Evolução do ensino competencial: uma comparação entre os documentos europeu e brasileiro
Plurais Revista Multidisciplinar, v.6, n.2, p. 81-102, mai./ago. 2021 |
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competência. Por exemplo, a competência de cooperação, entendida como a habilidade de co-
operar, envolve uma série de estruturas mentais, como conhecimentos, habilidades cognitivas e
práticas, atitudes, emoções, valores e éticas, motivação etc.
Conforme armam Ortiz-Revilla, Greca e Adúriz-Bravo (2018), a concepção europeia
atual de competências está diretamente ligada ao trabalho do DeSeCo.
A abordagem adotada pela UNESCO reforçou a importância de um olhar humanista para
o enfoque competencial. Segundo o relatório Delors (DELORS, 1996), é essencial armar que
a educação deve contribuir para:
[…] o desenvolvimento contínuo das pessoas e das sociedades: não como um
remédio milagroso, menos ainda como um “abre-te sésamo” de um mundo
que tivesse realizado todos os seus ideais, mas como uma via – certamente,
entre outros caminhos, embora mais ecaz – a serviço de um desenvolvimento
humano mais harmonioso e autêntico, de modo a contribuir para a diminuição
da pobreza, da exclusão social, das incompreensões, das opressões, das guer-
ras (DELORS, 1996, p. 23).
No relatório, questões como a problemática socioambiental e a exclusão social, dire-
tamente ligadas ao crescimento econômico a qualquer preço, são apresentadas e discutidas, e
pontuados os desaos de uma educação humanista que necessariamente passa pelo entendimento
do impacto da globalização em seus diferentes aspectos: como tornar-se cidadão do mundo sem
perder o caráter único de cada pessoa, suas raizes, sua cultura, entre outros.
Assim, são propostos quatro pilares educativos: aprender a conhecer, aprender a fazer,
aprender a conviver e aprender a ser, de forma a possibilitar uma “educação para toda a vida”.
Aprender a conhecer ressalta a importância de, frente a uma tendência de sobrecarregar os
currículos escolares com conteúdos especícos das diversas áreas do conhecimento, relacionados
com o rápido progresso cientíco e as novas formas de atividade econômica e social, conciliar
uma cultura geral, com o aprofundamento em um reduzido número de assuntos, de interesse
individual de cada estudante.
Aprender a fazer enfatiza a competência de habilitar o cidadão a enfrentar situações em
diversos contextos, sendo possível a aprendizagem continuada de uma prossão, facilitando o
trabalho em equipe. Ressalta ainda a importância de conciliar escola e trabalho, possibilitando
ao estudante vivenciar espaços de atividades prossionais ou sociais, juntamente com os estudos.
Aprender a ser pode ser entendido como a capacidade de autonomia e discernimento,
bem como responsabilidade pessoal no contexto de um destino coletivo.
Finalmente, aprender a conviver, como sendo a capacidade de dialogar na busca de
resolução de conitos, ao conhecer a história, tradição e espiritualidade a respeito dos outros.