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DA MÃE BAÍA DE TODOS OS SANTOS À ESCOLA ESTADUAL PRESCILIANO SILVA

 

Franklin Maciel de Souza Junior1*, Viviane Carla Bandeira Santos2

 

1Formado em Administração pela UNIFACS. Licenciado em Matemática pela Padma.

2Mestre em história da África, da diáspora e dos Povos Indígenas pela UFRB. Doutoranda no programa PPGDC-UFBA. Professora de História – SEC-BA.

*Autor correspondente: E-mail: franklinmacieljr28@gmail.com

ORCID: https://orcid.org/0009-0001-2125-5411

 

 

Resumo: A importância da Baía de Todos os Santos (BTS), enquanto fonte de recursos naturais é incontestável, entretanto para além dessas questões é fundamental refletir sobre os aspectos que tangem a potencialidade dessas discussões em sala de aula na educação básica. Neste sentido, o presente estudo é um desdobramento do Projeto “Embarcados” realizado pela Uneb e em parceria com a Escola Estadual Presciliano Silva, no qual trazemos um relato de experiência sobre as atividades e eventos na Península Itapagipana, como parte integrante do currículo instituído. Os objetivos elencados dessa investigação buscaram compreender a BTS como parte indissociável do currículo escolar, propiciando que as discussões se difundam para além dos muros da escola; mapear pontos da Península Itapagipana mais propícias para experiencias extracurriculares com alunos e alunas, e realizar visitas pedagógicas a estes pontos Santos. Os resultados da investigação mostraram que apesar da aproximação existente entre o Colégio Presciliano Silva e a BTS, o currículo escolar precisa aprofundar nas ações e discussões para além dos conteúdos trabalhados em sala de aula, dado que quando há participação em atividades extracurriculares, a percepção e consciência diante da importância da BTS é destacada, afinando a relação entre aspectos próprios da Península quanto da região metropolitana da cidade que abriga a Península, ampliando o interesse e a motivação para aprofundamento em pesquisas sobre e na área.

 

Palavras-chave: Baía de Todos os Santos; Península Itapagipe; currículo escolar; processo ensino-aprendizagem.

 

 

 

DE LA MADRE BAÍA DE TODOS OS SANTOS AL COLEGIO ESTATAL PRESCILIANO SILVA

 

Resumen: La importancia de la Baía de Todos Os Santos (BTS) como fuente de recursos naturales es innegable, pero más allá de esto, es esencial reflexionar sobre los aspectos que tocan el potencial de estas discusiones en el aula de la educación básica. En este sentido, el presente estudio es una derivación del proyecto Embarcados realizado por la Uneb y en asociación con la Escuela Estadual Presciliano Silva, en el que presentamos un informe de experiencias sobre actividades y eventos en la Península Itapagipana, como parte integral del currículo escolar. Los objetivos de esta investigación fueron entender la BTS como parte inseparable del currículum escolar, permitiendo que las discusiones extiéndanse más allá de los muros de la escuela; mapear los puntos de la Península Itapagipana más favorables para experiencias extracurriculares con alumnos y alumnas, y realizar visitas pedagógicas a estos puntos. Los resultados de nuestras experiencias pedagógicas demuestran que, pese la proximidad geográfica entre la Escuela Presciliano Silva y la BTS, el currículum escolar necesita profundizar en acciones y discusiones más allá de los contenidos enseñados en el aula, dado que cuando hay participación en actividades extracurriculares, se destaca la percepción y la conciencia de la importancia de la BTS, firmando la relación entre aspectos de la Península y la región metropolitana de la ciudad que la alberga, ampliando el interés y la motivación para nuevas investigaciones sobre y en el área.

 

Palabras clave: Península de Itapagipe; plan de estudios escolar; proceso de aprendizaje.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Tomando a escola como um espaço de multirreferencialidade, percebendo as interfaces e entrelaçamentos dos projetos pedagógicos, embarcamos numa experiência escolar sobre a Baía de Todos os Santos, juntamente com a UNEB, no projeto Embarcados: Sistemas Embarcados de Baixo Custo no Monitoramento de Ecossistemas Marinhos. A partir de nosso estudo fruto de um projeto institucional da Escola Estadual Presciliano Silva sobre a Baía de Todos os Santos e Península Itapagipana, que vem sendo realizado desde 2019, aprimorando-se a cada ano com o intuito dos/as aluno/as do Ensino Fundamental II, 6º ao 9º ano, compreendam a importância da história local, logo referenciamos a Baía de Todos os Santos como “mãe”, no momento em que esta provem a comida, sendo área potencial de desenvolvimento da economia local, para discutirmos como uma escola que tem fronteiras com a Baía de Todos os Santos pode adentrar no campo do currículo para que tais questões estejam presentes na sala de aula.

O nome Baía de Todos os Santos advém da descoberta de uma expedição portuguesa comandada por Gaspar Lemos e acompanhada por Américo Vespúcio que ao chegarem às nossas terras para mapeá-las encontraram um acidente geográfico e por serem católicos tinham tradição, de colocar o nome de acordo com o santo do dia, ou seja, o dia de Todos os Santos. O convite da Uneb à Escola Estadual Presciliano Silva, localizada na Península Itapagipana, bairro da Ribeira, que faz parte do território da Baía de Todos os Santos nos permite contribuir e aprofundar o nosso estudo com o intuito de demonstrar a dialogicidade entre o currículo institucionalizado e a Baía, aspecto que é o foco deste trabalho.

Neste sentido, o trabalho aborda as seguintes questões: em que medida é possível inserir o tema Baía de Todos os Santos no currículo escolar? Por outro lado, ao trazer a Baía de Todos os Santos para o ambiente da sala de aula, os alunos terão uma melhor compreensão de sua história e memória com relação a ela?

Assim, a investigação debruça-se no campo da análise cognitiva e da difusão do conhecimento, tecendo como objetivo geral: compreender a Baía de Todos os Santos como parte do currículo escolar, propiciando que tais discussões se difundam para além dos muros da escola. Tendo os seguintes objetivos específicos: mapear pontos da Península Itapagipana que têm relação com a Baía de Todos os Santos; experienciar com os alunos, através de visitas pedagógicas a importantes pontos da Baía de Todos os Santos, e realizar rodas de conversa sobre a Baía de Todos os Santos e a Península Itapagipana.

Tomando como base essas premissas, este artigo foi dividido em seis seções, distribuídas da seguinte forma: a primeira refere-se ao contexto da Escola Estadual Presciliano Silva e sua relação com a Baía de Todos os Santos. A segunda trata sobre a Península Itapagipana, território em que a unidade escolar está inserida. A terceira aborda o currículo escolar e a Baía de Todos os Santos, a quarta traz as experiências pedagógicas sobre a Baía de Todos os Santos realizadas pela Instituição, a quinta ressalta a cognição e a Baía de Todos os Santos e a sexta busca estabelecer a conexão entre a Baía de Todos os Santos e a ancestralidade.

 

 

EMBARCANDO NA ESCOLA ESTADUAL PRESCILIANO SILVA

 

A Escola Estadual Presciliano Silva foi fundada em 1969, época do Golpe Militar, sendo o terreno doado pela família do ilustre artista plástico Presciliano Silva, que em sua homenagem foi dado o nome desta Instituição. A Unidade Escolar possui como modalidades de ensino a Educação Básica e a Educação de Jovens e Adultos, etapa de ensino Fundamental II, atendendo aos três turnos, contando com 29 professores, 20 funcionários, 945 alunos que são majoritariamente negros e moradores da periferia.

É importante alocar a escola no território da Cidade Baixa, mais precisamente na Península Itapagipana, bairro da Ribeira, região que contém vários bairros nos seus arredores, onde as manchas de violência estão presentes. Como é no espaço da escola que devemos desconstruir práticas preconceituosas e racistas, é necessário rever nossos currículos, trazendo para a sala de aula discussões relacionadas e que dialoguem com os sujeitos que fazem parte desse ambiente. E, justamente neste contexto de uma educação anticolonial e antirracista que tomamos a Baía de Todos os Santos como um campo do saber que atravessa essas discussões, sendo que é dela que provem também o sustento e o lazer dessas pessoas que constituem o ambiente escolar.

Nilma Lino Gomes (2011) ressalta a importância dos docentes levarem discussões sobre a África e a diáspora para sala de aula, sinalizando que a lei 10.639/2003 e as diretrizes curriculares para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história da África, enfatizando a necessidade de formação continuada para que docentes, consigam trilhar o caminho de uma educação anticolonial que combata práticas racistas no bojo da escola, como na sociedade. No momento, em que os/as professores/as tem acesso a novas informações nas formações continuadas podem reverberá-las para o campo da sala de aula, sinalizando aos/as discentes outras narrativas, além das oficiais que ainda estão presentes nos currículos institucionalizados.

Nota-se que a relação entre a Baía de Todos os Santos, Península de Itapagipe e uma educação anticolonial atravessa os sujeitos que compõem esse território que é complexo, diverso, mas que tem cor, história e memória e é justamente no campo da interdisciplinaridade que iremos retratar nossas experiências escolares. Entretanto, antes de vislumbrarmos as experiências tecidas pela escola, iremos traçar algumas considerações sobre o território da Península Itapagipana e sua posição na Baía de Todos os Santos que é o nosso lugar de fala, calcados no conceito trazido por Djamila Ribeiro (2017) no sentido de pensar a legitimidade dos discursos de todas as pessoas ao falarem de seus próprios lugares sociais e, portanto, possuírem lugar de fala. A autora sinaliza que a partir disso, podemos debater e refletir criticamente sobre os mais variados temas presentes na sociedade, inclusive aqueles que remetem a nós mesmos, mesmo que essa fala desconstrua o discurso hegemônico.

Dessa forma, entender a territorialidade, a qual a Unidade Escolar está inserida e ter conhecimento do público que atende, sabendo aspectos da realidade desses educandos e aproveitando para trazer essas vivências para o bojo da sala de aula e o conhecimento apreendido poder ser reverberado para a comunidade local, difundindo saberes que impliquem esta comunidade nas transformações sociais desejadas e minimizem o sofrimento dessa população.

 

PENÍNSULA DE ITAPAGIPE: onde se desdobra a Baía de Todos os Santos.

A história da Península se entrelaça com a da Baía, pois foi um local que ao longo do seu tempo e desenvolvimento abrigou memórias que enriqueceram o acervo cultural de nossa cidade. Antes de se tornar entreposto comercial, a Cidade Baixa, onde se localiza Itapagipe, fora o quilombo dos Mares, destruído em 1805. Mas, observamos que esse passado histórico deixou marcas profundas nesse local, pois ainda existem tradições ancestrais como a pesca artesanal e mariscagem, que corroboram na economia local.

 

 

Figura 1. Visão Panorâmica da Península de Itapagipe e Subúrbio tendo como pano de fundo a Baía de Todos os Santos.

Fonte: http://salvadorhistoriacidadebaixa.blogspot.com/2012/02/itapagipe-como-peninsula-vista-pelo_07.html

 

Com o tempo, esse território foi se desenvolvendo, passando a abarcar portos, onde as embarcações portuguesas despojavam seus produtos. Com o processo de industrialização nas décadas de 1950 e início de 1960, a Península de Itapagipe foi o local escolhido para a implantação de diversas fábricas, que escoavam suas matérias-primas e produtos pelas águas tranquilas da Baía de Todos os Santos, causando grande poluição.

Tendo em vista a carência de ruas pavimentadas, e por conta do desenvolvimento local em decorrência do surgimento das fábricas, houve a necessidade de contratação de mão-de-obra, gerando assim, um grande contingente da população para essa região,  provocando uma explosão demográfica que desencadeou na construção de palafitas, casas construídas com sobras de madeira sobre o mar, devido à falta de moradia, formando assim, o famoso bairro de Alagados que se tornou inspiração de melodia do grupo Capital Inicial.

Outro ponto de destaque, o qual infelizmente foi demolido pelo governo local, era a famosa Ponte do Crush, importante entreposto comercial, onde as embarcações despejavam seus produtos, os quais eram comercializados, antes mesmo do Mercado Modelo exercer esse papel. Era assim denominada por se localizar em frente à indústria de refrigerante Crush, entretanto era conhecida pela população local de ponte do cruz por seu formato.

 Ao longo do tempo, esse espaço foi tomando outras configurações e na modernidade passou a ser um local de entretenimento e lazer dos moradores locais. E quando houve sua demolição, ocorreram manifestações de repúdio a essa ação truculenta da prefeitura local. Observa-se que em nosso país, nossos patrimônios não são valorizados e a história local muitas vezes é destruída em prol de algum empreendimento do capitalismo ou simplesmente para não custear uma reforma ou manutenção preventiva.

As contradições existentes entre o desenvolvimento local e as massas pobres que ocuparam esse território marcam o disparate social existente até hoje, onde nos deparamos com duas realidades: a Península visível, que está na rota do turismo comercial, com suas belas praias, igrejas, fortes, monumentos, casarões coloniais, restaurantes e sorveterias, bem como o pouco que restou do primeiro hidroporto do Brasil, ponto de amerissagem de autoridades políticas, a exemplo de Getúlio Vargas e do alto escalão das forças armadas; e a invisível, que são os bairros periféricos que formam essa localidade, com carência de infraestrutura urbana, sem opção de lazer e falta de saneamento básico, com descartes de dejetos na Baía, ocasionando o racismo ambiental, e que prejudica a saúde dos moradores, juntamente, onde há zonas de violência, traçados pelo tráfico de drogas, assinalados pelo jovem homicídio[1], o qual vem aumentando relativamente nos últimos anos. Conforme Tania Pacheco (2024), o Racismo Ambiental é constituído por injustiças sociais e ambientais que recaem de forma implacável sobre etnias e populações mais vulneráveis.

 

Uma imagem contendo edifício, ao ar livre, mesa, homem

Descrição gerada automaticamente

 

Figura 2. Imagem do Hidroporto da Ribeira.

Fonte: Fotografia feita pelos autores.

 

 Dessa maneira, a Península Itapagipana vem traçando seu caminho, como um território de múltiplas facetas e grande diversidade que necessita constantemente da Baía de Todos os Santos para salvaguardar sua memória, como no campo da resistência, reexistir sua ancestralidade africana que permeia os espaços dessa localidade que aloca a Unidade Escolar. Por isso, é tão necessário enveredarmos pelo caminho do Currículo e pensar estratégias para que discussões como essa não fiquem apenas no currículo oculto[2], que apesar de legítimo, não é reconhecido pelas instituições que regem o espaço escolar.

 

 

CURRÍCULO X BAÍA DE TODOS OS SANTOS

 

Sabendo que o currículo é dinâmico e complexo, estando num campo de disputa como aponta Arroyo (2012), é importante estabelecermos parâmetros para incluirmos narrativas que se encontram ausentes. Seguindo essa lógica, compreendemos o grande campo de saberes que a Baía de Todos os Santos pode encaminhar, propiciando a difusão do conhecimento para além dos muros da escola que é um dos objetivos desta investigação.

Por essa razão, a escola deve cumprir seu papel de desvelar temas pertinentes à vida dos sujeitos que fazem parte desse universo que é diverso, e por que não falar em múltiplo. A partir esse preâmbulo, tecemos algumas indagações: como podemos inserir discussões e reflexões como essas em nossos currículos que são permeados pelo eurocentrismo e hegemonismo, e até que ponto os/as professores/as têm responsabilidade de ir contra a ordem estabelecida?

Amorim (2007) afirma que,

 

A escola é uma importante organização da sociedade contemporânea, que trabalha com os seus recursos humanos procurando definir um modelo educacional calcado numa determinada concepção de missão e de crenças sociais e culturais. Enquanto organização, a escola não pode ficar de fora das grandes tramas sociais colocadas no dia a dia pela vida em sociedade. (Amorim, 2007, p.22).

 

Consideramos que a proposta suscitada pelo autor pode ser realizada a partir de projetos interdisciplinares ou com a elaboração de materiais didáticos, como bem ressalta Ana Célia Silva (2004), ao afirmar que uma das maneiras de se desconstruir estigmas e estereótipos à figura dos/as negros/as é através da construção de uma diversificação de recursos, como livro paradidáticos, jogos, sites que possam trazer um referencial positivo acerca desses sujeitos.

 Nesta perspectiva, tomamos a Baía de Todos os Santos como um território que aloca o povo preto e por essa questão, acaba sendo também estigmatizado, sendo alvo da exploração do capital que cada vez mais impõe o risco de perdemos essa grande fonte de abastecimento de alimentos e de elementos culturais do nosso estado.

É por isso fundamental levarmos esses saberes para o ambiente da sala de aula. Antes de pensarmos nessa possibilidade é necessário trazermos alguns questionamentos que poderão ampliar nossas reflexões. O que entendemos por Baía de Todos os Santos? A Baía de Todos os Santos pode ser entendida como um campo do currículo? Como fazer a transposição desses saberes para o ambiente da sala de aula? E de que forma esses temas poderão corroborar para formação cidadã dos nossos educandos?

Levando em conta essas indagações, constatamos que o aluno aprende quando o ensino tem relação com suas vivências e memórias. O aprendizado com sentido se dá quando o discente consegue aplicar a teoria em sua realidade, pois se torna algo palpável e compreensível para ele (Freire, 1967). Sendo assim, é necessário que esse movimento denominado de descolonização do currículo[3] seja feito pelos/as professores/as, no sentido de abarcar outras narrativas para além das trazidas no bojo dos manuais didáticos, inserindo-as nos currículos institucionalizados, abarcando as diversas narrativas que dialogam com a realidade desses alunos.

A investigação pautou-se, portanto, na pesquisa qualitativa, com a utilização de rodas de conversas, oficinas, palestras bem como passeios pedagógicos que contribuíram para apropriação de novos saberes pelos sujeitos que participaram das atividades. A pesquisa qualitativa permite ao pesquisador interpretar um discurso, vinculando-o à sua realidade. Esse tipo de abordagem tem como objetivo a investigação direta com as suas descrições, sem pautar prévias posições. (Triviños, 1987).

Dessa forma, é perceptível a importância de trazermos a história local para a escola que é um ambiente multirreferencial de aprendizagem e por essa razão, a complexidade do que deve ser aprendido está para além dos temas que o currículo institucionalizado abrange, sendo importante esse movimento da decolonialidade presente nesses espaços para que experiências como essas sejam contempladas e as vozes de todos os sujeitos sejam, enfim, reverenciadas.

 

 

RELATOS DE EXPERIÊNCIA DE UMA ESCOLA PRÓXIMA A BAÍA DE TODOS OS SANTOS

 

A Escola Estadual Presciliano Silva vem tentando, ao longo dos anos, abordar narrativas que não estão presentes no currículo institucional e para além dos planos de ensinos dos docentes que ainda são embasados na ótica do colonizador. Por isso, essas experiências são importantes, realizá-las torna-se um desafio e nem sempre conseguimos envolver toda a comunidade escolar.

Sabemos que para que ocorra todo o envolvimento da comunidade escolar, aquilo que é estudado deve ser percebido como algo que atravessa os vários campos de conhecimento, o da formação iniciada e continuada, convocando a todos para saírem da zona de conforto e se comprometer com causas que talvez alguns daqueles sujeitos não defendam, visto que não têm pertencimento étnico ou não percebem ainda a necessidade de rompermos com o currículo institucional que reverbera muitas vezes o racismo estrutural e ecológico presente em nossa sociedade.

As experiências que serão trazidas partem do protagonismo de alguns docentes e que acabaram por contagiar outros, ao perceberem que o conhecimento se dá para além dos conteúdos estanques e fora dos muros da escola. O primeiro contato que tivemos com a Baía de Todos os Santos se deu a partir do projeto “Do lixo ao luxo” realizado na disciplina de Artes pelo professor Franklin Maciel, onde ele começou a pensar a importância da Baía de Todos os Santos para a Península Itapagipana e de como era necessário, enquanto escola, multiplicar tais saberes para a comunidade local.

Como isso poderia chegar à comunidade local? Quais impactos teriam sobre ela? Com esse pensamento, o docente realizou uma roda de conversa com uma turma de 35 alunos, do 9º ano, apresentando a proposta de seminários e atividades de campo para que eles pudessem entender a teoria na prática. Logo, estabeleceu-se um cronograma de seminários sobre a Baía de Todos os Santos e aspectos que a rodeiam, sejam ambientais, econômicos, políticos e culturais. Esse ciclo de seminários ocorreu em sala de aula e depois foi disseminado para a comunidade escolar.

Após os seminários em sala, organizamos uma palestra para toda comunidade escolar para que esses saberes se difundissem. Essa atividade foi rica e trouxe a mobilização e engajamento de vários sujeitos e como produto desse trabalho, realizamos a coleta seletiva nas praias da Península Itapagipana com intuito de conscientizar a população acerca da importância de mantermos o cuidado com a Baía de Todos os Santos, os efeitos do aquecimento global e como produto dessa pesquisa, os/as alunos/as construíram com esse material coletado objetos que a escola estava precisando, como cestos de lixo, puffs, arranjos de flores, entre outros.

Além disso, foi elaborado um vídeo crítico pelos/as educandos/as sob a orientação do professor Franklin Maciel que concorreu aos Projetos Estruturantes, projeto da rede estadual que envolve a participação de todas as escolas da rede estadual e que dissemina as habilidades artísticas e culturais dos/as discentes. Esse vídeo foi construído a partir das experiências vivenciadas nesse projeto bem como a questão ambiental.

 

 

 

Figura 3. Seminário do Projeto Do Lixo ao Luxo.

Fonte: Fotografia feita pelos autores.

 

Outra experiência realizada foi com a professora Joelma Dominguez, da disciplina de História que proporcionou uma turma do 9º ano conhecer a Baía de Todos os Santos através de um passeio de balsa, no qual esses estudantes foram tendo uma aula de campo sobre a importância desse campo do saber que muitas vezes se encontra presente nas vivências dos alunos, mas que não faz parte do currículo escolar. Esse passeio pedagógico foi entre o Subúrbio Ferroviário e a Ribeira.

Assim, quando a escola foi convidada para fazer parte do Projeto Embarcados proposto pela UNEB através das professoras Leliana Sousa, Patrícia Smith e Iramaia de Santana, aceitamos o desafio, pois estava dentro da proposição da Unidade Escolar. Tivemos algumas reuniões on-line para alinhar o evento que inicialmente ocorreu na escola, com a presença da comunidade escolar, com a apresentação de um protótipo tecnológico que daria informações importantes sobre a água do mar e condições climáticas que poderiam ajudar a comunidade local, principalmente pessoas que sobrevivem da “mãe” que consideramos a Baía de Todos os Santos.

É necessário pensarmos em alguns problemas que afligem a Península Itapagipana e que até hoje o Estado não conseguiu minimizar: os impactos sobre o território, os alagamentos constantes, a pesca predatória, o descaso aos patrimônios históricos, como exemplo, o primeiro hidroporto do Brasil que se encontra na região e se tornou alvo de pichações e acúmulo de lixo. Essa realidade inclusive foi trabalhada pelos professores Alexandre Santos, Franklin Maciel e Viviane Bandeira ao realizarem a pesquisa histórica sobre o Hidroporto da Ribeira que ganhou o 3º lugar no Educação Patrimonial e Artística, EPA alertando as autoridades sobre esse problema que rodeia a Península. O descaso perante os patrimônios dessa região é visível, sendo fundamental promover ações governamentais que possam trazer alguma solução para esse problema.

Após essa roda de conversa com a UNEB, fomos convidados para realizar, durante o Curso de capacitação em integração tecnológica, educação e monitoramento de ecossistemas marinhos, a palestra intitulada Experiências docentes com a Baía de Todos os Santos – CEPS, no auditório do CPEDR, localizado no campus I desta Universidade, para outras escolas que não têm contato com a Baía de Todos os Santos. Obtendo, na ocasião, a oportunidade de também conhecermos outras realidades. Após esse momento de difusão de saberes, fomos agraciados com um visita pelos pontos da Baía de Todos os Santos, com a orientação dialógica do professor Franklin Maciel, conhecedor nato da história local que em sua fala destacou a importância histórica, ambiental deste rica estância que é a Baía.

 

 

Figura 4. Imagem do Museu Náutico, tour Baía de Todos os Santos.

Fonte: Autores

 

Logo, os sujeitos que participaram do Tour puderam se apropriar de saberes para além dos livros e tecer suas próprias experiências com a Baía de Todos os Santos, que para alguns traz memórias, para outros é a forma de subsistência, transmitindo um sentimento de emoção para aqueles participantes que nunca tiveram acesso a esse território.

 A imagem (Figura 3) representa um ponto da Baía de Todos os Santos que visitamos durante o Tour, o Farol da Barra, que foi o primeiro do Brasil, tendo sua primeira edificação por volta de 1536, realizada pelo donatário da Capitania da Bahia, Francisco Pereira Coutinho. Entre 1583 e 1587, foi reformado e ampliado. Entre 1596 e 1602, o forte foi reconstruído, em pedra e cal, como uma torre octogonal. Neste espaço, além de ter o Museu Náutico, encontram-se artefatos que abarcam a história local.

Sobre essa experiência, o ex-aluno JN (2024) registrou:

 

Participei do projeto Embarcados no ano de 2023 e achei maravilhoso! Tive a oportunidade de conhecer mais sobre a Baía de Todos os Santos e conheci lugares incríveis juntamente com uma equipe instrutora sensacional! Foi uma experiência surreal! Obrigado aos envolvidos!

 

Ao voltarmos para a escola, compartilhamos nossa experiência e elaboramos um projeto pedagógico intitulado “Da Mãe Baía de Todos os Santos aos Pés de Oxalá”, onde, desenvolvendo reflexões sobre os impactos ambientais, reconhecimento étnico-racial dos sujeitos da escola e valorização da Baía de Todos os Santos, dialogando com o currículo escolar, realizamos a Mostra de Talentos sobre o tema nas diversas ramificações artísticas e culturais, dança, teatro, vídeo, música, elaboração de textos e pesquisa históricos, capilarizando esses conhecimentos à demais ponto da rede estadual através dos Projetos Estruturantes.

Conforme Sousa & Matos (2020), o saber popular deve ser valorizado como instrumento constitutivo de novos saberes científicos, por meio de pesquisas que consideram a realidade dos atores sociais. Neste sentido, a investigação reitera esse pensamento, uma vez que considera o saber popular, tradicional a partir da preservação da história e memória da Baía de Todos os Santos e dos sujeitos que fazem parte dela.

Pensar a Baía enquanto território vivo onde a escola se localiza é importante, uma vez que os sujeitos que pertencem a Unidade Escolar se perceberão e se identificarão com essa realidade que os rodeia. Deste modo, podemos esperançar com uma educação onde a equidade racial e os saberes sejam considerados e o espaço da escola se torne realmente um lócus de resistência à segregação cognitiva como reitera em seus estudos Terezinha Fróes Burnham (2012). Assim, a educação poderá realmente ser um mecanismo de transformação social, como aponta Paulo Freire em seus estudos.

 

 

COGNIÇÃO E BAÍA DE TODOS OS SANTOS

 

A cognição é um campo do processo de informação, trazendo consigo as propriedades emergentes. Logo, percebe-se que a escola pode estimular esse processo de desenvolvimento da cognição dos sujeitos que dela fazem parte.              

As experiências com os alunos e as discussões sobre a Baía de Todos os Santos, proporcionaram neles a constituição de novas propriedades, como por exemplo, a reflexão, a aprendizagem e a memória. Assim, no campo desse estudo, exploramos as propriedades que corroboram na promoção de uma aprendizagem mais significativa para esses educandos. Nesta perspectiva, as interações realizadas nas propostas educacionais desenvolvidas foram fundamentais para promover o surgimento de modificações mentais dos sujeitos envolvidos.

Paulo Freire (1996) traz o recurso do diálogo como forma de aceitação do outro, possibilitando através da escuta sensível, novas reflexões e percepções de realidades. Neste sentido, a Baía de Todos os Santos pode ser compreendida como um fenômeno, onde através das interações realizadas com os múltiplos sujeitos tecem novos conhecimentos sobre a história local. Nota-se que os saberes construídos sobre a Baía potencializaram a cognição dos alunos, despertando neles novas percepções de mundo e de si mesmo, olhando para esse território de forma diferente e sob outros ângulos e parâmetros. Terezinha Fróes Burnham (2012) entende os espaços multirreferenciais de aprendizagem como lócus de resistência da segregação cognitiva. Tomando o ambiente escolar por esse viés, consideramos que ao acessar campos de saberes que extrapolam o currículo institucional, pluridisciplinar e enveredando pelo caminho da transdisciplinaridade, podemos promover que de fato a escola torna-se esse espaço agregador, múltiplo e de complexidade.

A Baía de Todos os Santos e a investigação sobre ela possibilitam a constituição de propriedades emergentes, tais como, reflexão, memória afetiva, identidade e aprendizagem significativa para os sujeitos que realizaram a tessitura desse estudo. Conforme, Caliani & Bressa (2017) sinalizam que Piaget e Ausubel afirmam que as nossas experiências se acomodam nas antigas, tornando a aprendizagem mais significativa para os/as discentes. Os autores apontam que o aprendizado tenha algum significado para aluno, conteúdo e vivência devem estar associados, para que a aprendizagem se torne significativa. Ao tomar o contexto da escola pública, sabemos que isso é importante, visto que, através do concreto, os/as educandos/as poderão de fato compreender o sentido do que está sendo transmitido. (Caliani & Bressa, 2017).

Pensar que uma escola próxima a Baía de Todos os Santos deve ter compromisso de potencializar essas discussões, pois essa se encontra nesse território que fala, sente e transmite emoções e memórias, é desejável. Logo, os docentes precisam se comprometer com esse emaranhado de complexidade que é único e, ao mesmo tempo, universal. Por esta razão, tais saberes precisam ser difundidos para que o ambiente escolar rompa com a barreira do intransponível, pois nada é, ou se coloca, intransponível, tudo é possível, depende de um esforço que não pode ser mais mecanizado, individualizado que permeia a prática de ensino e aprendizagem, visto que é a escola pode ser entendida como um lócus de multirreferencialidade. Assim, é importante acessar o campo da cognição para perceber como o tema despertará o interesse dos alunos que buscaram nas suas vivências aspectos de suas memórias e emoções relacionando a Baía de Todos os Santos como um local que exala conhecimento e saberes que remetem ao cotidiano desses sujeitos.

 

 

BAÍA DE TODOS OS SANTOS E ANCESTRALIDADE

 

Ao tomarmos a Baía de Todos os Santos como foco da pesquisa é importante estabelecer as relações existentes com a ancestralidade. Por essa razão, podemos até afirmar que esse território foi quem abraçou o tráfico transatlântico e que as suas águas foram fundamentais para que a diáspora africana acontecesse em nosso Estado, onde as marcas da ancestralidade estão presentes em todos os cantos.

Como estamos pensando a Baía, a partir da Península Itapagipana, local onde a escola está, percebemos que a ancestralidade está e se encontra presente nas práticas culturais, na arquitetura e nas atividades econômicas desenvolvidas pela comunidade local, especialmente, o que se refere, à pesca artesanal, à puxada de rede, mariscagem, à construção de embarcações, entre outros aspectos que remetem ao continente africano. Logo, como escola, precisamos tecer uma rede de conexões com essa comunidade e o ensino vai guiar como esses saberes podem ser difundidos no âmbito da escola como extrapolar os muros e enveredar por toda população baiana, independentemente de sua classe, raça, condição social.

Entendemos que a lei 10.639-03 cumpre um papel importante nesse processo, ao tornar a obrigatoriedade do ensino de história e cultura da África, da diáspora na educação básica. Assim, conforme Beatriz Petronilha Silva (2011), as escolas devem promover uma educação antirracista e decolonial, combatendo práticas racistas no bojo da escola. Na Península Itapagipana, que é circundada pela Baía, notamos desde sua constituição a presença marcante dos africanos, desde a formação do quilombo dos Mares, que foi um foco de resistência e que nele se deu o propagar de costumes africanos que se encontram ainda no território. Essas práticas cotidianas são vistas principalmente como recursos para manutenção e sobrevivência dos sujeitos que exploram a Baía e em troca precisam também preservá-la.

É nessa relação dialógica que a escola entra, quando leva esses saberes para a sala de aula e os reverbera para comunidade local, conscientizando-a e estabelecendo ações que corroborem para que o espaço seja cuidado e preservado. Logo, com a percepção dos alunos que a Baía deve ser amplamente pensada como um espaço de subsistência e como tal necessita de políticas públicas que detenham sua exploração, ainda mais as realizadas pelos grandes conglomerados, que podem ser entendidos como empreiteiras, voltadas ao capitalismo.

Ao caminharmos nos entrelaces da Península Itapagipana e Baía de Todos os Santos nos deparamos com um cenário afro-diaspórico, no qual a ancestralidade está presente seja nas manifestações artísticas e culturais da localidade, na fé através da figura de Oxalá, sincretismo religioso presente na Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, Iemanjá, representada pelas águas que fazem fronteira à Península e nas tradições passadas a partir da hereditariedade. Dessa forma, ao trilharmos o caminho da Baía, nos desfrutamos de saberes que não estão incluídos no currículo, mas que são de grande valia para comunidade local e que precisa adentrar o espaço escolar para que se preserve o arcabouço teórico que fundamenta as práticas cotidianas desse território plural, diverso e complexo que é a Península de Itapagipe.

 

 

CONCLUSÕES

 

Buscando costurar saberes, refletimos sobre como a Baía de Todos os Santos trouxe várias possibilidades a uma escola que faz fronteira com essa, ao apresentar novos saberes para comunidade escolar, poder pensar e se conscientizar de como esse território é importante à subsistência de moradores locais que ainda se apropriam dos recursos desse local para manutenção de seus lares.

Refletir sobre os problemas ambientais gerados pela grande exploração da Baía de Todos os Santos e poder constatar que isso ocorre da mesma forma na Península Itapagipana e pensar em alternativas sustentáveis que venham minimizar tais problemas. A escola, por ser um espaço de multirreferencialidade, precisa trazer em seu currículo, discussões acerca das vivências dos/as alunos/as, o que poderá tornar a aprendizagem mais significativa para esses sujeitos. O aprender a aprender. E com isso, o ambiente escolar poderá cumprir seu papel que é promover o exercício da cidadania dos educandos e prepará-los para o mundo do trabalho. (LDB, 1996). É fundamental na prática escolar, que ensino e pesquisa estejam entrelaçados, uma vez que somente dessa forma escola e universidade cumprirão seu papel. Caso isso não ocorra, as produções das instituições escolares serão entendidas como mera reprodução do conhecimento e as produções acadêmicas continuarão empilhadas nas estantes empoeiradas, sem nenhuma serventia para a sociedade.

Portanto, é necessário tecer e costurar essa rede de relações para que universidade e escola caminhem juntas, pensando em soluções que melhorem a vida da população e minimizem a desigualdade social e racial existente em nosso país. A Baía de Todos os Santos pode ser compreendida nesta perspectiva como um espaço de multirreferencialidade, apresentando-se também como um sistema complexo que precisa ser investigado e o foco dessas pesquisas precisam desconstruir os estigmas que associam esse território a partir de uma perspectiva de exploração do capitalismo e que se restringe muitas vezes a academia.

Lembrando que tanto a Baía quanto a Península alicerçaram eventos importantes da nossa história, como a Independência da Bahia, revolta dos Alfaiates, revolta dos Malês, entre outros demonstrando os conhecimentos e saberes que poderão ser desvelados através da difusão destes no ambiente da escola. Desse modo, esse estudo possibilitou o espaço escolar a interagir e dialogar com a comunidade sobre problemas locais que envolvem a Baía de Todos os Santos e pensar em alternativas viáveis que conscientizem a população Itapagipana a valorizar e preservar esse território tão rico e diverso para sociedade baiana.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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Revista Ouricuri, Juazeiro, Bahia, v.14, n. Edição Especial - 01. 2024, p.03 - 21. Jul./dez., http://www.revistas.uneb.br/index.php/ouricuri | ISSN 2317-0131


[1] A expressão refere-se a homicídios de jovens negros da periferia, faixa etária de 12 a 20 anos.

[2] Entende-se por Currículo Oculto, aquele formado por conteúdos que remetem às vivências dos/as educandos/as, mas não fazem parte do currículo institucional, que demarca os conteúdos de cada disciplina.

[3] Movimento no qual há tentativa de abordar outras narrativas para o ambiente da sala de aula, desconstruindo assim, o pensamento hegemônico e eurocentrista que permeia nossos currículos.