IMAGENS DE LÍNGUA NO DISCURSO DO PROFESSOR: AS LÍNGUAS BANTU PREJUDICAM A APRENDIZAGEM DO PORTUGUÊS?
DOI:
https://doi.org/10.53500/msg.v2i2.12432Palavras-chave:
Línguas bantu, imagnes de língua, discurso dos professoresResumo
Este artigo insere-se na discussão sobre o ensino e aprendizagem das línguas bantu e da língua portuguesa. Com a independência em 1975, Moçambique tornou o português língua oficial para o ensino. Em 2003, com o Plano Curricular do Ensino Básico, o país incluiu as línguas bantu no ensino básico pela primeira vez. Apesar dessa política linguística, Ngunga e Bavo (2011) constataram que, em 2007, ainda havia escolas que proibiam o uso das línguas bantu. Diante desse cenário que demonstra certa hostilidade histórica ao uso das línguas bantu, questionamos aos professores em formação universitária se o ensino das línguas bantu prejudicaria a língua portuguesa. Tivemos como objetivo analisar as imagens de língua presente no discurso desses professores. Teoricamente nos inspiramos nas formações imaginárias de Pêcheux (1993). Observamos que nos discursos proferidos pelos professores ainda há imagens de línguas que podem ser associadas a formações discursivas coloniais. Esses discursos carregam a imagem de que pode haver prejuízo no ensino das línguas bantu caso ele não esteja atrelado à aprendizagem do português. Ao mesmo tempo constatamos a circulação de discursos que se contrapõem a imagem de que as línguas bantu prejudicariam o ensino da língua portuguesa. Tais discursos consideram que o ensino das línguas bantu podem atuar como: a) suporte para a aprendizagem do português. b) meio para a resolução dos problemas escolares; c) meio de valorização cultural. No discurso dos professores, também observamos a imagem de língua que coloca as línguas bantu em paridade com as línguas europeias.
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Referências
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