Jefferson Luis da Silva CARDOSO e Rosângela Araújo DARWICH.
Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 8, n. 00, e023017, 2023. e-ISSN: 2177-5060
DOI: https://doi.org/10.29378/plurais.v8i00.15485 5
permite uma visão mais ampliada da realidade social investigada (Flick, 2009), permitindo
novas reflexões sobre os objetos de pesquisa.
Movimentos Sociais, tecnologia e inclusão digital: dilemas do tempo atual
O processo de reconhecimento dos Movimentos Sociais enquanto categoria que emerge
da necessidade coletiva de grupos e/ou seguimentos historicamente minorizados e subjugados
pelo mundo, a destacar a ressonância do movimento operário europeu, que em 1840 se fortalece
pelo mundo, a partir das demandas dos trabalhadores, que reúnem sindicatos e partidos políticos
socialistas ou comunistas, sob forte influência marxista (Grinberg; Ribeiro, 2018). No Brasil,
ganham força a partir da década de 1960 contra as opressões vividas na ditadura civil-militar e
lutavam, àquela época, por cidadania. Neste tempo, “os sindicatos e os partidos políticos de
orientação socialista e comunista representariam, nessa perspectiva, a forma mais acabada desse
tipo de organização, [...] quando muito, seriam movimentos arcaicos e pré-políticos ou, então,
meros assuntos da classe trabalhadora” (Doimo, 1995, p. 39).
Os autores enfatizam a questão do termo “classe” como importante conceito a ser
compreendido pela sociedade, uma vez que ela pode determinar em grande medida as crenças,
valores, política, economia, ideias, intelectuais, saberes e conhecimentos que, organizados,
podem definir um grupo social. Diante disso, Thompson (1987) já adverte sobre a consciência
de classe que justamente avalia formas como as experiências culturais, anteriormente descritas,
são tratadas, sejam elas tradições, ideais, sistemas valorados e formas institucionais, sejam
vivências de grupos profissionais distintos e que exprimem suas demandas, nunca exatamente
da mesma forma e proporção.
No campo de lutas, a educação é dos pontos fundamentais dos Movimentos Sociais,
uma vez que por meio dela, o coletivo de sujeitos organizados tem acesso a conhecimentos,
saberes e práticas sistematizadas nas escolas, com a finalidade de aumentar o capital intelectual
de seus integrantes, até porque essa busca “tem caráter histórico, são processuais, ocorrem,
portanto, dentro e fora de escolas e em outros espaços institucionais” (Gohn, 2011, p. 398).
Hoje, diante da escalada tecnológica, a questão da inclusão digital torna-se crucial para o
próprio desenvolvimento social, que, no Brasil, é marcado por grandes diferenças sociais, sendo
necessário ratificar que “a luta contra as desigualdades e a exclusão, devem visar o ganho em
autonomia das pessoas ou grupos envolvidos” (Lévy, 1999, p. 238) um horizonte em processo
de conquista pelos Movimentos Sociais.