Fábio Ferreira Monteiro, Marcello Ferreira, Olavo Leopoldino da Silva Filho e Wendell da Silva Cruzeiro
| Plurais Revista Multidisciplinar, v.6, n.2, p. 138-159, mai./ago. 2021
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Na área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), o tema “luz”, na perspectiva de sua natureza e de sua propagação, é introduzido nas
séries iniciais do ensino fundamental, na unidade temática “Matéria e Energia”, no objeto do
conhecimento “efeitos da luz nos materiais” e, particularmente, na habilidade EF03CI02: “expe-
rimentar e relatar o que ocorre com a passagem da luz através de objetos transparentes (copos,
janelas de vidro, lentes, prismas, água etc.), no contato com superfícies polidas (espelhos) e na
intersecção com objetos opacos (paredes, pratos, pessoas e outros objetos de uso cotidiano). Já
nas séries nais, é retomado na mesma unidade temática, desta vez nos objetos de conhecimen-
to “aspectos quantitativos das transformações químicas”, “estrutura da matéria” e “radiações e
suas aplicações na saúde”, com as habilidades: (EF09CI04) “planejar e executar experimentos
que evidenciem que todas as cores de luz podem ser formadas pela composição das três cores
primárias da luz e que a cor de um objeto está relacionada também à cor da luz que o ilumina”;
(EF09CI05) “investigar os principais mecanismos envolvidos na transmissão e recepção de ima-
gem e som que revolucionaram os sistemas de comunicação humana; (EF09CI06) “classicar
as radiações eletromagnéticas por suas frequências, fontes e aplicações, discutindo e avaliando
as implicações de seu uso em controle remoto, telefone celular, raio X, forno de micro-ondas,
fotocélulas etc.”; e (EF09CI07) “discutir o papel do avanço tecnológico na aplicação das radiações
na medicina diagnóstica (raio X, ultrassom, ressonância nuclear magnética) e no tratamento de
doenças (radioterapia, cirurgia ótica a laser, infravermelho, ultravioleta etc.)”. No ensino médio,
a BNCC não faz há menções especícas a competências e habilidades relacionadas ao estudo
da luz, embora se reconheça que ele (associado, senso latu, à energia) é basal para a discussão
interdisciplinar de várias das competências e habilidades especícas ao longo da formação básica,
sempre com associação ao uso, à compreensão e à crítica às tecnologias associadas.
A convivência nos ambientes on-line, com vídeos, imagens e fóruns, somada ao acesso
a tecnologias modernas, oferece experiências que parecem estar distantes do que se estuda na
escola (MONTEIRO, 2021). Nela, os estudantes assumem uma postura passiva, demonstram
pouca interação e estão mais preocupados em relembrar as informações apresentadas pelo pro-
fessor ou pelo livro didático, quando solicitadas (MONTEIRO; ALVES; MELLO, 2018).
A proposição de qualquer mudança metodológica, neste contexto já estabelecido, desaa
estruturas cristalizadas e modelos de ensino tradicional. No cenário de aprendizagem por recepção
e repetição, quase sempre descontextualizado, em que nem sempre o estudante consegue estabe-
lecer relação do novo conteúdo com o anterior, faz-se necessário mobilizar metodologias com as
quais seja possível interagir com o concreto, vivenciar experiências e aprender por descoberta.