TY - JOUR AU - Santos, Jamile AU - Nascimento, Viviane AU - Silva, Fernanda AU - Santos, Everton AU - Nunes , Silvana PY - 2022/11/14 Y2 - 2024/03/28 TI - O CONHECIMENTO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE SOBRE A VACINAÇÃO EM CRIANÇAS JF - Encontro de Discentes Pesquisadores e Extensionistas JA - Edipe VL - 1 IS - 01 SE - Resumos DO - UR - https://revistas.uneb.br/index.php/edpe/article/view/15461 SP - e202212 AB - <p><u>Introdução</u>: O Programa Nacional de Imunização (PNI), foi instituído no Brasil em 1973, sendo regulamentado pela Lei N° 6.259, que aprovou ações específicas sobre imunização e vigilância epidemiológica, uma política pública eficiente adaptada ao perfil de mortalidade do país.<strong><sup>&nbsp;</sup></strong>Essas ações de imunização são desenvolvidas na Atenção Primária à Saúde (APS) que é o espaço estratégico para a prevenção de doenças e agravos, sendo a porta de entrada dos usuários no Sistema Único de Saúde (SUS). Para o controle, erradicação e eliminação de doenças imunopreveníveis é fundamental a participação ativa dos profissionais de saúde que atuam na APS, dentre eles, o Agente Comunitário de Saúde (ACS) é um ator de grande importância para o desenvolvimento dessas ações.<sup>2 </sup>O ACS é considerado o elo central da APS, sua identidade comunitária e a sua residência na área de atuação possibilita a comunicação entre a comunidade e os profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS), possibilitando uma leitura real do cenário ali existente e consequentemente diagnóstico e planejamento coerente com a realidade vivida pelas pessoas.<sup>3 </sup>O ACS possui grande atuação frente às doenças imunopreveníveis, na busca por maiores percentuais de coberturas vacinais, pois suas atribuições envolvem prevenção de doenças e promoção da saúde, que por meio de ações domiciliares ou comunitárias, conseguem identificar fatores socioeconômicos, culturais, ambientais e de saúde, identificando potencialidades e fragilidades com o objetivo de garantir qualidade de vida para as pessoas.<sup>4 </sup>Essa participação ativa dos ACS no controle de doenças imunopreveníveis é fundamental, juntamente com a equipe multiprofissional na qual pode elaborar ações para o controle e utilização dos imunobiológicos, observando a situação epidemiológica do local adotando medidas regionalizadas que garantam a melhoria das coberturas vacinais.<sup>5 </sup>Portanto, espera-se que os ACS sejam capazes de orientar a população corretamente sobre a vacinação infantil, bem como sobre as doenças e as consequências que podem ocorrer devido às baixas coberturas vacinais. Desta forma, diante de todos os indícios já apontados pela literatura sobre a importância da atuação dos ACS na manutenção das altas coberturas vacinais é importante pesquisar sobre o conhecimento desses profissionais a respeito da vacinação em crianças. <u>Objetivo</u>: avaliar o nível de conhecimento dos Agentes Comunitários de Saúde sobre a vacinação em crianças e os fatores associados a esse conhecimento. <u>Metodologia</u>: Trata-se de um estudo observacional, quantitativo, descritivo-analítico, do tipo transversal. Essa pesquisa foi realizada na zona urbana do município de Senhor do Bonfim, localizado no norte do estado da Bahia, Brasil. Foram pesquisados 112 profissionais da zona urbana, cadastrado no sistema CNES (Cadastro Nacional de estabelecimentos) disponibilizado pela Secretaria municipal de Saúde em fevereiro de 2021. Dos 112 ACS relacionados no CNES,93 participaram da pesquisa e, 19 foram excluídos pois cinco estavam de férias, cinco afastado do serviço por motivos como: licença médica, maternidade e aposentadoria e nove recusaram contribuir com a pesquisa. Para obtenção dos dados foi utilizado um questionário contendo 57 questões objetivas e descritivas que continham, identificação do sujeito da pesquisa, dados sociodemográficos, conhecimento geral sobre o trabalho do ACS, as atribuições da profissão, imunização em crianças e informações sobre o relacionamento do ACS junto à equipe de saúde. O banco de dados foi organizado utilizando o software Excel, com digitação dupla para garantir a qualidade dos dados. Em seguida foram comparadas as frequências simples de cada variável entre os dois bancos, seguido da correção dos erros de digitação ou de preenchimento do instrumento. Após a digitação e conferência dos dados, o banco foi exportado para o software de análise de dados software Statistical Package for the Social Science (SPSS) versão 22.0.0.0, para análise e processamento. Na qual foi realizada análise descritiva das variáveis, através do cálculo das frequências simples e relativas. Essa pesquisa foi um recorte do projeto de doutoramento que tem como título: Influência do trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde na cobertura vacinal de crianças menores de um ano, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), com parecer consubstanciado de número: 4.629.968. <u>Resultados</u>: De acordo com as características profissionais do ACS, a maioria dos profissionais 77 (84,6%) possuem de 11 a 30 anos de atuação como agentes comunitários de saúde, 11 (12%) afirmaram que não possuem o curso introdutório de ACS. Quanto as características sociodemográficas, prevaleceu sexo feminino 70 (75,3%), quanto a escolaridade 65 (69,9%) possuem ensino médio completo e superior incompleto e a classe social predominante foi D/E de acordo com Critério Brasil com 68 (77,3%) dos ACS. Quanto ao conhecimento dos ACS sobre as atribuições da profissão foi avaliado por meio de 14 afirmativas, em que os ACS sinalizam verdadeiro, falso ou não sabe. Dentre essas questões, a que houve maior erro foi na questão que afirmava que as visitas deverão ser programadas em conjunto com a equipe de saúde, considerando os critérios de risco e vulnerabilidade de modo que famílias com maior necessidade sejam visitadas mais vezes com 11 (11,8%) erros que consideraram falsa a afirmativa. No que se refere ao conhecimento dos ACS sobre imunização, das 11 afirmações, 46 (49,5%) dos ACS não sabem quais vacinas a criança deve tomar até os dois meses de vida,33 (35,5%) não sabem sobre a importância do reforço com um ano da vacina contra meningite C, 26 (28%) não compreendem a importância da participação do ACS do dia D de campanhas vacinais, 25 (27,2%) dos ACS não sabem que crianças são prioritárias para vacinação contra influenza e 24 (26,1%) dos ACS não sabem que com apenas uma dose de febre amarela a criança está imunizada, de acordo com o Ministério da Saúde. Quando questionados sobre o processo de trabalho com a equipe das Unidades Básicas de Saúde (UBS), 64 (68,8%) dos ACS afirmaram não se reuni mensalmente com a enfermeira para avaliação dos cartões de vacina, 59 (64,1%) não recebem atualizações sobre imunização e 69 (76,7%) não possuem instrumento de trabalho suficiente para assistir as crianças do seu território. Na análise das características profissionais dos Agentes Comunitários de Saúde, foi expressivo o número dos entrevistados que possuem ensino médio completo e ensino superior, esse fato pode ser explicado pela existência de processo seletivo para contratação de funcionários, exigindo melhor preparação.<sup>4</sup> Observou se que 11 (12%) desses profissionais adentraram no serviço sem receber curso introdutório, curso este, obrigatório para iniciar as atividades de ACS, dessa forma a falta de uma formação inicial prejudica a qualidade dos serviços prestado na comunidade, essa carência no conhecimento pode resultar em fragilidades na atuação frente a situações rotineiras, como as de imunização aqui paltada.<sup>6</sup> Diante dessa lógica se faz necessário investimento em qualificação profissional, para que sejam capazes de orientar e melhorar a qualidade dos serviços prestados e promover maior eficiência nas funções de promoção da saúde e prevenção de agravos, corroborando com os estudos recentes que reforçam a importância da Educação Permanente.<sup>7,8</sup> Os resultados sobre conhecimento em vacinação desta pesquisa demonstram a necessidade de aprofundamento dos profissionais na busca de orientações que deve ser ofertada através de capacitações frequentes, afim de motivar ações de educação em saúde e possibilitar assistência adequada.<sup>4,9</sup> Quanto ao processo de trabalho dos ACS com a equipe nas UBS, constatou que os mesmos não se reúnem mensalmente com a enfermeira para avaliação dos cartões de vacina, tarefa está estabelecida na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), que estabelece reuniões de equipes com objetivo de discutir em conjunto o planejamento e avaliação das ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis, identificando as necessidades de intervenções do cuidado.<sup>4</sup> Quando questionados sobre possuir instrumento adequado para realizar as tarefas exigidas, afirmaram que não possuem equipamentos de trabalho suficiente para assistir as crianças, a falta de disponibilização do cartão sombra utilizado para registrar e acompanhar as informações obtidas nas visitas domiciliares, reflete possivelmente na qualidade da assistência, influenciando diretamente no controle das coberturas vacinais do território.<sup>10,11</sup> É perceptível lacunas quanto ao conhecimento sobre vacinação dos ACS, já que essa prática é imprescindível para assistência à criança considerando assim um importante problema de saúde pública, nas ações estabelecidas nas políticas públicas de saúde. <u>Conclusão</u>: A presente pesquisa possibilitou achados e reflexões importantes acerca do nível de conhecimento dos Agentes Comunitários de Saúde sobre a vacinação em crianças e os fatores associados a esse conhecimento. Foi evidente as dificuldades quanto à falta de educação permanente e resolubilidade no serviço, que perpassa desde gestão até a execução das atividades nos locais de trabalho. A pesquisa evidenciou que o ACS é um profissional importante para estabelecer o elo entre ESF e a população, no qual os mesmos são responsáveis por orientar serviços essenciais como a exemplo da vacinação oferecida nos serviços de saúde. Por tanto, afim de potencializar os elementos facilitadores e diminuir as lacunas, se faz necessária a continuidade de conhecimento, através da educação permanente e a reorganização do processo de trabalho, além da congruência das relações da equipe multidisciplinar e interdisciplinar para garantir assistência de qualidade as pessoas e comunidade.</p> ER -