REPRESENTAÇÃO DO NEGRO NAS TELENOVELAS DA REDE GLOBO

Resumo

A televisão é o meio de comunicação mais utilizado pelos brasileiros. É confirmada a permanência, em média, de 4h31min em frente à TV, durante a semana, e 4h14min nos finais de semana (PBM, 2015). O período de maior exposição é no chamado horário nobre, das 18h às 23h, sendo, em sua ampla maioria, exibidas as telenovelas, que neste trabalho é o objeto de investigação. Segundo a jornalista Andreia Martins (2015) a televisão não é um espaço de narração do real e sim construção do real. E, pensando nesse sentido, confirmaremos, através das novelas da emissora Rede Globo, a construção estereotipada e os seus desserviços para com os negros. Percebe-se a importância do projeto “Representação do Negro nas Telenovelas da Rede Globo”, aplicado sob forma de oficina (desenvolvidas na Associação de moradores da Urbis IV, bairro de Santo Antônio de Jesus – BA), por meio do seu objetivo, que é analisar a representação cultural do negro nas telenovelas da supracitada emissora, visando a desconstrução dos estereótipos presentes, além de contribuir para o processo de empoderamento dos mesmos e promover discussões sobre a igualdade racial em todos os âmbitos das atividades sociais, fortalecendo a autovalorização de cada um deles. Busca-se, como objetivos específicos, entender o conceito de racismo; identificar o papel dos negros nas telenovelas; discutir o lugar social em que os negros são representados; discutir os paradigmas do belo, pela mídia, e; desenvolver ações para desconstruir os estereótipos presentes nas cenas. Está contida, no projeto, como categoria, a pesquisa qualitativa, desdobrando-se em pesquisa acadêmica, exploratória e teórica. Utilizou-se, como metodologia, a execução de oficina (realizada em cinco encontros, com duração de 4h cada, executando estudo acerca do racismo; analise de cenas das novelas; lugar social do negro nas telenovelas; paradigmas de beleza na mídia e; desconstrução de estereótipos), dinâmicas (da descoberta, do preconceito, do balão cheio, do espelho e do quem sou eu), palestras formativas para a(o) criação/reestabelecimento da identidade negra do público-alvo, produção de autorretratos (através de desenhos e pinturas), discussões, exibições de vídeos e músicas, entretanto, como recursos de aplicabilidade, foram usados Datashow, caixa de som, notebook, cartazes e fragmentos de textos. Como referencial de analise teórica, utilizamos um dos maiores críticos brasileiros do assunto, Joel Zito Araújo (2000), Hamburger (2011), Marcondes Filho (1994), bem como artigos acadêmicos. Houve também a seleção de cenas de cinco novelas da emissora, as quais foram avaliadas de forma minuciosa. Com a aplicação do projeto, infere-se o êxito na percepção do efeito multiplicador que a mídia, em especial as telenovelas, gera nos espectadores, assim construiu-se uma maior analise crítica e, a partir dos encontros, o público-alvo conseguiu desenvolver o entendimento de que o abordado nas novelas não era a sua realidade, bem como perceber que a condição do negro era fictícia. Devido a essa observação, buscou-se gerar o mesmo efeito na desconstrução de estereótipos e mentiras presentes nos discursos televisivos. Reivindica-se, sobretudo, uma maior consciência do papel da telenovela na construção e propagação de uma identidade negra.