FORJANDO UM ESPAÇO DISCURSIVO PARA SI: LAMPIÃO ENTREVISTADO
Palavras-chave:
ESPAÇO DISCURSIVO, CANGAÇO, Lampião, entrevistaResumo
Em 4 de março de 1926, Lampião e os seus cangaceiros entraram na cidade de Juazeiro do Norte – CE, para se integrarem aos Batalhões Patrióticos e combaterem a Coluna Prestes que ameaçava os sertões do Nordeste brasileiro. Durante os dias que estiveram na cidade, os bandoleiros foram objeto da curiosidade da população local. Buscando um furo jornalístico, o médico do Crato, Otacílio Macêdo, conseguiu realizar uma entrevista com o “Rei do Cangaço”, sendo esta publicada no jornal O Ceará, no dia 17 de março de 1926. Objetiva-se no presente artigo discutir quais foram as representações elaboradas por Lampião sobre a sua vida e o cangaço. Para isso, tendo como base o método documental, utilizou-se como corpus da pesquisa a reportagem supracitada. Percebe-se que durante toda a entrevista Lampião buscou mostra-se ao público como uma vítima das injustiças sociais, alguém que precisou pegar em armas para honrar o nome da sua família e vingar-se dos seus inimigos. Ele fabricou uma imagem para si que ia na contramão do discurso jornalístico que pintava-o como “fera”, “assassino”, “bandido cruel” e “celerado”. Tinha-se a tentativa, por parte de Lampião, de ressignificar o discurso homogeneizante que o mostrava como bandido sanguinário e flagelador dos sertanejos.