONES ÉTNICO-RACIALES EN LA EDUCACIÓN BÁSICA
DISCURSIVE ARTICULATIONS AND EDUCATIONAL MEANINGS FOR ETHNIC-
RACIAL RELATIONS IN BASIC EDUCATION
Zelânia do Carmo SILVA1
e-mail: zelania.silva@educacao.ba.gv.br
Benedito G. EUGENIO2
e-mail: benedito.eugenio@uesb.edu.br
Como referenciar este artigo:
SILVA, Z. do C.; EUGENIO, B. G. Articulações
discursivas e sentidos de educação das relações étnico-
raciais para a educação básica. Plurais - Revista
Multidisciplinar, Salvador, v. 8, n. 00, e023021, 2023. e-
ISSN: 2177-5060. DOI:
https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.17461
| Submetido em: 20/05/2023
| Revisões requeridas em: 13/09/2023
| Aprovado em: 26/11/2023
| Publicado em: 30/12/2023
Editoras:
Profa. Dra. Célia Tanajura Machado
Profa. Dra. Kathia Marise Borges Sales
Profa. Dra. Rosângela da Luz Matos
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Secretaria Estadual da Educação (SEC/BA), Itapetinga BA Brasil. Licenciada em Pedagogia (UESB), Mestra
em Ensino (UESB). Coordenadora Pedagógica na Rede Estadual de Educação da Bahia.
2
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Vitória da Conquista BA Brasil. Doutor em Educação
(UNICAMP). Professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e do Programa de Pós-graduação em
Ensino.
Articulações discursivas e sentidos de educação das relações étnico-raciais para a educação básica
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RESUMO: Este artigo objetiva apresentar, com base na Teoria do discurso de Laclau e Mouffe
e do Ciclo de políticas de Ball, a análise da política curricular de educação para as relações
étnico-raciais. O texto trabalha com categorias das perspectivas Pós-estruturalista e Pós-
fundacionalista. Com esse aporte teórico, buscamos argumentar por uma teoria discursiva de
currículo que o concebe como arena de disputa e interpreta a política curricular como a luta por
sua significação, resultante de articulações de demandas que visam universalizar sentidos
particulares. Evidenciamos que as articulações em torno da produção das Políticas curriculares
de educação para as relações étnico-raciais, aqui discutidas, envolveram diferentes agentes
políticos, a exemplo do movimento negro disputando sua significação na perspectiva de
hegemonizar demandas históricas, materializadas pela inclusão do Ensino da História e das
culturas africana e afro-brasileira no currículo, normatizado pelas Leis n.º 10.639/2003 e
11.645/2008.
PALAVRAS-CHAVE: Relações étnico-raciais. Discurso. Currículo.
RESUMEN: Con base en la Teoría del Discurso de Laclau y Mouffe y el Ciclo de Políticas de
Ball, este artículo tiene como objetivo presentar un análisis de la política curricular de
educación para las relaciones étnico-raciales. El texto trabaja con categorías desde las
perspectivas Postestructuralista y Postfundacionalista. Con este sustento teórico, buscamos
argumentar a favor de una teoría discursiva del currículo que lo conciba como una arena de
disputa e interprete la política curricular como la lucha por su sentido, resultante de
articulaciones de demandas que apuntan a universalizar significados particulares. En este
sentido, mostramos que las articulaciones en torno a la producción de políticas curriculares
de educación para las relaciones étnico-raciales, discutidas aquí, involucraron a diferentes
agentes políticos, como el movimiento negro que se disputa su significación en la perspectiva
de demandas históricas hegemónicas, materializadas por la inclusión de la Enseñanza de la
Historia y las Culturas Africanas y Afrobrasileñas en el currículo, regulado por las Leyes n.º
10.639/2003 y 11.645/2008.
PALABRAS CLAVE: Relaciones étnico-raciales. Discurso. Currículo.
ABSTRACT: Based on Laclau and Mouffe's Theory of Discourse and Ball's Cycle of Policies,
this article aims to present an analysis of the education curriculum policy for ethnic-racial
relations. The text works with categories from the Poststructuralist and Postfoundationalist
perspectives. With this theoretical support, we seek to argue for a discursive theory of
curriculum that conceives it as an arena of dispute and interprets curriculum policy as the
struggle for its meaning, resulting from articulations of demands that aim to universalize
particular meanings. In this sense, we evidenced that the articulations around the production
of curricular education policies for ethnic-racial relations, discussed here, involved different
political agents, such as the black movement disputing its significance in the perspective of
hegemonizing historical demands, materialized by the inclusion of the Teaching of African and
Afro-Brazilian History and Cultures in the curriculum, regulated by Laws 10.639/2003 and
11.645/2008.
KEYWORDS: Ethnic-racial relations. Speech. Curriculum.
Zelânia do Carmo SILVA e Benedito G. EUGENIO
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Introdução
O artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre os discursos da educação para
as relações étnico-raciais nas políticas curriculares para a educação básica no período 2011-
2016. Está ancorada teórica e metodologicamente na análise discursiva da Teoria do Discurso
(TD) de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe. É uma pesquisa qualitativa do tipo documental e o
corpus é constituído por documentos produzidos nesse período.
Os fundamentos discursivos operados são vinculados ao Pós-estruturalismo e ao Pós-
fundacionalismo, correntes que não pretendem combater as tendências do Pós-modernismo,
mas subverter e radicalizar as fronteiras do olhar, conduzindo o pensamento para além dos
limites de determinado objeto.
Operar com as proposições da Teoria do Discurso no âmbito da política educacional e
curricular permite acessar e admitir que as articulações forjadas neste contexto convergem para
a hegemonização de sentidos, costurados em relações discursivas e resultantes de negociações
heterogêneas. Esses elementos demandados contingencial e precariamente, ora se equivalem
constituindo cadeias de equivalência em função de um significante, ora se antagonizam frente
a um inegável exterior constitutivo do social, que opera, por sua vez, no sentido de pôr fim à
cadeia de significação. Assim, “a relação entre lógica da diferença e da equivalência que
constitui o social é o que torna possível as reivindicações democráticas, segundo a Teoria do
Discurso” (Tomé; Macedo, 2018, p. 319).
Nos termos desta concepção teórica, reafirmamos que é natural e salutar a existência de
disputas e negociações pela centralidade de discursos enunciadores de sentidos nos processos
de significação das políticas curriculares de Educação para as Relações Étnico-raciais (ERER)
da educação básica, produzidas no período de 2011-2016, fruto de tensionamento da sociedade
e das reivindicações de movimentos sociais, especialmente de segmentos do Movimento negro
(incluindo quilombolas), que vem demarcando espaços de resistência ao longo da história do
Brasil. Assim, o processo colonizador e regime escravista, marcados pela opressão, abandono
e invisibilidade da história de negros afrodescendentes e indígenas, imprime, nas principais
matrizes étnico-racial do país, as marcas dessas desigualdades.
Esta cruel associação é reconhecida em Documentos nacionais e internacionais, a
exemplo do Programa e Plano de ação de Durban, no qual “Reconhecemos que a desigualdade
de condições políticas, econômicas, culturais e sociais podem reproduzir e promover o racismo,
discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata, e têm como resultado a exacerbação da
desigualdade” (ONU, 2001, p. 26), bem como no Programa Nacional de Direitos Humanos
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(PNDH)-3, ao ratificar que “às desigualdades soma-se a persistência da discriminação, que
muitas vezes se manifesta sob a forma de violência contra sujeitos que são histórica e
estruturalmente vulnerabilizados (Brasil, 2010, p. 52).
É possível e comum identificar nos discursos políticos de movimentos sociais e
governos, sobretudo aqueles de cunho progressista, a utilização, nas últimas cadas, da relação
desigualdades/discriminação racial, para justificar e defender a implementação de políticas para
esta área no Brasil.
Interessa-nos um olhar analítico sobre os processos de significação que resultaram nas
Políticas Curriculares para a ERER, produzidas no âmbito do governo Dilma Rousseff, cujas
medidas marcaram o currículo da educação básica na última década, repercutindo no ensino e
aprendizagem, afetados por relações étnicas e raciais estabelecidas nas escolas e na sociedade
brasileira.
Discursos e Sentidos enunciados nas políticas curriculares de Educação para as relações
étnico-raciais
A política curricular nos termos da Teoria da Decolonialidade (TD) apresenta uma série
de significantes que mobilizam discursos e sentidos. Essa perspectiva possibilita uma leitura do
currículo que é produzido e reinterpretado em diferentes realidades culturais, onde, por meio
das relações de poder, ocorre uma disputa para conferir centralidade àquilo que se supõe ou se
define, ainda que de forma provisória e contextual, como a melhor ou mais necessária
educação/escola, o conhecimento mais relevante, a melhor política, entre outros significantes
determinados e determinantes na política educacional e/ou curricular.
É nesta perspectiva teórica que procuro interpretar a polissemia de significados
conferidos ao significante “Educação para as Relações Étnico-raciais” (ERER) nas políticas
curriculares da educação básica, proliferadas no âmbito dos governos petistas e que deram
ênfase às produções discursivas nos governos Dilma Rousseff (2011-2016).
De antemão, corroboramos com Lopes (2018, p. 133) sobre a incompletude na análise
da política em questão, dada a impossibilidade de “compreensão plena de qualquer sentido
suposto como carreado pelos significantes de um texto” que, sendo marcado pela flutuação
polissêmica, permite inúmeras possibilidade de leitura e interpretações. Uma política será
sempre atravessada por propostas e práticas (lidas aqui como Discursos), reinterpretada e
ressignificada reiteradas vezes em seus diferentes contextos de influência e produção. Logo,
Zelânia do Carmo SILVA e Benedito G. EUGENIO
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todo significado atribuído ao significante ERER é contextual, provisório, precário e
contingencial.
Sendo assim, concordando com a afirmação de Lopes e Macedo (2011a, 2011b) de que
Currículo é um texto e como tal não tem uma significação fechada e definitiva no âmbito da
teoria curricular, estando aberto a múltiplas leituras e interpretações, prosseguimos indagando:
o que se entende por Educação para as relações étnico-raciais na política curricular? Como este
significante é representado na política de currículo da educação básica? Quais as vozes
presentes e ausentes? Que intenções, valores, propósitos e demandas são representados nos
textos desta política curricular?
São diversos os sentidos atribuídos à ERER nos textos dessa política. Nas Leis n.º
10.639/2003 e n.º 11.645/2008, a finalidade se fixa na reformulação do currículo eurocêntrico,
justificando ser “urgente desmistificar o eurocentrismo para se repensar um novo modelo de
sociedade em que todos não somos apenas brancos, como faz crer o livro didático” (Brasil,
1999, p. 10943). O horizonte é fazer ecoar nos processos de ensino “a história e contribuições
dos negros e indígenas”, o que significa promover o (re)conhecimento desses sujeitos, negados
e discriminados historicamente, também no currículo escolar.
Portanto, a proposta inicial dessa política, cujo texto oficializado não menciona os
termos “relações étnico-raciais”, diversidade, igualdade racial ou racismo, se fixa na promoção
da valorização do respeito e combate às discriminações, por meio do conhecimento pretendido
com o “Ensino da história e da cultura afro-brasileira e indígena”, aportando para uma tentativa
preliminar de significação da ERER, mediante o Ensino da história e culturas das principais
matrizes do povo brasileiro.
Por outro lado, nos textos secundários ou de apoio dessa política, especialmente nas
produções e ampliações elaboradas durante o governo Dilma, é possível identificar a
subordinação e/ou centralidade de outros significados e demandas. Esses aspectos podem ter
sido deixados implícitos ou marginalizados no texto principal, tornando evidente apenas em
seus desdobramentos, o lugar e o significado do “étnico” e do “racial” característicos dessa
política. Os pressupostos definidores dessa política tendem a privilegiar mais o aspecto racial
do que o étnico, embora existam algumas exceções, que serão abordadas na próxima seção.
No momento, argumentamos que o essencial da política é ter trazido à baila as questões
étnico-raciais, negligenciadas historicamente neste país, e, nesse sentido, itero as contribuições
de Gomes (2005) em documento de apoio à implementação da Lei n.º 10.639/2003:
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[...] refletir sobre a questão racial brasileira não é algo particular que deve
interessar somente às pessoas que pertencem ao grupo étnico/racial negro. Ela
é uma questão social, política e cultural de todos(as) os(as) brasileiros(as). Ou
seja, é uma questão da sociedade brasileira e mundial quando ampliamos a
nossa reflexão sobre as relações entre negros e brancos, entre outros grupos
étnico-raciais, nos diferentes contextos internacionais. Enfim, ela é uma
questão da humanidade. Por isso é preciso falar sobre a questão racial,
desmistificar o racismo, superar a discriminação racial (Gomes, 2005, p. 51).
Nessa perspectiva, vale ressaltar que “Se o caos, o livre fluxo dos significantes, o diferir,
a instabilidade e o vazio nos constituem, qualquer significado estável, qualquer estabilidade
identitária pode ser constituída politicamente, como decorrência de uma decisão política”
(Lopes, 2018, p. 148-149). Assim, a transversalidade conferida às questões que perpassam a
diversidade e a promoção da igualdade racial demandou decisão política, não apenas de um
grupo partidário, mas dos diversos sujeitos sociais e indenitários imbricados na rede de
articulação em função de dada política.
[...] sem ações afirmativas nós o tornaremos realidade a igualdade de
oportunidades... Nós vencemos várias batalhas, mas uma democracia racial
plena ainda vai exigir isso que a ministra chamou de ‘venham preparados’,
que é uma imensa obstinação e grande vontade política (Rousseff, 2013, s.p.)
3
.
É fato que a diversidade e o debate étnico-racial tiveram certa centralidade na política
desenvolvida pelos governos
4
petistas nas últimas décadas, desde os programas de governo,
inscritos no TSE nas eleições (2002, 2006, 2010, 2014) que contemplam estas proposições
vinculando-as às questões educacionais, especialmente nos Documentos “Brasil sem racismo”
e “Uma escola do tamanho do Brasil” até a criação de uma Secretaria Nacional de Combate ao
Racismo do PT na estrutura diretória do Partido. Estas decisões e textos políticos (discurso)
reverberam, no âmbito desse governo, discursos de qualidade social da educação, como meio
de combate ao racismo, de transformação econômica e social, decisivos “para romper com a
condição de subalternidade da maioria do povo” (PT, 2002a, p. 7), sendo “necessário ir além
da adoção de políticas antidiscriminatórias. É necessário combiná-las com políticas públicas
3
Discurso da presidenta Dilma Rousseff, na cerimônia de abertura da Conferência Nacional de Promoção da
Igualdade Racial. Disponível em: http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/discursos/discursos-da-
presidenta/discurso-da-presidenta-da-republica-dilma-rousseff-durante-cerimonia-de-abertura-da-3a-
conferencia-nacional-de-promocao-da-igualdade-racial-brasilia-df. Acesso em: 20 mar. 2023.
4
Enfatizamos que por governo entende-se partidos políticos que compôs a coligação, a militância, os movimentos
sociais, órgãos executivos, legislativo e normativos, comunidades epistêmicas, intelectuais envolvidos nas
políticas e ações desenvolvidas neste período.
Zelânia do Carmo SILVA e Benedito G. EUGENIO
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nas diversas áreas e adotar um novo modelo de desenvolvimento para o Brasil, economicamente
viável, ecologicamente sustentável e racial e socialmente justo” (PT, 2002, p. 13).
No documento Brasil sem racismo”, esse grupo político destaca, no Eixo destinado à
educação que: “[...] é inadiável a construção de um projeto pedagógico baseado nos princípios
da diversidade, equidade e justiça social” e, dentre as ações, deve-se “Assegurar qualidade de
ensino e a adoção de pedagogia interétnica, interracial e não sexista no sistema educacional”,
de modo que é necessário adotar, nas políticas de apoio à pesquisa científica e tecnológica,
igualdade de tratamento para os projetos referentes às relações raciais (PT, 2002, p. 16).
Assim, no período de 2011-2016, as articulações são continuadas e redimensionadas nos
contextos de produção de texto, MEC/SECADI e CNE, com a entrada de novos sujeitos nas
cadeias discursivas, que passam a mobilizar importantes pautas em torno da significação e
organicidade das políticas curriculares para a ERER. Testemunha-se, nesse momento, a
produção de importantes textos políticos
5
, como Planos Nacionais que expressam o
planejamento do governo e definição de ações e estratégias para a implementação das Leis n.º
10.639/2003 e n.º 11.645/2008 (Brasil, 2013a); Diretrizes operacionais, Relatórios e Pareceres
tensionados por questionamentos da sociedade civil
6
no que tange a implementação destas
políticas; além de Diretrizes inéditas, destinadas ao atendimento de demandas educacionais das
comunidades quilombolas que neste período tiveram avanços na pauta das políticas públicas,
enunciando significações pautadas na valorização das diferenças.
Estes potentes textos das políticas curriculares de ERER são resultados de fortes
articulações forjadas nos contextos de influência e produção de texto, por meio da circulação
de agências estatais, representantes de movimentos sociais, comunidades epistêmicas e partidos
políticos, que se inter-relacionam nestes espaços produtores e vetores de discursos e de
políticas.
Observamos, nesses processos de decisão e formulação das políticas, um intenso
movimento de comunidades epistêmicas representadas por intelectuais
7
, vinculados aos estudos
5
Os textos referentes as políticas curriculares de ERER da Ed. Básica no período de 2011-2016, estão descritos
no corpus de análise documental, na introdução deste trabalho.
6
Os Pareceres CNE/CEB n16/2010 (BRASIL, 2010e); CNE/CEB n.º 15/2010 e CNE/CEB n.º 6/2011, com
relatório feita pela Conselheira Nilma Lino Gomes são resultados de resposta do CNE a questionamentos,
denúncias e problematizações levantadas por cidadãos da sociedade civil nos tocantes a efetividade e
aplicabilidade das Diretrizes de Educação para as relações étnico-raciais.
7
Petronilha Beatriz G. Silva (UFScar/Movimento negro/CNE); Nilma Lino Gomes (UFMG/Movimento
negro/CNE/MEC); Matilde Ribeiro (Movimento negro/ PT/ SEPPIR) ; Rita Gomes do Nascimento (Movimento
indígena/ CNE), além de Nilcéa Freire; Edson Santos; Kabengele Munanga e tantos outros, vinculados a este
campo epistêmico ofereceram importantes contribuições ao MEC/SECADI na elaboração de literatura de apoio e
incentivo a formação de educadores para aplicabilidade da política de ERER, tais como: Coleção Educação para
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étnicos e raciais e tantos outros que, seja nos contextos de influência quanto nos de produção
de texto, operaram significantes potentes que circulam a política curricular de ERER, dos quais
emanam vários significados mobilizados por discursos circundantes nesta política, a exemplo
de Promoção da igualdade/Eliminação das desigualdades raciais e sociais; (Re) educação das
relações raciais e educação antirracista, para fins de combate ao racismo; Justiça social;
reconhecimento das diferenças e pluralidade.
A participação e a potência intelectual de comunidades epistêmicas mobilizaram
discursos e conferiram legitimidade aos sentidos fixados nos textos das políticas de ERER e de
outras ações afirmativas, produzidas no Brasil nas últimas décadas, as quais objetivam
contemplar a diversidade e atender às diferenças. Essas comunidades “possuem
reconhecimento social e autoridade em função do conhecimento que tem ou supostamente têm”
(Antoniades, 2003 apud Torres; Dias, 2011, p. 208), constituindo o processo de articulação das
políticas e atuando nos diversos contextos, que na ótica de Ball (2009, p. 306), podem “ser
aninhados uns dentro dos outros” ao se inter-relacionarem.
As comunidades epistêmicas, portanto, não são constituídas a priori ou mesmo
a partir de uma suposta identidade classista ou partidária. São forjadas a partir
de articulação de determinadas demandas, contingentes e provisórias. [...].
nesses termos, procuram hegemonizar determinados sentidos ao
disseminarem diagnósticos acerca das políticas. Estão inscritas numa arena de
disputas e negociações constantes, atravessadas por relações de saber-poder,
a fim de conferir significados para as políticas (Torres; Dias, 2011, p. 211).
Conforme os exemplos citados, esses agentes e identidades, responsáveis por uma rica
produção intelectual que subsidiou as lutas históricas de combate ao racismo, repercutidas nas
demandas por uma ERER, atuam em diferentes âmbitos e em funções variadas e simultâneas.
Podem, inclusive, articular sua militância e produções a instâncias governamentais, partidos e
agências políticas, tendo em vista a representação e garantia de que reivindicações históricas de
movimentos populares ganhem corpo nas políticas públicas, pois, conforme explica Torres;
Dias (2011, p. 209), “em determinados momentos sua intima relação com o governo tende a
favorecer sua atuação no contexto de definição de texto das políticas”.
A leitura da política pelas lentes da TD e constructos teóricos de Stephen Ball (2009)
reconduziram-nos à revisão de críticas tecidas à “cooptação dos movimentos sociais” pelos
partidos de esquerda que governaram o país por quase duas décadas. Afinal, em processos
Todos; Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/2003; Indagações sobre currículo :
diversidade e currículo (Gomes, 2007); Igualdade racial no Brasil: reflexões no Ano Internacional dos
Afrodescendentes; Superando o Racismo na escola.
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políticos, envoltos por relações de poder, cuja centralidade é o alvo, a articulação é a peça
determinante e irrefutável para a hegemonia que “só pode ter lugar num campo dominado por
práticas articulatórias” (Laclau; Mouffe, 2015a, p. 254).
Nessa perspectiva, utilizamos como exemplo as pesquisadoras/militantes do
Movimento negro que assumiram papéis relevantes na história das políticas públicas
afirmativas no país, a fim de ilustrar a dinâmica destas identidades nesse movimento cíclico e
determinante nas formulações de políticas inéditas nos governos Lula/Dilma. Confirmamos
neste movimento, que o origem na política: atos de poder, em todos os contextos
tentando produzir um centro na significação e fechar a estrutura discursiva, mesmo que precária
e contingencialmente” (Lopes, 2016, p. 9).
A história e atuação dessas e de tantas outras representações do Movimento Negro e
intelectuais da temática étnico-racial, a exemplo de Ana Célia de Silva, Petrônio Domingues,
Elisa Larkin Nascimento, Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez, Clóvis Moura, Florestan
Fernandes
8
, que seja contrapondo-se às teorias que favoreciam as ideologias etnocêntricas e a
democracia racial, seja difundindo o antirracismo e a reeducação de mentalidades, revelam o
quão histórica e potente é a atuação do Movimento afrodescendente.
Desde a década de 1930, esse Movimento se articula, formando sua militância,
constituindo comunidades epistêmicas, “configurando intelectualmente suas ações” e
organizando ramificações políticas e sociais, que “vem ao longo dos tempos erigindo a história
do povo negro e gestando sua educação” em torno das lutas por transformações na sociedade.
Segundo Silva e Barbosa (1997, p. 9-11), “já não se trata apenas de denunciar as
opressões desde sempre sofridas, tampouco de proclamarem-se humanos diante dos que os
desumanizam, mas sim de expressar conhecimento crítico da realidade vivida e a partir dele
organizar suas ações” em lutas que desencadeiem e legitimem as demandas desse movimento
nas potentes e progressistas políticas afirmativas conquistadas nas últimas décadas.
Tivemos avanços no reconhecimento da existência do racismo e da
discriminação social. Esse é um dos grandes feitos do governo federal na
última década, tendo como ícone o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas
precisamos ter consciência de que, apesar de todo avanços, ainda não estamos
8
Citamos, como exemplo, algumas obras desses intelectuais que evidenciam sua contribuição para a abordagem
das relações raciais no Brasil: SILVA, Ana C. A discriminação do negro no livro didático. 3.ed. Salvador:
Edufba,2019. DOMINGUES, Petrônio. Protagonismo negro em São Paulo: história e historiografia. São Paulo:
Edições SESC, 2019. MOURA, Clovis. Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Ática, 1988. NASCIMENTO,
ELISA L. O sortilégio da cor. São Paulo: Selo Negro, 2003. NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro
brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva, 2001. GONZALEZ, Lélia. Por
um feminismo afro-latino-americano. Organizado por. Flávia Rios e Márcia Lima. Rio de Janeiro: Zahar Editores,
2020. FERNANDS, Florestan. Brancos e negros em São Paulo. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959.
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no poder da forma como devemos estar. O investimento na gestão da
administração pública enfrentando o desfio de incluir as demandas históricas
da população negra contribui para o desenvolvimento da nação, pois não
democracia com racismo (Sampaio, 2012, p. 102).
Portanto, os significados representados por discursos, “primeiro elemento ontológico
presente em toda configuração social ou política” (Mendonça, 2015, p.75), protagonizados por
esse Movimento, mobilizou dentre outras demandas e políticas, a alteração do currículo,
incluindo nele, conhecimentos e princípios de promoção da igualdade, de combate ao racismo,
de justiça social e valorização da diversidade e das diferenças.
Neste contexto, operou-se a lógica da diferença pela presença de elementos
heterogêneos, representada pelas reivindicações históricas dos Movimentos negro e
Quilombolas, bem como a lógica da equivalência explicada pela convergência de demandas
diferentes, ou seja, pontos de intersecção, diferenças dissolvidas em cadeias de negociação de
sentidos. Essas, por sua vez, convergem mutuamente na ação desses grupos étnico-raciais, que
podem ou não ser universalizadas, a depender, segundo Laclau (2011), da constituição de um
significante vazio, quando um significante particular é hegemonizado, passando a representar
a universalidade na cadeia de equivalência.
Mas, no sentido de serem os significantes dos excluídos (ou simplesmente da
exclusão), as várias categorias excluídas devem cancelar suas diferenças por
meio da formação de uma cadeia de equivalências daquilo que o sistema
demoniza para significar a si mesmo. Novamente vemos aqui a possibilidade
de um significante vazio anunciando a si mesmo por meio dessa lógica em
que as diferenças se dissolvem em cadeias equivalências (Laclau, 2011, p. 70-
71).
Ao comparar os textos-base da política curricular para a, (Brasil, 2003b) e (Brasil,
2008b) e suas diretrizes, com os textos políticos produzidos durante o governo Dilma, observa-
se a prevalência de seis potentes discursos em torno do significante ERER. Esses discursos, que
se mantiveram, potencializaram ou se deslocaram ao longo do tempo, redimensionando os
textos da política e operando nas práticas articulatórias desde a criação da política em 2003,
incluem: valorização e (re)conhecimento da diversidade, justiça social, promoção da igualdade
racial, eliminação das desigualdades, combate ao racismo e respeito às diferenças.
Esses discursos potencializaram a produção, hegemonia e consolidação das políticas
afirmativas e identitárias, proliferadas durante as últimas décadas, pois, conforme formulação
laclauniana retomada em (Lopes, 2018, p. 144), “hegemonia equivale ao discurso. Um discurso
constituinte de uma hegemonia, é efeito de uma prática articulatória. Os elementos de um
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discurso não são pré-existentes a essa prática. São produzidos em termos relacionais e
contextuais na articulação”.
Os elementos diversidade, combate ao racismo e eliminação das desigualdades, lidos
nos textos políticos, ora como significante, ora como significado, associados fortemente às
políticas educacionais, mantiveram-se como carro chefe e “pano de fundo” das políticas
curriculares nos governos Lula/Dilma.
Ademais, o próprio slogan e logomarca “Brasil: um país de todos” do governo Lula,
enuncia a forte marca da diversidade e inclusão, conforme estudo de Jorge (2017), ao explicar
que o sentido da logomarca se baseia no mito das três raças e ao retratar a população brasileira
unida nessa diversidade, tanto na efusão de cores, quanto no slogan, no qual as letras da sílaba
“SIL” da expressão BRASIL “País de todos”, representam os três grupos étnico-raciais
fundadores da população brasileira. No primeiro mandato de Dilma, continua a autora, o slogan
explicita a pauta do Governo Federal, acabar com a pobreza/eliminar as desigualdades, e o
discurso de “potência econômica” dá lugar à principal contradição brasileira: país com muitas
riquezas, porém com grande desigualdade social. No segundo mandato (2014-2016), o slogan
é trocado, pois novas pautas para o governo, “Pátria educadora” enuncia o novo foco do
Governo Federal: a educação e a cidadania.
O Documento de apoio à política curricular de ERER, intitulado “Contribuições para
implementação da Lei n.º 10.639/2003” (Brasil, 2008a, p. 28), enfatiza e corrobora com a leitura
acerca da significação de ERER enquanto valorização da diversidade, que como mencionado,
desloca-se polissemicamente como significante e/ou como significado, relacionando-se a outras
expressões de sentido nas cadeias de significação da política curricular.
Além disso, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
Raciais (DCNs/ERER) de 2004, observa-se que os significados atribuídos ao termo ERER
flutuam em um movimento discursivo complexo. Esses significados o expressos pelas
demandas de reparação, reconhecimento e combate ao racismo, ancoradas nos discursos de
promoção da igualdade, valorização da diversidade e reeducação das relações étnico-raciais
(RER). Essas demandas respondem por ações afirmativas de reconhecimento e valorização da
história, cultura e identidade afrodescendente, transformadas em políticas públicas e
sistematizadas no Plano Nacional de Implementação das DCNs/ERER e para o ensino de
história e cultura afro-brasileira e africana (Brasil, 2013a). Estas diretrizes estão previstas tanto
na Constituição Federal de 1988 (Art. 5º, I, Art. 210, Art. 206, I, § do Art. 242, Art. 215 e
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Art. 216) quanto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/1996, Art. 26, 26A
e 79 B).
Desse modo, é possível identificar o sentido de valorização da diversidade associado à
“Política de reconhecimento”, conferido ao significante ERER no texto das DCNs/ERER
(Brasil, 2013b, p. 134) e em seu Plano de implementação, cuja adoção requer e significa
reconhecimento e valorização da diversidade étnico-racial e cultural constitutiva da população
brasileira. Segundo o parecer, o “reconhecimento requer a adoção de políticas educacionais e
de estratégias pedagógicas de valorização da diversidade, a fim de superar a desigualdade
étnico-racial presente na educação escolar brasileira” (Brasil, 2013b, p. 135).
Portanto, o sentido de (re)conhecimento presente nos textos dessa política curricular
vincula-se aos discursos de diversidade e Promoção da igualdade, visando à reparação das
injustiças e exclusões impostas à população negra e outros segmentos étnico-raciais
subalternizados e silenciados, a exemplo dos indígenas e quilombolas que, ainda nos dias atuais,
sofrem com as heranças do processo colonizador e escravista.
O questionamento ao currículo, feito pelos movimentos negros e indígenas ao
reconhecerem a Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER) por meio do ensino da história
e das culturas afro-brasileira e indígena, conforme as perspectivas da Lei n.º 11.645/2008 e do
Parecer CNE/CEB n.º 14/2015, que dispõem sobre as Diretrizes Operacionais para a
Implementação da História e Culturas dos Povos Indígenas na Educação Básica (DOIHCPI),
em decorrência da Lei n.º 11.645/2008 (Brasil, 2016a), representa discursos que advogam pela
superação de propostas educacionais monoculturais e pela abertura à pluralidade e ao
reconhecimento das diferenças. Estes textos promovem a construção de relações étnico-raciais
positivas, mediante a promoção da interculturalidade ou educação interétnica, discursos e
sentidos observados, mesmo que de modo tangencial, no Plano de Implementação das
DCNs/ERER, formalizado pelo MEC/SECADI em 2009 e reeditado em 2013. Conforme Rita
do Nascimento, representante indígena no CNE e relatora das Diretrizes Operacionais para a
Implementação da História e das Culturas dos Povos Indígenas na Educação Básica
(DOIHCPI):
[...], o movimento indígena reconhecendo também a importância da Lei em
questão para a pauta de uma educação intercultural, assumida como
bandeira de luta para uma sociedade plural, democrática e com relações
interétnicas menos desiguais, tem assumido como ação estratégica em suas
reivindicações a efetiva implementação da Lei nº 11.645/2008 (Brasil, 2016a,
p. 7, grifos nossos).
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A tramitação e aprovação das DOIHCPI (Brasil, 2016a) expressa articulações em torno
da legitimidade da dimensão indígena na política curricular de ERER, e redimensionamento
dos sentidos de Reconhecimento e combate às discriminações étnico e raciais, agora dirigidas
aos indígenas.
Conforme enunciado, o texto deste Parecer expressa o interesse, a articulação e a
decisão política de tensionar o sentido da diferença nas políticas de Educação das Relações
Étnico-Raciais (ERER). Esse movimento visa dar voz às demandas silenciadas, também
presentes nas políticas de currículo, como as dos indígenas e quilombolas. Dessa forma, busca-
se possibilitar representações e relações positivas das diferentes culturas e etnias formadoras do
povo brasileiro, com o objetivo de combater a discriminação étnico-racial e garantir a
preservação de suas especificidades, ancestralidades e diferenças étnicas e culturais.
Assim, é possível identificar nos textos da política, produzidos no período de 2011-2016
o deslocamento, a emergência e a potencialização do discurso e sentido de valorização da
diferença que ora é equivalenciado, ora se prepondera ao sentido de diversidade, acentuado nos
textos basilares da política de ERER. Esta significação da política com o sentido da diferença
é mobilizada pelos discursos em defesa da multiculturalidade e uma educação intercultural ou
interétnica, enunciados nas DCNs/EEQ (Parecer CNE/CEB n.º 16/2012), nas DOIHCPI
(Parecer CNE/CEB n14/2015), bem como nos Planos, resoluções de Conferências e relatórios
técnicos deste período. Reiteramos com Tomé e Macedo que
[...] a questão da diferença ou da diversidade está cada vez mais presente nas
políticas públicas no Brasil. Por um lado, as demandas e pressões de
movimentos sociais foram garantindo maior representação de grupos
identitários historicamente excluídos. Por outro, em nível internacional, um
conjunto de agentes multilaterais passou a incorporar um discurso
multicultural que promete minorar os efeitos da globalização desigual (Tomé;
Macedo, 2018, p. 305).
Para melhor explicar esse deslocamento do sentido da diferença nas políticas produzidas
no governo Dilma, transporto para este estudo questionamentos levantados por Candau (2008),
que explica e ratifica a existência destas tensões entre a igualdade e as diferenças no contexto
atual de crises de paradigmas, marcado por uma globalização neoliberal excludente: “Será que
estamos vivendo hoje um deslocamento de ênfase? Somos todos iguais ou somos todos
diferentes? Queremos ser iguais ou queremos ser diferentes?”
Nesse sentido, a autora cita o Relatório do Desenvolvimento Humano (2004), do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e enfatiza que, “hoje o centro de
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interesse se deslocou, o que não significa dizer “que se nega a igualdade, mas que se coloca
muito mais em evidência o tema da diferença” (Candau, 2008, p. 46).
O discurso da diferença é também ecoado nas DCN/s para a Educação em Direitos
Humanos (Parecer CNE/CP n08/2012), a qual apresenta como um de seus princípios, o
reconhecimento e a valorização das diferenças e das diversidades, bem como nas DCNs/EEQ,
cujo currículo deve “ser construídos a partir dos valores e interesses das comunidades
quilombolas em relação aos seus projetos de sociedade e de escola”, tendo em vista que tais
singularidades demandam dos sistemas de ensino a garantia de uma educação igualitária e que,
ao mesmo tempo, reconheça o direito à diferença aos coletivos sociais diversos que compõem
a nossa sociedade (Brasil, 2013b, p. 471, grifos nossos).
Identifico, por meio da análise documental da política curricular para a ERER, uma forte
demarcação do binômio Promoção da igualdade/Combate às desigualdades na significação
desta política. Nas palavras da ex-presidenta Dilma Rousseff, mesmo com os avanços
alcançados em prol da igualdade racial, a discriminação persiste nesta sociedade. “Os
afrodescendentes ainda são os que mais sofrem com o desemprego, a extrema pobreza e a
violência, que tem vitimado tantos jovens nas nossas periferias urbanas”, portanto, o
reconhecimento da contribuição dos afrodescendentes deve, necessariamente, ser acompanhado
de políticas públicas de promoção da igualdade” (Rousseff, 2011, s/p.).
Reiterando os argumentos previamente enunciados, é possível considerar que as
desigualdades ainda constituem um forte demarcador nas estatísticas e indicadores sociais do
Brasil. Essas desigualdades foram forjadas ao longo da história do país pelos modelos de
desenvolvimento socioeconômico característicos dos sistemas imperialista, escravista,
republicano e capitalista, cuja lógica ainda impera, atingindo de maneira perversa as classes
populares empobrecidas.
Neste aspecto, reforçamos que estas bases estruturais do Brasil são as principais raízes
das desigualdades impressas, imperativamente, nas digitais do país. No que se refere à política
étnico-racial discutida nesta pesquisa, justificamos com as DCNs/ERER, aprovadas em 2004 e
redimensionadas no governo Dilma, que “no pós-abolição foram formuladas políticas que
pretendiam o branqueamento da população pela eliminação simbólica e material da presença
dos negros, estimularam ou produziram as escandalosas desigualdades entre brancos e negros,
estruturadas no processo colonizador” (Brasil, 2013b, p. 137). Paralelo a esse período, as
políticas republicanas consolidaram-se com a difusão da democracia racial, cuja herança fora a
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negação da cidadania, do direito a ter direitos, da reinvenção do racismo e esquecimento dos
afrodescendentes.
Outra consequência das ideologias do branqueamento argumentada nas Diretrizes é sua
influência danosa em pessoas negras que “tendem a reproduzir o preconceito do qual são
vítimas. O racismo imprime marcas negativas na subjetividade dos negros e na dos que os
discriminam” (Brasil, 2013b, p. 137), pois, como enfatizado por Nascimento (2003), ele
demonstra-se flexível e sutil, atuando por meio de representações sociais em nível do
subconsciente ou do imaginário social.
Além de operar desigualdades sociais o racismo cumpre funções mais amplas
de dominação [...]. Não precisa ser explicitada em linguagem direta, pois
instala-se mediante o processo de socialização, na representação do real
internalizado pelos indivíduos. A hegemonia ocidental, invisível e emudecida,
impera nos padrões de cultura e infiltra-se na constituição dos sujeitos
(Nascimento, 2003, p. 58).
Foi nesse sentido que o Movimento negro, em seus diversos segmentos, empreendeu
suas lutas e reivindicações, inicialmente capitaneadas pelo combate ao racismo estrutural e suas
consequências nocivas. A luta contra o racismo se constituiu como a principal demanda deste
movimento e desencadeou outras bandeiras, inclusive propostas e exigências por uma
(Re)educação das relações étnico-raciais, conforme anunciado por Silva e Barbosa (1997) na
obra “O pensamento negro em educação no Brasil”.
A necessidade de que as relações interétnicas, no Brasil, definitiva e
rapidamente se transformem, tem acentuado as práticas do Movimento negro
no sentido de influenciar nos conteúdos e processos pedagógicos escolares.
Projetos alternativos m sendo implantados por diferentes grupos, em todo o
país. Propostas estão sendo apresentadas aos sistemas de ensino e as escolas,
que começam a acolhê-las com entusiasmo, assumindo abertamente uma
posição de combate ao racismo e a todo tipo de discriminação (Silva; Barbosa,
1997, p. 9).
Ademais, as estatísticas operadas nas diversas agências de pesquisa, a exemplo do
IBGE, PNAD, INEP, e em estudos de órgãos internacionais como a ONU e a UNESCO,
convergem para a constatação de que as desigualdades possuem alvo definido por fatores de
gênero, sexo, raça e cor, retendo segmentos afrodescendentes e indígenas em condição de
marginalização e nas fronteiras da cidadania e da emancipação.
Esta trágica constatação é feita em Hasenbalg e Silva (2003), numa densa análise sobre
a evolução temporal das desigualdades no Brasil ao longo de duas décadas (1980-1999) e sua
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relação com os diversos estratos sociais. Para Silva (2003, p. 445), o Brasil se encontra entre os
países mais desiguais do mundo e Hasenbalg (2003, p. 470) denunciava que as assimetrias
entre desigualdades/pobreza e o estrato cor/raça “apontam para a presença de processos
discriminatórios que atuam cumulativamente ao longo do ciclo de vida individual nas etapas
formativas anteriores ao ingresso no mercado de trabalho, bem como no próprio mercado de
trabalho”.
De acordo com os dados da Oxford Committee for Famine Relief (OXFAM), em 2016,
negros ganhavam o equivalente a 57% dos rendimentos médios dos brancos. Já em 2017, essa
razão diminuiu para 53%. Ademais, numa longa estagnação de equiparação iniciada em 2011
(Oxfam Brasil, 2018, p. 20), há sete anos esse percentual não ultrapassa os 57%. Esta injusta e
contumaz distribuição impõe à população negra a condição de extrema pobreza, permanecendo
“sub-representada entre os mais ricos e sobrerrepresentada entre os mais pobres: em 2009, no
primeiro décimo da distribuição (10% mais pobres da população), os negros correspondiam a
72%” (Brasil, 2011b, p. 35).
Estes dados se ramificam e repercutem na realidade educacional, anunciada
reiteradamente nos documentos oficiais das políticas afirmativas e educacionais, enquanto
desafios a serem assumidos pelo Estado e por toda a sociedade.
No que se refere às desigualdades educacionais entre indígenas e a população brasileira
total, os índices são também preocupantes. A publicação “Educação na diversidade: como
indicar as diferenças?” (Brasil, 2006a, p. 62), segundo a qual a Educação Escolar Indígena
apresenta os menores índices, ou seja, as maiores desigualdades socioeducacionais dentre os
grupos analisados. Esta realidade é reconhecida no Plano de Implementação das DCNs/ERER
e mobiliza, nesse texto da política, discursos de Eliminação das desigualdades associada a
Educação para as relações étnico-raciais, significada, por sua vez, pelo sentido ambivalente de
“Promoção da igualdade/Eliminação das desigualdades raciais e sociais. Conforme evidenciado
neste importante instrumento de planejamento da política, “no Ensino fundamental as
desigualdades educacionais no recorte étnico-racial é marcante e perversa”, por isso a
Educação das Relações Étnico-Raciais deve ser um dos elementos estruturantes do projeto
político-pedagógico das escolas” (Brasil, 2013a, p. 50).
Diante dessa realidade diversa e desigual, é essencial que a formulação de políticas
públicas considere as especificidades e necessidades dos diferentes grupos étnico-raciais. Nesse
sentido, é coerente adotar a crítica da Teoria do Discurso (TD) às políticas universalistas e à
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normatividade. Ao optar pela desuniversalização dos sujeitos políticos, busca-se romper com
todas as formas de essencialismo (Mouffe, 2003), considerando que:
A fantasia da identidade plenamente unificada é denunciada, e no mesmo
movimento, é reeditado o marco universalista como forma de fazer valer o
desejo de igualdade das políticas de reivindicação identitárias. Nos termos de
Laclau (2000) o problema é que a afirmação de identidades particulares afirma
também “aquelas de que se distinguem e, nesse sentido, o contexto normativo
em que a distinção está posta (Tomé; Macedo, 2018, p. 323).
Nesse sentido, a vasta criação de órgãos e mecanismos governamentais, a exemplo da
SEPPIR (Brasil, 2003), da SECADI/MEC (Brasil, 2004), da CADARA (Brasil, 2005) e da
própria Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Brasil, 2003a), se constitui
enquanto divisor de águas na implementação de políticas públicas de inclusão, promoção da
igualdade racial e combate às desigualdades, anunciando a disposição de enfrentar o desafio de
desenvolver e implementar políticas de inclusão educacional. Para isso, são consideradas as
especificidades das desigualdades brasileiras e assegurado o respeito e a valorização dos
múltiplos contornos, evidenciados pela diversidade étnico-racial, cultural, de gênero, social,
ambiental e regional do território nacional (Brasil, 2013a).
A instituição da SEPPIR e da SECADI, e a profícua parceria entre estas duas
secretarias, ocorre em diversas ações e programas por meio de uma ampla
conjugação de esforços em todo o país para implementação de políticas
públicas de combate à desigualdade [...].
[...] o Estado estabelece as bases para que as políticas públicas de educação
para a diversidade se tornem uma realidade no país. Tem o intuito, ainda, de
fomentar sua continuidade, construindo colaborativamente, com os mais
diversos setores, as linhas de ação que anteveem uma maior abrangência em
benefício dos cidadãos historicamente mais vulneráveis (Brasil, 2013a, p. 10).
Esse amplo conjunto de medidas insinuam a decisão política de dar centralidade às
questões étnico-raciais e às políticas para a diversidade. Os slogans dos mandatos do governo
Dilma, nos quais se interpretou uma certa obstinação para se combater, por meio da Educação
(Brasil, pátria educadora), as desigualdades socioeconômicas (País rico é um país sem pobreza),
pode ser interpretado como um modo pelo qual essa decisão foi evidenciada.
No âmbito educacional, a decisão de transversalizar as políticas de ERER, oficializada
pela Portaria normativa MEC n.º 21/2013, que incluiu a ERER e o Ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira e Africana, a promoção da igualdade racial e enfrentamento ao racismo nos
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programas e ações do Ministério da Educação (Brasil, 2013d), reitera o consenso de que a
escolaridade e as políticas curriculares para a ERER são fatores relevantes para a eliminação
das desigualdades e a promoção da igualdade racial.
Essa opção política é também salientada e materializada com a decisão do governo de,
pela primeira vez na história, incluir dentre o Mega objetivo I, do Plano Plurianual (PPA) 2004-
2007, o desafio de “promover a redução das desigualdades raciais” (Brasil, 2003d, p. 56), o que
demonstra certa obstinação em colocar as questões étnico-raciais na agenda política, garantindo
a materialização das políticas da diversidade, por meio de seu planejamento e financiamento.
Nesse contexto, identificamos os discursos e sentidos de ERER fixados nos textos
primários desta política, transversalizando outras políticas curriculares, produzidas nos
governos Lula/Dilma, a exemplo da Educação em Direitos Humanos (EDH), que, a partir de
2003, ganha um Plano Nacional em Educação em Direitos Humanos (PNEDH), revisto em
2006, o qual se configurou como uma política educacional do Estado. Em linhas gerais, pode-
se dizer que o Plano ressalta os valores de respeito, solidariedade, fraternidade, justiça social,
inclusão, pluralidade e sustentabilidade (Brasil, 2013b, p. 332) e, por isso, enfatiza os discursos
e sentidos presentes nas DCNs/ERER, inserindo em suas proposições as demandas por
(re)conhecimento, valorização da diversidade, respeito às diferenças de segmentos
marginalizados e subalternizados socialmente, a exemplo de negros, indígenas e quilombolas.
Essa transversalidade e circulação são também destacadas pela relatora do Parecer
CNE/CEB n.º 8/2012, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação em
Direitos Humanos (DCNs/EDH) (Brasil, 2013b, p. 327), Rita Gomes do Nascimento
9
. Ela
reconhece a evolução e o fortalecimento das políticas de Educação em Direitos Humanos na
última década, representadas por mecanismos oficiais que visam, entre outros objetivos, a
proteção e promoção dos direitos de crianças e adolescentes, a educação das relações étnico-
raciais, a Educação Escolar Quilombola e a educação escolar indígena (Brasil, 2013b, p. 332,
grifo nosso). Essas políticas afirmativas são destinadas à diversidade social e étnico-racial,
sendo centralizadas no contexto das políticas públicas nas últimas décadas.
Nestes termos, a ERER faz-se imperativa, tendo em vista sua importância e finalidades
enunciadas no texto de suas Diretrizes, que remete aos sentidos e discursos hegemonizados nos
processos de sua formulação e oficialidade, nos contextos de influência e de produção de texto.
9
A conselheira, representante dos povos indígenas no CNE, relatou também o Parecer CNE/CEB nº 14/2015 das
Diretrizes Operacionais de Implementação da História e das Culturas dos Povos Indígenas na Ed. básica e presidiu
a Comissão responsável pela elaboração das DCNs/para a Educação Escolar Quilombola (EEQ) relatada por Nilma
Lino Gomes (representante do movimento negro).
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É possível, pois, localizar esses sentidos discursivos enunciados nas finalidades da ERER que,
conforme o Parecer CNE/CP n.º 003, impõe a construção de “uma sociedade justa, igual,
equânime, além de:
Combater o racismo, trabalhar pelo fim da desigualdade social e racial,
empreender reeducação das relações étnico-raciais não o tarefas
exclusivas da escola..., porém o racismo, as desigualdades e discriminações
correntes na sociedade perpassam por ali...[...].
Para obter êxito, a escola e seus professores não podem improvisar. Têm que
desfazer mentalidade racista e discriminadora secular, superando o
etnocentrismo europeu, reestruturando relações étnico-raciais e sociais,
desalienando processos pedagógicos (Brasil, 2013b, p. 136, grifo nosso).
No trecho acima, é analisada a forte imbricação entre Educação das Relações Étnico-
Raciais (ERER) e “combate ao racismo”, que assume especial relevância na significação dessas
políticas. Essa relação é evidenciada pela sua presença em todos os textos oficiais relacionados
às políticas étnico-raciais, flutuando entre os discursos e demandas dos diversos movimentos
da sociedade. Tornou-se até objeto de campanhas na mídia e slogan de programas e políticas
governamentais devido aos danos causados por essa construção social. Originado nos processos
colonizadores e imperialistas, o racismo estrutural ainda influencia as relações sociais e raciais,
bem como o imaginário social de negros e não negros. Na hierarquia de equivalência dessas
políticas, o combate ao racismo ocupa um lugar de destaque como significante, significado ou
mesmo como ponto antagônico.
Em seu pronunciamento na Cerimônia de assinatura de Atos para a reforma Agrária e
Comunidades quilombolas (01/04/2016), a presidenta Dilma Rousseff reafirma a decisão
política do governo em travar a luta contra o racismo: “Queremos e vamos continuar colocando
o Estado brasileiro para atuar em favor da superação da enorme desigualdade racial e desse
preconceito que ainda vige em nosso País” (Rousseff, 2016, s/p.).
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Considerações finais
Neste artigo apresentamos uma análise acerca dos discursos e sentidos de educação das
relações étnico-raciais presentes nos documentos produzidos no período 2011-2016. A leitura
do texto das DCNs/ERER aponta que a superação do racismo é um imperativo e combatê-lo se
tornou uma responsabilidade moral e política, construindo com os que vêm sendo mantidos à
margem, relações raciais e sociais, em que todos cresçam e se realizem enquanto seres humanos
e cidadãos. Frente a isso, defendemos a criação de pedagogias antirracistas, pois educar para as
relações étnico-raciais significa desenvolver consciência política da diversidade e ações de
combate ao racismo e a discriminações que conduzam “à superação da indiferença, injustiça e
desqualificação com que os negros, os povos indígenas e também as classes populares às quais
os negros, no geral, pertencem, são comumente tratados” (Brasil, 2013b, p.140).
Argumenta-se sobre a potencialidade e persistência dos discursos de combate ao
racismo em outras esferas discursivas e sociais, especialmente no cenário político. Isso é
evidenciado pelo protagonismo desses discursos durante as últimas eleições presidenciais de
2018, quando demandas de cunho neoliberal e ultraconservador, marcadas por discursos
racistas, homofóbicos e sexistas, se contrapuseram às demandas de gênero e raça representadas
pelos diversos movimentos sociais (negro, quilombola, indígena, feminista, LGBTQIAP+).
Esses movimentos foram unificados, nesse contexto, pelo uso do significante vazio
“#EleNão#”.
Desse modo, o combate ao racismo, por meio de uma educação antirracista e pela
promoção de representações sociais positivas e relações raciais saudáveis, se configura como
principal objetivo e significado/sentido da ERER orientada nos textos secundários desta
política, a exemplo do Documento “Contribuições para implementação da Lei n
10.639/2003
10
.
No texto das DCNs/ERER é advertido que o enfrentamento ao racismo não é uma
demanda exclusiva do Movimento Negro, mas deve ser luta de toda a sociedade. Com base na
política estudada, educar para as relações étnico-raciais significa, também, combater o racismo
por meio da adoção de pedagogias de combate a discriminações, baseadas nos princípios de
igualdade e elaboradas com o objetivo de reeducação de mentalidades e das relações étnico-
raciais positivas.
10
O Documento consta de uma sistematização da proposta para o Plano Nacional de Implementação das
DCNs/ERER, elaborado pelo grupo de Trabalho Interministerial, instituído pelo MEC/MJ/SEPPIR.
Zelânia do Carmo SILVA e Benedito G. EUGENIO
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 8, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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Outro discurso pulverizado nas Políticas Curriculares para a ERER, mas potencializado
nos textos das DCNs gerais da Educação Básica, nas deliberações da CONEB-2008, da
CONAE de 2010 e 2014, bem como no PNE 2014-2024, foi o significante “educação com
qualidade social” ou “Qualidade social da educação”, que relacionado a outros significantes, é
associado ao discurso de valorização da diferença e Promoção da Igualdade.
Portanto, a qualidade social demandada é “Aquela que promove a valorização das
diferenças, a igualdade de condições e oportunidades, respeitando as especificidades regionais”
(Brasil, 2008c, p. 25) e que valoriza o caráter contextual e as identidades heterogêneas
constitutivos do social.
A realidade de acesso, permanência e sucesso escolar da maioria da população
pertencente aos segmentos negro, indígena e quilombola, juntamente com sua preponderância
nos piores indicadores sociais e educacionais, possivelmente são os fatores responsáveis pela
variação do significado de “educação de qualidade” ou “qualidade social” nas discussões dos
movimentos representativos desses grupos. Isso também influencia a mobilização de
significados nas políticas de currículo para a Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER).
Além destes, é importante destacar, também, a emergência da problematização dos
discursos de “igualdade e inclusão”, operando flutuação de significantes e a ressignificação
desses sentidos inqueridos pela ótica da pluralidade, interculturalidade e reconhecimento do
direito à diferença. Estas provocações são acentuadas na cadeia discursiva pelas oficialidades
de textos secundários, porém não menos importantes (desdobramentos da Lei n.º 11.645/2008,
da Lei n.º 10.639/2003 e suas Diretrizes), cuja produção expressa maior organicidade e
planejamento da política de ERER.
Articulações discursivas e sentidos de educação das relações étnico-raciais para a educação básica
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não aplicável.
Financiamento: Não aplicável.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Não aplicável.
Disponibilidade de dados e material: Não aplicável.
Contribuições dos autores: A primeira autora ficou responsável pelo mapeamento do
corpus de análise e elaboração do artigo. O segundo autor foi responsável pela elaboração
e revisão do artigo.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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DISCURSIVE ARTICULATIONS AND EDUCATIONAL MEANINGS FOR ETHNIC-
RACIAL RELATIONS IN BASIC EDUCATION
ARTICULAÇÕES DISCURSIVAS E SENTIDOS DE EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES
ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA
ARTICULACIONES DISCURSIVAS Y SIGNIFICADOS DE EDUCACIÓN PARA LAS
RELACIONES ÉTNICO-RACIALES EN LA EDUCACIÓN BÁSICA
Zelânia do Carmo SILVA1
e-mail: zelania.silva@educacao.ba.gv.br
Benedito G. EUGENIO2
e-mail: benedito.eugenio@uesb.edu.br
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SILVA, Z. do C.; EUGENIO, B. G. Discursive articulations
and educational meanings for ethnic-racial relations in basic
education. Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v.
8, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 2177-5060. DOI:
https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.17461
| Submitted: 20/05/2023
| Revisions required: 13/09/2023
| Approved: 26/11/2023
| Published: 30/12/2023
Editors:
Prof. Dr. Célia Tanajura Machado
Prof. Dr. Kathia Marise Borges Sales
Prof. Dr. Rosângela da Luz Matos
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
State Department of Education (SEC/BA), Itapetinga BA Brazil. Bachelor's degree in Pedagogy (UESB),
Master's degree in Teaching (UESB). Pedagogical Coordinator in the State Education Network of Bahia.
2
State University of Southwest Bahia (UESB), Vitória da Conquista BA Brazil. Doctoral degree in Education
(UNICAMP). Professor at the State University of Southwest Bahia and the Graduate Program in Teaching.
Discursive articulations and educational meanings for ethnic-racial relations in basic education
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 8, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.17461 2
ABSTRACT: Based on Laclau and Mouffe's Theory of Discourse and Ball's Cycle of Policies,
this article aims to present an analysis of the education curriculum policy for ethnic-racial
relations. The text works with categories from the Poststructuralist and Postfoundationalist
perspectives. With this theoretical support, we seek to argue for a discursive theory of
curriculum that conceives it as an arena of dispute and interprets curriculum policy as the
struggle for its meaning, resulting from articulations of demands that aim to universalize
particular meanings. In this sense, we evidenced that the articulations around the production of
curricular education policies for ethnic-racial relations, discussed here, involved different
political agents, such as the black movement disputing its significance in the perspective of
hegemonizing historical demands, materialized by the inclusion of the Teaching of African and
Afro-Brazilian History and Cultures in the curriculum, regulated by Laws 10.639/2003 and
11.645/2008.
KEYWORDS: Ethnic-racial relations. Speech. Curriculum.
RESUMO: Este artigo objetiva apresentar, com base na Teoria do discurso de Laclau e Mouffe
e do Ciclo de políticas de Ball, a análise da política curricular de educação para as relações
étnico-raciais. O texto trabalha com categorias das perspectivas Pós-estruturalista e Pós-
fundacionalista. Com esse aporte teórico, buscamos argumentar por uma teoria discursiva de
currículo que o concebe como arena de disputa e interpreta a política curricular como a luta
por sua significação, resultante de articulações de demandas que visam universalizar sentidos
particulares. Evidenciamos que as articulações em torno da produção das Políticas
curriculares de educação para as relações étnico-raciais, aqui discutidas, envolveram
diferentes agentes políticos, a exemplo do movimento negro disputando sua significação na
perspectiva de hegemonizar demandas históricas, materializadas pela inclusão do Ensino da
História e das culturas africana e afro-brasileira no currículo, normatizado pelas Leis n.º
10.639/2003 e 11.645/2008.
PALAVRAS-CHAVE: Relações étnico-raciais. Discurso. Currículo.
RESUMEN: Con base en la Teoría del Discurso de Laclau y Mouffe y el Ciclo de Políticas de
Ball, este artículo tiene como objetivo presentar un análisis de la política curricular de
educación para las relaciones étnico-raciales. El texto trabaja con categorías desde las
perspectivas Postestructuralista y Postfundacionalista. Con este sustento teórico, buscamos
argumentar a favor de una teoría discursiva del currículo que lo conciba como una arena de
disputa e interprete la política curricular como la lucha por su sentido, resultante de
articulaciones de demandas que apuntan a universalizar significados particulares. En este
sentido, mostramos que las articulaciones en torno a la producción de políticas curriculares
de educación para las relaciones étnico-raciales, discutidas aquí, involucraron a diferentes
agentes políticos, como el movimiento negro que se disputa su significación en la perspectiva
de demandas históricas hegemónicas, materializadas por la inclusión de la Enseñanza de la
Historia y las Culturas Africanas y Afrobrasileñas en el currículo, regulado por las Leyes n.º
10.639/2003 y 11.645/2008.
PALABRAS CLAVE: Relaciones étnico-raciales. Discurso. Currículo.
Zelânia do Carmo SILVA and Benedito G. EUGENIO
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Introduction
The article presents the results of research on the discourses of education for ethnic-
racial relations in the curricular policies for basic education during the period from 2011 to
2016. It is theoretically and methodologically anchored in the discourse analysis of the
Discourse Theory (DT) by Ernesto Laclau and Chantal Mouffe. This is a qualitative,
documentary-type research, and the corpus consists of documents produced during this period.
The discursive foundations applied are linked to Post-structuralism and Post-
foundationalism, which do not aim to combat Postmodernist trends but to subvert and radicalize
the boundaries of perspective, pushing thought beyond the limits of a given object.
Applying the propositions of Discourse Theory within the scope of educational and
curricular policy allows us to access and acknowledge that the articulations forged in this
context converge towards the hegemonization of meanings, woven through discursive relations
and resulting from heterogeneous negotiations. These elements, demanded contingently and
precariously, sometimes equate, forming chains of equivalence around a signifier, and
sometimes antagonize in the face of an undeniable constitutive exterior of the social, which, in
turn, operates to bring an end to the chain of signification. Thus, "the relationship between the
logic of difference and the logic of equivalence that constitutes the social is what makes
democratic claims possible, according to Discourse Theory" (Tomé; Macedo, 2018, p. 319, our
translation).
Within the terms of this theoretical conception, we reaffirm the existence of disputes
and negotiations for the centrality of discourses that enunciate meanings in the processes of
signifying curricular policies of Education for Ethnic-Racial Relations (ERER) in basic
education, produced from 2011 to 2016, is natural and healthy. These policies are the result of
societal tension and the claims of social movements, particularly segments of the Black
Movement (including quilombolas), which have been marking spaces of resistance throughout
Brazilian history. Thus, the colonizing process and the slavery regime, marked by oppression,
abandonment, and the invisibility of the history of Afro-descendant and indigenous blacks,
imprint on the main ethnic-racial matrices of the country the marks of these inequalities.
This cruel association is recognized in both national and international documents. For
instance, the Durban Programme of Action states, "We recognize that inequality in political,
economic, cultural, and social conditions can reproduce and promote racism, racial
discrimination, xenophobia, and related intolerance, resulting in exacerbated inequality" (ONU,
2001, p. 26, our translation), Similarly, the National Human Rights Program (PNDH)-3
Discursive articulations and educational meanings for ethnic-racial relations in basic education
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reiterates that "inequalities are compounded by persistent discrimination, which often manifests
as violence against historically and structurally vulnerable individuals" (Brasil, 2010, p. 52, our
translation).
It is possible and common to identify in the political discourses of social movements
and governments, especially those with a progressive bent, the use of the inequality/racial
discrimination relationship over the past decades to justify and advocate for the implementation
of policies in this area in Brazil.
Our analytical focus is on the processes of signification that resulted in the Curricular
Policies for ERER, developed during Dilma Rousseff's government. These measures have
significantly influenced the basic education curriculum over the past decade, impacting
teaching and learning processes and shaping ethnic and racial relations in Brazilian schools and
society.
Discourses and Meanings Articulated in the Curricular Policies for Education on Ethnic-
Racial Relations
Curricular policy, in terms of Decolonial Theory (DT), presents a series of signifiers
that mobilize discourses and meanings. This perspective allows for a reading of the curriculum
that is produced and reinterpreted in different cultural realities, where, through power relations,
there is a struggle to confer centrality to what is supposed or defined, albeit provisionally and
contextually, as the best or most necessary education/school, the most relevant knowledge, the
best policy, among other determined and determining signifiers in educational and/or curricular
policy.
It is within this theoretical perspective that I seek to interpret the polysemy of meanings
attributed to the signifier "Education for Ethnic-Racial Relations" (ERER) in the curricular
policies of basic education, proliferated within the scope of the Workers' Party governments,
and which emphasized discursive productions during the Dilma Rousseff administrations
(2011-2016).
From the outset, we concur with Lopes (2018, p. 133, our translation) regarding the
incompleteness in the analysis of the policy in question, given the impossibility of "full
comprehension of any meaning supposed to be carried by the signifiers of a text," which, being
marked by polysemic fluctuation, allows for numerous possibilities of reading and
interpretations. Proposals and practices will always intersect a policy (read here as Discourses),
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repeatedly reinterpreted and re-signified in its different contexts of influence and production.
Thus, every meaning attributed to the signifier ERER is contextual, provisional, precarious, and
contingent.
Therefore, agreeing with the assertion of Lopes and Macedo (2011a, 2011b) that
Curriculum is a text and, as such, does not have a closed and definitive meaning within the
scope of curricular theory, being open to multiple readings and interpretations, we continue by
asking: What is understood by Education for Ethnic-Racial Relations in curricular policy? How
is this signifier represented in the basic education curriculum policy? Which voices are present
and absent? What intentions, values, purposes, and demands are represented in the texts of this
curricular policy?
Various meanings are attributed to ERER in the texts of this policy. In Laws No.
10.639/2003 and No. 11.645/2008, the goal is to reformulate the Eurocentric curriculum,
justifying that it is "urgent to demystify Eurocentrism to rethink a new model of society in
which we are not all just white, as the textbook makes us believe" (Brazil, 1999, p. 10943). The
aim is to resonate in teaching processes "the history and contributions of Blacks and Indigenous
peoples," which means promoting the (re)cognition of these subjects, historically denied and
discriminated against, also in the school curriculum.
Thus, the initial proposal of this policy, whose official text does not mention the terms
"ethnic-racial relations," diversity, racial equality, or racism, focuses on promoting the
appreciation of respect and combating discrimination through the knowledge intended with the
"Teaching of Afro-Brazilian and Indigenous history and culture." This represents a preliminary
attempt to signify ERER through the teaching of the history and cultures of the main ethnic
groups of the Brazilian people.
On the other hand, in the secondary or supporting texts of this policy, especially in the
productions and expansions developed during Dilma's government, it is possible to identify the
subordination and/or centrality of other meanings and demands. These aspects may have been
left implicit or marginalized in the main text, becoming evident only in their ramifications,
highlighting the place and meaning of the "ethnic" and "racial" characteristics of this policy.
The defining assumptions of this policy tend to privilege the racial aspect over the ethnic,
although there are some exceptions that will be addressed in the next section.
At this moment, we argue that the essence of the policy is to bring to light the ethnic-
racial issues historically neglected in this country. In this sense, I reiterate the contributions of
Gomes (2005) in a supporting document for the implementation of Law No. 10.639/2003:
Discursive articulations and educational meanings for ethnic-racial relations in basic education
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[...] reflecting on the Brazilian racial issue is not something particular that
should interest only people who belong to the Black ethnic/racial group. It is
a social, political, and cultural issue for all Brazilians. In other words, it is an
issue of Brazilian and global society when we expand our reflection on the
relations between Blacks and Whites, among other ethnic-racial groups, in
different international contexts. Ultimately, it is a human issue. Therefore, it
is necessary to talk about the racial issue, demystify racism, and overcome
racial discrimination (Gomes, 2005, p. 51, our translation).
In this perspective, it is worth noting that "If chaos, the free flow of signifiers, deferral,
instability, and emptiness constitute us, any stable meaning, any identity stability can only be
constituted politically, as a result of a political decision" (Lopes, 2018, p. 148-149, our
translation). Thus, the transversality conferred to issues encompassing diversity and the
promotion of racial equality demanded a political decision, not just from a partisan group, but
from the various social and identity subjects intertwined in the network of articulation in favor
of a given policy.
[...] without affirmative actions, we will not make equality of opportunities a
reality... We have already won several battles, but full racial democracy will
still demand what the minister called 'come prepared,' which is immense
determination and strong political will (Rousseff, 2013, s.p., our translation)
3
.
It is a fact that diversity and ethnic-racial debate have had a certain centrality in the
policies developed by the PT governments
4
in recent decades, from the government programs,
registered with the TSE in the elections (2002, 2006, 2010, 2014), which include these
propositions linking them to educational issues, especially in the Documents "Brazil without
racism" and "A school the size of Brazil," to the creation of a National Secretariat for Combating
Racism of the PT in the Party's directory structure. These decisions and political texts
(discourse) reverberate within this government, speeches on the social quality of education, as
a means of combating racism, of economic and social transformation, decisive "to break with
the condition of subalternity of the majority of the people" (PT, 2002a, p. 7, our translation),
being "necessary to go beyond the adoption of antidiscriminatory policies. It is necessary to
3
Speech by President Dilma Rousseff, at the opening ceremony of the 3rd National Conference for the Promotion
of Racial Equality. Available at: http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/discursos/discursos-da-
presidenta/discurso-da-presidenta-da-republica-dilma-rousseff-durante-cerimonia-de-abertura-da-3a-
conferencia-nacional-de-promocao-da-igualdade-racial-brasilia-df. Accessed on: 20 Mar. 2023.
4
We emphasize that by government, we mean political parties that made up the coalition, militancy, social
movements, executive, legislative and normative bodies, epistemic communities, and intellectuals involved in the
policies and actions developed in this period.
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combine them with public policies in various areas and to adopt a new model of development
for Brazil, economically viable, ecologically sustainable, and racially and socially just" (PT,
2002, p. 13, our translation).
In the document "Brazil without racism," this political group emphasizes, in the Axis
destined for education, that: "[...] the construction of a pedagogical project based on the
principles of diversity, equity, and social justice is urgent," and among the actions, one must
"Ensure quality teaching and the adoption of interethnic, interracial, and non-sexist pedagogy
in the educational system," so it is necessary to adopt, in policies supporting scientific and
technological research, equal treatment for projects related to racial relations (PT, 2002, p. 16,
our translation).
Thus, in the period from 2011 to 2016, the articulations are continued and resized in the
contexts of text production, MEC/SECADI, and CNE, with the entry of new subjects into
discursive chains, which begin to mobilize important agendas around the meaning and
organicity of curricular policies for ERER. Witnessed at this moment is the production of
important political texts
5
, such as National Plans that express government planning and define
actions and strategies for the implementation of Laws No. 10.639/2003 and No. 11.645/2008
(Brasil, 2013a); Operational guidelines, Reports, and Opinions strained by questions from civil
society
6
regarding the implementation of these policies; as well as unprecedented Guidelines,
aimed at meeting educational demands of quilombola communities that in this period had
advancements in the agenda of public policies, enunciating meanings based on the valorization
of differences.
These potent texts of ERER curricular policies are the results of strong articulations
forged in the contexts of influence and text production, through the circulation of state agencies,
representatives of social movements, epistemic communities, and political parties, which
interrelate in these spaces as producers and vectors of discourses and policies.
In these processes of decision-making and policy formulation, we observe an intense
movement of epistemic communities represented by intellectuals
7
, linked to ethnic and racial
5
The texts referring to ERER curricular policies for Basic Education in the period 2011-2016 are described in the
document analysis corpus, in the introduction of this work.
6
CNE/CEB Opinions No. 16/2010 (BRASIL, 2010e); CNE/CEB no. 15/2010 and CNE/CEB no. 6/2011, with a
report made by Councilor Nilma Lino Gomes are the results of the CNE's response to questions, complaints and
problems raised by citizens of civil society regarding effectiveness and applicability of the Education Guidelines
to ethnic-racial relations.
7
Petronilha Beatriz G. Silva (UFScar/Movimento Negro/CNE); Nilma Lino Gomes (UFMG/Movimento
Negro/CNE/MEC); Matilde Ribeiro (Black movement/ PT/ SEPPIR); Rita Gomes do Nascimento (Indigenous
Movement/CNE), as well as Nilcéa Freire; Edson Santos; Kabengele Munanga and many others, linked to this
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studies and many others who, whether in contexts of influence or text production, operated
potent signifiers that circulate the ERER curricular policy, from which several meanings are
mobilized by surrounding discourses in this policy, such as Promotion of equality/Elimination
of racial and social inequalities; (Re) education of racial relations and anti-racist education, for
the purpose of combating racism; Social justice; recognition of differences and plurality.
The participation and intellectual power of epistemic communities mobilized discourses
and conferred legitimacy to the meanings fixed in the texts of ERER policies and other
affirmative actions, produced in Brazil in recent decades, which aim to contemplate diversity
and address differences. These communities "have social recognition and authority based on
the knowledge they have or are supposed to have" (Antoniades, 2003 apud Torres; Dias, 2011,
p. 208, our translation), constituting the process of policy articulation and acting in various
contexts, which in Ball's view (2009, p. 306), can "nest within each other" as they interrelate.
Epistemic communities, therefore, are not constituted a priori or even based
on a supposed classist or partisan identity. They are forged from the
articulation of certain demands, contingent and provisional. [...]. In these
terms, they seek to hegemonize certain meanings by disseminating diagnoses
about policies. They are inscribed in an arena of constant disputes and
negotiations, traversed by relations of knowledge-power, in order to confer
meanings to policies (Torres; Dias, 2011, p. 211, our translation).
As illustrated by the examples cited, these agents and identities, responsible for a rich
intellectual production that supported historical struggles against racism, reflected in the
demands for ERER, operate in different spheres and various and simultaneous functions. They
can even articulate their activism and productions with governmental bodies, parties, and
political agencies, with a view to representing and ensuring that historical demands of popular
movements take shape in public policies because, as explained by Torres; Dias (2011, p. 209,
our translation), "at certain moments their intimate relationship with the government tends to
favor their action in the context of defining policy texts".
Reading politics through the lens of TD and the theoretical constructs of Stephen Ball
(2009) led us to revisit criticisms of the "co-optation of social movements" by left-wing parties
that governed the country for almost two decades. After all, in political processes, enveloped
epistemic field, offered important contributions to MEC/SECADI in the development of literature to support and
encourage the training of educators for the applicability of the ERER policy, such as: Education for All Collection;
Anti-racist education: paths opened by Federal Law 10,639/2003; Questions about curriculum: diversity and
curriculum (Gomes, 2007); Racial equality in Brazil: reflections on the International Year of People of African
Descent; Overcoming Racism at School.
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by power relations, whose centrality is the target, articulation is the determining and irrefutable
piece for hegemony that "can only take place in a field dominated by articulatory practices"
(Laclau; Mouffe, 2015a, p. 254, our translation).
In this perspective, we use as an example the researchers/activists of the Black
Movement who have assumed relevant roles in the history of affirmative public policies in the
country, in order to illustrate the dynamics of these identities in this cyclical and determining
Movement in the formulations of unprecedented policies in the Lula/Dilma governments. This
Movement confirms that "there is no origin in politics: There are acts of power, in all contexts,
trying to produce a center in meaning and close the discursive structure, even if precarious and
contingently" (Lopes, 2016, p. 9, our translation).
The history and actions of these and many other representatives of the Black Movement
and intellectuals of the ethnic-racial theme, such as Ana Célia de Silva, Petrônio Domingues,
Elisa Larkin Nascimento, Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez, Clóvis Moura, Florestan
Fernandes
8
, whether opposing theories that favored ethnocentric ideologies and racial
democracy, or disseminating anti-racism and re-education of mentalities, reveal how historical
and potent the action of the Afro-descendant Movement is.
Since the 1930s, this Movement has been articulating itself, forming its activism,
constituting epistemic communities, "intellectually configuring its actions," and organizing
political and social ramifications, which "over time have been erecting the history of the Black
people and gestating their education" around the struggles for transformations in society.
According to Silva and Barbosa (1997, p. 9-11, our translation), "it is no longer just a
matter of denouncing the oppressions always suffered, nor of proclaiming themselves human
in the face of those who dehumanize them, but rather of expressing critical knowledge of the
lived reality and from it organizing their actions" in struggles that trigger and legitimize the
demands of this Movement in the powerful and progressive affirmative policies achieved in
recent decades.
8
We cite, as an example, some works by these intellectuals that highlight their contribution to the approach to
racial relations in Brazil: SILVA, Ana C. A discriminação do negro no livro didático. 3.ed. Salvador: Edufba,2019.
DOMINGUES, Petrônio. Protagonismo negro em São Paulo: história e historiografia. São Paulo: Edições SESC,
2019. MOURA, Clovis. Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Ática, 1988. NASCIMENTO, ELISA L. O
sortilégio da cor. São Paulo: Selo Negro, 2003. NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro:
processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva, 2001. GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-
latino-americano. Organizado por. Flávia Rios e Márcia Lima. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 2020. FERNANDS,
Florestan. Brancos e negros em São Paulo. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959.
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We have made progress in recognizing the existence of racism and social
discrimination. This is one of the great achievements of the federal
government in the last decade, with President Luiz Inácio Lula da Silva as its
icon. But we need to be aware that, despite all advances, we are still not in
power as we should be. Investment in public administration management
facing the challenge of including the historical demands of the black
population contributes to the nation's development because there is no
democracy with racism (Sampaio, 2012, p. 102, our translation).
Therefore, the meanings represented by discourses, "the first ontological element
present in every social or political configuration" (Mendonça, 2015, p. 75, our translation),
protagonized by this Movement, mobilized among other demands and policies, the alteration
of the curriculum, including in it, knowledge and principles of promoting equality, combating
racism, social justice, and valuing diversity and differences.
In this context, the logic of difference was operated through the presence of
heterogeneous elements, represented by the historical demands of the Black and Quilombola
Movements, as well as the logic of equivalence explained by the convergence of different
demands, that is, points of intersection, differences dissolved into chains of negotiating
meanings. These, in turn, mutually converge in the action of these ethnic-racial groups, which
may or may not be universalized, depending, according to Laclau (2011), on the constitution of
an empty signifier, when a particular signifier is hegemonized, coming to represent universality
in the chain of equivalence.
However, in the sense of being the signifiers of the excluded (or simply of
exclusion), the various excluded categories must cancel their differences by
forming a chain of equivalences of what the system demonizes to signify
itself. Again, we see here the possibility of an empty signifier announcing
itself through this logic in which differences dissolve into chains of
equivalences (Laclau, 2011, p. 70-71, our translation).
Comparing the base texts of the curricular policy for ERER (Brasil, 2003b) and (Brasil,
2008b) and their guidelines with the political texts produced during the Dilma government, the
prevalence of six powerful discourses around the signifier ERER is observed. These discourses,
which have remained, been potentiated, or shifted over time, resizing the policy texts and
operating in articulatory practices since the creation of the policy in 2003, include: valuing and
(re) recognizing diversity, social justice, promotion of racial equality, elimination of
inequalities, combating racism, and respect for differences.
These discourses potentiated the production, hegemony, and consolidation of
affirmative and identity policies, proliferated during the last decades, as, according to Laclauian
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formulation revisited in (Lopes, 2018, p. 144, our translation), "hegemony equals discourse. A
discourse constituting hegemony is the effect of an articulatory practice. The elements of a
discourse are not pre-existent to this practice. They are produced in relational and contextual
terms in articulation."
The elements of diversity, combating racism, and eliminating inequalities, read in
political texts, sometimes as signifiers, sometimes as signified, strongly associated with
educational policies, remained as the flagship and "backdrop" of curricular policies in the
Lula/Dilma governments.
Furthermore, the slogan and logo "Brazil: a country for all" of the Lula government
itself enunciates the strong mark of diversity and inclusion, as explained by Jorge (2017), in
elucidating that the meaning of the logo is based on the myth of the three races and portrays the
Brazilian population united in this diversity, both in the effusion of colors and in the slogan,
where the letters of the syllable "SIL" in the expression BRAZIL "Country for all," represent
the three ethnic-racial groups that founded the Brazilian population. In Dilma's first term,
continues the author, the slogan explicitly states the agenda of the Federal Government, to end
poverty/eliminate inequalities, and the discourse of "economic power" gives way to Brazil's
main contradiction: a country with many riches, yet with great social inequality. In the second
term (2014-2016), the slogan was changed because there were new agendas for the government.
"Educator homeland" enunciated the latest focus of the federal government: education and
citizenship.
The Support Document for the ERER curricular policy, entitled "Contributions to the
Implementation of Law No. 10,639/2003" (Brasil, 2008a, p. 28), emphasizes and corroborates
the interpretation of ERER's significance as the valorization of diversity, which, as mentioned
earlier, shifts polysemically as a signifier and/or as a signified, relating to other expressions of
meaning in the chains of signification of curricular policy.
Furthermore, in the National Curricular Guidelines for Ethnic-Racial Relations
Education (DCNs/ERER) of 2004, it is observed that the meanings attributed to the term ERER
fluctuate in a complex discursive movement. These meanings are expressed by demands for
reparation, recognition, and combatting racism, anchored in discourses of promoting equality,
valuing diversity, and re-educating ethnic-racial relations (RER). These demands account for
affirmative actions of recognition and valorization of Afro-descendant history, culture, and
identity, transformed into public policies and systematized in the National Plan for the
Implementation of DCNs/ERER and for the teaching of Afro-Brazilian and African history and
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culture (Brasil, 2013a). These guidelines are provided for in both the Federal Constitution of
1988 (Art. 5, I, Art. 210, Art. 206, I, § 1 of Art. 242, Art. 215, and Art. 216) and the Law of
Guidelines and Bases of National Education (9.394/1996, Art. 26, 26A, and 79B).
Thus, it is possible to identify the sense of valuing diversity associated with the
"Recognition Policy," conferred to the signifier ERER in the text of the DCNs/ERER (Brasil,
2013b, p. 134) and in its Implementation Plan, whose adoption requires and signifies
recognition and valorization of the ethnic-racial and cultural diversity constitutive of the
Brazilian population. According to the opinion, "recognition requires the adoption of
educational policies and pedagogical strategies for valuing diversity, in order to overcome the
ethnic-racial inequality present in Brazilian school education" (Brasil, 2013b, p. 135, our
translation).
Therefore, the sense of (re)cognition present in the texts of this curricular policy is
linked to discourses of diversity and Promotion of Equality, aiming at repairing the injustices
and exclusions imposed on the black population and other subalternized and silenced ethnic-
racial segments, such as Indigenous peoples and quilombolas who, even today, suffer from the
legacies of the colonial and slave processes.
The questioning of the curriculum, made by black and Indigenous movements when
recognizing Ethnic-Racial Relations Education (ERER) through the teaching of Afro-Brazilian
and Indigenous history and cultures, according to the perspectives of Law No. 11,645/2008 and
Opinion CNE/CEB No. 14/2015, which deal with the Operational Guidelines for the
Implementation of the History and Cultures of Indigenous Peoples in Basic Education
(DOIHCPI), as a result of Law No. 11,645/2008 (Brasil, 2016a), represents discourses
advocating for the overcoming of monocultural educational proposals and for the openness to
plurality and recognition of differences. These texts promote the construction of positive ethnic-
racial relations through the promotion of interculturality or interethnic education, discourses,
and meanings already observed, even tangentially, in the Implementation Plan of the
DCNs/ERER, formalized by the MEC/SECADI in 2009 and reissued in 2013. As Rita do
Nascimento, an Indigenous representative in the CNE and rapporteur of the Operational
Guidelines for the Implementation of the History and Cultures of Indigenous Peoples in Basic
Education (DOIHCPI), states:
[...], the Indigenous movement also recognizing the importance of the Law in
question for the agenda of intercultural education, assumed as a banner of
struggle for a plural, democratic society with less unequal interethnic
relations, has taken as a strategic action in its demands the effective
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implementation of Law No. 11,645/2008 (Brasil, 2016a, p. 7, emphasis added,
our translation).
The processing and approval of the DOIHCPI (Brazil, 2016a) express articulations
around the legitimacy of the Indigenous dimension in the ERER curricular policy and a resizing
of the meanings of Recognition and combatting ethnic and racial discriminations, now directed
towards Indigenous peoples.
As already stated, the text of this Opinion expresses the interest, articulation, and
political decision to tension the sense of difference in Ethnic-Racial Relations Education
(ERER) policies. This movement aims to give voice to silenced demands, also present in
curriculum policies, such as those of indigenous peoples and quilombolas. In this way, the goal
is to enable positive representations and relations of the different cultures and ethnicities that
form the Brazilian people, aiming to combat ethnic-racial discrimination and ensure the
preservation of their specificities, ancestries, and ethnic and cultural differences.
Thus, it is possible to identify in the policy texts produced in the period from 2011 to
2016 the displacement, emergence, and potentiation of the discourse and sense of valuing
difference, which is now equivalenced, now prevails over the sense of diversity, accentuated in
the foundational texts of the ERER policy. This significance of policy with the sense of
difference is mobilized by discourses in defense of multiculturalism and intercultural or
interethnic education, enunciated in the DCNs/EEQ (Opinion CNE/CEB No. 16/2012), in the
DOIHCPI (Opinion CNE/CEB No. 14/2015), as well as in Plans, Conference resolutions, and
technical reports from this period. We reiterate with Tomé and Macedo that
[...] the issue of difference or diversity is increasingly present in public
policies in Brazil. On the one hand, the demands and pressures of social
movements have ensured greater representation of historically excluded
identity groups. On the other hand, at the international level, a set of
multilateral agents has begun to incorporate a multicultural discourse that
promises to mitigate the effects of unequal globalization (Tomé; Macedo,
2018, p. 305, our translation).
To better explain this shift in the sense of difference in the policies produced in Dilma's
government, I refer to the questions raised by Candau (2008) in this study, which explains and
ratifies the existence of these tensions between equality and differences in the current context
of paradigm crises, marked by an excluding neoliberal globalization: "Are we experiencing a
shift in emphasis today? Are we all equal, or are we all different? Do we want to be equal, or
do we want to be different?"
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In this sense, the author cites the Human Development Report (2004) from the United
Nations Development Programme and emphasizes that, "today the center of interest has shifted,
which does not mean 'denying equality, but rather placing much more emphasis on the theme
of difference'" (Candau, 2008, p. 46, our translation).
The discourse of difference is also echoed in the DCNs for Human Rights Education
(Opinion CNE/CP No. 08/2012), which presents recognition and valorization of differences
and diversities as one of its principles, as well as in the DCNs/EEQ, whose curriculum should
"be constructed based on the values and interests of quilombola communities regarding their
society and school projects," considering that such singularities demand from the education
systems the guarantee of an egalitarian education that, at the same time, recognizes the right to
difference for the diverse social collectives that compose our society (Brasil, 2013b, p. 471,
emphasis added, our translation).
Through the documentary analysis of the curricular policy for ERER, I identify a strong
demarcation of the binomial Promotion of equality/Combat of inequalities in the significance
of this policy. In the words of former President Dilma Rousseff, despite the progress made in
favor of racial equality, discrimination persists in this society. "Afro-descendants are still the
ones who suffer the most from unemployment, extreme poverty, and violence, which has
victimized so many young people in our urban peripheries," therefore, "the recognition of the
contribution of Afro-descendants must necessarily be accompanied by public policies
promoting equality" (Rousseff, 2011, s/p., our translation).
Reiterating the arguments previously stated, it is possible to consider that inequalities
still constitute a vital marker in Brazil's social statistics and indicators. These inequalities were
forged throughout the country's history by the socio-economic development models
characteristic of the imperialist, slave, republican, and capitalist systems, whose logic still
prevails, disproportionately affecting the impoverished lower classes.
In this regard, we reinforce that these structural bases of Brazil are the main roots of the
inequalities imprinted, imperatively, in the country's fingerprints. Regarding the ethnic-racial
policy discussed in this research, we justify with the DCNs/ERER, approved in 2004 and
resized during the Dilma government, that "post-abolition policies were formulated that aimed
at whitening the population by the symbolic and material elimination of the presence of blacks,
stimulated or produced the scandalous inequalities between whites and blacks, structured in the
colonization process" (Brasil, 2013b, p. 137, our translation). Parallel to this period, republican
policies were consolidated with the diffusion of racial democracy, whose legacy was the denial
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of citizenship, the right to have rights, the reinvention of racism, and the forgetting of Afro-
descendants.
Another consequence of the whitening ideologies argued in the Guidelines is their
harmful influence on black individuals who "tend to reproduce the prejudice of which they are
victims. Racism leaves negative marks on the subjectivity of blacks and those who discriminate
against them" (Brasil, 2013b, p. 137, our translation), because, as emphasized by Nascimento
(2003), it proves to be flexible and subtle, acting through social representations at the level of
the subconscious or the social imaginary.
In addition to perpetuating social inequalities, racism serves broader functions
of domination [...]. It does not need to be explicitly stated in direct language,
as it is established through the process of socialization, in the representation
of reality internalized by individuals. Western hegemony, invisible and muted,
reigns in cultural standards and infiltrates the constitution of subjects
(Nascimento, 2003, p. 58, our translation).
It was in this sense that the Black Movement, in its various segments, undertook its
struggles and demands, initially led by the fight against structural racism and its harmful
consequences. The fight against racism became the main demand of this movement and
triggered other causes, including proposals and demands for a (Re)education of ethnic-racial
relations, as announced by Silva and Barbosa (1997) in the work O pensamento negro em
educação no Brasil
9
.
The need for interethnic relations in Brazil to definitively and rapidly
transform has heightened the Black Movement's practices in influencing the
content and pedagogical processes in schools. Different groups across the
country have implemented alternative projects. Proposals are being presented
to educational systems and schools, which are beginning to embrace them
enthusiastically, openly taking a stance against racism and all forms of
discrimination (Silva; Barbosa, 1997, p. 9, our translation).
Furthermore, statistics compiled by various research agencies, such as IBGE, PNAD,
INEP, and studies by international organizations like the UN and UNESCO, converge to the
observation that inequalities are targeted by gender, sex, race, and color factors, keeping Afro-
descendant and indigenous segments in conditions of marginalization and at the boundaries of
citizenship and emancipation.
9
"Black Thought in Education in Brazil."
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This tragic realization is articulated in Hasenbalg and Silva (2003), in a thorough
analysis of the temporal evolution of inequalities in Brazil over two decades (1980-1999) and
their relationship with various social strata. According to Silva (2003, p. 445), Brazil ranks
among the most unequal countries in the world, and Hasenbalg (2003, p. 470) had already
denounced that the asymmetries between inequalities/poverty and the color/race stratum "point
to the presence of discriminatory processes that act cumulatively throughout the individual life
cycle in the formative stages prior to entering the labor market, as well as in the labor market
itself."
According to data from the Oxford Committee for Famine Relief (OXFAM), in 2016,
Blacks earned the equivalent of 57% of the average income of Whites. By 2017, this ratio
decreased to 53%. Moreover, in a prolonged stagnation of equality that began in 2011 (Oxfam
Brasil, 2018, p. 20), for seven years, this percentage has not exceeded 57%. This unjust and
persistent distribution imposed extreme poverty on the Black population, remaining
"underrepresented among the wealthiest and overrepresented among the poorest: in 2009, in the
first tenth of the distribution (the poorest 10% of the population), Blacks accounted for 72%"
(Brasil, 2011b, p. 35, our translation).
These data branch out and resonate in the educational reality, repeatedly announced in
the official documents of affirmative and educational policies as challenges to be assumed by
the State and society as a whole.
Regarding educational inequalities between indigenous peoples and the total Brazilian
population, the indices are also concerning. The publication "Education in Diversity: How to
Indicate the Differences?" (Brasil, 2006a, p. 62, our translation), states that Indigenous School
Education presents the lowest indices, that is, the greatest socio-educational inequalities among
the analyzed groups. This reality is recognized in the Implementation Plan of the DCNs/ERER
and mobilizes, in this policy text, discourses of Elimination of inequalities associated with
Education for ethnic-racial relations, signified, in turn, by the ambivalent sense of "Promotion
of equality/Elimination of racial and social inequalities." As evidenced in this important policy
planning instrument, "in Elementary Education, educational inequalities in the ethnic-racial
scope are striking and perverse," therefore, "Ethnic-Racial Relations Education must be one of
the structuring elements of the schools' political-pedagogical project" (Brasil, 2013a, p. 50, our
translation).
Faced with this diverse and unequal reality, it is essential that the formulation of public
policies considers the specificities and needs of different ethnic-racial groups. In this sense, it
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is coherent to adopt the critique of Discourse Theory (DT) towards universalistic policies and
normativity. By opting for the deuniversalization of political subjects, the aim is to break with
all forms of essentialism (Mouffe, 2003), considering that:
The fantasy of a fully unified identity is exposed, and in the same movement,
the universalist framework is re-edited as a way to enforce the desire for
equality in identity-based claims policies. In Laclau's terms (2000), the
problem is that the affirmation of particular identities also affirms "those from
which they are distinguished, and in that sense, the normative context in which
the distinction is made" (Tomé; Macedo, 2018, p. 323, our translation).
In this regard, the extensive creation of governmental bodies and mechanisms, such as SEPPIR
(Brasil, 2003), SECADI/MEC (Brasil, 2003), da SECADI/MEC (Brasil, 2004), CADARA (Brasil,
2005) and the National Policy for the Promotion of Racial Equality (Brasil, 2003a), constitutes
a watershed in the implementation of public policies for inclusion, promotion of racial equality,
and combating inequalities, announcing the willingness to tackle the challenge of developing
and implementing educational inclusion policies. For this purpose, the specificities of Brazilian
inequalities are considered, and respect and valorization of the multiple contours are ensured,
evidenced by the ethnic-racial, cultural, gender, social, environmental, and regional diversity
of the national territory (Brasil, 2013a).
The establishment of SEPPIR and SECADI, as well as the fruitful partnership
between these two secretariats, occurs in various actions and programs
through a wide range of efforts throughout the country to implement public
policies to combat inequality [...].
[...] the State establishes the foundations for diversity education policies to
become a reality in the country. It also aims to foster their continuity,
collaboratively building with various sectors the lines of action that foresee
greater coverage for the benefit of historically vulnerable citizens (Brasil,
2013a, p. 10, our translation).
This wide array of measures suggests a political decision to centralize ethnic-racial
issues and diversity policies. The slogans of Dilma's government mandates, in which a certain
determination to combat socio-economic inequalities through education was interpreted
(Brazil, homeland of education), (A rich country is a country without poverty), can be
interpreted as a way in which this decision was highlighted.
In the educational sphere, the decision to mainstream ERER policies, formalized by
Normative Ordinance MEC No. 21/2013, which included ERER and the Teaching of Afro-
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Brazilian and African Culture History, the promotion of racial equality, and the combating of
racism in the programs and actions of the Ministry of Education (Brasil, 2013d), reinforces the
consensus that schooling and curricular policies for ERER are relevant factors for eliminating
inequalities and promoting racial equality.
This political choice is also emphasized and materialized with the government's
decision, for the first time in history, to include among the Mega Objective I of the Multi-Year
Plan (PPA) 2004-2007, the challenge of "promoting the reduction of racial inequalities" (Brasil,
2003d, p. 56, our translation), which demonstrates a certain determination to place ethnic-racial
issues on the political agenda, ensuring the materialization of diversity policies through
planning and financing.
In this context, we identify the discourses and meanings of ERER fixed in the primary
texts of this policy, mainstreaming other curricular policies, produced during the Lula/Dilma
governments, such as Education in Human Rights (EDH), which, from 2003, gained a National
Plan for Education in Human Rights (PNEDH), revised in 2006, which became an educational
policy of the State. In general terms, it can be said that the Plan highlights the values of respect,
solidarity, fraternity, social justice, inclusion, plurality, and sustainability (Brasil, 2013b, p.
332) and, therefore, emphasizes the discourses and meanings present in the DCNs/ERER,
incorporating into its propositions the demands for (re)recognition, valorization of diversity,
respect for the differences of socially marginalized and subalternized segments, such as blacks,
Indigenous peoples, and quilombolas.
This cross-cutting and circulation are also highlighted by the rapporteur of Opinion
CNE/CEB No. 8/2012, which defines the National Curriculum Guidelines for Education in
Human Rights (DCNs/EDH) (Brasil, 2013b, p. 327), Rita Gomes do Nascimento
10
. She
acknowledges the evolution and strengthening of Human Rights Education policies in the last
decade, represented by official mechanisms aimed, among other objectives, at the protection
and promotion of the rights of children and adolescents, education on ethnic-racial relations,
Quilombola School Education, and indigenous school education (Brasil, 2013b, p. 332,
emphasis added). These affirmative policies are intended for social and ethnic-racial diversity,
centralized in the context of public policies in recent decades.
10
The counselor, representative of indigenous peoples at the CNE, also reported CNE/CEB Opinion No. 14/2015
of the Operational Guidelines for the Implementation of the History and Cultures of Indigenous Peoples in the
Basic Ed. and chaired the Commission responsible for preparing the DCNs/for the Quilombola School Education
(EEQ) reported by Nilma Lino Gomes (representative of the black movement).
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In these terms, ERER becomes imperative, given its importance and stated purposes in
the text of its Guidelines, which refer to the meanings and discourses hegemonized in the
processes of its formulation and officialization, in the contexts of influence and text production.
It is possible, therefore, to locate these discursive meanings enunciated in the purposes of ERER
which, according to Opinion CNE/CP No. 003, impose the construction of "a just, equal,
equitable society", as well as:
Fighting racism, working towards the end of social and racial inequality,
undertaking the re-education of ethnic-racial relations are not exclusive
tasks of the school..., however, racism, inequalities, and discrimination
prevalent in society permeate through there...[...].
To succeed, the school and its teachers cannot improvise. They must undo a
centuries-old racist and discriminatory mentality, overcoming European
ethnocentrism, restructuring ethnic-racial and social relations, and de-
alienating pedagogical processes (Brasil, 2013b, p. 136, emphasis added, our
translation).
In the passage above, there is a thorough analysis of the strong interconnection between
Ethnic-Racial Relations Education (ERER) and "the fight against racism," which assumes
particular relevance in the significance of these policies. This relationship is evidenced by its
presence in all official texts related to ethnic-racial policies, fluctuating among the discourses
and demands of various societal movements. It has even become the subject of media
campaigns and slogans of government programs and policies due to the damage caused by this
social construction. Originating from colonial and imperialist processes, structural racism still
influences social and racial relations, as well as the social imagination of both black and non-
black individuals. In the hierarchy of equivalence of these policies, the fight against racism
occupies a prominent place as a signifier, signified, or even as an antagonistic point.
In her speech at the Ceremony for the signing of Acts for Agrarian Reform and
Quilombola Communities (01/04/2016), President Dilma Rousseff reaffirmed the government's
political decision to combat racism: "We want and will continue to ensure that the Brazilian
State acts in favor of overcoming the enormous racial inequality and prejudice that still prevail
in our country" (Rousseff, 2016, s/p., our translation).
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Final considerations
In this article, we present an analysis of the discourses and meanings regarding ethnic-
racial relations education found in documents produced between 2011 and 2016. The reading
of the ERER DCNs indicates that overcoming racism is imperative, and combating it has
become a moral and political responsibility, fostering racial and social relations in which
everyone can grow and fulfill themselves as human beings and citizens. In light of this, we
advocate for the creation of anti-racist pedagogies, as educating for ethnic-racial relations
entails developing political awareness of diversity and actions to combat racism and
discrimination that lead to "overcoming the indifference, injustice, and disqualification with
which blacks, indigenous peoples, and also the lower classes to which blacks generally belong,
are commonly treated" (Brasil, 2013b, p. 140, our translation).
It is argued that the potentiality and persistence of discourses combating racism extend
to other discursive and social spheres, especially in the political arena. This is evidenced by the
prominence of these discourses during the 2018 presidential elections, where demands with a
neoliberal and ultraconservative slant, marked by racist, homophobic, and sexist discourses,
clashed with gender and race demands represented by various social movements (black,
quilombola, indigenous, feminist, LGBTQIAP+). These movements were unified, in this
context, by the use of the empty signifier "#EleNão#" (Not Him).
Thus, combating racism through anti-racist education and the promotion of positive
social representations and healthy racial relations emerges as the primary objective and
meaning/sense of ERER oriented in the secondary texts of this policy, such as the Document
"Contributions to the implementation of Law No. 10,639/2003"
11
.
In the ERER DCNs text, it is cautioned that combating racism is not an exclusive
demand of the Black Movement but should be the struggle of society as a whole. Based on the
studied policy, educating for ethnic-racial relations also means combating racism through the
adoption of anti-discrimination pedagogies, based on principles of equality and designed with
the aim of re-educating mentalities and fostering positive ethnic-racial relations.
Another discourse permeating the Curricular Policies for ERER, but amplified in the
general DCNs of Basic Education, in the deliberations of CONEB-2008, CONAE 2010 and
2014, as well as in the PNE 2014-2024, was the signifier "education with social quality" or
11
The Document consists of a systematization of the proposal for the National Implementation Plan for the
DCNs/ERER, prepared by the Interministerial Working Group, established by MEC/MJ/SEPPIR.
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"Social Quality of Education," which, in conjunction with other signifiers, is associated with
the discourse of valuing difference and promoting equality.
Therefore, the demanded social quality is "That which promotes the valorization of
differences, equality of conditions and opportunities, respecting regional specificities" (Brasil,
2008c, p. 25, our translation) and values the contextual nature and heterogeneous identities
constitutive of the society.
The reality of access, retention, and academic success of the majority of the population
belonging to the Black, Indigenous, and Quilombola segments, along with their prevalence in
the worst social and educational indicators, is likely responsible for the variation in the meaning
of "quality education" or "social quality" in the discussions of representative movements of
these groups. This also influences the mobilization of meanings in the curriculum policies for
Ethnic-Racial Relations Education (ERER).
In addition to these, it is important to highlight the emergence of the problematization
of the discourses of "equality and inclusion," operating a fluctuation of signifiers and the
resignification of these meanings examined from the perspective of plurality, interculturality,
and recognition of the right to difference. These provocations are accentuated in the discursive
chain by the officialities of secondary texts, albeit no less important (unfolding of Law No.
11,645/2008, Law No. 10,639/2003, and their Guidelines), whose production expresses greater
organicity and planning of the ERER policy.
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