Emprego e trabalho: um estudo com egressos de um colégio técnico na transição entre o curso de
educação prossional e tecnológica e o mundo do trabalho
Plurais Revista Multidisciplinar, v.6, n.3, p. 135-153, set./dez. 2021 | 143
econômicas12 de classes sociais13. Neste sentido, o estudo proposto pela Comissão da Secretaria
de Assunto Estratégicos vinculada à Presidência da República (SAE/PR) do Brasil, realizado
no atual estágio das classes sociais do ponto de vista do interesse econômico, difere muito dos
conceitos assumidos na luta entre o capital e o trabalho, enquanto representadas historicamente
por classes sociais antagônicas que se confrontam nos desajustes e na entropia proporcionada
dinamicamente pelo capitalismo, através de suas várias facetas, nuances e metabolismos cama-
leônicos.
Propõe-se pensar a teorização como um processo de mera proposição sobre a práxis14,
sem condições de transformá-la. Uma teoria pode se enfraquecer com a acumulação de dados
empíricos ou com apenas a organização de dados. Assim, recorre-se à dialética, entendida como
uma visão teórica, dinâmica e investigativa sobre o fenômeno educacional. Importante desta-
car que uma teoria não é, nesse entendimento, uma “verdade” elaborada. Urge fecundar novas
e renovadas teorias “[...] de diferentes níveis de complexidade e extensão, e propondo novos
argumentos que enfocam, a partir de outra perspectiva, a realidade que se pretende explicar e,
eventualmente, transformar” (BORON, 2006, p. 37). É necessário, então, um “marxismo racional
e aberto” (BORON, 2006, p. 37).
Cabe alertar, entretanto, com este autor, que somente o marxismo não garante a superação
de perspectivas teóricas conservadoras nas ciências sociais (e nas ciências humanas também).
Porém, sem o marxismo também não seria possível (BORON, 2006, p. 37). No decorrer da
pesquisa, com uma opção teórica crítica, levou-se em consideração os argumentos de Triviños,
que enfatizou: “no enfoque marxista, diferentes tipos de teoria podem orientar atividade do
investigar […] todas elas, porém, serão baseadas na pesquisa social, no materialismo histórico”
(2008, p.74). Löwy explicita, do mesmo modo, que para a dialética “[...] não existe nada eterno,
nada xo, nada absoluto” (LÖWY, 1989, p.14), pois, ¨[...] a percepção da realidade social como
12 Segundo uma proposta de uma Comissão da Secretaria de Assunto Estratégicos vinculada à Presidência
da República (SAE/PR) do Brasil, foi assumido “[...] o desao de propor uma denição única capaz de mostrar
a evolução da classe média e os movimentos de ascensão e queda de renda da população brasileira ao longo do
tempo. Todos falam sobre expansão da classe média, classe C ou classe emergente, mas existem muitas maneiras
de se denir e medir a classe média, sendo que cada denição apresenta um recorte distinto” (OCDE, Banco Mun-
dial, Goldman Sachs, FGV, CNI, Critério Brasil, etc.). Disponível em http://www.sae.gov.br/vozesdaclassemedia/
wp-content/uploads/Perguntas-e-Respostas-sobre-a-Deni%C3%A7%C3%A3o-da-Classe-M%C3%A9dia.pdf.
Acesso em 17 abr. 2020.
13 [...] A história de toda a sociedade até nossos dias é a história da luta de classes. Homem livre e escravo,
patrício e plebeu, senhor e servo, mestre e ocial, em suma, opressores e oprimidos, sempre estiveram em cons-
tante oposição; empenhados numa luta sem trégua, ora velada, ora aberta, luta que a cada etapa conduziu a uma
transformação revolucionária de toda a sociedade ou ao aniquilamento das duas classes em confronto.” (Marx &
Engels, Manifesto do Partido Comunista, 2012, p.23-24).
14 Entende-se práxis como a interrelação entre teoria e prática, de modo humano, oriunda da relação entre
ser humano e natureza, sem indissociação, aliando o pensar e o fazer (VÁZQUEZ, 2011).