DE OLHO NA FUNÇÃO AFIM: O RELATO DE UMA
EXPERIÊNCIA
Hermínia Kelly de Barros Santos
Universidade do Estado da Bahia - Uneb
Nádia Cristina Ribeiro
Universidade do Estado da Bahia - Uneb
Taíse Araújo de Menezes
Universidade do Estado da Bahia - Uneb
Américo Junior Nunes Silva
Universidade do Estado da Bahia - Uneb
Resumo
O relato apresentado é referente a oficina “De olho na Função
Afim” do projeto de intervenção do componente curricular Estágio III. O trabalho
foi realizado com os alunos do 1º ano do Curso de
Comércio, de uma escola de Barreiras-BA. O conteúdo abordado foi Função Afim (Função
polinomial do 1º grau); a oficina realizou-se em quinze encontros que
totalizaram 60 horas/aula, em cada momento da oficina
foi abordada uma forma diferente o conteúdo. Teve um filme, vídeos, e
embalagens como (caixa de sapato, caixa de chocolate, etc.), além disso, foi
aplicado o jogo trilha do conceito de função tudo relacionando com o assunto
abordado. Assim, o jogo foi atribuído como um “recurso pedagógico privilegiado,
com potencialidade para o desenvolvimento da imaginação, atenção, concentração,
[...] autocontrole e sublimação da agressividade”. Esse trabalho teve como objetivo
proporcionar aos alunos a desmistificação do conteúdo, através da utilização de
situações-problemas e o Software geogebra.
Palavras Chaves: Função Afim, Situações-problemas e Software geogebra.
Introdução
O relato é oriundo da oficina “De olho na função afim” projeto de intervenção do
componente curricular Estágio III. A oficina foi realizada no Laboratório de
Educação Matemática da Universidade do Estado da Bahia-UNEB, com alunos do 1º ano do Ensino Médio/Profissionalizante do Curso de
Comércio, de uma Escola Estadual de Barreiras-BA.
O Estágio III é o primeiro contato que os alunos do curso de
Licenciatura têm em uma Escola de nível médio, sendo assim, eles precisam fazer
uma observação em todas as turmas e, por intermédio desse contato elaborar um
projeto de intervenção para minimizar as dificuldades encontradas durante esse
primeiro contato. Nesse sentido coube considerar o planejamento enquanto um
dispositivo teórico-metodológico importante para evidenciar o contexto político
e social dos estudantes, como evidenciaram Silva et
al. (2014).
O conteúdo utilizado foi Função Fim dessa forma, terá como objetivo proporcionar
aos alunos a desmistificação do mesmo, através da utilização de situações
problemas e o Software geogebra. Esse conteúdo foi uma sugestão do professor regente de uma das turmas
observadas, pois foi um dos assuntos trabalhados na terceira unidade. Sendo
assim, segundo o que o PCN (2008) relata que ao trabalhar o conteúdo
deve levar em conta:
O desenvolvimento do pensamento matemático. Isso significa
colocar os alunos em um processo de aprendizagem que valorize o raciocínio
matemático – nos aspectos de formular questões, perguntar-se sobre a existência
de solução, estabelecer hipóteses e tirar conclusões, apresentar exemplos e
contraexemplos, generalizar situações, abstrair regularidades, criar modelos,
argumentar com fundamentação lógico-dedutiva (BRASIL, 2008, 72 e 73).
Sendo assim, a oficina contribuiu para a
aprendizagem desses alunos uma vez que, eles estavam vendo de forma
(interativa) diferente o mesmo conteúdo trabalhado na sala de aula. Nesse
espaço utilizamos o Software Geogebra
e situações problemas cotidiano no auxílio da aprendizagem.
Estágio supervisionado
O estágio supervisionado é um componente curricular importante na
formação do professor, pois será o momento do estudante colocar em prática tudo
que aprendeu durante o curso. Dessa forma, o estágio será “como oportunidade de
aprendizagem da profissão docente e de construção da identidade profissional”
(PIMENTA, 2004, p.99 e 100).
O estudante nessa face terá contato com a realidade que enfrentará
construindo um alicerce e desenvolvendo saberes necessário a sua docência. Uns desses saberes são: “o sentindo da profissão, o que é ser
professor [...], como é ser professor, a escola concreta, a realidade dos
alunos nas escolas de ensino fundamental e médio, a realidade dos professores
nessas escolas” (PIMENTA, 2004, 100). Com tantos questionamentos o estagiário
irá construir seu perfil profissional das vivências de seus estágios tomando
como experiência e construção profissional.
A identidade se constrói
com base no confronto entre as teorias e as práticas, na análise sistemática
das práticas à luz das teorias, na elaboração de teorias, o que permite
caracterizar o estágio como um espaço de mediação reflexiva entre a
universidade, a escola e a sociedade (PIMENTA, 2004, p.112).
Dessa
forma, o estudante utilizará dos seus saberes construídos na universidade e no
seu convívio social na atuação em sala de aula. Para refletir sobre sua atuação
como docente e ir em buscar de maneiras diferenciadas
para mediar o conteúdo ao aluno de forma que seus conhecimentos tornem-se
satisfatório.
O Ensino Médio segundo os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
O Ensino Médio é o fim do último ciclo representado pela da educação
básica, esse período é correspondido por no mínimo três anos; sendo assim, a
Lei de Diretrizes e Bases (LDB) traz no artigo 35º algumas metas que as
instituições de ensino devem alcançar:
I - A consolidação e o
aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental,
possibilitando o prosseguimento de estudos; II - A preparação básica para o
trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser
capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou
aperfeiçoamento posteriores; III - O aprimoramento do educando como pessoa humana,
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico; IV - A compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos
dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de
cada disciplina (BRASIL, 1998, p.13).
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) relata que para obter um bom
desenvolvimento no ensino devem-se levar em conta três aspectos importantes; O
método que utilizará para trabalhar o conteúdo, o projeto pedagógico da escola
e sua organização curricular. Além
disso, ao escolher o conteúdo deve levar com consideração as diferentes
concepções da formação matemática, sendo assim ao final do Ensino Médio os
alunos saibam “resolver problemas do cotidiano [...], compreendam que a Matemática
é uma ciência com características próprias, que se organiza via teoremas e
demonstrações e importância da Matemática no desenvolvimento científico e
tecnológico” (BRASIL, 1998, 71). Não se pode perder de vista a construção de
uma Educação Matemática com significado (SILVA e SOUZA, 2014).
Além disso, o PCN, PCNEM e os PCN+ “o ensino matemática pode contribuir
para que os alunos desenvolvam habilidades relacionadas à representação,
compreensão, comunicação, investigação e, também, à contextualização sociocultural”
(BRASIL, 1998, 71). Sobre especificamente o conteúdo de função o PCN (1998,
p.72), fala que ele pode ser iniciado trazendo relação entre “idade e altura;
área do círculo e raio; tempo e distância percorrida; tempo e crescimento
populacional”, esboço de gráficos e descrevendo a qualidade de ser uma função
crescente e decrescente.
Quando se refere na
tecnologia e matemática o PCN relata que são “recursos que provocam, de forma
muito natural, o processo que caracteriza o “pensar matematicamente”, ou seja,
os alunos fazem experimentos, testam hipóteses, esboçam conjecturas, criam
estratégias para resolver problemas” (BRASIL, 1998, p. 0). Assim, os avanços
tecnológicos vêm possibilitando um mundo mais globalizado e, com uma capacidade
criadora com o aparecimento da Internet. Pois, cada vez mais novas
tecnologias vem surgindo.
A nossa perspectiva é de
estimular a motivação e conceber a inovação nas aulas de Matemática com a
possibilidade do uso das novas tecnologias, numa perspectiva lúdica (SILVA e SÁ,
2013), procuramos alternativas que possam melhorar o processo de
ensino-aprendizagem do conteúdo de funções Afim e, também na adequação das
aulas às novas tendências em Educação Matemática e, assim, propomos a
utilização do software geogebra no estudo desse conteúdo. Bozzo
(2009, p. 5) argumenta que o:
O
Geogebra é um software matemático desenvolvido por Markus
Horenwarter da Universidade de Salzburg para educação
matemática nas escolas. Fazendo jus a seu nome (GEOmetria + álGEBRA), o
programa abre a tela inicial composta por três partes: Janela algébrica, janela
de gráficos e Linha/entrada de comandos. Na Janela da esquerda ou janela de
álgebra, aparecem indicações dos objetos (coordenadas de pontos, equações de
retas, de circunferência, comprimentos, áreas, etc.). A janela de gráficos
apresenta um sistema de eixos coordenados e uma malha de pontos. A
linha/entrada de comandos, é destinada à entrada dos
comandos/condições que definem os objetos.
Segundo Bazzo (2009, p.5) “O
Geogebra é um programa que tem uma “interface amigável” para o
desenvolvimento de atividades de Geometria e Álgebra”. Diante deste argumento
acredita-se que o uso do geogebra é uma prática
pedagógica inovadora que acontece dentro do âmbito escolar quando as
instituições se propõem a repensar e a transformar a sua estrutura cristalizada
em uma estrutura flexível, dinâmica e articuladora. É fundamental considerar os
professores não apenas como os executores da ação educativa, responsáveis pela
utilização dos computadores e programas pré-estabelecidos, mas principalmente
como parceiros na concepção de todo o trabalho.
Relato de experiência
A oficina “de olho na função afim” é oriunda das atividades
desenvolvidas na disciplina do componente curricular de Estágio III da
Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus IX. Foi realizada uma
observação nas turmas do 1º ao 4º ano, já que o colégio era de Curso
profissionalizante. Esse colégio encontra-se na cidade de Barreiras-BA. Essas
observações foram realizadas sobre supervisão do professor da disciplina de
estágio III, do docente que ministrava as aulas de matemática na escola.
A
oficina foi realizada em 15 encontros, sendo cada um equivalente a 4 horas/aula; os uma sequência interligando-os de forma
que não ficou cansativo para os alunos. O conteúdo escolhido foi função do 1º
grau.
No primeiro encontro realizou-se a apresentação dos integrantes da
oficina, e foi apresentado como seria o desenvolvimento de todos os encontros,
podendo ser alterado no decorrer dos trabalhos. Depois, os alunos assistiram ao
filme Tempos Modernos de Charles Chaplin que retrata o período da revolução
Industrial, com o grande avanço da tecnologia da época. ...
Em seguida foi proposto um
questionário para introduzir o debate, eles responderam e depois foi feita uma
discussão sobre o filme. Depois os discentes tiveram o contato inicial com o
conteúdo de função do 1º grau através de situações problemas. Foi proposto
também a visualização de 3 vídeos onde em cada um
trabalhava o conteúdo.
Nos encontros posteriores os alunos tiveram o contato inicial com o software geogebra;
inicialmente foi realizada uma introdução sobre o funcionamento do software,
mostrando todos os seus comandos e funcionamento. Cada aluno acompanhou as
aulas com os slides instalados em cada computador; foram apresentadas situações
problemas onde os educandos respondiam diretamente nos slides propostos.
Em seguida, foi entregue para cada aluno uma lista
de atividades com instruções de construções no geogebra e perguntas que serão
respondidas por meio da exploração do geogebra, além disso,
foi entregue uma apostila com as instruções dos comandos do software sobre o conteúdo estudado, em
que foram destacados os seguintes temas: função linear, raiz da função,
construção de gráficos, estudo de sinais.
Foi realizados encontros para trabalhar as
situações-problemas, neles os alunos tinham que interpretar os problemas,
trabalhar em grupo e fazer as resoluções para toda a turma. Assim, em um desses
encontros foi realizado uma competição entre os discentes. Essa atividade
aconteceu da seguinte forma: a turma foi dividida em dois grupos e a pergunta
erra exposta para eles, quem respondesse primeiro corretamente ganhava a
rodada.
Nessa atividade o grande desafio encontrado
foi na resolução dos problemas, no sentido de como iriam calcular cada um; eles
sabiam interpretar, no entanto quando colocavam no papel onde era para somar
faziam multiplicação e assim erravam o cálculo. O trabalho em grupo no começo
também obteve dificuldade, pois já existiam grupos separados na turma e quando
foi para distribui houve um pouco de resistência, mas ao final conseguiram se
sair bem e concluir proveitosamente a atividade, tomando boa parte delas, como
destaca Souza et al. (2013), como lúdica.
Após isso, utilizamos o jogo “trilha do conceito de função” para a ficção do
conteúdo, uma vez que ele trabalha situações como gráficos, lei da função entre
outros conceitos trabalhos na oficina. E foi iniciada a montagem de uma tabela
com embalagens de produtos que eles trouxeram para calcular a relação de preço
de custo e preço variável CT= Cf+Cv. Essa função é a
mesma utilizada a todo o momento na oficina a do 1º grau F(x) = ax+b. Após esse contato os alunos foram a um supermercado
fazer uma pesquisa de sobre os preços dos produtos. Elaborando uma tabela com
todos os cálculos e a variação de cada marca.
Essas atividades tiveram o propósito deles aprenderem a fazer os
cálculos relacionados com seu curso de origem, ou seja, o comércio.
Considerações finais
Esse artigo contribuiu para o desenvolvimento
da formação acadêmica uma vez que, foi oriundo da oficina de Estágio III. Esse
estágio oferece o primeiro contato com alunos do Ensino Médio, assim os
graduandos podem ter seu primeiro contato com esses alunos servindo de
aprendizado para o próximo estágio supervisionado.
Para os alunos que
vivenciaram toda a oficina foi uma forma de terem um prévio contato com uma
realidade talvez futura para alguns deles. Além
disso, contribuiu como umas formas de aprendizado para toda a
vida.
Referências
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Bruno. O uso dos recursos das novas
tecnologias, planilha de cálculo e o geogebra para o
Ensino de função no ensino médio. Disponível em: < http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CB0QFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.pucpr.br%2Feventos%2Feducere%2Feducere2009%2Fanais%2Fpdf%2F2297_1786.pdf&ei=IPQrVPKAO4u4ggTQwYGQCg&usg=AFQjCNEHNRA8q6w_WHFG0xpq1M_5I3Sbsg&bvm=bv.76477589,d.eXY>. Acesso no
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Silva, A. J. N. Souza, I. S. Barros, S. S. ALMEIDA, J. O
professor de Matemática e o Ato de Planejar: Há Unicidade entre dimensão
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