CULTURA
LÚDICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CONTRIBUIÇÕES DAS ATIVIDADES DO PROJETO DE
EXTENSÃO LUDOTECA
Robson Ribeiro Soares
Licenciando em
Pedagogia - UNEB
Karla Karolyne de
Oliveira Luis
Licencianda em
Pedagogia - UNEB
Elenice de Brito
Teixeira Silva
Mestre em Educação
pela UFMG
Professora
Assistente da UNEB
Resumo
Este trabalho apresenta as reflexões que
temos feito a partir das atividades de formação de pedagogos e pedagogas no
contexto da Ludoteca, projeto de extensão da Universidade do Estado da Bahia,
em parceria com o Centro Municipal de Educação Infantil Manoelina
Maria de Jesus, em Bom Jesus da Lapa – BA. Este projeto emergiu do
questionamento sobre a cultura lúdica nos currículos dos cursos de formação de
pedagogos e nas creches e pré-escolas, e é gestado no interior de questões que
indagam a valorização do lúdico na formação cultural da criança e dos
professores. Nessa perspectiva, constitui-se como um espaço de estudo e produção de culturas da
infância, e é fruto de análises e percepções das problemáticas referentes às
práticas educativas na Educação Infantil. Tais constatações, de algum modo,
evidenciam a ausência de espaço para atividades lúdicas nas propostas
pedagógicas e nas estruturas das instituições, além das incertezas dos
graduandos sobre as especificidades do trabalho pedagógico junto às crianças
pequenas. A Ludoteca tem, portanto, o objetivo de criar um espaço de formação e
mediação pedagógica, constante, junto à comunidade acadêmica e escolar, na
perspectiva de fomentar a criação de uma cultura lúdica na formação das
crianças e dos professores.
Palavras-Chave: Ludoteca, Cultura lúdica, Educação infantil.
Introdução
A partir da perspectiva teórica que compreende que as crianças produzem
uma cultura de pares na relação umas com as outras e na relação com os adultos
(SARMENTO, 2001), denominada nos estudos da Sociologia da Infância como culturas da infância, são desenvolvidas
na Ludoteca, pesquisa e formação inicial e/ou continuada para professores e
acadêmicos do curso de Pedagogia do Campus XVII da UNEB.
Por culturas da infância,
entende-se “a capacidade das crianças em construírem de forma sistematizada
modos de significação do mundo e de ação intencional, que são distintos dos
modos adultos de significação e ação”. (SARMENTO, 2002, p. 03).
A formação ocorre por meio de oficinas temáticas desenvolvidas com as
crianças pelos acadêmicos do curso de Pedagogia e professores de educação
infantil do Centro Municipal de Educação Infantil Manoelina
Maria de Jesus. Estas oficinas ocorrem duas vezes por semana, atendendo à
perspectiva de contemplar os dois turnos de funcionamento do CEI, através de
formações que potencializam o uso de jogos, músicas, brincadeiras, brinquedos,
teatro e outras ferramentas lúdicas, construção de materiais concretos,
elaboração de material didático na perspectiva do desenvolvimento de uma
cultura lúdica.
Por meio das oficinas desenvolvidas (de matemática, meio ambiente,
pintura, música, folguedos populares, contação de
histórias com temáticas afro-brasileiras, psicomotricidade, dança e de jogos
cooperativos), tem sido possível apontar algumas lacunas na formação docente
para atuação em instituições de educação infantil, entre elas, a pouca relação
da formação acadêmica com a formação pedagógica, aliada aos saberes e fazeres
juntos às crianças no espaço público da creche e/ou da pré-escola.
Cumpre ressaltar que, neste trabalho, a Educação Infantil está sendo
compreendida como primeira etapa da Educação Básica, conforme definição da Lei
9.394/1996, oferecida em creches e pré-escolas a crianças de 0 a 5 anos de
idade (Conforme alteração pela Lei 11.274/2006, que ampliou o Ensino
Fundamental para nove anos de duração).
Mais recentemente, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil (2010:16) definiram três princípios norteadores das propostas
pedagógicas de creches e pré-escolas. São eles:
• Éticos: da autonomia, da
responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente
e às diferentes culturas, identidades e singularidades.
• Políticos: dos direitos
de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática.
• Estéticos: da
sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas
diferentes manifestações artísticas e culturais.
Observa-se que as Diretrizes defendem a
criação de novas formas de sociabilidade
e de subjetividade comprometidas com a ludicidade. A
criação dessas formas, contudo, passa, tanto pela criação de espaços
estruturais nas creches e pré-escolas, quanto pelas concepções que professores
e professoras constroem sobre o brincar na formação das crianças, e que, muitas
vezes, se traduzem nas práticas educativas desenvolvidas.
De que forma a formação de professores tem contemplado os princípios
norteadores da ação docente na educação infantil, sobretudo no que se refere à
dimensão estética?
A ausência de formação lúdica do pedagogo no campo do currículo já constitui
uma base justificativa para a criação de outros espaços formativos em que as
experiências lúdicas sejam tomadas como objeto de estudo e observação, seja
pela sua importância na formação das crianças, seja pela sua
centralidade como objetivo e conteúdo das práticas pedagógicas em
creches e pré-escolas.
Por outro lado, ainda
observa-se a precariedade dos espaços educativos voltados para a infância e a
organização dos espaços existentes que pouco favorece as interações entre
pares, o jogo simbólico e as trocas de significações.
Soma-se às ponderações
anteriores a questão do lugar social das brincadeiras e a pouca valorização
destas como portadoras de cultura e de valores que formam. O lugar da cultura
lúdica parece ter sido reservado a outros espaços de socialização e não no
âmbito da formação inicial de pedagogos e pedagogas. Onde se aprende a brincar?
A contar histórias? A valorizar o desenho e o grafismo infantil? Que espaço a
formação cultural do professor ocupa nos currículos de formação? Estas questões
têm norteado a proposta de formação em contexto da Ludoteca, tendo em vista a
formação cultural dos futuros pedagogos e pedagogas.
1
A
experiência formativa em questão
Os estudos da área reforçam a necessidade de produção de espaços
educativos pautados na construção de uma cultura lúdica. A cultura lúdica é,
para Brougère (1998), composta de um certo número de
esquemas que permitem iniciar a brincadeira, já que se trata de produzir uma
realidade diferente daquela da vida quotidiana: os verbos no imperfeito, as
quadrinhas, os gestos estereotipados do início das brincadeiras compõem assim
aquele vocabulário cuja aquisição é indispensável ao jogo. Nessa perspectiva,
acrescenta Brougère:
a cultura lúdica se apodera de elementos da
cultura do meio-ambiente da criança para aclimatá-la ao jogo. Essa cultura
diversifica-se segundo numerosos critérios. Evidentemente, em primeiro lugar, a
cultura em que está inserida a criança e sua cultura lúdica. Evidentemente
deve-se desconfiar das palavras que usamos e evitar que a cultura lúdica se
constitua em substância: ela só existe potencialmente – trata-se do conjunto de
elementos de que uma criança pode valer-se para seus jogos. (1998, p. 03).
Dessa forma, experiência lúdica está
sendo compreendida na proposta de formação da Ludoteca, como um processo
cultural suficientemente rico em si mesmo e que influencia outros processos de
inserção cultural das crianças e dos professores.
Entende-se que as crianças, em
interação com seus pares, produzem modos de brincar, estratégias de definição
dos seus grupos, linguagens próprias e modificações nas brincadeiras, através
da reprodução interpretativa nos
termos utilizados por Corsaro (2002). Essas culturas
infantis, por sua vez, precisam de espaços que promovam a livre interação entre
as crianças e demandam a compreensão por parte do adulto, de sua gramática
própria.
Na formação de professores promovida pela Ludoteca, associa-se a
produção de culturas para a infância e a criação de espaço para a interação
entre as crianças. O espaço é estruturado em centros de interesse (FREINET, 1978) e garante a auto
expressão de múltiplas linguagens. Os centros são construídos de modo
que os objetos fiquem ao alcance de todas as crianças, e atendem ao objetivo de
promover o jogo simbólico, através da reprodução de partes da casa (quarto,
cozinha, sala), do centro da matemática, do centro da construção (com blocos de
construção), da leitura e contação de história, da
pintura e modelagem, etc.
De maio a outubro de 2014, além das atividades de exploração dos centros
de interesse, foram desenvolvidas oficinas temáticas de matemática, meio
ambiente, pintura, música, folguedos populares, contação
de histórias com temáticas afro-brasileiras, psicomotricidade, música e
movimento. Estas oficinas são organizadas pelos professores coordenadores da
Ludoteca e articuladores de área – professores de fundamentos e metodologias, e
contam com a participação dos alunos do curso de Pedagogia e monitores de
extensão, que participam do planejamento e execução das atividades. De forma
indireta, participam também os professores do CEI Manoelina.
As oficinas são planejadas na Universidade e desenvolvidas com cada
grupo de crianças pelo recorte de idade. Como as turmas são grandes, cada uma é
dividida em dois grupos para participar das atividades em um tempo de 30
minutos. Esta organização foi feita pela diretora do CEI, pois entendemos que o
funcionamento da Ludoteca deve estar em consonância com as demais atividades da
proposta pedagógica.
Para os professores do CEI, as Oficinas dirigidas parecem ser mais bem
aceitas que a atividade livre da criança. Esta visão de que na atividade livre
a criança não aprende nada também predominou entre nós monitores durante algum
tempo. A suposta desorganização, a liberdade da criança para escolher com que,
com quem e como brincar, nos impõe outras formas de organização das práticas
educativas, além de outras formas de pensar a formação das crianças.
Já para os estudantes do curso de Pedagogia, a proposta da Ludoteca tem
aproximado as discussões e estudos feitos nos
componentes curriculares, dos saberes construídos na prática. Questões
relacionadas à linguagem adequada para cada faixa etária, ao cuidado, à
metodologia específica para cada grupo, ao tipo de atividade adequada para cada
faixa etária, etc, são pontos chaves da formação em
contexto.
Temos constatado nas observações, o completo estranhamento e a ausência
de referenciais de atuação profissional dos alunos de Pedagogia, sobretudo os
que ainda não fizeram estágio. Para eles, parece ser mais fácil ser professor
dos anos iniciais que da Educação Infantil, talvez pelo fato de considerar a
adequação dos modos de ensino tradicionais para crianças maiores.
Para o trabalho pedagógico na Educação Infantil, a imprecisão do que
fazer e como fazer ainda predomina entre os estudantes que participam das
oficinas. Isso talvez seja um indicativo de que o curso de Pedagogia precisa
tomar essas práticas como objeto de estudo.
Enquanto monitores do projeto, elencamos algumas possibilidades
formativas da Ludoteca, tendo em vista a atuação na Educação Infantil, entre
elas destacamos que durante os trabalhos desenvolvidos, aprendemos muito sobre
a atuação do docente na Educação Infantil, e isso nos levou a perceber que
algumas ações muitas vezes não são aprendidas pelos professores na sua
formação. Percebemos estes saberes ao longo da nossa prática pedagógica diária,
nas relações com os professores do CEI, entre estes e as crianças e vice versa.
Para Pimenta (2002, p.20), os saberes da “experiência são aqueles advindos da
história de vida, das relações que os docentes, ou estão em formação para
exercer este ofício, obtiveram ao longo de suas vidas no contato com a escola”.
Vale mencionar que os valores, conceitos e pré-conceitos formados
durante as vivências, constituem no professor importantes experiências para
novos métodos, formas de se relacionar com as crianças, as formas de
tratamento, as expressões respeitosas, as formas de coerção, são provavelmente
em grande parte formados através das vivencias no contexto da Educação
Infantil.
A partir dessas vivencias é possível adquirir novos saberes e novas
experiências, e suas possíveis relações com a formação docente, a prática
pedagógica dos professores e sua atuação na escola, tentando buscar formas de
qualificar a prática docente.
Por meio das oficinas desenvolvidas na Ludoteca, conseguimos analisar
neste período o quanto esta proposta do projeto foi ampla e, que nos trouxe
novas experiências e que desta forma percebemos que na Educação Infantil o
docente tem que está sempre inovando nos seus planos de aula e na elaboração
das atividades.
Foi possível compreender que as práticas educativas na educação infantil
devem levar em conta a participação das crianças, sua livre expressão através
de brincadeiras, dinâmicas, pintura, cantigas de roda, faz-de-conta, jogo
simbólico. Através das formações que ocorrem no contexto da Ludoteca, estamos
enriquecendo nosso repertório cultural de histórias, músicas e brincadeiras,
algo que não encontramos outro espaço para fazê-lo.
Assim, tais saberes são
produzidos na prática pedagógica cotidiana, como cita Therrien
(apud BORGES, 1998, p.51) que “em função de um contato muito elementar
com os saberes da formação profissional, os professores devem buscar na prática
outras fontes de referência para a sua ação docente”. Borges (1998, p.51) chama
este saber de “um saber social que informa a prática”, sendo a ressignificação,
a partir da prática, dos saberes da formação.
Nesse sentido, as reflexões que temos feito dão pistas de que a formação
de professores para a e na educação infantil, deve primar também pela formação
que ocorre em contexto. A relação com as crianças é primordial para o
desenvolvimento de competências necessárias como saber comunicar, relacionar,
cuidar, tomar decisões, e sobretudo, valorizar as
relações entre as crianças e suas expressões.
1.1 A relação da criança com a
Ludoteca: ação e reflexão
Para as crianças que frequentam a Ludoteca, percebe-se um encantamento
com a possibilidade de manusear os brinquedos, de explorar os espaços
livremente, o estranhamento com esta liberdade em atividades como a pintura por
exemplo. Percebemos nas oficinas algumas narrativas das crianças que dizem: “tio, posso pegar o brinquedo?”; ou
ainda: “eu não quero pintar. Minha roupa suja e minha mãe não deixa”.
Também fica evidente que na Ludoteca as crianças encontram um espaço
livre com atividades mais exploratórias e menos dirigidas. Chegamos a esta
conclusão nas oficinas, que por serem mais dirigidas pelos professores e
monitores, as crianças costumam perguntar ao final: “a gente pode brincar agora?”
Muitos educadores da educação infantil têm dificuldades em exercer o seu
papel de docente em sala de aula, para cuidar e educar crianças que estão
iniciando no processo de aprendizagem. Isso acontece por que muitas vezes para
se trabalhar na área requer as seguintes experiências ou habilidades:
paciência, capacidade para expressar afeto, domínio com as crianças, entre
outros. Vale lembrar que isto ocorre porque essa
noção sugere que o docente desse segmento faz uso apenas de conhecimentos do
senso comum. Portanto é preciso enfatizar que a educação nos primeiros anos de
vida consiste em um dos principais alicerces para a constituição do
sujeito. Nesse sentido, como bem lembra Campos (1999), o professor precisa
conhecer em profundidade as fases de desenvolvimento das crianças, suas
características culturais, sociais, étnicas e de gênero, a realidade da qual
elas partem e como aprendem.
Percebemos o quanto é importante ter cuidados e a cada dia adquirir
novas funções, funções essas que se fundamentam no cuidar e educar como
indissociáveis para o trabalho na educação infantil, principalmente por que
durante esse período, as ações realizadas na Ludoteca, nos fez adquirir mais
experiência.
Faz-se necessário pontuarmos como foi
importante todo o trabalho e esforço que tivemos para que as atividades e
oficinas se concretizassem, até por que desde o início sempre houve uma
preocupação entre todos os envolvidos em escolher os melhores materiais a serem
levados para a Ludoteca, com propostas de acordo com a cultura da infância que
articulem a razão e emoção, a fantasia e a realidade das mesmas.
Percebemos que o espaço da Ludoteca envolve
muito mais fatores do que imaginávamos, dentre estes o que mais achamos
interessante é o “cuidar”, sendo este muito especial e gratificante, pois o
cuidar que as crianças têm umas com as outras, o cuidar
dos brinquedos, são importantes para a construção de suas identidades no meio
da qual ambas estão inseridas. Percebemos também, que é um desafio
problematizar e investigar o próprio ato educacional de forma interventiva,
buscando elucidar os métodos e propostas educacionais adotadas pela
instituição, em contraponto com os métodos, que na prática, tem melhores
resultados.
Um dos nossos maiores desafios foi levar para
a Ludoteca, atividades que fizessem parte do cotidiano das crianças e também
aquelas que foram deixadas no passado, como as “brincadeiras cantadas”.
Partindo para os planejamentos das oficinas,
procuramos planejar, organizar, trazer para o espaço da Ludoteca toda uma
estrutura que visasse a qualidade pedagógica e
educativa. Portanto, de acordo ao que foi proposto, nos preocupamos em fazer
existir um suporte organizativo para que as propostas não fossem esquecidas e
deixadas de lado por conta de algumas armadilhas que se apresentam na hora da
prática. É por isso também que ao longo desse processo, fomos fazendo algumas
mudanças, e uma dessas mudanças foram quanto à organização do espaço, visando
melhorar nas atividades e para uma melhor movimentação das crianças.
Inicia-se a experiência,
com muitas expectativas, mas no caso de não estarem previstas mudanças nos aspectos
básicos da organização da escola (funções de educadores, organização dos
espaços, responsabilidades na organização dos “cantinhos”, nos materiais,
etc.), é fácil que surjam problemas e dificuldades que possam inviabilizar o
projeto. (BASSEDAS, 1999, p.93)
Como pontua a autora, foi através da
organização do espaço e das atividades que procuramos buscar novas formas em
desenvolver nossas atividades, sendo estas de forma lúdica. Essas mudanças nos
levou a trabalhar com atividades de pintura, colagem, desenho, interpretação,
atividades psicomotoras, coordenação visual e manual, entre outras.
Percebemos que a relação da criança com essas
atividades é de participação e ação. Para elas, o movimento livre e a escolha
dos brinquedos são princípios para se sentirem parte do espaço e das
atividades. Essa constatação nos leva a ressignificar o lugar da livre
expressão, pois, inicialmente acreditávamos que todas as atividades deveriam
ser dirigidas.
Conclusões
As reflexões que temos feito a partir da formação de professores no
âmbito da Ludoteca, indicam que a formação docente não pode prescindir de uma
análise sistemática das práticas educativas no âmbito destas práticas.
A possibilidade de inserção dos estudantes de Pedagogia desde o 1º
semestre nestas práticas tem representado uma articulação real entre os saberes
construídos em diferentes instâncias: a universidade e o Centro de Educação
Infantil. A formação de pedagogos e pedagogas em contexto, como ocorre na
Ludoteca, indica que há saberes que só podem ser construídos no âmbito da
atuação profissional.
Os estudos sobre a criança e a infância como categoria social interroga
os referenciais de uma Pedagogia única e descontextualizada. Isso é ratificado
nas observações e reflexões quem temos feito nas atividades da Ludoteca e no
curso de Pedagogia. Tais reflexões dizem da distância entre os conhecimentos
formalizados nos cursos e o saber-fazer, saber-ser, saber-aprender e
saber-relacionar (com as crianças, as famílias, com os pares, com outros
profissionais das instituições). Ou seja, pelos saberes implicados nos
cotidianos escolares, erigidos pelas culturas docentes em interface com as
culturas da escola e as culturas da infância. Dito de outro modo, da relação
entre a docência e as formas de reprodução interpretativa com as quais as
crianças se relacionam com seus pares e com os adultos.
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