Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.17093 1
ARTICULAÇÃO DA CULTURA DE PAZ E GESTÃO ESCOLAR: CONTRIBUIÇÕES
DE UM ESTUDO DE REVISÃO SISTEMÁTICA
ARTICULACIÓN DE LA CULTURA DE PAZ Y LA GESTIÓN ESCOLAR: APORTES DE
UN ESTUDIO DE REVISIÓN SISTEMÁTICA
ARTICULATION OF THE CULTURE OF PEACE AND SCHOOL MANAGEMENT:
CONTRIBUTIONS OF A SYSTEMATIC REVIEW STUDY
Dilce Brasil DE SOUZA1
e-mail: dilcesouza.aluno@unipampa.edu.br
André de Azambuja MARASCHIN2
e-mail: andremaraschin@hotmail.com
Renata Hernandez LINDEMANN3
e-mail: renatalindemann@unipampa.edu.br
Crisna Daniela Krause BIERHALZ4
e-mail: crisnabierhalz@unipampa.edu.br
Como referenciar este artigo:
DE SOUZA, D. B.; MARASCHIN, A. de A.; LINDEMANN,
R. H.; BIERHALZ, C. D. K. Articulação da cultura de paz e
gestão escolar: Contribuições de um estudo de revisão
sistemática. Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v.
7, n. 00, e023005. e-ISSN: 2177-5060. DOI:
https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.17093
| Submetido em: 10/04/2023
| Revisões requeridas em: 22/06/2023
| Aprovado em: 11/09/2023
| Publicado em: 27/10/2023
Editoras:
Profa. Dra. Célia Tanajura Machado
Profa. Dra. Kathia Marise Borges Sales
Profa. Dra. Rosângela da Luz Matos
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Bagé RS Brasil. Professora da rede privada de Bagé (CFES) e membro
do Grupo de Pesquisa sobre Aprendizagens, Metodologias e Avaliação (G.A.M.A/UNIPAMPA).
2
Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSUL), Bagé RS Brasil. Professor EBTT substituto de Química e membro do
Grupo de Pesquisa sobre Aprendizagens, Metodologias e Avaliação (G.A.M.A/UNIPAMPA).
3
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Ba RS Brasil. Professora Associada III vinculada ao Programa de Pós-
graduação em Ensino (PPGE/UNIPAMPA) e membro do Grupo de Pesquisa sobre Aprendizagens, Metodologias e Avaliação
(G.A.M.A/UNIPAMPA).
4
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Bagé RS Brasil. Professora Associada II vinculada ao Programa de Pós-
graduação em Ensino (PPGE/UNIPAMPA) e membro do Grupo de Pesquisa sobre Aprendizagens, Metodologias e Avaliação
(G.A.M.A/UNIPAMPA).
Articulação da cultura de paz e gestão escolar: Contribuições de um estudo de revisão sistemática
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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RESUMO: Este trabalho objetivou identificar e discutir produções acadêmicas nacionais sobre
a perspectiva da Cultura e Educação para a Paz, com ênfase na formação de gestores
educacionais. Como metodologia assumiu-se a revisão sistemática integrativa e a investigação
ocorreu no Portal de Periódicos da Capes. Não foi delimitado período temporal. Após a leitura
dos artigos, os resultados foram organizados em três categorias: A materialização das violências
no contexto escolar; Formar para transformar: alternativas para o enfrentamento da violência;
e Gestão escolar e família: diminuindo os espaços da violência. Em síntese, evidenciou-se nos
trabalhos considerações acerca de alguns tipos de violência presente no dia a dia da escola, além
de constatar-se a incipiência de trabalhos que articulam a Cultura de Paz com a formação de
gestores escolares e a importância da atuação da gestão em parceria com a equipe escolar e
famílias.
PALAVRAS-CHAVE: Cultura de Paz. Gestão Escolar. Violência. Formação de Gestores.
RESUMEN: Este trabajo tuvo como objetivo identificar y discutir las producciones
académicas nacionales en la perspectiva de Cultura y Educación para la Paz, con énfasis en
la formación de gestores educativos. Como metodología, se asumió una revisión sistemática
integradora y la investigación se realizó en el Portal de Periódicos da Capes. No se delimitó
ningún período de tiempo. Después de la lectura de los artículos, los resultados fueron
organizados en tres categorías: La materialización de la violencia en el contexto escolar;
Educar para transformar: alternativas para el enfrentamiento a la violencia; y Gestión escolar
y familia: reduciendo los espacios de violencia. En síntesis, en los trabajos se evidenciaron
consideraciones sobre algunos tipos de violencia presentes en el cotidiano escolar, además de
verificar la incipiencia de trabajos que articulan la Cultura de Paz con la formación de
gestores escolares y la importancia de la actuación de la dirección en colaboración con el
equipo escolar y las familias.
PALABRAS CLAVE: Cultura de Paz. Gestión escolar. Violencia. Formación de Directivos.
ABSTRACT: This study aimed to identify and discuss national academic productions from the
perspective of Culture and Education for Peace, emphasizing the training of educational
managers. The methodology adopted was an integrative systematic review, and the research
was conducted on the Portal de Periódicos da Capes. No specific time frame was delimited.
After the articles were read, the results were organized into three categories: The
materialization of violence in the school context; Forming for transformation: alternatives for
addressing violence; and School management and family: reducing spaces of violence. In
summary, the studies revealed considerations regarding various types of violence in the daily
life of schools. It was also observed that there is a limited number of works that link the Culture
of Peace with the training of school managers and underscored the importance of the
management's collaboration with the school team and families.
KEYWORDS: Culture of Peace. School management. Violence. Training of Managers.
Dilce Brasil DE SOUZA; André de Azambuja MARASCHIN; Renata Hernandez LINDEMANN e Crisna Daniela Krause BIERHALZ
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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Introdução
O presente artigo tem como objetivo identificar e discutir produções nacionais sobre a
perspectiva da Cultura e Educação para a Paz, com ênfase na formação de gestores
educacionais. A paz é um conceito complexo, visto que não existe uma definição única, seu
enfoque depende, por exemplo, de contextos e culturas. Não podemos entendê-la somente como
ausência da guerra, de pactos entre nações, ou deixá-la ao gosto popular como ausência de
conflito e serenidade (Jares, 2002). Como partícipes da sociedade atual, seres humanos que
convivem e interagem socialmente, é ideal que a paz seja entendida como um caminho que
todos necessitam e podem buscar.
Jares (2002) também apresenta a concepção positiva de paz, que se baseia em dois
pontos: paz é o contrário de violência e não de guerra apenas; e violência não é somente
agressão física direta ou por armas, existe a violência menos visível, mas que causa sofrimento
humano. Questões como essas, de lógica contraditória, ratificam a complexidade do mundo e
da organização social (Morin, 2015a). Nesse sentido, saberes, culturas, conhecimentos,
conflitos, não podem ser pensados, construídos ou resolvidos de forma fragmentada (Morin,
2015a; Salles Filho, 2019). Temos um advento hoje que em outras épocas não existia: a
tecnologia e, com ela, a informação.
O excesso de informação, sua velocidade e seu conteúdo geram um ambiente de estresse
e de insegurança. Não obstante, sabe-se que nem todos têm tempo e vontade para verificar a
autenticidade do que está sendo noticiado, tampouco para compreender o que foi apresentado.
Sobre esse aspecto, Morin (2015a) enfatiza os riscos de o conhecimento ser reduzido a
informações, ocasionando limitações nos processos de tomada de decisão e conscientização por
conta da simplificação na qual o pensamento humano pode ser conduzido. O mundo é dinâmico,
os sujeitos interagem e, nesse sentido, a mediação e aceitação do contraditório se fazem
necessárias.
Pelo viés educacional, a consciência de que não há verdades estáticas e inquestionáveis
deve ser sempre estimulada na fala dos docentes. A função dos educadores é apresentar fatos e
fontes que possam ser checados, estimular a criticidade, e possibilitar o desenvolvimento de
capacidades questionadoras para que as pessoas cresçam, se descubram e se constituam dentro
de valores pessoais e coletivos. Conforme Monteiro e colaboradores (2021, p. 3):
[...] a organização escolar deve valorizar as relações coletivas estabelecidas de
modo a facilitar a construção do conhecimento, considerando a amplitude da
complexidade do comportamento e desenvolvimento humano em prol da paz.
Articulação da cultura de paz e gestão escolar: Contribuições de um estudo de revisão sistemática
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Daí a importância da introdução de valores sociais e conceitos da Cultura da
Paz que priorizem o respeito e a dignidade humana, prevenindo as violências
que estão arraigadas no ambiente escolar.
Logo, a Paz não pode ser assumida pelos educadores a partir de uma atitude simplista.
Outrossim, os conflitos e as violências não podem ser polarizados a partir de lados opostos e
que não dialogam entre si, um correto e outro errado. A construção de uma Cultura de Paz não
é um caminho que se faça rapidamente ou se chegue em um ponto pronto e finalizado em sua
completude. É um processo permanente, balizado por princípios como o dialógico e o recursivo
(Morin, 2015a).
As mazelas culturais, sociais e a crise dos valores que vivenciamos contribuem para um
ambiente violento. Monteiro et al. (2021, p. 5) trazem que a escola reproduz e até oportuniza
situações violentas em seu ambiente “seja por meio de atitudes, omissão ou fragilidade em sua
função”. Para os autores, a prevenção de violências é um caminho para se buscar interações
sociais mais harmoniosas baseadas em respeito, cooperação e isso é benéfico para nosso
desenvolvimento como pessoas. Neste ponto é importante situar a gestão escolar como
responsável pelos aspectos administrativos e pedagógicos, e pela coletividade da escola,
trabalhando as individualidades da sua equipe para somarem-se ao grupo, valorizando e
respeitando seu trabalho.
Aliás, para Melo, Dos Santos e Silva (2019), esse respeito pelo trabalho do outro
transforma comportamentos tanto dos alunos quanto dos professores. Lück (2009) discute que
a gestão educacional precisa ser vista de forma diferente da administração educacional, pois a
gestão escolar engloba um olhar atento às mudanças e as pessoas. Além disso, pressupõe a
administração de conflitos, contribuindo para a construção de uma equipe coesa, que através
das suas complementaridades compreendam, sem excluir, mas objetivando superar, os desafios
propostos.
Referencial teórico
Johan Galtung, sociólogo norueguês, um dos fundadores dos estudos de paz e conflitos,
apresenta que a paz é: “[...] uma relação positiva entre as partes, uma união, uma comunhão. A
condição para a paz é o respeito mútuo, dignidade, igualdade, reciprocidade tudo isso nas três
áreas: espírito, mente e corpo; cultura, política e economia” (Galtung, 2003, p. 2). Em
consonância com o autor, se entende que para atingir essa paz parte-se de um desejo, de uma
busca individual, pois só quem tem esse valor dentro de si, procura agir em conformidade com
Dilce Brasil DE SOUZA; André de Azambuja MARASCHIN; Renata Hernandez LINDEMANN e Crisna Daniela Krause BIERHALZ
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eles, exala através de suas atitudes esse espírito de paz, reverberando nas suas esferas de
atuação. Guimarães (2011) em sua obra propõe reflexões a respeito da cultura de paz em
oposição as indiferenças e violências naturalizadas no mundo atual. O autor também apresenta
uma concepção de busca individual para a paz:
[...] em muitas tradições de educação para a paz, a paz é um evento da
consciência e tem no interior do ser humano a sua realização fundamental. A
educação para a paz apresenta-se fundamentalmente, como pacificação dos
espíritos ou desarmamento moral (Guimarães, 2011. p. 172).
No contexto histórico, posteriormente a Guerra Fria, a Cultura de Paz como tema, passa
a fazer parte das recomendações da Organização das Nações Unidas (ONU) a partir da
Resolução 52/15 de 20 de novembro de 1997, a qual aponta o ano 2000 como o “Ano
Internacional da Cultura de Paz”. a Resolução 53/25 (Nações Unidas, 1999), de 10 de
novembro de 1998, aponta o período de 2001-2010 como a “Década Internacional para uma
Cultura de Paz e não-violência para as crianças do mundo”.
Em 06 de outubro de 1999, a Resolução 53/243 (Nações Unidas, 1999) conhecida como
“Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz”, apresenta que os governos e
demais organizações promovam a Cultura de Paz de acordo com os pressupostos a seguir
destacados no artigo primeiro:
Uma Cultura de Paz é um conjunto de valores, atitudes, tradições,
comportamentos e estilos de vida baseados: a) No respeito à vida, no fim da
violência e na promoção e prática da não-violência por meio da educação, do
diálogo e da cooperação; [...] d) No compromisso com a solução pacífica dos
conflitos; [...] h) No respeito e fomento ao direito de todas as pessoas à
liberdade de expressão, opinião e informação; i) Na adesão aos princípios de
liberdade, justiça, democracia, tolerância, solidariedade, cooperação,
pluralismo, diversidade cultural, diálogo e entendimento em todos os níveis
da sociedade e entre as nações; e animados por uma atmosfera nacional e
internacional que favoreça a paz (Nações Unidas, 1999, p. 2).
Palavras como valores, tradições, atitudes, comportamentos e estilos de vida se fazem
presentes e conduzem nosso olhar para as crises que vivemos hoje, na sociedade, percebidas ao
longo do tempo e que reverberam nas instituições escolares, no dia a dia, em geral, demonstrada
em nossas atitudes de desrespeito, de intolerância com a pessoa do outro, com o meio ambiente,
com as questões de sustentabilidade, e com a nossa dignidade. Quando somos indiferentes ao
que acontece, nos distanciamos do conceito, de almejar uma sociedade que viva uma Cultura
de Paz, como defendido por Milani e Jesus (2003, p. 19):
Articulação da cultura de paz e gestão escolar: Contribuições de um estudo de revisão sistemática
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A paz não pode ser um ideal abstrato com o qual se sonha, enquanto se aguarda
que ocorra espontaneamente ou num passe de mágica. A paz é uma caminhada
que ocorre pela vontade e ação do ser humano. Não uma chegada ou
ponto final, uma vez que as potencialidades humanas são infinitas e somos
capazes de evoluir sempre.
Os autores, ressaltam que são pessoas que produzem tanto a paz quanto a violência e
que, portanto, devemos conscientemente fazer escolhas certas no caminho da Cultura de Paz.
Mesmo o não agir é uma escolha, com consequências que afetam a todos (Milani; Jesus, 2003).
Também nessa caminhada por uma Cultura de Paz surgiu em 04 de março de 1999, o
Manifesto 2000 por uma Cultura de Paz e não-Violência (Dhnet, 1999), documento feito por
ganhadores de Prêmios Nobel da Paz, com a finalidade de que cada pessoa seja responsável,
por meio de atitudes e condutas, pela busca de uma Cultura de Paz. Ou seja, uma
responsabilidade individual para se construir um ganho coletivo na concretização desses ideais.
No Manifesto 2000, estão presentes os pilares para a Cultura de Paz:
Respeitar a vida e a dignidade de cada pessoa, sem discriminação ou
preconceito; Praticar a não-violência ativa, rejeitando a violência sob todas as
suas formas: física, sexual, psicológica, econômica e social, em particular
contra os grupos mais desprovidos e vulneráveis como as crianças e os
adolescentes; Compartilhar o meu tempo e meus recursos materiais em um
espírito de generosidade visando o fim da exclusão, da injustiça e da opressão
política e econômica; Defender a liberdade de expressão e a diversidade
cultural, dando sempre preferência ao diálogo e à escuta do que ao fanatismo,
a difamação e a rejeição do outro; Promover um comportamento de consumo
que seja responsável e práticas de desenvolvimento que respeitem todas as
formas de vida e preservem o equilíbrio da natureza no planeta; Contribuir
para o desenvolvimento da minha comunidade, com a ampla participação da
mulher e o respeito pelos princípios democráticos, de modo a construir novas
formas de solidariedade (Dhnet, 1999).
O Plano Nacional de Educação (Brasil, 2014), que está em vigência até 2024, são
indicadas metas, diretrizes e estratégias para a educação. Na meta 7, item 7.23, são apresentados
caminhos para a construção da Cultura de Paz:
[...] garantir políticas de combate à violência na escola, inclusive pelo
desenvolvimento de ações destinadas à capacitação de educadores para
detecção dos sinais de suas causas, como a violência doméstica e sexual,
favorecendo a adoção das providências adequadas para promover a construção
da cultura de paz e um ambiente escolar dotado de segurança para a
comunidade (Brasil, 2014).
Mais recentemente, em 2018, foi alterado o artigo 12, da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB) (Brasil, 1996), a qual explicita o compromisso com combate à
violência e a cultura de paz:
Dilce Brasil DE SOUZA; André de Azambuja MARASCHIN; Renata Hernandez LINDEMANN e Crisna Daniela Krause BIERHALZ
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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IX Promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a
todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática
(bullying), no âmbito das escolas;
X Estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas
(Brasil, 2018, p. 14).
A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO)
apresentou, em 1996, o relatório elaborado pela Comissão Internacional sobre Educação para o
Século XXI, comissão chefiada por Jacques Delors, com o título “Educação, um tesouro a
descobrir”. O relatório apresenta a educação como um processo constante na vida das pessoas,
que pode proporcionar novos conhecimentos e a construção de suas identidades, de acordo com
o modo que cada um tem de interagir, de ser no mundo (Delors et al., 1996). O documento traz
quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os
outros e aprender a ser. Estes pilares são citados por autores como Salles Filho (2019) e Grossi
e Aguinsky (2006).
Para Delors et al. (1996), aprender a conhecer se refere não só aos saberes adquiridos,
mas à capacidade de entendermos os contextos, permitindo o desenvolvimento da criticidade.
o aprender a fazer, está relacionado com os encaminhamentos dados após a construção do
conhecimento, nos torna diferentes, sobretudo em nosso aprender para a vida profissional. Para
o autor, as capacidades sobre trabalho em equipe e tomada de decisões já eram apontadas como
essenciais para o mercado de trabalho. Aprender a viver com os outros prioriza a compreensão
do outro, traçando caminhos conjuntos, em busca de compreender sem julgamentos e superar
conflitos que surgem devido à pluralidade da sociedade contemporânea. Aprender a ser, tratado
como primordial, refere-se a valorização da criatividade, do crescimento individual e coletivo,
em que todo sujeito “[...] deve ser preparada [...] para elaborar pensamentos autônomos e
críticos e para formular os seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo,
como agir nas diferentes circunstâncias da vida” (Delors et al., 1996, p. 99).
Estes pilares estão em consonância com as ideias de Salles Filho (2019), ao explorar a
Cultura e Educação para a Paz, enfatizando-os como pontos fundamentais para um novo educar,
sinalizando que esses embasam diversos documentos e leis da educação no mundo e no Brasil.
O mesmo autor considera a Educação e Cultura de Paz como aspectos diferentes, mas
complementares. Ou seja, tudo que leva para uma busca e/ou um desejo de paz, faz parte da
Cultura de Paz. O autor enfatiza que a Educação para a Paz se configura como caminho
pedagógico a ser percorrido na busca para se vivenciar uma Cultura de Paz. Ainda destaca que
Articulação da cultura de paz e gestão escolar: Contribuições de um estudo de revisão sistemática
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embora Cultura e Educação para a Paz já possuam um campo teórico robusto na Europa, existe
um espaço ainda inicial de discussão no Brasil.
Na discussão de Salles Filho (2019) são apresentadas cinco pedagogias a saber:
Pedagogia dos Direitos Humanos, Pedagogia dos Valores Humanos, Pedagogia da
Conflitologia, Pedagogia da Ecoformação e Pedagogia das Vivências/Convivências. A
Pedagogia da Conflitologia, no sentido de tratar o conflito para além de um acordo pontual em
situações que se opõe, mas discutindo mais como “um redimensionamento das relações
humanas e sociais” (Salles Filho, 2019, p. 291). O autor defende a Pedagogia da Conflitologia,
como um dos elos entre a Cultura e Educação para a Paz, uma vez que os espaços escolares são
lócus onde o conflito se apresenta e podem ser solucionados, mesmo que sua importância por
vezes seja relativizada pela comunidade escolar. Existem várias práticas na perspectiva
dialógica de conflito, como a mediação escolar, a justiça restaurativa, a conciliação, que
denotam a importância da mediação nestas situações, embora seja necessário conhecer mais seu
conceito, seus significados para não diminuir sua grandeza e a importância deles na convivência
humana (Salles Filho, 2019).
A gênese do conflito muitas vezes se dá por um movimento natural dos seres humanos
vinculado à razão, que segundo Morin (2015a, p. 70) significa “[...] uma vontade de ter uma
visão coerente dos fenômenos, das coisas, do universo”. Por conseguinte, os sujeitos tendem a
se comportar na perspectiva de racionalização, se reunindo em grupos com pensamentos
semelhantes, ao invés da perspectiva de racionalidade, que pressupõe o diálogo e compreensão
de outras estruturas que ainda não fazem parte dos processos reflexivos e conscientes. Assim
sendo, se vislumbra aproximações entre o paradigma complexo, os quatro pilares da educação
e a Cultura e Educação para a Paz, na intenção de identificar, se apropriar, mediar e construir
relações diante dos conflitos.
Considerando a diversidade das relações, a educação é concebida como algo complexo.
Por conta disso, a perspectiva assumida sob a ótica do paradigma complexo (Morin, 2015a) e
suas relações com os quatro pilares da educação (Delors et al., 1996) e com uma Cultura e
Educação para a Paz (Salles Filho, 2019), não vislumbra um ambiente educacional a partir de
fragmentações como a disciplinarização de áreas do conhecimento ou espaços isolados da
organização social.
O pensamento complexo (Morin, 2015a) considera três princípios básicos: o dialógico,
o da recursão organizacional e o princípio hologramático. O princípio dialógico considera os
sentidos contrários que se relacionam, demonstrando sua complementaridade e a
Dilce Brasil DE SOUZA; André de Azambuja MARASCHIN; Renata Hernandez LINDEMANN e Crisna Daniela Krause BIERHALZ
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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impossibilidade de redução e simplificação das relações, saberes e conhecimentos. o
princípio da recursão organizacional pressupõe um movimento constante de interligação,
cíclico, na medida em que produtor e produto agem um sobre o outro, seja em sua constituição
ou auto-organização. Por fim, o princípio hologramático apresenta a concepção que o todo está
na parte e a parte está no todo, portanto “[...] a própria ideia hologramática está ligada à ideia
recursiva, que está ligada, em parte, à ideia dialógica” (Morin, 2015a, p. 75).
Como pode-se observar no contexto nacional, essa temática é estudada por Guimaraes
(2011) que questiona as indiferenças e violências naturalizadas. Salles Filho (2019) propõe
a partir de uma visão integrada e interdisciplinar dos saberes a abordagem de cinco pedagogias,
articuladas ao pensamento complexo. No contexto internacional, a contribuição de Jares (2002)
compreende a paz como oposto a violência que deve ser combatida em diversas frentes e não
apenas na agressão física e Galtung (2003) enfatiza como condição para a paz o respeito mútuo,
dignidade, igualdade e reciprocidade em todas as dimensões da sociedade, tais como política,
econômica e espírito.
Em suma, pode-se pensar a escola como um ambiente diverso, em constante evolução e
com interações plurais, que não se esgotam. Nessa perspectiva de incompletude (Morin, 2015a),
percebe-se a escola como parte da sociedade (assim como um ponto da imagem do holograma
possui muitas informações sobre aquela representação), bem como se reconhece que as relações
construídas nesse ambiente perpassam os muros das instituições de ensino e também ocorrem
na sociedade (assim como uma representação completa possui vários pontos). Nesse aspecto, a
recursividade e o diálogo são igualmente importantes na compreensão dos diferentes sujeitos,
das culturas, dos conflitos e de suas repercussões no ambiente escolar, familiar e social.
Não obstante, aprender a conhecer e a fazer são pilares importantes para o processo de
(re)significação da educação, visto que a simplificação do pensamento e fragmentação do
conhecimento podem afetar a evolução do ser humano enquanto cidadão e profissional, o
permitindo que o diferente seja considerado. Ainda, aprender a viver e aprender a ser instigam
a conscientização para o novo, o plural, construindo processos mentais no viés da racionalidade
e não da racionalização. Por esse motivo, aposta-se na gestão escolar, pensando nela como um
elo entre os diferentes agentes que compõem a comunidade escolar, para atuar de forma coletiva
e colaborativa em prol da construção de uma sociedade melhor.
Articulação da cultura de paz e gestão escolar: Contribuições de um estudo de revisão sistemática
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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Metodologia: caminho percorrido
A pesquisa tem caráter exploratório, que segundo Gil (2021), visa tornar o pesquisador
mais familiarizado com a questão a ser estudada. O procedimento metodológico adotado é a
revisão sistemática de literatura que se baseou em oito passos sugeridos por Costa e Zoltowsky
(2014, p. 57), a saber:
1.delimitação da questão a ser pesquisada; 2. escolha das fontes de dados; 3.
eleição das palavras-chave para a busca; 4. busca e armazenamento dos
resultados; 5. seleção de artigos pelo resumo, de acordo com critérios de
inclusão e exclusão; 6. extração dos dados dos artigos selecionados; 7.
avaliação dos artigos; 8. síntese e interpretação dos dados.
A revisão sistemática de literatura buscou as produções nacionais sobre Cultura de Paz
com foco na educação e gestão escolar. Com definição pelo portal eletrônico de periódicos da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
5
, que possui, de
maneira virtual, um vasto acervo científico reunindo conteúdos produzidos aqui no Brasil e
também trabalhos com editoras internacionais e instituições de ensino e pesquisa Brasileira.
Na etapa de delimitação da questão de pesquisa, a investigação foi norteada por
indagações a respeito da formação de gestores escolares na perspectiva da Cultura e Educação
para a Paz. A fonte dos dados, conforme já mencionado, foi o portal de periódicos da CAPES
e os termos de busca foram “Cultura de Paz” e “Gestão Escolar” com a utilização do operador
booleano AND, com o intuito de garantir a presença dos dois termos. Os textos encontrados
possuíam esses termos no título, palavras-chave e/ou resumo. A pesquisa não delimitou período
temporal, localizando trabalhos no período de 2006 a 2021.
Além disso, como critérios de inclusão e exclusão, considerou-se o tipo de produção
(artigos), o idioma (português) e pesquisas desenvolvidas exclusivamente no contexto
brasileiro. Foram encontrados 16 artigos e dessa amostra foram excluídos 11 trabalhos: cinco
por repetição ou língua estrangeira, cinco por não trazerem pesquisas do contexto brasileiro e
um por ser resenha de livro. Ao final, os cinco artigos foram codificados e lidos.
Para facilitar a extração e análise de dados, foram organizados na forma de quadros,
um que compila informações das produções (título, codificação, autores, ano, nome do
periódico, estado brasileiro da publicação) e outro com os objetivos e principais resultados da
pesquisa.
5
https://www-periodicos-capes-gov-br.ezl.periodicos.capes.gov.br/index.php?
Dilce Brasil DE SOUZA; André de Azambuja MARASCHIN; Renata Hernandez LINDEMANN e Crisna Daniela Krause BIERHALZ
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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As duas últimas etapas da revisão sistemática, que são a avaliação dos artigos e a
síntese e interpretação dos dados, foram organizadas a partir da leitura na íntegra dos artigos,
no qual foram reunidas informações das principais ideias, sendo organizadas pelas suas
aproximações em categorias, a saber: A materialização das violências no contexto escolar,
Formar para transformar: alternativas para o enfrentamento da violência e Gestão escolar e
família: diminuindo os espaços da violência.
Resultados
O Quadro 1 apresenta informações que auxiliam na compreensão dos trabalhos
selecionados, considerando um código dado ao artigo, o seu título, autores, ano de publicação,
periódico e estado onde a pesquisa foi desenvolvida.
Quadro 1 Trabalhos que envolvem gestão escolar e Cultura e Educação para a Paz
Título
Autores
Periódico
Estado
Gestão Escolar e parceiros
Elementos imprescindíveis na
promoção da paz no ambiente
escolar, com vistas à
aprendizagem
MELO, Genilda
Alves
Nascimento; DOS
SANTOS Andréia
Quinto; SILVA,
Célia Jesus dos
Santos
SUSTINERI - Revista
de Saúde e Educação
Bahia
Gestão Escolar e as novas
incumbências impostas pela
Lei Federal Nº 13.663/18
HAMMES, Lúcio
Jorge; SEBAJE,
Alexandre
Zacaria
Plurais Revista
Multidisciplinar
Rio Grande
do Sul
A construção da cultura de paz
como uma estratégia de
superação da violência no
meio escolar: impasses e
desafio
GROSS, Patrícia
Krieger;
AGUINSKY,
Beatriz
Gerhenson
Revista Educação
(PUCRS)
Rio Grande
do Sul
A incidência de bullying na
escola pública e o papel da
gestão no enfrentamento da
violência
ORIQUE, Silvia
Diana de Lima
Silva; HAMMES,
Lúcio Jorge;
MOITA, Emanuel
Revista Educar Mais
Rio Grande
do Sul
Violência ao docente na
escola: narrativa de professora
agredida por aluno
DE SOUSA,
Gesilane
Domingos;
FIALHO, Lia
Machado Fiuza.
Conhecer: debate entre
o público e o privado
Ceará
Fonte: Elaboração dos autores
O Quadro 1 demonstra que os cinco trabalhos (A1, A2, A3, A4 e A5) foram publicados
de 2006 a 2021, em cinco periódicos distintos. Além disso, percebe-se a presença de um dos
autores em duas das publicações (A2 e A4). Um dos trabalhos foi produzido na Bahia (A1), um
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no Ceará (A5) e os outros três no Rio Grande do Sul (A2, A3 e A4). A esse respeito, é
importante dizer que a primeira tese no Brasil sobre Educação para a Paz foi defendida no Rio
Grande do Sul, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pelo padre e educador
pacifista gaúcho, falecido, Dom Irineu Rezende Guimarães, em 2003. A obra possibilitou a
entrada desse tema no meio acadêmico, sendo que Dom Irineu, desde os anos 90, envolveu-se
com trabalhos voltados para a paz, coordenando Organizações Não Governamentais e liderando
movimentos
6
. Vinte anos depois, ainda é possível encontrar um campo de pesquisa em
evolução, no qual pesquisadores e grupos de pesquisa buscam a consolidação da investigação
em diferentes regiões do país na perspectiva da Educação e Cultura para a Paz, sobretudo
alinhada à gestão. O Quadro 2, a seguir, demonstra os objetivos apontados nos artigos
encontrados nesta revisão.
Quadro 2 Objetivos de pesquisa
Objetivo da pesquisa
[...] discutir como o ambiente escolar influencia na aprendizagem do aluno, qual responsabilidade da
gestão escolar, em parceria com a comunidade escolar, para transformar o ambiente escolar na cultura
de paz.
[...] contribuir para o debate e a percepção dos gestores escolares no que se refere às novas incumbências
impostas pela lei em questão.
[...] relatar este processo de implementação do “VIVE”, procurando dar voz aos envolvidos na
construção de uma cultura de paz e os desafios para os profissionais frente à violência estrutural e
processos de exclusão no ambiente escolar.
[...] analisar as situações de bullying nas escolas e verificar as providências tomadas pela gestão para
minimizar os efeitos desta forma de violência.
[...] compreender as reverberações da violência física praticada por alunos contra o educador.
Fonte: Elaboração dos autores
No Quadro 2 percebe-se por meio dos objetivos de pesquisa que os artigos têm
preocupação com a violência escolar ou a vivência dos sujeitos em ambientes coletivos
permeados pelo (des)respeito, além de reflexões sobre a formação de gestores e atuação na
perspectiva da Cultura de Paz sob o ponto de vista de leis e implementação de iniciativas como
capacitações e projetos.
Não obstante, a partir da leitura dos artigos buscou-se identificar outros aspectos que
caracterizam os estudos. Cada texto foi lido e os aspectos significativos que emergiram da
compreensão dos autores se organizaram a partir de três categorias de análise, que são: A
6
Dom Irineu Resende Guimarães (Padre Marcelo Rezende Guimarães), nascido em Rio Pardo, em 1959 e falecido na França,
em 2015. Foi monge beneditino e educador pacifista, escritor e teólogo, doutor em Educação pela UFRGS. Produziu muitos
artigos e livros com destaque para sua tese de doutorado "Educação para a Paz: sentidos e dilemas". Até o final da sua vida
publicava mensalmente orações pela paz em seu blog.
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materialização das violências no contexto escolar, Formar para transformar: alternativas para o
enfrentamento da violência e Gestão escolar e família: diminuindo os espaços da violência.
Cabe registrar que na metodologia adotada, de revisão sistemática, um texto pode ser abordado
e discutido em mais de uma categoria de análise. A seguir, as categorias serão apresentadas.
A materialização das violências no contexto escolar
Os artigos que compõem esta categoria, com enfoques ora similares, ora diversos,
refletem diferentes tipos de atitudes e violências na vivência escolar e familiar dos sujeitos. Não
há como dissociar o tema violência do confronto entre as experiências e vivências dos sujeitos,
visto que a escola, como um ambiente plural e capaz de estabelecer relacionamentos entre
pessoas diversas, se configura como um espaço de aproximação e conflito entre distintas
concepções e culturas. Assim como os princípios hologramático e recursivo (Morin, 2015a), a
escola reflete os desajustes e desafios do mundo contemporâneo e, portanto, é necessário
fomentar uma Cultura de Paz.
Em relação a A1 e A5, a violência física e social são abordadas. O texto de A1 apresenta
uma situação de assassinato de um aluno em frente a uma escola e discutiu a influência do
ambiente escolar na aprendizagem dos alunos. As autoras defendem que este é um espaço que
deve cuidar também da integridade física e mental de todos e, portanto, a gestão articulada com
a comunidade escolar contribui para um ambiente transformador. As autoras relatam a presença
constante de comportamentos agressivos nas escolas, em que os alunos chegam impondo suas
verdades, sem se importar em conviver conforme as normas presentes no ambiente escolar.
Muitas vezes as situações de fora da escola são trazidas ao seu interior, causando conflitos,
refletindo o princípio recursivo no qual a sociedade produz os indivíduos, que produzem a
sociedade e, em meio a essas interações, pode-se entender que somos, ao mesmo tempo,
causadores e efeitos do que se apresenta na sociedade (Morin, 2015a, 2021).
A1 também apresenta que a escola sozinha não dará conta da resolução de tal problema
e apontou a parceria com comunidade escolar como imprescindível. Levantou também a
questão do abalo emocional sofrido por todos, professores e alunos, relativo a situações de
insegurança que levam à evasão escolar, reprovações e mau rendimento em todos os sentidos
dos envolvidos. Os pilares da educação se relacionam e são interdependentes, fazendo com que
as consequências mencionadas firam diretamente seus princípios. O ambiente escolar deve ser
um local de acolhimento, onde se busca, além do conhecimento, “desenvolver a compreensão
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do outro [...] realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos - no respeito pelos
valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz” (Delors et al., 1996, p. 97).
O artigo A5, da mesma forma, trata do assunto violência no âmbito escolar, em que uma
professora foi agredida por um aluno. Evidenciou-se não apenas a violência física, mas a
presença da violência social entre aluno e professor, refletindo sobre as consequências na vida
pessoal e profissional. Um ponto importante apontado por A5 é o silêncio das vítimas e
ocultação de casos por parte da gestão escolar. Como resultado, a manifestação de agressão em
situações onde os conflitos são negligenciados suscita preocupações substanciais. Isso cria um
ambiente propício para outros tipos de violência, uma vez que pode contribuir para a
normalização de comportamentos desrespeitosos por parte de indivíduos intolerantes. Portanto,
entende-se que ambientes de diálogo e mediação subsidiam a busca por caminhos de paz nas
relações. Porém, situações pequenas não encaminhadas corretamente colaboram para um
avanço da violência, sendo que “[...] o que gera violência não são os conflitos, mas sim a não
resolução dos impasses a partir de ideias contrárias” (Salles Filho, 2019, p. 308).
Não obstante, além do que foi destacado em A5, o texto de A3 também discute
violências, com foco na violência estrutural presente nas escolas e em seus entornos, sobretudo
em relação à desigualdade social e condições de estrutura, material, acesso ao lazer, cultura etc.
Tal fato também é possível de relacionar com a desordem (Morin, 2015a) vivenciada nas
escolas, decorrentes das diferenças existentes na sociedade, trazendo para seu meio, alunos
acometidos pelo desemprego de seus familiares (ou próprio) e gerando incertezas quanto ao seu
sustento ou sua saúde, por exemplo. Consequentemente, a escola e as famílias se encontram em
constante reorganização frente às turbulências enfrentadas (Silva; Lunardi, 2006).
Ainda relacionado com atitudes e violências, o artigo A4 traz a incidência de bullying
no ambiente de duas escolas públicas do interior do Rio Grande do Sul, analisando ações da
gestão em relação ao assunto e as consequências para os envolvidos (quem sofre, quem pratica
e quem assiste). Em suas considerações, aponta que o bullying ainda é tratado como algo
comum, um tipo de violência que exige um posicionamento da gestão. A esse respeito, Salles
Filho (2019) indica que o bullying faz parte das violências sociais que estão presentes na escola,
que prejudicam o processo pedagógico dos diferentes componentes escolares e, por conta disso,
o olhar da gestão deve ser ampliado a fim de “[...] considerar a realidade e o contexto da escola
e dos alunos, além da relação dos professores, as construções comunitárias e a forma que cada
espaço se relaciona com tantas variáveis” (Salles Filho, 2019, p. 176).
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O bullying, assim como outros tipos de violência, estão presentes nas escolas em meio
aos processos de convivência humana e demonstram como os sujeitos têm dificuldade para
compreender o outro nas suas diferenças. Em sua obra, Morin (2011, p. 17) indica que esse é
um dos pontos que educadores precisam perseguir para aproximar-se de uma vivência de
Cultura de Paz nas escolas, pois “[...] o desenvolvimento da compreensão pede a reforma das
mentalidades”. Essa transformação implica na renúncia ao pensamento linear, o qual restringe
a ampliação da consciência ao manter abordagens exclusivas e inflexíveis, resultando na
limitação e na restrição do pensamento (Morin, 2015a). Percebe-se que todos os artigos
corroboram com a visão de que a escola não pode educar de maneira local e simplificada, sendo
necessário entendê-la em uma perspectiva ampla, que sofre influências e influencia a partir de
divergências de vários âmbitos.
A fragmentação do conhecimento nos impede de enxergar “o que é tecido junto”, isto
é, o complexo, segundo o sentido original do termo (Morin, 2021, p. 14). Nesse viés, Morin
(2015a) considera que a complexidade existe em diferentes ambientes e desenvolve uma
analogia da tapeçaria, enfatizando três etapas: a primeira indicando que a tapeçaria é mais que
a soma dos fios (o todo é mais que a soma das partes); a segunda que a tapeçaria não consegue
explicitar a qualidade de cada fio (o todo é menor que a soma das partes); e a terceira
reconhecendo a impossibilidade de compreensão de algo, o reduzindo à simplicidade (o todo é
mais e menos a soma das partes).
Em outras palavras, aproximando essa analogia do contexto ora discutido, os problemas
globais existentes na realidade dos sujeitos tendem a impactar mais que os problemas locais do
ambiente escolar, contudo, o âmbito global é importante para compreender o que se apresenta
e reverbera enquanto problema na escola. Não obstante, o conflito local não se encontra preso
ao ambiente escolar e por isso acaba sendo igualmente necessário entender sua repercussão ao
nível global, externo àquele meio. Logo, problemas da sociedade e do ambiente escolar são
para entender conflitos e problemáticas que emergem. Salles Filho (2019) argumenta que no
dia a dia das instituições de ensino, vivenciam-se seguidamente situações de violência direta
que tomam tempo, pois precisam ser resolvidas com o auxílio de normas, leis e condutas que
se conhecem. Contudo, não existem garantias de que não irão acontecer novamente e, por esse
motivo, a Cultura e Educação para a Paz devem ser considerada uma alternativa que minimize
essas problemáticas.
Em suma, defende-se que são necessários caminhos pedagógicos mediadores,
sustentados pela perspectiva da Cultura e Educação para a Paz no cotidiano escolar,
Articulação da cultura de paz e gestão escolar: Contribuições de um estudo de revisão sistemática
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entrecruzados com os componentes curriculares para que se entenda e se aprenda mais sobre
“[...] práticas lúdicas e restaurativas, promotoras de vida nas escolas, é uma alternativa mais
que viável, se não absolutamente necessária para a educação brasileira no século XXI” (Salles
Filho, 2019, p. 97). Qualquer tipo de violência impede que os participantes da comunidade
escolar vivenciem um ambiente saudável e agradável, de busca do conhecimento e crescimento
pessoal. Os conflitos que surgem pela diversidade de pensar e agir dos sujeitos, orientados pela
razão, precisam de espaço para serem compreendidos como normais e discutidos no sentido de
valorizar o que é distinto, entendendo como algo complementar. Ou seja, pelo viés da
racionalidade e não racionalização (Morin, 2015a), aprendendo a ser e a viver com o outro
(Delors et al. 1996).
Formar para transformar: alternativas para o enfrentamento da violência
Na perspectiva da formação do educador e da gestão escolar, apenas dois artigos foram
encontrados nesta revisão. A2 faz referência às novas incumbências dos gestores frente a Lei
Federal n.º 13.663/18, a qual acrescentou incisos ao Art. 12 da LDB (Brasil, 2018),
considerando que todos os envolvidos no processo de ensino devem promover medidas de
conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência, estabelecendo ações que
promovam a Cultura de Paz na escola. Sobre esse aspecto, é possível perceber que a
materialização das violências, discutida na categoria anterior, contribuiu para que emergisse a
necessidade de incisos na Lei de Diretrizes e Bases. Corroborando com A2, A4 faz uma breve
menção sobre a legislação, fazendo referência à Lei Federal n.º 13.663/18 com a alteração do
Art. 12 da LDB.
Em suas conclusões, A2 traz a necessidade de formação dos gestores para melhor
atender as exigências da lei, algo que se evidencia como uma possível lacuna para o
desenvolvimento de pesquisas, visto que a legislação ainda é pouco explorada nos trabalhos. O
texto de A2 defende a formação continuada como algo fundamental no processo educativo e
aponta os gestores como multiplicadores do conceito e vivência de uma Cultura de Paz,
sobretudo mediante a resolução de conflitos. Todavia, para isso ocorrer entende-se que mais
pesquisas e propostas no contexto educacional são necessárias, considerando os pilares da
educação (Delors et al., 1996).
Na mesma perspectiva, entende-se que a formação dos educadores é imprescindível
nesse processo de busca de Cultura de Paz. É importante ter uma gestão que entenda a
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relevância do contexto que se vive, que sinalize para os membros da comunidade escolar
caminhos que levem a atitudes de não violência e que instiguem e amparem os profissionais
frente a obstáculos que vão surgir. Nesse viés, A5 sinaliza a necessidade de o professor sentir-
se respaldado frente a sua missão e, nesse caso, a formação pode proporcionar essa emancipação
e qualificação da pessoa, corroborando para que se tenha uma educação de qualidade para todos.
Ressalta-se novamente a concepção de Paz ancorada em Jares (2002) como o oposto da
violência, que pode ser caracterizada por vários tipos, conforme foi observado na categoria
anterior. Por esse motivo, a formação docente, em especial dos gestores das escolas, se torna
importante nesse movimento de busca pela Paz. A exemplo disso, A3 demonstra uma pesquisa
desenvolvida por assistentes sociais em escolas públicas de Porto Alegre, RS, tratando da
implementação de um programa para capacitação de educadores para trabalharem com crianças
e jovens. Neste, valores como cooperação, humildade, paz, respeito, tolerância entre outros são
estimulados, mostrando os desafios dos profissionais na busca de se construir uma Cultura de
Paz frente às violências e exclusões do ambiente escolar.
Os pilares da educação (conhecer, fazer, ser, conviver) devem ser trabalhados
constantemente nas instituições, pois cada vez mais se necessita de pessoas preparadas para
lidar com situações em um mundo plural e diferente, pautado por questões que vão além do
conhecimento acadêmico, intelectual. Pessoas que saibam conviver socialmente de forma
construtiva, solidária, evoluídas pessoalmente no sentido de possuírem habilidades
socioemocionais que permitam interagir na busca de um mundo mais justo e empático (Delors
et al. 1996; Salles Filho, 2019). A3 apresenta que não basta apenas incorporar componentes de
Educação para a Paz se as atitudes e os relacionamentos permanecerem inalterados. É
necessário trabalhar aspectos como afetividade, elaborando atividades que estimulem o senso
de pertencimento e de responsabilidade com o ambiente em que se está inserido.
Nesse sentido, a proposta do programa de capacitação apresentou como possibilidades
de formação para a transformação, uma metodologia que explore habilidades de criação de
ambientes que exercitam os valores das pessoas, a escuta do outro, a comunicação não violenta
e o trabalho colaborativo na resolução de conflitos de forma positiva “[...] evitando-se assim o
ciclo negativo de inadequação, resistência, incriminação, raiva e retaliação, como também
estratégias para lidar com comportamentos perturbadores(A3, 2006, p. 424), evidenciando
mais uma vez a importância de capacitação dos envolvidos. Como desafios, A3 indicou a
reprodução da violência estrutural nas escolas, sinalizando “[...] a necessidade de um trabalho
Articulação da cultura de paz e gestão escolar: Contribuições de um estudo de revisão sistemática
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sistematizado e contínuo de promoção de valores baseado num processo dialógico que leve à
conscientização sobre a violência e a ação para a paz” (A3, 2006, p. 423).
Em suma, os artigos sinalizam a importância de preparar as pessoas para atender os
desafios práticos da contemporaneidade, apontando caminhos por meio da Paz para trabalhar
valores e enfrentar as situações-problema da sociedade atual. existem leis ratificando que
todo o tipo de violência precisa ser inibido e, por conta disso, a Cultura e Educação para a Paz
ganham legitimidade na constituição da formação de gestores, educadores e comunidade em
geral, junto a práticas mediadoras e dialógicas. Dito de outra forma, quando se reconhece um
mundo em várias crises, a escola também é participante desta realidade. Por conta disso, essa
desordem caracterizada pela perspectiva do pensamento complexo (Morin, 2015a), ajuda a
construir e (re)organizar a sociedade e suas extensões. Na escola, a educação sozinha não muda
uma sociedade, mas:
[...] poderia formar adultos mais capazes de enfrentar seus destinos, mais aptos
a expandir seu viver, mais aptos para o conhecimento pertinente, mais aptos a
compreender as complexidades humanas, históricas, sociais, planetárias, mais
aptos a reconhecer os erros e ilusões no conhecimento, na decisão e na ação,
mais aptos a se compreenderem uns aos outros, mais aptos a enfrentar as
incertezas, mais aptos para a aventura da vida (Morin, 2015b, p. 68).
A crise da educação recebe influências da crise social e, consequentemente, os conflitos
que emergem reverberam novamente na sociedade, constituindo o ciclo entre produtor e
produto (Morin, 2015a). Assim como o meio escolar pode possibilitar uma mudança de atitudes,
a transformação também deve ocorrer nas demais dimensões. Não basta anunciar a crise na
educação se o ser humano está em crise no seu viver. Morin (2015b, 68-69) indica [...] as
deficiências no ensino do viver. Problema de cada um e de todos s, saber viver encontra-se
no cerne do problema e da crise da educação”. Por esse motivo, a formação de gestores
educacionais em uma Educação para a Paz se mostra pertinente e urgente ao mesmo tempo,
envolvendo docentes, estudantes e suas famílias, conforme será discutido na categoria a seguir.
Mesmo com alguns desafios mencionados anteriormente, a transformação dos sujeitos deve ser
constante, haja vista que se assume aqui a vida como dinâmica e complexa (Morin, 2015a).
Entretanto, também se reconhece que este campo de formação ainda é incipiente.
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Gestão escolar e família: diminuindo os espaços da violência
Dois artigos tratam da importância da família nos processos educacionais. Não vamos
entrar em narrativas de conceito de família. Vamos abarcar famílias como esteio para
indivíduos, como berço de amor e valores. As mazelas sociais e as necessidades
contemporâneas muitas vezes afastam a família da escola, atrapalhando momentos coletivos e
de compartilhamento junto aos educadores.
É necessário compreender a instituição familiar como um sistema complexo, onde seus
integrantes são antagônicos, mas complementares entre si e em relação ao meio em que estão
inseridos. São todos diferentes, mas não de forma reduzida ou separada do todo, pois além de
terem uma relação fundamental com o contexto, possuem uma capacidade de se reinventar, se
ajustar frente às suas vivências (Silva; Lunardi, 2006; Morin, 2015a).
É importante entender que a evolução da sociedade acarreta uma constante modificação
dos papéis desempenhados pelos seus membros, reproduzindo no seio familiar situações
decorrentes das vivências. As ideias de recursividade e princípio hologramático, relacionando
os problemas globais e locais da sociedade e escola, também se aplicam aqui. Ou seja, ao
mesmo tempo em que os integrantes da família produzem a sociedade, a sociedade e seus
caminhos está presente na individualidade da família (Silva; Lunardi, 2006; Morin, 2015a).
A3 questiona a importância de pensar nas questões de violência no ambiente escolar, a
partir das subjetividades de cada estudante, professor, funcionário, etc. Nesse viés, as autoras
compreendem que a aproximação com as histórias de vida poderia auxiliar na diminuição do
desrespeito presente nesses espaços. Portanto, em A3 a família é fundamental no enfrentamento
das violências, pois “Envolver a família no processo de educação dos filhos é fundamental,
devendo esta ser parceira na construção de novas propostas para a educação” (A3, 2006, p. 9).
Não como afirmar que a educação é um sistema pronto, com um caminho certo. Se
faz necessário respeitar as individualidades e particularidades, traçando estratégias dialógicas e
mediadoras para o enfrentamento de situações que possam surgir. Cada pessoa - e sua família -
é complexa a partir do que vivencia, pois como parte de um organismo vivo, inserido em um
ambiente cheio de incertezas, sofre constantemente impacto de fenômenos diversos. Em outras
palavras, não é sozinha no universo, reorganizando-se constantemente em meio a desordem da
sociedade contemporânea (Silva; Lunardi, 2006; Morin, 2015a).
O A4 salienta que a família envolvida com a gestão pode ser um parceiro importante
para diminuição dos impactos causados pela violência, mas aposta na prevenção como melhor
maneira de enfrentá-la. Indica como possibilidade a mudança da realidade escolar, por meio de
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estratégias assumidas conjuntamente com as famílias, entendendo que todo problema é coletivo
e a busca pela solução é um compromisso de todos. Os autores apontam que, apenas punir quem
pratica e defender quem sofre, não traz resultados satisfatórios. Por esse motivo deve-se buscar
a mudança de pensamento, para que as atitudes sejam diferentes. Os depoimentos apresentados
em A4 demonstram que a participação da família na escola é fundamental para a prevenção e
enfrentamento de situações de violência (bullying), propiciando o desenvolvimento do aluno de
forma integral.
As pessoas são seres antagônicos, mas complementares em suas relações. Na escola,
enquanto ambiente plural, o trabalho pode acontecer de maneira integrada e dialógica, visando
a aceitação das pessoas e suas ideias. O desenvolvimento do sujeito de forma saudável e sem
traumas é um aspecto importante na formação de um cidadão consciente de sua relevância no
e para o mundo. Atos de violência não podem ser legitimados, quaisquer que sejam, atribuindo-
os a “brincadeiras de criança”, “coisas da fase/época” ou “perfil/personalidade”. A tolerância,
o respeito e a empatia devem ser trabalhados nas famílias, nas escolas e demais ambientes da
sociedade, almejando comportamentos pacíficos, que aceitem as diferenças. Segundo Salles
Filho (2019, p. 191):
[...] a tolerância na educação para a paz é que abre as portas ao diálogo e à
comunicação com qualidade que são as bases para a mediação de possíveis
conflitos ou para o simples entendimento entre pessoas e grupos. Com o
reconhecimento das inúmeras violências nas famílias, [...] nos diferentes
ambientes, acreditamos que a educação para a paz e o conceito de tolerância
serão fundamentais para o nosso tempo.
Esta categoria teve por intenção demonstrar que a família e a escola são parceiros
fundamentais na construção de uma sociedade menos intolerante e mais plural. Os conflitos são
naturais na essência dos seres humanos, portanto, devem ser entendidos e trabalhados a partir
de uma concepção complexa e multidimensional, considerando situações, causas e
subjetividades que podem materializá-los. Neste contexto, a ideia hologramática está presente
quando se entende a pessoa enquanto uma ponta de uma identidade planetária, de um todo
maior, agindo neste todo, que também retroage nela (MORIN, 2015a).
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Considerações finais
A sociedade contemporânea e as relações que se estabelecem nela não podem ser
entendidas de maneira simplista. O paradigma complexo contribui para uma compreensão
ampliada sobre o dinamismo e constante evolução dos saberes, das vivências e da constituição
dos cidadãos planetários. A violência faz parte dessas relações sociais e trazem implicações
para o contexto educacional, como se tem observado nos últimos anos a partir dos veículos de
comunicação e mídias digitais. Diante disso, o presente artigo apostou no campo da Cultura e
Educação para a Paz como possibilidade de enfrentamento à violência, partindo da gestão
escolar preocupada com os ambientes de dentro e fora das escolas.
Essa pesquisa sinaliza lacunas a partir das análises, que precisam ser melhor
problematizadas no contexto da gestão escolar. o significa assumir os resultados dessa escrita
como definitivos, pois se entende a configuração destes como um convite a outras investigações
e proposições acerca da temática. Apostou-se no olhar para a gestão escolar como um
articulador potente da Cultura e Educação para a Paz.
Três categorias de análise se mostraram. A primeira sobre formas de violência
(estruturais, físicas e emocionais) vivenciadas na escola, permite problematizar o
comportamento em sociedade e nas famílias a fim de que se contribua na mudança do modo de
pensar e de agir para a construção de uma sociedade igualitária. A segunda trouxe a apropriação
de leis e propostas práticas no ambiente escolar de modo a fomentar processos formativos
norteados por princípios da Cultura e Educação para a Paz (comunicação não violenta,
mediação entre outros). Por fim, a consolidação da parceria entre escola e família como pilar
de combate a propagação da violência.
Defendemos que a gestão escolar pode subsidiar espaços de fortalecimento da equipe e
preparação para adversidades recorrentes no dia a dia, sejam elas oriundas desse ambiente ou
do meio externo. Além disso, é importante fomentar a escuta atenta e refletir sobre a dimensão
do currículo desses profissionais, a fim de atender demandas contemporâneas. Entendemos a
necessidade de expandir políticas públicas de educação e de ampliar discussões sobre a não
violência na conduta dos indivíduos. Nesse sentido, cada vez mais as escolas podem ser
transformadas, a partir dessas políticas e com o auxílio dos gestores, em ambientes de reflexão
e ação, entendendo contextos, desenvolvendo e qualificando relações.
Articulação da cultura de paz e gestão escolar: Contribuições de um estudo de revisão sistemática
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.17093 22
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Articulação da cultura de paz e gestão escolar: Contribuições de um estudo de revisão sistemática
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não aplicável.
Financiamento: Não aplicável.
Conflitos de interesse: Não aplicável.
Aprovação ética: Não aplicável.
Disponibilidade de dados e material: Não aplicável.
Contribuições dos autores: Autora 1: Pesquisa bibliográfica, coleta de dados, análise e
interpretação dos dados, redação do texto e ajustes indicados. Autor 2: Análise e
interpretação dos dados, redação do texto e ajustes indicados. Autora 3: Análise e
interpretação dos dados, redação do texto e ajustes indicados. Autora 4: Análise e
interpretação dos dados, redação do texto e ajustes indicados.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, versão e tradução.
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.17093 1
ARTICULATION OF THE CULTURE OF PEACE AND SCHOOL MANAGEMENT:
CONTRIBUTIONS OF A SYSTEMATIC REVIEW STUDY
ARTICULAÇÃO DA CULTURA DE PAZ E GESTÃO ESCOLAR: CONTRIBUIÇÕES DE
UM ESTUDO DE REVISÃO SISTEMÁTICA
ARTICULACIÓN DE LA CULTURA DE PAZ Y LA GESTIÓN ESCOLAR: APORTES DE
UN ESTUDIO DE REVISIÓN SISTEMÁTICA
Dilce Brasil DE SOUZA1
e-mail: dilcesouza.aluno@unipampa.edu.br
André de Azambuja MARASCHIN2
e-mail: andremaraschin@hotmail.com
Renata Hernandez LINDEMANN3
e-mail: renatalindemann@unipampa.edu.br
Crisna Daniela Krause BIERHALZ4
e-mail: crisnabierhalz@unipampa.edu.br
How to reference this paper:
DE SOUZA, D. B.; MARASCHIN, A. de A.; LINDEMANN,
R. H.; BIERHALZ, C. D. K. Articulation of the culture of
peace and school management: Contributions of a systematic
review study. Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador,
v. 7, n. 00, e023005. e-ISSN: 2177-5060. DOI:
https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.17093
| Submitted: 10/04/2023
| Revisions required: 22/06/2023
| Approved: 11/09/2023
| Published: 27/10/2023
Editors:
Prof. Dr. Célia Tanajura Machado
Prof. Dr. Kathia Marise Borges Sales
Prof. Dr. Rosângela da Luz Matos
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
University Federal of Pampa (UNIPAMPA), Bagé RS Brazil. Professor in the private education network of Bagé (CFES) and
member of the Research Group on Learning, Methodologies, and Assessment (G.A.M.A/UNIPAMPA).
2
Sul-Rio-Grandense Federal Institute of Education, Science and Technology (IFSUL), Bagé RS Brazil. Substitute EBTT Professor
in Chemistry and member of the Research Group on Learning, Methodologies, and Assessment (G.A.M.A/UNIPAMPA).
3
University Federal of Pampa (UNIPAMPA), Bagé RS Brazil. Associate Professor III affiliated with the Graduate Program in
Teaching (PPGE/UNIPAMPA) and a member of the Research Group on Learning, Methodologies, and Assessment
(G.A.M.A/UNIPAMPA).
4
University Federal of Pampa (UNIPAMPA), Bagé RS Brazil. Associate Professor II is affiliated with the Graduate Program in
Teaching (PPGE/UNIPAMPA) and a member of the Research Group on Learning, Methodologies, and Assessment
(G.A.M.A/UNIPAMPA).
Articulation of the culture of peace and school management: Contributions of a systematic review study
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.17093 2
ABSTRACT: This study aimed to identify and discuss national academic productions from the
perspective of Culture and Education for Peace, emphasizing the training of educational
managers. The methodology adopted was an integrative systematic review, and the research
was conducted on the Portal de Periódicos da Capes. No specific time frame was delimited.
After the articles were read, the results were organized into three categories: The materialization
of violence in the school context; Forming for transformation: alternatives for addressing
violence; and School management and family: reducing spaces of violence. In summary, the
studies revealed considerations regarding various types of violence in the daily life of schools.
It was also observed that there is a limited number of works that link the Culture of Peace with
the training of school managers and underscored the importance of the management's
collaboration with the school team and families.
KEYWORDS: Teacher. Pedagogical Workshops. Institutional Policies. Mental Health.
RESUMO: Este trabalho objetivou identificar e discutir produções acadêmicas nacionais
sobre a perspectiva da Cultura e Educação para a Paz, com ênfase na formação de gestores
educacionais. Como metodologia assumiu-se a revisão sistemática integrativa e a investigação
ocorreu no Portal de Periódicos da Capes. Não foi delimitado período temporal. Após a leitura
dos artigos, os resultados foram organizados em três categorias: A materialização das
violências no contexto escolar; Formar para transformar: alternativas para o enfrentamento
da violência; e Gestão escolar e família: diminuindo os espaços da violência. Em síntese,
evidenciou-se nos trabalhos considerações acerca de alguns tipos de violência presente no dia
a dia da escola, além de constatar-se a incipiência de trabalhos que articulam a Cultura de
Paz com a formação de gestores escolares e a importância da atuação da gestão em parceria
com a equipe escolar e famílias.
PALAVRAS-CHAVE: Cultura de Paz. Gestão Escolar. Violência. Formação de Gestores.
RESUMEN: Este trabajo tuvo como objetivo identificar y discutir las producciones
académicas nacionales en la perspectiva de Cultura y Educación para la Paz, con énfasis en
la formación de gestores educativos. Como metodología, se asumió una revisión sistemática
integradora y la investigación se realizó en el Portal de Periódicos da Capes. No se delimitó
ningún período de tiempo. Después de la lectura de los artículos, los resultados fueron
organizados en tres categorías: La materialización de la violencia en el contexto escolar;
Educar para transformar: alternativas para el enfrentamiento a la violencia; y Gestión escolar
y familia: reduciendo los espacios de violencia. En síntesis, en los trabajos se evidenciaron
consideraciones sobre algunos tipos de violencia presentes en el cotidiano escolar, además de
verificar la incipiencia de trabajos que articulan la Cultura de Paz con la formación de
gestores escolares y la importancia de la actuación de la dirección en colaboración con el
equipo escolar y las familias.
PALABRAS CLAVE: Cultura de Paz. Gestión escolar. Violencia. Formación de Directivos.
Dilce Brasil DE SOUZA; André de Azambuja MARASCHIN; Renata Hernandez LINDEMANN and Crisna Daniela Krause BIERHALZ
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.17093 3
Introduction
This article aims to identify and discuss national productions regarding the perspective
of Culture and Education for Peace, emphasizing the training of educational managers. Peace
is a complex concept since there is no single definition, and its focus, for example, is on contexts
and cultures. We cannot understand it solely as the absence of war international agreements or
leave it to popular taste as the absence of conflict and serenity (Jares, 2002). As participants in
contemporary society, human beings who live and interact socially, it is ideal for peace to be
understood as a path everyone needs and can pursue.
Jares (2002) also presents the positive conception of peace based on two points: peace
is the opposite of violence, not just the absence of war, and violence is not only direct physical
aggression or by weapons; there is less visible violence that causes human suffering. Issues like
these, with contradictory logic, affirm the complexity of the world and social organization
(Morin, 2015a). In this sense, knowledge, cultures, understanding, and conflicts cannot be
thought of, built, or resolved in a fragmented manner (Morin, 2015a; Salles Filho, 2019). Today,
we have something that did not exist in the past: technology and information.
The excess of information, speed, and content creates an environment of stress and
insecurity. Nevertheless, it is known that not everyone has the time and willingness to verify
the authenticity of what is being reported, nor to understand what has been presented. On this
aspect, Morin (2015a) emphasizes the risks of knowledge being reduced to mere information,
leading to limitations in decision-making processes and awareness due to the oversimplification
to which human thought can be guided. The world is dynamic, individuals interact, and in this
sense, mediation, and acceptance of the contradictory are necessary.
From an educational perspective, the awareness that there are no static and
unquestionable truths should always be encouraged in teachers' speech. The role of educators
is to present facts and sources that can be checked, stimulate critical thinking, and enable the
development of questioning abilities so that individuals can grow, discover themselves, and
establish themselves within personal and collective values. According to Monteiro and
colleagues (2021, p. 3, our translation):
[...] The school organization should value the collective relationships
established to facilitate knowledge construction, considering the complexity
of human behavior and development for the sake of Peace. Hence, the
importance of introducing social values and concepts of the Culture of Peace
that prioritize respect and human dignity to prevent violence is deeply rooted
in the school environment.
Articulation of the culture of peace and school management: Contributions of a systematic review study
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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Therefore, educators cannot approach Peace with a simplistic attitude. Furthermore,
conflicts and violence cannot be polarized by opposing sides that do not engage in dialogue,
one right and the other wrong. Building a Culture of Peace is not a path that can be quickly
traversed or reached at a finished and complete point. It is an ongoing process guided by
principles such as the dialogical and the recursive (Morin, 2015a).
The cultural social ills and the crisis of values we experience contribute to a violent
environment. Monteiro et al. (2021, p. 5) state that the school reproduces and even provides
opportunities for violent situations in its territory "either through attitudes, omission, or
weakness in its role". According to the authors, preventing violence is a way to seek more
harmonious social interactions based on respect and cooperation, which is beneficial for our
personal development. At this point, it is essential to position school management as responsible
for administrative and pedagogical aspects, as well as for the school community, working on
the individualities of its team to add up to the group, valuing and respecting their work.
Moreover, Melo, Dos Santos and Silva (2019), argue that this respect for each other's
work transforms the behavior of both students and teachers. Lück (2009) discusses that
educational management needs to be seen differently from educational administration because
school management encompasses a careful consideration of changes and people. Furthermore,
it presupposes conflict management, contributing to the construction of a cohesive team, which,
through their complementarities, understand, without excluding but aiming to overcome the
challenges presented.
Theoretical Framework
Johan Galtung, a Norwegian sociologist and one of the founders of peace and conflict
studies, posits that peace is: "[...] a positive relationship between the parties, a union, a
communion. The condition for peace is mutual respect, dignity, equality, reciprocity all in
three areas: spirit, mind, body; culture, politics, and economy" (Galtung, 2003, p. 2, our
translation). In alignment with the author, it is understood that to achieve this peace, it begins
with an individual's desire, for only those who hold this value within themselves seek to act in
accordance with it, radiating this spirit of peace through their actions, resonating in their spheres
of influence. Guimarães (2011) in his work, proposes reflections on the culture of peace in
opposition to the indifference and naturalized violence in today's world. The author also
presents a conception of individual pursuit for peace:
Dilce Brasil DE SOUZA; André de Azambuja MARASCHIN; Renata Hernandez LINDEMANN and Crisna Daniela Krause BIERHALZ
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.17093 5
[...] in many traditions of peace education, peace is an event of consciousness
and has its fundamental realization within the human being. Peace education
fundamentally pacifies spirits or moral disarmament (Guimarães, 2011. p.
172, our translation).
In the historical context, following the Cold War, the Culture of Peace became a part of
the recommendations of the United Nations (UN), starting with Resolution 52/15 on November
20, 1997, designating the year 2000 as the "International Year for the Culture of Peace."
Subsequently, Resolution 53/25 (Nações Unidas, 1999), on November 10, 1998, extended this
effort, establishing the period of 2001-2010 as the "International Decade for a Culture of Peace
and Non-Violence for the Children of the World."
On October 6, 1999, Resolution 53/243 (Nações Unidas, 1999) known as the
"Declaration and Programme of Action on a Culture of Peace," outlines that governments and
other organizations should promote the Culture of Peace in accordance with the presuppositions
highlighted in Article One:
A Culture of Peace is a set of values, attitudes, traditions, behaviors, and
lifestyles based on: a) Respect for life, the end of violence, and the promotion
and practice of non-violence through education, dialogue, and cooperation;
[...] d) Commitment to the peaceful resolution of conflicts; [...] h) Respect for
and promotion of the right of all individuals to freedom of expression, opinion,
and information; i) Adherence to the principles of freedom, justice,
democracy, tolerance, solidarity, cooperation, pluralism, cultural diversity,
dialogue, and understanding at all levels of society and among nations; and
animated by a national and international atmosphere that favors peace (Nações
Unidas, 1999, p. 2, our translation).
Words such as values, traditions, attitudes, behaviors, and lifestyles are present and
direct our attention to the crises we are experiencing today in society, observed over time, and
resonating in educational institutions, in daily life in general, manifested in our acts of
disrespect, intolerance towards others, the environment, sustainability issues, and our dignity.
When we are indifferent to what happens, we distance ourselves from the concept of aspiring
to a society that lives a Culture of Peace, as advocated by Milani and Jesus (2003, p. 19, our
translation):
Peace cannot be an abstract ideal that one dreams of while waiting for it to
occur spontaneously or by magic. Peace is a journey that only happens through
the will and actions of human beings. There is no arrival or final point, as
human potential is infinite, and we can evolve continually.
Articulation of the culture of peace and school management: Contributions of a systematic review study
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.17093 6
The authors emphasize that people create both peace and violence and, therefore, we
must consciously make the right choices on the path to a Culture of Peace. Even non-action is
a choice with consequences that affect everyone (Milani; Jesus, 2003).
In this journey towards a Culture of Peace, the Manifesto 2000 for a Culture of Peace
and Non-Violence (Dhnet, 1999) emerged on March 4, 1999. This document was created by
Nobel Peace Prize laureates with the aim that each individual is responsible, through attitudes
and behaviors, for the pursuit of a Culture of Peace. In other words, it's an individual
responsibility to contribute to the collective achievement of these ideals. The Manifesto 2000
outlines the pillars for a Culture of Peace:
Respecting the life and dignity of every person without discrimination or
prejudice; Practicing active non-violence, rejecting violence in all its forms:
physical, sexual, psychological, economic, and social, especially against the
most deprived and vulnerable groups such as children and adolescents; Share
my time and material resources in a spirit of generosity with the goal of ending
exclusion, injustice, and political and economic oppression; Defending
freedom of expression and cultural diversity, always preferring dialogue and
listening over fanaticism, defamation, and the rejection of others; Promoting
responsible consumption behavior and development practices that respect all
forms of life and preserve the balance of nature on the planet; Contributing to
the development of my community, with broad participation of women and
respect for democratic principles, to build new forms of solidarity (Dhnet,
1999, our translation).
The National Education Plan (Brasil, 2014), which is in effect until 2024, outlines goals,
guidelines, and strategies for education. In goal 7, item 7.23, pathways for the construction of
a Culture of Peace are presented:
[...] ensuring policies to combat violence in schools, including actions aimed
at training educators to detect signs of its causes, such as domestic and sexual
violence, favoring the adoption of appropriate measures to promote the
construction of a culture of peace and a school environment that is safe for the
community (Brasil, 2014, our translation).
More recently, in 2018, article 12 of the Law of Directives and Bases of National
Education (LDB) (Brasil, 1996), was amended, which explicitly commits to combating
violence and promoting a culture of peace:
IX Promote awareness, prevention, and combat measures against all types
of violence, especially systematic bullying, within schools;
X Establish actions aimed at promoting a culture of peace in schools (Brasil,
2018, p. 14, our translation).
Dilce Brasil DE SOUZA; André de Azambuja MARASCHIN; Renata Hernandez LINDEMANN and Crisna Daniela Krause BIERHALZ
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.17093 7
The United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO)
presented 1996 the report prepared by the International Commission on Education for the 21st
Century, chaired by Jacques Delors, titled "Educação, um tesouro a descobrir (Learning: The
Treasure Within)." The report portrays education as a lifelong process for individuals, offering
opportunities for acquiring new knowledge and constructing their identities based on how each
person interacts with and exists in the world (Delors et al., 1996). The document introduces
four pillars of education: learning to know, learning to do, learning to live together, and learning
to be. These pillars are referenced by authors like Salles Filho (2019) and Grossi and Aguinsky
(2006).
According to Delors et al. (1996), learning to know pertains not only to the knowledge
acquired but also to the ability to understand contexts, enabling the development of critical
thinking. Learning to do is related to the actions taken after knowledge is constructed, making
us different, especially in our preparation for professional life. The author notes that skills in
teamwork and decision-making were already seen as essential for the job market. Learning to
live together prioritizes understanding others, charting common paths to comprehend without
judgment, and overcoming conflicts arising from the diversity of contemporary society.
Learning to be considered fundamental relates to the appreciation of creativity and individual
and collective growth, where every individual should be prepared "to formulate their
judgments, to decide for themselves how to act in different life situations" (Delors et al., 1996,
p. 99, our translation).
These pillars align with the ideas of Salles Filho (2019) when exploring Culture and
Education for Peace, emphasizing them as fundamental aspects of a new way of educating and
indicating that they underpin various educational documents and laws worldwide and in Brazil.
The same author considers Education and Culture for Peace as distinct but complementary
aspects. In other words, everything that leads to a search for and a desire for peace is part of the
Culture of Peace. The author highlights that Education for Peace is a pedagogical path to be
taken in the pursuit of experiencing a Culture of Peace. He also points out that although Culture
and Education for Peace already have a robust theoretical foundation in Europe, Brazil still has
an emerging field of discussion.
In Salles Filho's discussion (2019) five pedagogies are presented: Human Rights
Pedagogy, Human Values Pedagogy, Conflictology Pedagogy, Ecoformation Pedagogy, and
Pedagogy of Experiences/Coexistence. Conflictology Pedagogy deals with conflict beyond a
specific agreement in opposing situations but rather as "a reconfiguration of human and social
Articulation of the culture of peace and school management: Contributions of a systematic review study
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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relationships" (Salles Filho, 2019, p. 291, our translation). The author advocates for
Conflictology Pedagogy as one of the links between Culture and Education for Peace since
school environments are places where conflict arises and can be resolved, even if the school
community sometimes downplays their importance. There are various practices from the
dialogical perspective of conflict, such as school mediation, restorative justice, and conciliation,
which emphasize the importance of mediation in these situations, although it is necessary to
understand their concepts and meanings more to fully appreciate their significance in human
coexistence (Salles Filho, 2019).
The genesis of conflict often occurs as a natural human inclination associated with
reason, which, according to Morin (2015a, p. 70, our translation) means "[...] a desire to have a
coherent view of phenomena, things, the universe." Consequently, individuals tend to behave
from the perspective of rationalization, gathering in groups with similar thoughts, rather than
the perspective of rationality, which presupposes dialogue and an understanding of other
structures that are not yet part of reflective and conscious processes. Therefore, there are
parallels between the complex paradigm, the four pillars of education, and Culture and
Education for Peace in the intention to identify, appropriate, mediate, and build relationships in
the face of conflicts.
Considering the diversity of relationships, education is conceived as something
complex. Therefore, the perspective adopted from the complex paradigm (Morin, 2015a) and
its relationships with the four pillars of education (Delors et al., 1996) and with Culture and
Education for Peace (Salles Filho, 2019), does not envision an educational environment based
on fragmentations, such as the compartmentalization of knowledge areas or isolated spaces
from social organization.
Complex thought (Morin, 2015a) considers three basic principles: the dialogical
principle, the organizational recursion principle, and the hologramatic principle. The dialogical
principle considers the opposing senses that relate to each other, demonstrating their
complementarity and the impossibility of reducing and simplifying relationships, knowledge,
and understanding. The organizational recursion principle presupposes a constant movement of
interconnection, a cyclical process in which the producer and product influence each other,
whether in their constitution or self-organization. Finally, the hologrammatic principle presents
the concept that the whole is in the part, and the piece is in the total; therefore, "[...] the
hologrammatic idea is linked to the recursive idea, which is, in part, linked to the dialogical
idea" (Morin, 2015a, p. 75, our translation).
Dilce Brasil DE SOUZA; André de Azambuja MARASCHIN; Renata Hernandez LINDEMANN and Crisna Daniela Krause BIERHALZ
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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As can be observed in the national context, this theme is studied by Guimaraes (2011)
who questions naturalized indifference and violence. Salles Filho (2019) proposes, from an
integrated and interdisciplinary perspective on knowledge, the approach of five pedagogies
linked to complex thinking. In the international context, the contribution of Jares (2002)
conceives peace as the opposite of violence that must be combated on various fronts, not just
in physical aggression, and Galtung (2003) emphasizes that mutual respect, dignity, equality,
and reciprocity are essential for peace in all dimensions of society, such as politics, economics,
and spirit.
In summary, the school is a diverse environment in constant evolution, with
inexhaustible plural interactions. In this perspective of incompleteness (Morin, 2015a), the
school is seen as part of society (just as a point in a hologram image contains much information
about that representation). It is also recognized that the relationships built in this environment
extend beyond the walls of educational institutions and occur in society (just as a complete
representation has various points). In this regard, recursion and dialogue are equally important
in understanding different individuals, cultures, conflicts, and their implications in the school,
family, and social environment.
Nonetheless, learning to know and learning to do are essential pillars for (re)signifying
education since the simplification of thought and knowledge fragmentation can affect the
development of individuals as citizens and professionals, not allowing for the acceptance of
differences. Furthermore, learning to live and learning to be foster awareness of the new, the
plural, constructing mental processes from a perspective of rationality rather than
rationalization. For this reason, school management is seen as a link between the different
agents that make up the school community to act collectively and collaboratively toward
building a better society.
Articulation of the culture of peace and school management: Contributions of a systematic review study
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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Methodology: Path Taken
The research has an exploratory nature, which, according to Gil (2021), aims to make
the researcher more familiar with the issue under study. The adopted methodological procedure
is a systematic literature review based on eight steps suggested by Costa and Zoltowsky (2014,
p. 57, our translation), which are as follows:
1. Delimitation of the research question; 2. Selection of data sources; 3.
Selection of keywords for the search; 4. Search and storage of results; 5.
Articles based on the abstract are selected according to inclusion and
exclusion criteria; 6. Extraction of data from the selected articles; 7.
Evaluation of the articles; 8. Synthesis and interpretation of the data.
The systematic literature review sought national productions on Peace Culture focusing
on education and school management. The source of the data, as mentioned earlier, was the
electronic journal portal of the Coordination for the Improvement of Higher Education
Personnel (CAPES)
5
, which virtually houses a vast scientific collection, including content
produced in Brazil and works from international publishers and Brazilian educational and
research institutions.
In the research question delimitation stage, the investigation was guided by inquiries
regarding the training of school administrators from the perspective of Peace Culture and
Education. The data source, as already mentioned, was the CAPES journal portal, and the
search terms were "Peace Culture" and "School Management," using the Boolean operator
"AND" to ensure the presence of both words. The located texts had these terms in the title,
keywords, and abstract. The research did not limit the period, finding works from 2006 to 2021.
Furthermore, as inclusion and exclusion criteria, the type of production (articles),
language (Portuguese), and research exclusively conducted in the Brazilian context were
considered. Sixteen articles were found, and 11 works were excluded from this sample: five for
repetition or foreign language, five for not bringing research from the Brazilian context, and
one for being a book review. In the end, the five articles were coded and read.
To facilitate data extraction and analysis, they were organized in tables: one that
compiles information from the productions (title, code, authors, year, journal name, Brazilian
state of publication) and another with the research objectives and main results.
The last two stages of the systematic review, which are the evaluation of the articles
and the synthesis and interpretation of the data, were organized based on a complete reading
5
https://www-periodicos-capes-gov-br.ezl.periodicos.capes.gov.br/index.php?
Dilce Brasil DE SOUZA; André de Azambuja MARASCHIN; Renata Hernandez LINDEMANN and Crisna Daniela Krause BIERHALZ
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of the articles. Information from the main ideas was gathered, and it was organized into
categories according to their similarities, namely: The materialization of violence in the school
context; Training for transformation: alternatives to address violence and School management
and family: reducing spaces for violence.
Results
Table 1 presents information that helps understand the selected works, considering a
code assigned to the article, its title, authors, year of publication, journal, and the state where
the research was conducted.
Table 1 Works involving school management and Peace Culture and Education
Title
Authors
Year
Journal
State
Gestão Escolar e parceiros
Elementos imprescindíveis na
promoção da paz no ambiente
escolar, com vistas à
aprendizagem
MELO, Genilda
Alves
Nascimento; DOS
SANTOS Andréia
Quinto; SILVA,
Célia Jesus dos
Santos
2019
SUSTINERI - Revista
de Saúde e Educação
Bahia
Gestão Escolar e as novas
incumbências impostas pela
Lei Federal Nº 13.663/18
HAMMES, Lúcio
Jorge; SEBAJE,
Alexandre
Zacaria
2020
Plurais Revista
Multidisciplinar
Rio Grande
do Sul
A construção da cultura de paz
como uma estratégia de
superação da violência no
meio escolar: impasses e
desafio
GROSS, Patrícia
Krieger;
AGUINSKY,
Beatriz
Gerhenson
2006
Revista Educação
(PUCRS)
Rio Grande
do Sul
A incidência de bullying na
escola pública e o papel da
gestão no enfrentamento da
violência
ORIQUE, Silvia
Diana de Lima
Silva; HAMMES,
Lúcio Jorge;
MOITA, Emanuel
2021
Revista Educar Mais
Rio Grande
do Sul
Violência ao docente na
escola: narrativa de professora
agredida por aluno
DE SOUSA,
Gesilane
Domingos;
FIALHO, Lia
Machado Fiuza.
2017
Conhecer: debate entre
o público e o privado
Ceará
Source: Elaborated by the authors
Table 1 shows that the five articles (A1, A2, A3, A4, and A5) were published from 2006
to 2021 in five journals. Furthermore, one of the authors is present in two publications (A2 and
A4). One work was produced in Bahia (A1), one in Ceará (A5), and the other three in Rio
Grande do Sul (A2, A3, and A4). It is important to note that the first thesis in Brazil on Peace
Education was defended in Rio Grande do Sul, at the Federal University of Rio Grande do Sul
Articulation of the culture of peace and school management: Contributions of a systematic review study
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(UFRGS), by the late Gaúcho pacifist priest and educator, Dom Irineu Rezende Guimarães, in
2003. This work paved the way for introducing this theme into academic circles, as Dom Irineu
had been involved in peace-related activities since the 1990s, coordinating Non-Governmental
Organizations and leading movements
6
. Twenty years later, there is still an evolving research
field in which researchers and research groups seek to consolidate investigations in different
regions of the country from the Education and Culture for Peace perspective, particularly
aligned with management. Table 2 below presents the research objectives outlined in the articles
found in this review.
Table 2 Research Objectives
Code
Research Objective
A1
[...]discusses how the school environment influences student learning and what responsibility school
management, in partnership with the school community, has to transform the school environment into
a culture of peace.
A2
[...]contributes to the debate and awareness of school administrators regarding the new responsibilities
imposed by the law in question.
A3
[...]report on the implementation process of "VIVE," seeking to give a voice to those involved in
building a culture of peace and the challenges for professionals in the face of structural violence and
processes of exclusion in the school environment.
A4
[...]analyzes instances of bullying in schools and assesses the measures taken by management to
minimize the effects of this form of violence.
A5
[...]understand the repercussions of physical violence committed by students against educators.
Source: Elaborated by the authors]
In Table 2, through the research objectives, it is evident that the articles are concerned
with school violence or the experiences of individuals in collective environments permeated by
(dis)respect, as well as reflections on the training of managers and their actions from the
perspective of Culture of Peace regarding laws and the implementation of initiatives such as
training and projects.
Moreover, by reading the articles, efforts were made to identify other aspects that
characterize the studies. Each text was read, and significant elements that emerged from the
authors' understanding were organized into three analytical categories: The Materialization of
Violence in the School Context, Educating for Transformation: Alternatives for Confronting
Violence, and School Management and Family: Reducing Spaces for Violence. In the adopted
systematic review methodology, a text can be addressed and discussed in more than one
analytical category. The following sections will present these categories.
6
Dom Irineu Resende Guimarães (Father Marcelo Rezende Guimarães), born in Rio Pardo in 1959 and deceased in France in
2015, was a Benedictine monk, a pacifist educator, a writer, and a theologian. He held a doctoral degree in Education from
UFRGS. He authored numerous articles and books, with his doctoral thesis, "Education for Peace: Meanings and Dilemmas,"
a notable work. Until the end of his life, he published monthly prayers for peace on his blog.
Dilce Brasil DE SOUZA; André de Azambuja MARASCHIN; Renata Hernandez LINDEMANN and Crisna Daniela Krause BIERHALZ
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The Materialization of Violence in the School Context
The articles in this category, with either similar or different focuses, reflect different
types of behaviors and violence in individuals' school and family experiences. It is impossible
to dissociate the theme of violence from the confrontation between the backgrounds and life
experiences of the subjects, as the school, as a plural environment capable of establishing
relationships between diverse individuals, serves as a space for both connection and conflict
between different conceptions and cultures. Just as the holographic and recursive principles
(Morin, 2015a), the school mirrors the imbalances and challenges of the contemporary world
and, therefore, promoting a Culture of Peace is necessary.
Regarding A1 and A5, physical and social violence are addressed. The text in A1
presents a situation involving the murder of a student in front of a school and discusses the
influence of the school environment on student learning. The authors argue that this space
should also take care of the physical and mental well-being; thus, coordinated management with
the school community contributes to a transformative environment. The authors report the
constant presence of aggressive behaviors in schools, where students arrive imposing their
truths without caring to abide by the rules present in the school environment. Often, situations
from outside the school are brought inside, causing conflicts reflecting the recursive principle
in which society produces individuals who, in turn, create community, and amid these
interactions, it can be understood that we are both the causes and effects of what is presented
in society (Morin, 2015a, 2021).
A1 also highlights that the school alone will not be able to address such a problem and
emphasizes the partnership with the school community as indispensable. It also raised the
emotional distress suffered by everyone, teachers and students, related to the insecurity that
leads to school dropouts, failures, and poor performance in all aspects for those involved. The
pillars of education are connected and interdependent, which means that the mentioned
consequences directly violate their principles. The school environment should be a place of
support, where, in addition to knowledge, efforts are made to "develop an understanding of
others [...] undertake common projects and prepare to manage conflicts while respecting the
values of pluralism, mutual understanding, and peace" (Delors et al., 1996, p. 97, our
translation).
Article A5, in the same manner, addresses the subject of violence in the school
environment where a student assaulted a teacher. It highlighted not only physical violence but
also the presence of social violence between the student and teacher, reflecting on the
Articulation of the culture of peace and school management: Contributions of a systematic review study
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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consequences in their personal and professional lives. A critical point pointed out by A5 is the
silence of the victims and the concealment of cases by the school management. As a result, the
manifestation of aggression in situations where conflicts are neglected raises substantial
concerns. This creates an environment conducive to other forms of violence, as it can normalize
disrespectful behavior by intolerant individuals. Therefore, it is understood that environments
of dialogue and mediation support the search for paths to peace in relationships. However, small
situations not handled correctly contribute to an escalation of violence, as "[...] what generates
violence are not conflicts, but the failure to resolve disagreements from opposing ideas" (Salles
Filho, 2019, p. 308, our translation).
Furthermore, in addition to what was highlighted in A5, the text in A3 also discusses
violence, focusing on structural violence present in schools and their surroundings, especially
concerning social inequality and conditions of infrastructure, material, access to leisure, culture,
etc. This fact is also related to the disorder (Morin, 2015a) experienced in schools, resulting
from the existing differences in society, bringing to its midst students affected by
unemployment in their families (or themselves) and generating uncertainties regarding their
livelihood or health, for example. Consequently, schools and families are constantly
reorganizing themselves in the face of the turbulence they face (Silva; Lunardi, 2006).
Related to attitudes and violence, Article A4 discusses the incidence of bullying in the
environment of two public schools in the interior of Rio Grande do Sul, analyzing the
management's actions regarding the issue and the consequences for those involved (those who
suffer, those who practice, and those who witness). In its considerations, it points out that
bullying is still treated as something ordinary, a type of violence that requires a stance from the
management. In this regard, Salles Filho (2019) indicates that bullying is part of the social
violence present in schools, which hinders the pedagogical process of the different school
components, and therefore, the management's perspective should be expanded to "[...] consider
the reality and context of the school and the students, in addition to the teachers' relationship,
community constructions, and how each space relates to so many variables" (Salles Filho, 2019,
p. 176, our translation).
Bullying, like other forms of violence, is present in schools amid processes of human
interaction and demonstrates how individuals struggle to understand one another in their
differences. In his work, Morin (2011, p. 17, our translation) suggests that this is one of the
points that educators need to pursue to move toward a culture of peace in schools because "[...]
the development of understanding requires a reform of mentalities." This transformation
Dilce Brasil DE SOUZA; André de Azambuja MARASCHIN; Renata Hernandez LINDEMANN and Crisna Daniela Krause BIERHALZ
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involves relinquishing linear thinking, which restricts the expansion of consciousness by
maintaining exclusive and inflexible approaches, resulting in limited and constrained review
(Morin, 2015a). It is evident that all the articles align with the view that the school cannot
educate in a local and simplified manner, necessitating an understanding from a broader
perspective that both influences and is influenced by divergences from various contexts.
The fragmentation of knowledge prevents us from seeing "what is woven together," that
is, the complex, according to the term's original sense (Morin, 2021, p. 14, our translation). In
this regard, Morin (2015a) considers that complexity exists in different environments and
develops an analogy of a tapestry, emphasizing three stages: the first indicates that the tapestry
is more than the sum of its threads (the whole is more than the sum of the parts); the second
that the tapestry cannot express the quality of each thread (the total is less than the sum of the
details); and the third recognizing the impossibility of understanding something by reducing it
to simplicity (the whole is both more and less than the sum of the parts).
In other words, applying this analogy to the context under discussion, global issues in
the reality of individuals tend to have a more significant impact than local problems in the
school environment. However, the international context is essential to understand what presents
itself and reverberates as a problem in the school. Nevertheless, local conflicts are not confined
to the school environment; therefore, it is equally necessary to understand their repercussions
at the global level, external to that environment. Thus, societal and school environment
problems must be understood as emerging conflicts and issues. Salles Filho (2019) argues that
in the day-to-day life of educational institutions, situations of direct violence are frequently
experienced, taking up time as they need to be resolved with the help of known norms, laws,
and behaviors. However, there are no guarantees that they will not happen again, which is why
Culture and Education for Peace should be considered an alternative to minimize these
problems.
In summary, it is advocated that mediator pedagogical approaches, supported by the
perspective of Culture and Education for Peace in daily school life, intertwined with curriculum
components, are needed so that we can understand and learn more about "[...] playful and
restorative practices that promote life in schools, is a more than viable alternative, if not
necessary for Brazilian education in the 21st century" (Salles Filho, 2019, p. 97, our translation).
Any violence prevents participants in the school community from experiencing a healthy and
pleasant environment conducive to knowledge acquisition and personal growth. Conflicts
arising from diversity in thinking and behavior, guided by reason, need space to be understood
Articulation of the culture of peace and school management: Contributions of a systematic review study
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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as usual and discussed to value what is distinct and understand it as complementary. In other
words, from the perspective of rationality, not rationalization (Morin, 2015a), learning to be
and live with others (Delors et al. 1996).
Forming to Transform: Alternatives for Confronting Violence
Only two articles were found in this review from the perspective of educator and school
management training. A2 references the new responsibilities of managers regarding Federal
Law No. 13.663/18, which added subsections to Article 12 of the LDB (Brasil, 2018),
considering that everyone involved in the teaching process must promote awareness,
prevention, and combat against all forms of violence, establishing actions that promote a
Culture of Peace in schools. On this aspect, it is possible to perceive that the materialization of
violence discussed in the previous category contributed to the emergence of the need for
subsections in the Law of Guidelines and Bases. In alignment with A2, A4 briefly mentions the
legislation, referring to Federal Law No. 13.663/18 amending Article 12 of the LDB.
In its conclusions, A2 emphasizes the need for the training of school administrators to
meet better the requirements of the law, which emerges as a potential research gap, given that
the legislation has not been extensively explored in existing works. A2's text advocates for
ongoing professional development as a fundamental component of the educational process and
highlights school administrators as critical advocates and practitioners of a Culture of Peace,
particularly in conflict resolution. However, for this to occur, it is understood that more research
and proposals in the educational context are necessary, considering the pillars of education
(Delors et al., 1996).
From the same perspective, it is understood that the training of educators is crucial in
pursuing a Culture of Peace. It is essential to have an administration that recognizes the
significance of the prevailing context, signaling paths to the members of the school community
that lead to non-violent attitudes and that motivate and support professionals in the face of
obstacles that will arise. In this regard, A5 highlights the need for teachers to feel supported in
their mission, and in this case, training can provide this empowerment and personal
development, contributing to the provision of quality education for all.
It is worth reiterating the concept of Peace articulated by Jares (2002) as the opposite of
violence, which can manifest in various forms, as observed in the previous category. For this
reason, teacher training, especially that of school administrators, becomes significant in the
ongoing pursuit of Peace. As an example, A3 presents a study conducted by social workers in
Dilce Brasil DE SOUZA; André de Azambuja MARASCHIN; Renata Hernandez LINDEMANN and Crisna Daniela Krause BIERHALZ
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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public schools in Porto Alegre, RS, addressing the implementation of a program for the training
of educators to work with children and youth. This program encourages values such as
cooperation, humility, Peace, respect, and tolerance, among others, demonstrating the
challenges that professionals face in building a Culture of Peace in the face of violence and
exclusion in the school environment.
The pillars of education (knowing, doing, being, and living together) must be
continuously cultivated within educational institutions, as there is an increasing need for
individuals who are prepared to navigate situations in a diverse and ever-changing world
marked by issues beyond academic and intellectual knowledge. It is essential to develop
individuals who can engage socially in a constructive and empathetic manner, personally
evolving with socioemotional skills that enable them to interact in pursuit of a more just and
compassionate world (Delors et al. 1996; Salles Filho, 2019). A3 argues that merely
incorporating elements of Peace Education is insufficient if attitudes and relationships remain
unchanged. It is necessary to address affectivity by creating activities that foster a sense of
belonging and responsibility within one's environment.
In this regard, the training program proposal presented possibilities for transformation
through a methodology that explores the development of skills for creating environments that
nurture individuals' values, listening to others, non-violent communication, and collaborative
conflict resolution in a positive manner, thereby "[...] avoiding the negative cycle of
inadequacy, resistance, blame, anger, and retaliation, as well as strategies to address disruptive
behaviors" (A3, 2006, p. 424, our translation), once again underscoring the importance of
training for those involved. As challenges, A3 highlighted the replication of structural violence
in schools, signifying "[...] the need for a systematic and continuous effort to promote values
based on a dialogical process that leads to awareness about violence and action for peace" (A3,
2006, p. 423, our translation).
In summary, these articles emphasize the importance of preparing individuals to address
the practical challenges of contemporary society, pointing to the path of Peace as a means to
instill values and handle the problem situations of present-day society. Existing laws now
endorse the inhibition of all forms of violence, hence, Culture and Education for Peace gain
legitimacy in shaping the training of administrators, educators, and the community at large,
alongside mediating and dialogical practices. In other words, when we recognize a world in
various crises, the school is also a participant in this reality. Therefore, this disorder,
characterized by the perspective of complex thinking (Morin, 2015a), aids in building and
Articulation of the culture of peace and school management: Contributions of a systematic review study
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, n. 00, e023005, 2023. e-ISSN: 2177-5060
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(re)organizing society and its extensions. In school, education alone does not change a
community, but:
[...] could shape adults more capable of facing their destinies, more adept at
expanding their existence, more skilled in acquiring relevant knowledge, more
proficient in comprehending human, historical, social, and planetary
complexities, more adept at recognizing errors and illusions in knowledge,
decision, and action, more capable of understanding each other, more adept at
facing uncertainties, more suited for the adventure of life (Morin, 2015b, p.
68, our translation).
The social situation influences the crisis in education, and as a result, the emerging
conflicts have repercussions in society, forming a cycle between producer and product (Morin,
2015a). Just as the school environment can enable a change in attitudes, transformation must
also occur in other dimensions. It is insufficient to announce a crisis in education when
humanity is in a situation in its way of living. Morin (2015b, 68-69, our translation) indicates
"[...] deficiencies in teaching how to live. The problem of each one of us and all of us, knowing
how to live lies at the heart of the problem and crisis of education." For this reason, the training
of educational administrators in Education for Peace is pertinent and urgent, involving
educators, students, and their families, as will be discussed in the following section. Despite
some challenges mentioned earlier, the transformation of individuals must be ongoing, as life
is viewed here as dynamic and complex (Morin, 2015a). However, it is also acknowledged that
this training field is still in its early stages.
School Management and Family: Reducing Spaces for Violence
Two articles discuss the importance of the family in educational processes. We will not
delve into specific definitions of the family but rather embrace families as a support system for
individuals, as a source of love and values. Social challenges and contemporary needs often
distance families from the school, hindering collective moments and shared experiences with
educators.
It is essential to understand the family institution as a complex system, where its
members are often opposing yet complementary to each other and about the environment they
are a part of. They are all unique, but not in an isolated or separate sense from the whole, as
besides having a fundamental relationship with the context, they have the capacity to reinvent
themselves to adapt to their experiences (Silva; Lunardi, 2006; Morin, 2015a).
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It is essential to recognize that the evolution of society leads to a constant change in the
roles played by its members, reflecting situations stemming from their experiences within the
family. The concepts of recursion and the holographic principle, connecting global and local
issues of society and school, also apply here. In other words, while family members contribute
to the community, culture and its pathways are present in the family's individuality (Silva;
Lunardi, 2006; Morin, 2015a).
A3 raises the question of the importance of addressing violence issues in the school
environment from the perspectives of each student, teacher, staff member, etc. In this context,
the authors believe that getting closer to life stories could assist in reducing disrespect in these
spaces. Therefore, in A3, the family plays a crucial role in addressing violence because
"Involving the family in the education process of their children is essential, and it should be a
partner in creating new educational proposals" (A3, 2006, p. 9, our translation).
It is impossible to assert that education is a ready-made system with a definite path. It
is essential to respect individualities and particularities, devising dialogical and mediating
strategies to address emerging situations. Each person - and their family - is complex based on
their experiences because, as part of a living organism immersed in an environment filled with
uncertainties, they are constantly influenced by various phenomena. In other words, they are
not isolated in the universe, continually reorganizing themselves amidst the disorder of
contemporary society (Silva; Lunardi, 2006; Morin, 2015a).
A4 emphasizes that families involved in school management can be essential partners
in reducing the impacts caused by violence but advocates prevention as the most effective way
to address it. It suggests that a change in the school environment is possible through strategies
jointly embraced with families, recognizing that every problem is collective and the quest for
solutions is a shared commitment. The authors point out that merely punishing the wrongdoers
and supporting the victims does not yield satisfactory results. Therefore, a change in mindset
should be pursued so that behaviors differ. The testimonials presented in A4 demonstrate that
family participation in schools is crucial for the prevention and addressing of violence
(bullying), fostering the holistic development of the student.
People are opposing but complementary beings in their relationships. In a diverse school
environment, work can be carried out in an integrated and dialogical manner, aiming for the
acceptance of individuals and their ideas. The healthy development of individuals, free from
trauma, is an essential aspect in shaping a conscious citizen aware of their significance in and
for the world. Acts of violence should not be legitimized, regardless of their nature, by
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attributing them to "child's play," "phase/era-related matters," or "personal traits." Tolerance,
respect, and empathy should be instilled within families, schools, and other societal settings,
striving for peaceful behaviors that embrace differences. According to Salles Filho (2019, p.
191, our translation):
[...] Tolerance in education for peace opens the doors to dialogue and quality
communication, which are the foundations for mediating potential conflicts or
simple understanding among individuals and groups. With the recognition of
the numerous forms of violence within families [...] various environments, we
believe that education for peace and the concept of tolerance will be essential
for our time.
This category aimed to demonstrate that the family and the school are fundamental
partners in building a less intolerant and more plural society. Conflicts are inherent to human
beings and, therefore, should be understood and addressed from a complex and
multidimensional perspective, considering the situations, causes, and subjectivities that can
manifest them. In this context, the holographic idea is present when one understands the
individual as a part of a planetary identity, a greater whole, acting within this whole, which also
reflects on them (MORIN, 2015a).
Final considerations
Contemporary society and the relationships established within it cannot be understood
simplistically. The complex paradigm contributes to an expanded understanding of the
dynamism and constant evolution of knowledge, experiences, and the constitution of global
citizens. Violence is part of these social relationships and has implications for the educational
context, as observed in recent years through the media and digital platforms. In light of this,
this article relies on the field of Culture and Education for Peace as a possibility for addressing
violence, with a focus on school management concerned with both internal and external school
environments.
This research highlights gaps that need to be further explored in school management. It
does not mean to consider the results of this study as definitive, as they are seen as an invitation
to further investigations and propositions on the subject. The focus is on school management
as a powerful link for Culture and Education for Peace.
Three categories of analysis have emerged. The first deals with various forms of
violence (structural, physical, and emotional) experienced in schools, aiming to problematize
societal behavior and family dynamics to contribute to a change in thinking and actions for the
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construction of an egalitarian society. The second category focuses on adopting laws and
practical proposals in the school environment to promote educational processes guided by the
principles of Culture and Education for Peace (non-violent communication mediation, among
others). Finally, there is an emphasis on consolidating the partnership between the school and
the family as a cornerstone for combatting the spread of violence.
School management can support the creation of spaces for team strengthening and
preparation for recurring challenges in daily life, whether they originate from within the school
environment or from external sources. Furthermore, it is essential to encourage attentive
listening and reflection regarding the curriculum of these professionals to address contemporary
demands. We recognize the need to expand public education policies and broaden discussions
about non-violence in individuals' conduct. In this regard, schools can increasingly be
transformed into environments of reflection and action, understanding contexts, and developing
and enhancing relationships, driven by these policies and with the assistance of school
administrators.
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