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HISTÓRIAS DE PESCADOR: A DOR E O SABOR DE SER QUEM SI É.

 

 

Sidiney Moreira da Hora¹*; Jeferson Souza Pascoal²; Gizelle de Oliveira Santos³

 

 

¹Professor de Educação Física na Escola Vila Sésamo, Salinas da Margarida-Ba, Licenciando em Educação Física pela Universidade de Maringá (UniCesumar).

² Bacharel em Ciências Ambientais pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e graduando em Geografia (UFRB).

³ Secretaria de Educação do Estado da Bahia, Licenciada em Biologia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Especialista em Gestão e Educação Ambiental pelas Faculdades Integradas Ipitanga (FACIIP).

*Autor correspondente: sidimoreiradahora@gmail.com

ORCID: https://orcid.org/0009-0001-0399-2186

 

 

 

Resumo: Esta comunicação, escrita por três distintas vozes, oferece reflexões sobre como o lugar de fala do imaginário das relações infantis pode gerar acadêmicos ocupados com a conservação da pesca artesanal, e como este imaginário, ao mesmo tempo que relaciona-se, distancia-se, de modo nítido, com o lugar de fala explícito da realidade de infantis que tornaram-se pescadores artesanais, desnudando, em primeira pessoa, como a subjetividade e significados são formatadas pelas relações transgeracionais e impactadas pela falta de políticas públicas nos mais diferentes níveis.

 

Palavras-chave: Pesca artesanal; Baía de Todos os Santos; Lugar de fala

 

 

 

THE PAIN AND TASTE OF BEING WHO YOU ARE: FISHERMAN'S STORIES.

 

 

Abstract: This paper, written by three different voices, offers reflections on how the imaginary place of speech of children's relationships can generate academics concerned with the conservation of artisanal fishing, and how this imaginary place of speech clearly relates to and distances itself from the explicit place of speech of artisanal fishermen, revealing, in the first person, how subjectivity and meanings are shaped by transgenerational relationships and impacted by the lack of public policies at the most different levels.

 

Keywords: Artisanal fishermen; Baía de Todos Os Santos; place of speech

 

 

 

HISTORIAS DE PESCADORES: EL DOLOR Y EL SABOR DE SER QUIÉN ERES

 

 

RESUMEN: Esta comunicación, escrita por tres voces diferentes, ofrece reflexiones sobre cómo el lugar imaginario del discurso de las relaciones de los niños puede generar académicos preocupados por la conservación de la pesca artesanal, y cómo este lugar imaginario del discurso se relaciona y se distancia claramente del lugar explícito del discurso de los pescadores artesanales, revelando, en primera persona, cómo la subjetividad y los significados son moldeados por las relaciones transgeneracionales y impactadas por la falta de políticas públicas en los más diferentes niveles.

 

Palabras clave: pesquería artesanal, Baía de Todos os Santos; lugar del habla

 

 

PESCADORA DE HISTÓRIAS

 

Entre tesouros perdidos de piratas, gigantescos monstros marinhos, sereias encantadoras e segredos ocultos nas mais profundas fossas abissais vagueavam a mente de uma menina sonhadora que cresceu entre o interior de Minas Gerais e a litorânea capital da Bahia. Apesar de nascida há 10 horas do mar, fui criada na praia de Itapuã, tão lindamente descrita na canção de Dorival Caymmi. Lembro-me de quando, aos 10 anos, ia para a escola e me encantava com o pequeno vislumbre do mar que ousava surgir pela janela da sala de aula. Todos os dias, nutria a esperança de avistar uma baleia emergindo em busca de oxigênio. Afinal, não era raro que cetáceos visitassem a orla de Salvador em certas épocas do ano. Embora as baleias nunca tenham sido mostradas para mim, os anos de estudo naquele lugar, tão próximos a Colônia de Pescadores de Itapuã, eu me apresentei com cenas que ampliaram minha paixão pelo mar. A baleia foi a primeira idealização romantizada do mar, com o tempo, ao longo dos anos estudei tão próximo a Colônia de Pescadores de Itapuã, sendo possível contemplar a relação entre o oceano e a terra, e assim, fascinada pela forma como suas presenças se entrelaçavam e influenciavam-se um a outra.

Os mutirões de pescadores, cooperando para puxar uma rede cheia de peixes saltitantes do mar à areia, despertaram minha imaginação com perguntas que se misturavam as histórias de faz de conta: precisa mesmo de tanta gente para puxar esta redinha? Tanto esforço por apenas meia dúzia de peixinhos? Onde se escondem os peixes grandes? Dá para pegar um tubarão com essa rede? Essas dúvidas fervilhavam em minha mente, mas, como uma criança ocupada da cidade grande, nunca tive a oportunidade de aproximação com aqueles homens. Eles se reuniam sob a sombra das árvores ao redor da colônia, e eu, entretida com minhas ‘coisas de adulto’ não me dei conta que a escolha de uma profissão poderia ser uma forma de tentar responder alguns daqueles questionamentos que surgiram na infância.

Em meio a um mundo de possibilidades, encontrei-me em Alagoinhas, estado da Bahia, uma cidade litorânea sem mar, iniciando o curso de licenciatura em Biologia. E, em alguns anos, estaria formada como bióloga licencianda. Esse evento marcava apenas o começo de uma incrível jornada rumo a um universo cheio de descobertas! Ainda no primeiro semestre de graduação, um convite despretensioso para conhecer a diversidade de peixes do Litoral Norte da Bahia, disponível no Laboratório de Recursos Pesqueiros Marinhos, o Labmarh. Um misto de incredulidade e curiosidade me fizeram subir as escadas do Campus II da Uneb o mais rápido que eu podia. Ao abrir a porta do laboratório me deparei com uma coleção didática que encontrei incrível e um espaço onde muitos saberes seriam agregados à minha formação pessoa e profissional.

Passado algum tempo, tive a oportunidade de aproximar-me das atividades deste laboratório, através do qual compreendi a profunda importância da Colônia de Pescadores de Itapuã, que antes observava sem a devida orientação, informações ou referências. O laboratório trouxe significado a cada olhar direcionado aos peixes, às baleias e aos pescadores em suas atividades, ressaltando o valor do conhecimento tradicional e despertando minha consciência para aquela realidade.

Com o aprendizado adquirido, passei a enxergar os peixes no laboratório como produtos da pesca artesanal, representando o resultado de uma atividade intensa, marcada pelo uso de mão de obra familiar passada de geração a geração, sendo a relevância dessa atividade não só econômica, como cultural. Foi então que entendi o significado dos ‘Recursos Pesqueiros Marinhos’ que nomeiam o Labmarh, sua importância em encontrar estratégias de proteção a diversidade de espécies e como estes conectam o mar à vida da comunidade litorânea, reforçando a relevância ecológica dos peixes para a cadeia trófica dos sistemas marinhos, e por consequência, entendi que valorizar a ictiofauna marinha é empenhar-se na sobrevivência da pesca artesanal e, por consequência, das pessoas a esta atividade relacionadas.

Devido a projetos desenvolvidos no laboratório, pude me deslocar ao campo de pesquisa desenvolvida naquela época. O deslocamento até a comunidade tradicional pesqueira de Siribinha, situada no município de Conde, Litoral Norte da Bahia, levava umas 3 horas e, durante este tempo, a minha mente permitia-se retornar à infância vivida na beira do mar de Itapuã. Grande era a felicidade quando podia sentar-me ao lado dos pescadores, senhores tão cheios de histórias interessantes para contar. Era extasiante observar nas paredes das singelas casas estrelas-do-mar e arcadas de tubarões. Entre cascos de tartarugas e búzios que faziam sons harmoniosos, fui percebendo que aquelas pessoas tinham o mágico poder de ressignificar a minha formação universitária. Aqueles saberes trazidos à tona a cada lancear de conversa preenchiam um espaço especial em meu coração de criança, cada vez mais ávido por contações de narrativas de vida.

Através do conhecimento sobre a pesca artesanal e seus recursos, pude perceber o quão distante eu estava de respostas e que, na ausência da companhia dos pescadores que retiravam seu sustento do mar, eu não poderia continuar a minha busca de respostas e, a partir da aproximação com a Etnoictiologia, ser-me franqueada a percepção mais fiel sobre o papel central dos homens do mar e seus conhecimentos acerca do ambiente marinho, os seres que ali habitam à sustentabilidade deste vasto ecossistema.

 

 

PESCADOR DE SONHOS

 

Ser pescador pode até ser considerada uma profissão agradável para aqueles que exercem este ofício alimentado, sabendo que ao retornar do mar, independente do que tenha vindo na rede, terá uma refeição garantida e uma cama para repousar e sonhar. Este não era o meu caso. Nascido em Vera Cruz, Bahia, desde muito menino tive o sofrimento como companheiro. Ainda na primeira infância, momento em que se constrói a identidade de uma criança, tive que lidar com questões de estrutura familiar que seriam determinantes na minha edificação enquanto sujeito no mundo.

Embora em meu registro geral eu seja identificado como filho de Miguel e Marilene, a mim não foi dada a oportunidade de sonhar com uma estrutura de família. Até reconhecer-me como Sidiney tive de percorrer um longo caminho, que culmina em Salinas da Margarida, município banhado pelas águas da Baía de Todos os Santos (BTS). Em um movimento diaspórico, iniciado aos seis anos de idade, fui colcheteando fragmentos de identidade, herdadas das vivências com os mais velhos das comunidades por onde passei.

Tenho nas mais remotas lembranças da imagem viva da minha mãe nos levando à maré a fim de coletarmos o complemento protéico para alimentação, desde então restrita. Éramos uma família matriarcal. Com seis filhos com idade entre um e onze anos, não havia muito tempo para que nossa mãe exercesse cuidado parental. Ela precisava garantir a nossa sobrevivência e, para realizar este trabalho, revezava-se entre marés e casas de família. As horas ‘vagas’ eram subdivididas entre as viagens, partindo de Itaparica, para ‘negociar’ frutas e frutos do mar em Salvador. Apenas dessa forma, era possível obter o mínimo para a família.

A aproximação da primeira figura masculina que representasse um pescador ocorreu em um destes momentos de trabalho de Mãe. Era um homem forte, de aparência simpática e, ao reconhecer um grupo de crianças sozinhas, prestou-se a cuidar de nós. Neste momento, a mente infante pode sonhar com um pai, o coração encheu-se de esperança de que, na relação afetuosa ali iniciada, a vida melhoraria. Por não ser nascido em Itaparica, o agora padrasto levou-nos a conhecer outras comunidades do entorno da BTS, das quais lembro-me bem de Candeias e Madre de Deus, onde o meu então padrasto tinha relações familiares e pudemos vivenciar esta experiência por um pouco de tempo.

Entretanto a pobreza não dava trégua. Mesmo com auxílio do meu padrasto, a mãe maré era quem realmente nos sustentava. Entre o despojo das raras pescarias, a venda dos sururus e do coco beneficiado em cocadas por minha mãe, com organização dos pedidos realizados por mim e minha irmã nas portas das indústrias, sobrevivemos a esta temporada. O lazer das crianças era durante o trajeto entre a casa de madeira na beira da maré e o local onde conseguíamos o pão que os trabalhadores das fábricas não consumiam. Esporadicamente, quando não era preciso o deslocamento para pedir, podíamos brincar na beira da praia.

Eu sobrevivi à infância e à adolescência graças à maré, vendendo sururu para os turistas e os veranistas da terra. Quando tínhamos sorte, os poucos centavos viravam farinha, açúcar e café. O marisco chumbinho também fazia parte da nossa rotina. Eu ia para a maré com minha mãe para buscar o marisco, carregava o peso de volta, depois buscava lenha no mato e ajudava a catar. Quando não vendíamos os produtos, era feito o caldo, e esta era a nossa refeição do dia. Nesta época, meu maior sonho era poder fazer três refeições ao dia.

Aos 12 ou 13 anos comecei a pescar, sob o comando do meu irmão mais velho, Augusto. Era uma alternativa para ajudar na manutenção da casa. E, infelizmente, as memórias da pesca também não são agradáveis. Acordava muitas vezes por volta da 1 ou 2 horas da manhã e, sendo o filho mais novo, era o responsável por entrar na água para puxar a canoa, a mais de 100 metros da faixa de areia. Para uma criança, com frio, o sonho nesta hora era só uma cama quente para dormir.

Eu sou o quarto de nove, passava fome todos os dias, todos os turnos, e era um milagre quando tinha comida em casa, a pesca ajudava a manter pelo menos uma refeição ao dia. Mas por ser novo, eu não tinha possibilidade de participar das pescarias que garantissem mais sucesso. Mas todo este sofrimento associado ao ofício do pescador me auxiliou a me despertar para os estudos, ainda que tardiamente. Quando criança, ia para escola para garantir a alimentação, mal conseguia me concentrar. Conclui meu ensino médio aos 22 anos de idade, após vários anos de aceleração, termo designado à estratégia pedagógica para corrigir o fluxo escolar, permitindo que o estudante avance no sistema escolar, mas, nesta época, eu já tinha um simples sonho: ter uma casinha e cuidar da minha família, de forma modesta, mas sem a necessidade de passar fome ou comprar para pagar depois no mercado, ou pedir em casa de pessoas como fiz na infância.

Embora tenha poucos anos de experiência como pescador, aprendi muita coisa sobre pesca. Aprendi sobre o funcionamento das marés, a localização dos melhores pesqueiros, sobre as épocas mais prováveis em que posso encontrar cada peixe, qual a arte melhor para cada espécie, sobre diferentes redes e outras coisas que, inclusive me auxiliaram a permanecer vivo em situações de perigo no mar. Sou muito grato à oportunidade de ter sido pescador, mas hoje eu não me reconheço mais nessa profissão-vida.

Estar em um ambiente acadêmico é algo muito novo para mim, um sonho que na infância eu jamais ousaria sonhar. Retomei os meus estudos aos 38 anos, e hoje sou licenciando em Educação Física. Toda a minha experiência na pesca, sejam positivas ou negativas, motivam-me a permanecer estudando e, de algum modo, colaborar para a atenuação dos impactos da sobrecarga da atividade pesqueira na saúde do pescador.

 

 

PESCADOR DE FUTURO

 

Se me pedirem para definir quem sou eu, irei lhes dizer: Sou quilombola da comunidade Alto do Cruzeiro, município de Santo Amaro, estado da Bahia. Sou bacharel em Ciências Ambientais. Sou filho de Marias: Minha avó materna Maria Lurdes, e da minha mãe, Maria da Conceição. Mas, antes de antes de tudo, sou pescador artesanal, de redinha de arrasto. Ao descrever quem sou, sinto-me na obrigação de retratar o local onde me insiro, o meu território, o meu lugar. Um lugar não é construído sem cultura, sem habitações, sem relações sociais. O espaço vazio é um local, mas o sentimento de pertencimento com um lugar vai além de coordenadas geográficas, pois este, é preenchido por vivências, crenças, histórias e identidades.

Comecei a pescar aos 12 anos e estou aprendendo a arte da pesca até hoje. A BTS é uma escola infinita! Estamos sempre aprendendo a nos deixar ser governados por ela, assim como governamos a canoa. Trago na memória as falas dos meus mestres, que orientaram-me sobre o que deveria aprender sobre a pescaria para que, um dia, eu pudesse ser o mestre de outros jovens. A primeira regra na pescaria era sempre manter o respeito com os meus colegas de trabalho, obedecer sempre ao mestre da canoa e, principalmente, obedecer ao mar. Lembro-me da fala do mestre Edson: “O mar é lindo e perigoso. Ame-o da mesma forma que o respeite, e você sempre retornará para casa com saúde.”

A pesca e a mariscagem vivem imbricadas na minha vida. Se, por um lado, os mestres ensinaram-me a pescar, por outro, as minhas mães Marias ensinaram-me a mariscar. Os ensinamentos iam desde a coleta dos mariscos, como ostra, bebi-fumo e sururu, até a sua venda para adquirirmos outros alimentos necessários além daqueles vindos do mar. Dentre todas as falas mencionadas pela minha mãe, Dona Maria da Conceição, há uma que carrego para onde eu for. Disse-me ela: “O facão é meu marido e a maré é meu pai e minha mãe.” O facão, artefato de trabalho, tornava a coleta dos mariscos mais fácil. Como minha mãe era solteira, ela dizia que o facão era o único homem que a auxiliava a conseguir o dinheiro para a nossa subsistência. Já a maré era o pai e a mãe dela, pois era ele, o mar, que ditava o horário em que deveria ir mariscar. Desta forma, era o mar a quem minha mãe obedecia

A maré faz parte da construção da minha identidade, da minha formação enquanto pessoa e acabei desenvolvendo o sentimento de pertencimento ao território local devido as tarefas que fui ensinado a desenvolver no lugar onde nasci e me criei. Mas quem não é do nosso meio não sabe como nós vivemos. Quem não vive da pesca não tem como entender o que passamos. Sentir na pele a fome, o frio batendo nas costas, já aos 12 anos, entrar na água às três da manhã para pegar a canoa, mesmo com a água muito fria, a fim de conseguir o pouco dinheiro necessário para a sobrevivência, não é tarefa fácil. Apenas quem vive do meio sente isso. Os acadêmicos até podem relatar, mas o sentimento real é de quem sobrevive e vive em seu espaço geográfico, exibe em seus corpos infantis as profundas marcas de ‘subalternizados’ pelo frio e fome, e por isto mesmo podem descrever o lugar social da pesca e pescadores artesanais e sua forma de humanizar-se à vida.

A Geografia aparece como uma ciência que tenta explicar os acontecimentos no espaço e as suas relações. É muito bom ver professores e doutores falando sobre o nosso lugar. Mas sabe o que é melhor? Ver um menino pescador, quilombola, da comunidade do Alto do Cruzeiro, em Santo Amaro, Bahia, agora, aos 26 anos, tendo a oportunidade de falar sobre o seu lugar. Afinal, quem mais está indicado para apontar os desafios e as necessidades de uma comunidade com demandas tão específicas?

Uma das características dos pescadores artesanais é a preocupação com o funcionamento do meio onde eles pescam. Durante esse tempo em que pesco e vejo pessoas pescando, observo comentários ligados à conservação do mar que levam à continuidade dos organismos aquáticos na zona costeira da BTS, porém pouco ouço ou leio, falas que destaquem o fato de que pescadores e marisqueiras possuem seus próprios códigos de conduta e ética para a conservação dos mares, posto que fiscalizam e repudiam a pesca predatória, migram para outros pontos quando percebem que, determinado local necessita de defeso populacional como estratégias de evitação à sobrexplotação dos recursos pesqueiros, além de evitar o descarte incorreto de resíduos no mar. Uma vez que se franqueia à comunidade local a oportunidade de colaborar ao desenvolvimento de tecnologias para a otimização da pesca e minimização de impactos, os ganhos sempre serão para o benefício de todos, posto que a maré é pai e mãe de todos. Não existe continente sem mar, nem mar sem continente e, justo por isso, aonde quer que eu vá, sempre falarei que SOU pescador artesanal, está em meu âmago, no meu sangue, em minha pele. É a identidade que me construiu e que me move avante.

 

 

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Revista Ouricuri, Juazeiro, Bahia, v.14, n. Edição Especial - 01. 2024, p.03 - 10. Jul./dez., http://www.revistas.uneb.br/index.php/ouricuri | ISSN 2317-0131