EDITORIAL
DOI:
https://doi.org/10.18028/rgfc.v10i2.11881Resumo
O primeiro dos artigos, intitulado Gerenciamento de resultados por decisões operacionais no novo mercado do Brasil: uma análise da influência de auditorias Big Four e Não Big Four, de autoria de Thiago Rios Sena, José Maria Dias Filho e Nayara Batista Moreira, verificou a existência de diferenças no nível de gerenciamento de resultados por decisões operacionais nas companhias abertas brasileiras quando auditadas por Big Four ou não Big Four, contando com amostra composta por 515 observações no período de 2012 a 2017 e partindo do pressuposto de que a auditoria é fator inibidor para o gerenciamento de resultado, sendo esse pressuposto atribuído ao gerenciamento por decisões operacionais. Utilizando-se do modelo proposto por Roychowdhury para identificar o gerenciamento de resultado por meio do nível anormal de fluxo de caixa operacional, despesas com vendas, gerais e administrativas e de produção, com apoio do método dos mínimos quadrados generalizados, os resultados revelam que o fato da firma de auditoria pertencer ao grupo Big Four não implica em diferença no nível de gerenciamento de resultados por decisões operacionais.
O segundo artigo, de autoria de Paulo Fabrício Huscher, Vilmar Rodrigues Moreira e Rodrigo Alves Silva, nomeado por Rating para avaliação de cooperativas de crédito, uma aplicação do Modelo Pearls, discorre sobre riscos na execução de operações de empréstimo e intermediação e apresentar um modelo de rating para avaliação destas cooperativas. A pesquisa utilizou dados financeiros disponibilizados pelo sistema COSIF do Banco Central do Brasil, o modelo PEARLS de análise econômico-financeira de cooperativas de crédito e a metodologia de classificação do Fundo Garantidor (FGCoop). O modelo de rating foi estimado por meo de regressão logística multinomial com acurácia total obtida de 80,1%. Considerando os resultados obtidos e o grau de acurácia do modelo, é possível verificar que o uso do modelo PEARLS permitiu o desenvolvimento de um modelo para monitoramento do risco de crédito que as cooperativas representam no mercado financeiro. O modelo se mostrou simples, com relevância para os agentes, assim como relevância acadêmica por estar relacionado à metodologia de avaliação econômico-financeira de cooperativas de crédito.
Seguimos com o terceiro artigo desta edição, Avaliação do sistema de informação de custos em uma instituição federal de ensino: propostas de melhorias e aplicabilidade, de José Isak de Oliveira Fontes, Thiago de Oliveira e André Morais Gurgel, que avalia a modelagem do sistema de custos de uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES), por meio de estudo de caso com abordagem qualitativa, análise documental, observação não participante, análise de conteúdo e artefatos. Os resultados demonstram que os custos da IFES podem ser gerenciados a partir da adoção das melhorias propostas no sistema, as quais facilitarão a gestão dos custos e dos recursos da instituição que assumem um papel estratégico em apoiar todas as suas atividades e operações. Destaque para as contribuições da pesquisa: aplicação de um instrumento inovador na realidade de uma instituição da administração pública, que requer a adoção de novos procedimentos e políticas estratégicas de custos para implantação.
O quarto artigo aborda a Teoria de Opções Reais na gestão de investimentos na indústria 4.0: um estudo de caso, de Felipe Heidrich, Diogo Martins Gonçalves de Morais e Júlio Francisco Blumetti Facó. Com a finalidade de validar uma metodologia para avaliação de projetos de investimentos caracterizados como indústria 4.0, os pesquisadores aplicam essa teoria como ferramenta de análise de investimentos em um projeto aderente ao contexto analisado, um estudo de caso real de uma indústria paulista de grande porte, fabricante de rolamentos. A partir dos resultados reais dessa aplicação prática, foi possível concluir que a metodologia utilizada em acordo com a Teoria das Opções Reais se mostrou eficiente na mitigação de riscos e flexibilização gerencial na tomada de decisão neste caso apresentado.
Já no artigo Determinantes da violência e criminalidade na Bahia entre os anos de 2015 a 2017, Jadson Santana, Alex Gama Queiroz dos Santos e Urandi Roberto Paiva Freitas analisaram fatores associados aos fenômenos da violência e criminalidade no estado da Bahia. Para isso, foram construídos cinco cenários considerando diferentes proxys e utilizada metodologia de Dados em Painel, com 4 modelos econométricos considerando as informações dos 417 municípios do estado, relativas aos anos de 2015 e 2017. Os principais resultados apontam que a estrutura social é relevante componente para a manifestação desses problemas sociais. Os autores admitem que políticas de prevenção e combate à criminalidade devem considerar ações integradas entre os órgãos de justiça criminal, a família e a comunidade, por serem importantes propagadores de normas de conduta de coerção social.
Em Contabilidade e cultura: essência sobre a forma e as Raízes do Brasil de Buarque de Holanda, Paulo Roberto da Silva apresenta uma reflexão sobre a prevalência da essência econômica sobre a forma jurídica adotada no país em um estudo bibliográfico e qualitativo, confrontando a opção pela essência sobre a forma apontada na obra de Sérgio Buarque de Holanda. Os resultados indicam que essa escolha, por um lado, foi desarmônica com a cultura brasileira caracterizada por Holanda que possui a vocação para privilegiar aparato em detrimento da substância, dissimulação. Todavia, mostrou-se harmônica com outras características culturais descritas pelo autor, principalmente quanto à necessidade de modelar a norma de conduta nacional com base naquela que seguem ou parecem seguir os países considerados mais avançados. Sendo assim, sugere que a essência sobre a forma foi um instrumento apropriado pela cultura brasileira para cumprir funções diferentes daquelas usadas para justificar sua adoção. A abordagem interpretativa empregada mostrou-se promissora para a investigação contábil, mesmo diante de restrições metodológicas.
Por fim, em Metodologia tradicional versus aprendizagem baseada em problemas: análise sob a ótica dos discentes do curso de Ciências Contábeis acerca das competências docentes, Nayara Raquel Silva Marques, Caritsa Scartaty Moreira, Annandy Raquel Pereira da Silva, Ítalo Carlos Soares do Nascimento e Geison Calyo Varela de Melo desenvolveram uma pesquisa para investigar o nível de satisfação e expectativas dos discentes de disciplinas cursadas com utilização de metodologia tradicional e de aprendizagem baseada em problemas no Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), em relação às competências docentes. Por meio de um questionário, 175 alunos matriculados a partir do segundo período compuseram a amostra investigada na presente pesquisa. Na análise dos resultados utilizaram o teste de médias entre os discentes que cursaram disciplinas com metodologia tradicional e os que cursaram disciplinas com Problem-Based Learning (PBL) e ainda o teste t. Com isso, evidenciaram: quanto à expectativa dos discentes cursistas das disciplinas com PBL, nível maior em relação às competências docentes; quanto à satisfação, se mostraram mais insatisfeitos. Em relação ao teste de médias, obteve-se, para a maioria das competências listadas, diferença significativa entre a percepção dos alunos que cursaram disciplinas com PBL e os que não cursaram. Os discentes cursistas de disciplinas com PBL, se mostraram mais insatisfeitos com as competências docentes. A pesquisa contribui com indicativos à melhoria das práticas inerentes à aprendizagem baseada em problemas, pelos docentes, aporte à literatura em virtude da incipiência de estudos acerca da temática.
Agradecemos aos avaliadores, aos autores e à equipe editorial. Excelente leitura!
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