Eli Narciso da Silva Torres, Gesilane de Oliveira Maciel José e Miguel Barthiman dos Santos
| Plurais Revista Multidisciplinar, v.6, n.1, p. 92-115, jan./abr. 2021
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Segundo os relatos, a leitura serviu como um instrumento de enriquecimento da lingua-
gem e escrita, agregou novas palavras, melhorou o vocabulário e despertou maior interesse na
aprendizagem.
De fato, a leitura promove habilidades cognitivas e metacognitivas que possibilitam que
o indivíduo decodique símbolos, capte signicados, intérprete sequências de ideias ou eventos,
estabeleça analogias, comparações, linguagem gurada, relações complexas, habilidades de fazer
previsões sobre o sentido do texto, de construir signicados, de reetir sobre o signicado do
que foi lido e tirar suas conclusões (SOARES, 2009). Todos esses elementos são necessários
para que o leitor compreenda o texto e possa, posteriormente, redigir uma resenha de acordo
com a obra literária lida. Tais competências, naturalmente auxiliam no aperfeiçoamento de sua
linguagem e na forma de se comunicar com o outro.
Entretanto, Soares (2009) também aponta que é difícil denir as competências neces-
sárias para evidenciar o domínio de um letramento funcional, considerando que não se trata
simplesmente de um conjunto de habilidades individuais de leitura e escrita, mas em como essas
habilidades se relacionam com as necessidades, valores e práticas sociais.
Em que pese a possibilidade de socialização proporcionada pelo processo de leitura e
escrita mediante as experiências e trocas vivenciadas no projeto, é preciso considerar, ainda,
que a concepção e a instrumentalização da prática literária suportam interferências forjadas de
acordo com as necessidades e condições sociais especícas de determinado momento histórico.
Diante disso, questionou-se qual o impacto sociocultural proporcionado pela participação no
projeto de leitura. Ou seja, em que medida a ação interfere na vida, nos atos, no cotidiano e nas
perspectivas dos indivíduos sobre sociabilidade em grupo e em sociedade?
A partir do entendimento dos participantes, a participação nas ocinas modicou con-
cepções a priori e a maneira de enxergar o mundo,
PARTICIPANTE 1: [...] porque na medida que você vai lendo, você vai tendo
coisas que vai te resgatando, você volta no seu eu, no seu mundo [...] Aí você
olha para o passado, coisas que você lutou, que você buscou e hoje você está
aqui nessa situação né. Que a gente mesmo criou. Mas através da leitura,
através do ensinamento, através desses encontros, eu tenho que realmente ser
um ser humano mais humano, digamos assim.
PARTICIPANTE 3: A minha visão de mundo expandiu muito, expandiu muito
pelo lado das religiões, pelo lado das ideologias, pelo lado das etnias, porque
aborda vários assuntos a literatura, e tem contribuído para eu ver o mundo de
vários pontos de vista, de várias maneiras de se interpretar o mundo, não só
do meu modo de ver o mundo, mas procurar ver a visão de outras pessoas, de
outros autores, de personagens que passam por situações muito difícil, muitas
vezes até nas suas histórias, como eles lidam com isso, como lidam com as
vitórias, com as derrotas, com os relacionamentos, e isso tem contribuído na