Renata B. Siqueira Frauendorf, Heloísa Helena Dias Martins Proença e Guilherme do Val Toledo Prado
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Salvador, v. 5, n. 3, p. 98-121, set./dez. 2020
Ideia que também é defendida por Lebrun (2013, p.147),
Cabe ao professor [...] tornar-se um professor de leitura que dá o exemplo
de um leitor apaixonado e engajado nas descobertas, nas decepções, nas
hesitações e nos entusiasmos. Assim, a classe se torna um lugar de objetivação
da experiência estética, que corresponde a uma sublimação da subjetividade,
um lugar de negociação de sentidos, um lugar de escuta do outro, um lugar de
tolerância, um lugar de manifestação crítica, um lugar de escuta de si: enm
um lugar de intersubjetividade, onde a leitura se torna um prazer de gourmet
partilhado, que remete ao convívio.
Ainda como parte dessa primeira provocação foi pedido aos estudantes que dissessem o que
mais gostavam e o que menos gostavam no momento da leitura, bem como justicassem a opinião
emitida. Como se tratava de uma roda de conversa, é preciso esclarecer que nem todas as crianças
responderam individualmente, ou verbalizaram suas ideias e que, muitas vezes, os comentários e
falas entre elas eram muito parecidos, tanto por representarem aquilo que se gostaria de dizer, como
também por se apoiarem na fala do colega e talvez se sentirem mais confortáveis ao reproduzi-la,
o que não será alvo de análise nessa produção.
De modo geral, os alunos indicaram que apreciam a experiência de leitura realizada pelo
professor em sala de aula, e ao comentarem o que mais gostavam nesse momento, uma grande
maioria relacionou o gosto temática, s personagens ou simplesmente informando o título da
história. Já uma minoria de crianças conseguiu evocar sensações, sentimentos, relembrar de ele-
mentos do vivido no ato da escuta de histórias.
Ao reetirmos sobre as narrativas produzidas pelas crianças a partir desta provocação pu-
demos perceber que um grande grupo de leitores que, independente da faixa etária, local ou rede
de ensino, revelava ter uma consciência mais inaugural de si como leitor, como que aorando, em
um estágio inicial. A forma de se relacionarem com o texto era mais espontânea, e de certo modo
mais supercial no sentido de indicarem aquilo que está explícito na história como por exemplo:
“o que mais gosto nesse momento é histórias de animais, ou histórias com desenhos, ou histórias
assustadoras, ou ainda histórias com nal feliz”. Outros informavam as personagens ou títulos que
mais gostavam, como: “ o que mais gosto nesse momento é Os Três Porquinhos, ...Chapeuzinho
Vermelho,... Patinho feio,... Bela e a Fera, entre outros. Por m, ainda nesse grupo, alguns alunos
comentaram diante dessa provocação a forma de que gostavam de ouvir histórias, informando que
gostavam quando a leitura em voz alta era realizada com apoio de fantoches, ou quando o professor