Seção Livre

BABEL, Alagoinhas - BA, 2024, v. 14: e20860.

RODRIGUES, Ricardo Allan de Carvalho. O Texto literário como recurso pedagógico no ensino da língua espanhola. Babel: Revista Eletrônica de Línguas e Literaturas Estrangeiras, 2024, v. 14, e20860.

O Texto literário como recurso pedagógico no ensino da língua espanhola

Literary texts as a pedagogical resource in teaching the Spanish language

Ricardo Allan de Carvalho Rodrigues

Resumo: Esta pesquisa visa refletir sobre o uso da literatura, como recurso pedagógico, no ensino de língua espanhola. É apresentado o relato de experiência sobre a aplicação de um projeto avaliativo, que contemplou a declamação de poesias e a análise de um conto do escritor uruguaio Mario Benedetti, em um centro interescolar de línguas – CIL do Distrito Federal. Inicialmente, discuto sobre as potencialidades do texto literário como ferramenta pedagógica. Na segunda parte, descrevo o relato de experiência, abrangendo temas como sua motivação, preparação, etc. Por fim reflito sobre as perspectivas do uso da literatura em classes de língua espanhola, após a experiência vivenciada. Entre suas conclusões, considera-se que o texto literário favorece o desenvolvimento das habilidades linguísticas e humanísticas do aluno.

Palavras-chave: Ensino de idiomas, Literatura, Língua espanhola.

Abstract: This research aims to reflect on the use of literature, as a pedagogical resource, in teaching the Spanish language. An experience report is presented on the application of an evaluation project, which included the reciting of poetry and the analysis of a short story by Uruguayan writer Mario Benedetti in an interscholastic language center – CIL in the Federal District. Initially, I discuss the potential of literary text as a pedagogical tool. In the second part, I describe the experience report, covering topics such as motivation, preparation, etc. Finally, I reflect on the perspectives of using literature in Spanish language classes after the experience. Among its conclusions, it is considered that the literary texts favor the development of the student's linguistic and humanistic skills.

Keywords:Language teaching, Literature, Spanish language.

Introdução

A literatura hispano-americana, como recurso pedagógico no ensino de língua espanhola, ainda é pouco utilizada e articulada para o desenvolvimento das habilidades linguísticas esperadas pelo aluno (auditiva, comunicativa, etc.), durante o seu aprendizado da língua meta. A literatura, quando presente nos livros didáticos, nacionais ou estrangeiros, aparece fragmentada, ora como pretexto para execução de exercícios estruturais, ora para atividades de compreensão leitora. Por outro lado, pouca ou nenhuma atenção é dada à utilização do texto literário como ferramenta para a aquisição e desenvolvimento da língua espanhola, com vistas, por exemplo, ao aprimoramento da língua pela identificação da variedade linguística, contextos de uso e a aquisição dos aspectos culturais dos países que utilizam o idioma.

Brumfit e Carter (2000) compreendem que o texto literário é um texto autêntico, de língua real e contextualizada, que oferece espaço para discussão do conteúdo (o que pode ser, se bem selecionado, motivador para o aprendiz) e, ao mesmo tempo, para a investigação da linguagem (uma relação estreita entre “o que é dito” com “o como é dito”). Ainda segundo os autores, o texto literário provê exemplos de linguagem tomados de uso real, que podem ser utilizadas em contextos ativos na interação e no trabalho de significação com e da linguagem. Com isso, os autores defendem que o uso da literatura se constitui em genuína oportunidade para trabalhos em grupo e/ou para que se possa explorar o potencial individual de cada estudante.

Segundo Del Rio e Leite (2022), o papel da literatura no ensino de língua estrangeira sempre variou, consoante às mudanças teóricas dos enfoques metodológicos. Para os pesquisadores, o enfoque gramatical utilizou amplamente os textos literários, pois eram vistos como exemplos da língua culta. Esse distanciamento entre o aproveitamento da literatura e o ensino de espanhol, que perdura, salvo exceções, na atualidade, é corroborado pelas pesquisas de Barros e Miranda (2021), ao citarem que nos livros didáticos os textos literários são, em sua grande maioria, aplicados como propostas de exercícios, que não incentivam o aprendiz a arriscar análises mais aprofundadas (linguísticas, literárias, culturais, etc.) desses textos. Para os pesquisadores, nesse contexto, os discentes são tolhidos de desenvolver sua autonomia como leitores.

Por outro lado, a formação inicial do professor de ensino de língua espanhola, em relação ao conhecimento literário sobre a cultura hispano-americana, também é deficitária. Em muitos cursos de formação inicial docente, privilegia-se a discussão teórica sobre o estilo de época, características e seus representantes, mas pouco ou inexistente é a formação do futuro professorado na utilização desse recurso, como estratégia de ensino, para aquisição do espanhol, como segunda língua. Segundo Frigotto (2011), a formação de professores quanto ao uso do texto literário ainda se restringe a um conhecimento baseado numa perspectiva epistemológica e política. Para a pesquisadora, tal conhecimento prioriza o aprendizado de fundamentos teóricos e práticos, sem uma imersão na literatura como caminho para conhecer o mundo e situar-se estética e culturalmente no campo literário.

O reflexo dessa formação deficitária repercute em sala de aula. Grande parte dos docentes de língua, por sua vez, também, por não receberem uma formação adequada, ignoram o uso pedagógico da literatura no ensino de idiomas. Por conseguinte, Pinheiro (2016) pondera que a utilização do texto literário para o ensino de uma língua estrangeira ainda é muito estigmatizada. Conforme conclui a autora, muitos professores consideram sua utilização complexa, por considerar a linguagem utilizada e seu entendimento difícil.

Em cursos de espanhol como língua estrangeira-ELE, apesar de que o estudante de espanhol possa alcançar um bom uso da língua, ao concluir um curso de idiomas, pouco conhece sobre a cultura hispano-americana, em seus diversos aspectos: variedade linguística, sociais (festas tradicionais, comidas típicas, literatura, etc.), dentre outros. Nessa perspectiva, a formação do estudante é empobrecida em seu aprendizado, pela carência da apreensão do conhecimento cultural, que deveria ser subjacente ao ensino de idiomas.

A proposta dessa pesquisa é refletir sobre o uso do texto literário, como estratégia de ensino, não apenas para o desenvolvimento das competências linguísticas da língua espanhola (comunicativa, auditiva, leitora, etc.), mas também para o desenvolvimento da competência cultural, em relação aos países que compartilham o uso do idioma. Para isso, serão feitas reflexões sobre um relato de experiência, que contemplou o uso da obra do escritor uruguaio Mario Benedetti, como estratégia de ensino, para a consecução de um projeto avaliativo bimestral de curso.

O relato dessa vivência didática contempla a experiência do autor dessa pesquisa como professor de língua espanhola, em um centro interescolar de línguas do Distrito Federal, local onde se desenvolveu esse relato. Os Centros de Línguas do Distrito Federal são escolas públicas de idiomas e têm por estratégia a perspectiva de imersão linguística e cultural para o aprendizado de línguas.

O grupo de estudantes, partícipes dessa experiência, foi constituído por jovens e adultos, cujo nível de idiomas do grupo equivalia ao segundo nível de espanhol avançado nesse centro de língua (B1, segundo o Marco Comum Europeu). O projeto contemplou dois meses de duração, como parte da avaliação bimestral em 2022.

A narrativa desse relato de experiência sobre a aplicação do projeto contemplou três etapas. Na primeira parte, discuto com autores, como Fernandes (2001) e González (2015), entre outros, sobre as potencialidades do texto literário como ferramenta pedagógica. Na segunda, descrevo o relato de experiência, abrangendo temas como a motivação que originou a preparação, a aplicação e a avaliação do projeto desenvolvido, momento no qual dialogo com pesquisadores, como Del Rio e Leite (2022) e Costa (2018), dentre outros. Por fim, apresento reflexões sobre as perspectivas do uso da literatura em classes de língua espanhola, após a experiência vivenciada, com o apoio da pesquisa de Guitierrez (2019) e outros estudos.

As discussões desse trabalho ganham sua relevância ao demonstrar que o texto literário se constitui num recurso pedagógico de destaque no ensino da língua espanhola, como segunda língua. O uso dessa ferramenta pedagógica favorece a formação do estudante, não apenas para o seu desenvolvimento linguístico, mas também para sua formação cultural e de reflexão por meio de seu conhecimento de mundo. Segundo Santiago et al. (2017), a importância do ensino da Língua Espanhola nas escolas é essencial para a pluralização dos saberes linguísticos dos alunos. Segundo os pesquisadores, as contribuições da literatura ocorrem sobretudo para o enriquecimento cultural dos mesmos, por meio do reconhecimento e respeito à diversidade.

O texto literário como recurso didático para o ensino de língua espanhola

O texto literário, nos modelos iniciais de ensino de idiomas, possuía reduzida importância, servindo como referencial a ser imitado e seguido, em relação ao uso do padrão da norma culta. Muniz e Calvacanti (2009) refletem que a adoção de textos literários no ensino de idiomas se centrava no seu uso, como fonte de vocabulário e de estruturas gramaticais, a serem copiados. Para os autores, a literatura nesse contexto exercia a função de mero instrumento de aprendizagem e fixação do modelo culto da língua a ser aprendida, e não deixava margem para as atividades de interpretação e compreensão dos textos.

Apesar de que na atualidade a maioria das aulas de idiomas tenha superado o uso do enfoque tradicional, o ensino de idiomas ainda restringe, em quase na totalidade dos casos, o uso do texto literário à aplicação de exercícios estruturais ou de compreensão leitora. Tal situação nos leva a tentar indagar e tentar compreender o porquê da literatura possuir ainda essa restrição em seu uso no ensino de uma língua estrangeira.

Entre possíveis razões, é necessário considerar que o despreparo no uso do texto literário, como recurso pedagógico em salas de aulas, pode estar ligado ao fato de que, na formação inicial, os docentes não foram conscientizados a utilizarem o texto literário como pilar para o trabalho das competências linguísticas, em sua plenitude (ler, falar, ouvir, etc.), ou seja, para além do desenvolvimento da habilidade da compreensão leitora ou como pretexto para execução de exercícios estruturais. Ao considerar esse pressuposto, consideramos que os docentes de espanhol, como língua estrangeira-ELE, não tiveram a experiência de aplicar pedagogicamente a literatura como elemento de formação cultural e de consciência das diversas formas de manifestação linguística, subjacentes à aquisição do idioma.

Segabinazi (2011) identificou em sua pesquisa que o ensino de literatura nas universidades restringe-se à História da Literatura e à “leitura” do cânone literário. Para a autora, nos cursos de Letras analisados, não há discussão a respeito da didática da literatura e sua correlação com o ensino em sala de aula. Tal formação é reproduzida na abordagem do futuro professor no uso do texto literário em suas práticas docentes, em qualquer nível em que atue, com algumas exceções.

Moreno (2014) alerta para a existência, no cenário específico das aulas de língua espanhola, da redução do papel didático do texto literário na aprendizagem de outro idioma. Para o autor, tal constatação é mais evidente no ensino de línguas estrangeiras do que nas aulas de língua materna. Castaño (1998) reflete que o papel da literatura no ensino de língua estrangeira sempre variou conforme as mudanças teóricas dos enfoques metodológicos.

Para a autora, no método gramática-tradução, por exemplo, os textos literários eram usados como referência de exemplos para a realização da norma culta, ilustrando as regras gramaticais. Já o método funcional-nocional ignorou a literatura, por considerar que o texto literário não apresentava função comunicativa Para a pesquisadora, as atuais concepções sobre o uso da leitura de textos literários em aulas de espanhol, língua estrangeira, propõem atender diferentes objetivos: ler para obter uma informação geral, ler para aprender, ler para prazer e ler para dar conta do que compreendeu, ou seja, considerando uma perspectiva na qual os diferentes métodos e suas finalidades podem dialogar entre si.

Del Rio e Leite (2022) lembram que, ainda que seja inegável a importância para o desenvolvimento da compreensão leitora, o texto literário não pode ser reduzido somente ao trabalho dessa destreza, tendo muito mais a oferecer. Para os pesquisadores, o texto literário também é um meio de difusão cultural, pois, através dele, o estudante entra em contato com a cultura da língua que se propõe a aprender.

Contreras e Contreras (2011) observam que o uso do texto literário como recurso pedagógico em classes de idiomas possui características positivas. Segundo os autores, entre elas, a principal está relacionada à sua condição de texto autêntico. Para Neuner, Krüger e Grewer (1981), um texto autêntico é um texto “original”, um texto não alterado ou não fabricado para fins didáticos. 

Segundo os autores, a relevância do uso de textos autênticos no ensino de línguas está no trabalho com elementos que caracterizam o gênero textual (os aspectos formais, o destinatário, a função comunicativa, etc.). Por meio dessas características, um texto literário autêntico ajuda a desenvolver a capacidade do aluno de reconhecer as convenções de cada gênero em determinada língua ou cultura. 

Considerando esse aspecto, verifico serem várias as possibilidades didáticas que poderão ser empreendidas em classe, a depender do objetivo que se cogita desenvolver: aprendizagem de léxico, reconhecimento de variação linguística, uso formal ou informal da língua, etc. O texto literário deve ser compreendido também como um recurso de aquisição cultural, fundamental para qualquer aprendizado de uma língua. Nesse sentido, Rodrigues (2022) considera que o aprendizado da língua por meio da cultura favorece a incorporação e a compreensão do idioma estudado, por proporcionar ao estudante o contato com a expressão da língua em seu contexto de uso significativo.

Serrani (2005) compreende que o professor de língua estrangeira precisa trabalhar os aspectos culturais, de modo que proporcione aos seus alunos a aproximação da cultura do seu país com a outra cultura, do idioma estudado. Para o autor, nessa perspectiva, o docente não aborda a literatura como algo alheio e distante, apenas uma curiosidade, mas encontra um sentido a ela, por meio do conhecimento e contrastes culturais.

Muniz e Cavalcante (2009) indicam que o uso de textos literários nas aulas de língua estrangeira proporciona ao professor novas dimensões e caminhos para que o processo de aprendizagem do aluno inclua questões culturais, e não apenas gramaticais ou estruturais. Assim, segundo as autoras, a literatura como recurso didático também potencializa a formação de um ser humano completo e consciente, colaborando com a promoção do autoconhecimento, da compreensão do comportamento humano, da empatia com a diferença e do enriquecimento cultural.

Essas diferentes perspectivas me ajudaram a estar ciente das potencialidades que o texto literário reúne para o aprendizado da língua espanhola. A vivência no planejamento e no desenvolvimento das práticas que serão descritas sobre a aplicação desse relato, me ajudaram a confirmar a teoria então estudada, como será apresentado a seguir.

Metodologia

O método que fundamentou esse relato de experiência foi a pesquisa qualitativa, por meio da observação participante. Para Duarte (2002), a pesquisa qualitativa é caracterizada fundamentalmente na capacidade do pesquisador articular teoria e prática em torno de um objeto, questão ou problema de pesquisa. Segundo a autora, isso demanda esforço, leitura e experiência e implica incorporar referências teórico-metodológicas, visando descrever práticas, atribuir sentido a gestos e palavras, entrelaçando fontes teóricas e materiais empíricos como quem tece uma teia de diferentes matizes.

O público descrito nessa experiência foi formado por um grupo de 16 estudantes, jovens e adultos, de um centro interescolar de línguas, escola regular do Distrito Federal. O nível de aprendizado do grupo participante corresponde ao B1, segundo o Marco Comum Europeu. Anteriormente à experiência vivida nesse relato, o contato da literatura espanhola, por esses estudantes, no ensino de línguas no centro interescolar em que atuo, ocorreu somente em casos esporádicos, dada que a obrigatoriedade de sua utilização, como atividade avaliativa, estava a cargo de cada professor.

O desenvolvimento do projeto durou dois meses, como parte de um processo avaliativo do primeiro bimestre do curso em 2022. Durante esse tempo, foram realizadas orientações, avaliações parciais dos pré-projetos encaminhados pelos estudantes e anotações das percepções sobre o processo de ensino-aprendizagem, em suas facilidades e dificuldades, apresentadas pelos alunos e pelo professor dessa pesquisa. Paralelamente, foram realizadas reflexões na construção do artigo, à luz da leitura de novos textos acadêmicos sobre o uso da literatura no ensino de línguas, o que auxiliou a dialogar sobre as habilidades que a atividade implementada desenvolveu nos estudantes participantes dessa experiência pedagógica.

A seleção do material literário trabalhado no projeto descrito nesse relato contemplou a obra do escritor uruguaio Mario Benedetti Para isso, foi considerada a disponibilização da obra do escritor em sites especializados em literatura hispano-americana, obedecendo aos seguintes critérios: a) pertencer ao gênero literário “poesia” e “conto”; b) possuir a temática apropriada à idade dos estudantes; c) possuir temática, cuja discussão estivesse presente em outros meios de comunicação (jornal, revista, YouTube, etc.).

Destaco que a importância desses aspectos para o planejamento e a aplicação didática do texto literário foi fundamental para que os objetivos propostos fossem alcançados com êxito. Do contrário, o texto se transformaria, mais uma vez, em um obstáculo para a aprendizagem pretendida. O requisito comum a respeito do uso das obras literárias também consistiu em escolhê-las em função dos leitores a que vão dirigidas. Para isso, foi considerado o nível de conhecimentos, seus interesses e necessidades dos alunos, sempre com o fim de proporcionar o prazer da leitura, por uma parte, e a formação linguística e cultural do alunado, por outra (KARADJOUNKOVA,2017).

O relato de experiência, que será descrito, considerou a seguinte ordem, para sua apresentação: 1) motivação e desenvolvimento do projeto; 2) a avaliação das habilidades apresentadas pelos estudantes na entrega das tarefas; 3) perspectivas sobre o uso da literatura em classes de língua espanhola, a partir da experiência aplicada.

Relato de experiência

A experiência ocorreu, como desdobramento de um processo avaliativo de final de bimestre. A motivação de sua implementação foi em razão de que uma unidade do livro didático adotado propunha a realização de exercício de compreensão leitora, que abordava o poema Es tan poco, do escritor uruguaio Mario Benedetti (2022).

Segundo Oliveira (2011), o livro didático muitas vezes coloca à margem a possibilidade do aluno e do professor estabelecerem diálogos (imprevisíveis e arredios ao controle) no contato direto com a obra literária. Para a autora, o que poderia ser um espaço de descoberta, pesquisa e reinvenção torna-se um lugar de desapropriação dos sentidos e de verificação da aprendizagem.

Santos (2015) comenta que o texto literário ainda é um gênero textual pouco utilizado nos materiais didáticos elaborados para a sala de aula. A autora reflete que, quando existentes, o texto literário aparece para ensinar um aspecto isolado da cultura da língua meta aprendida, utilizado para fixar e aplicar um ponto gramatical ou lexical determinado.

O propósito do projeto implementado era explorar o texto literário, para além do que o livro didático brevemente apresentava, e proporcionar, pelo contato com outros escritos desse autor, que os alunos tivessem a oportunidade de conhecer mais sobre a literatura uruguaia. Além disso, busquei, a partir dos textos selecionados, desenvolver as habilidades linguísticas dos estudantes, para além da compreensão leitora ou realização de atividade estrutural. Tal ação teve por finalidade contemplar também a aquisição cultural, o desenvolvimento da autonomia do estudante, o intercâmbio de conhecimento linguístico e cultural, pela interação entre o grupo, etc.

O planejamento para a aplicação do projeto requereu semanas de pesquisa e investigação sobre a produção bibliográfica de Mario Benedetti, realizada pela internet. Por meio dela, foi possível encontrar páginas web, onde trabalhei primeiramente com a investigação da obra poética do autor. A partir delas, selecionei alguns poemas de amor, que seriam trabalhados em sala de aula nas aulas motivadoras e serviriam para orientar os alunos na busca de novos poemas de Benedetti.

Aulas motivadoras devem ser aqui compreendidas como aulas especialmente planejadas, que visam dar informações e referenciais iniciais sobre um tema ou trabalho que será tratado, de modo que seja atrativa a adesão do aluno a ele. Por meio das aulas motivadoras, os estudantes realizam atividades práticas similares às que terão que, posteriormente, desenvolver. Desse modo, eles obtêm os primeiros referenciais e orientações de como realizar as tarefas programadas de forma autônoma.

Sobre a importância da implementação das classes motivadoras para impulsionar a adesão dos estudantes na realização dos objetivos propostos da aula e da sua aprendizagem, Brown (1994) afirma que existem vários conceitos de motivação que representam diversas teorias. Para o pesquisador, são duas as principais correntes que buscam explicar o papel da motivação na aprendizagem.

A primeira corrente é representada pela teoria do behaviorismo, que descreve a motivação como uma atitude relacionada à recompensa e ao reforço. A segunda corrente possui teorias mais profundas, porém mais difíceis de serem observadas na prática, como as teorias do Cognitivismo e Construtivismo.

A segunda etapa do projeto envolveu a escolha do texto em prosa. Ela foi pensada para o desenvolvimento de outras habilidades linguísticas, como a compreensão leitora e a produção escrita, pelos alunos, e requereu, mais uma vez, bastante pesquisa. Tal fato ocorreu, pois era a primeira vez também para o professor desse relato o contato com a prosa de Benedetti, demonstrando as limitações da minha formação docente recebida frente à diversidade de autores que compõe a literatura hispano-americana.

Mario Benedetti, é considerado uma das figuras mais relevantes da literatura uruguaia do século XX e um dos grandes nomes do Boom da literatura hispano-americana. Foi um grande escritor uruguaio e um destacado poeta, novelista, dramaturgo, contistas e crítico literário. Comprometido com a literatura, o autor escreveu mais de 80 livros traduzidos em diversas línguas, tornando-se uma das referências inquestionáveis da cultura contemporânea hispânica. Sua obra dividiu-se em dois períodos: o primeiro marcado pela crítica social e o segundo caracterizado pelo seu compromisso político e social, motivado por seu exílio, que durou dez anos. Essa experiência refletiu-se diretamente na sua vida e na sua literatura (SILVA E MILREU ,2016, p.1).

Em relação à escolha do texto em prosa, propus que o gênero trabalhado fosse o conto, em razão de sua extensão (considerando a realização de sua leitura e realização da tarefa a ele vinculado no período de um bimestre), e que esse tivesse um tema abrangente, que dialogasse com o conhecimento de mundo dos estudantes. Por isso, escolhi o conto La noche de los feos (Benetti, 2017), que narra a história de amor entre duas pessoas que, pela condição de suas características físicas, estão fora do padrão estético de beleza imposto pela sociedade.

Terminadas as seleções dos materiais, foram aplicadas duas aulas motivadoras e orientadoras para a realização dos projetos. A proposta da implementação das aulas motivadoras para o trabalho com o texto literário em sala de espanhol, como segunda língua, foi um fator relevante para o aprendizado e dialoga com a reflexão sobre as razões do sucesso e do fracasso, que podem estar por detrás do uso do texto literário como ferramenta de ensino.

Trevizan et al. (2017) consideram ser fundamental que o professor atue como mediador na relação do aluno com o conhecimento, de forma que haja a apreensão e apropriação do mesmo. Para os autores, o papel do professor como mediador de conhecimentos é estabelecer um processo de problematização e interação das vivências, experiências e o saber sistematizado, historicamente acumulado pela sociedade, o que pode favorecer a reelaboração, reconstrução e produção de novos saberes pelos estudantes.

Figura 01: Atividade proposta pelo manual didático com o gênero poesia

Figura 01: Atividade proposta pelo manual didático com o gênero poesia

Fonte: Vente 3, curso de español lengua extrangera (2015, p. 26)

A primeira parte da classe motivadora teve como referência um poema de amor de Mario Benedetti, que se apresentava na unidade didática do livro adotado em classe, intitulado Vente 3: curso de español lengua extrangera (2015). Preliminarmente, os alunos foram divididos em pares. O grupo escutou e visualizou o poema Es tan poco, de Mario Benetti (2022), presente na unidade didática do livro de classe, por meio da apresentação de vídeo do YouTube. A seguir, os estudantes foram orientados a ler em voz alta para seu colega o poema que estava no livro didático.

Depois, os discentes fizeram o exercício de identificar e buscar a significação de palavras desconhecidas e realizar a tarefa de compreensão leitora proposta pela unidade didática do livro. Finalizando a tarefa, os estudantes debateram questões que o poema suscitava, como a reciprocidade das relações amorosas, entre outros. Por fim, a cada dupla foi entregue um poema inédito de amor de Mario Benedetti, para declamarem entre si e refletirem, por meio de debate, sobre seus respectivos temas, preparando-os, assim, para a realização do projeto oral que deveriam cumprir.

Essa aula motivadora visava, como dito, a preparação para a realização de um projeto avaliativo oral. O projeto oral consistia que os alunos selecionassem um poema de Mario Benedetti com que se identificassem e, posteriormente, o visualizassem por meio de vídeos no YouTube ou em outras plataformas, para escutar a declamação do poema, realizada por um nativo da língua espanhola, e assim tivessem uma referência sobre a pronúncia de palavras e ritmo de leitura. A seguir, os estudantes deveriam pesquisar, selecionar um poema do autor uruguaio e gravar sua narração, preferencialmente de perfil, como forma de incentivo ao protagonismo do estudante e motivação para uma boa leitura do poema.

Figura 02: Fragmento do conto La Noche de los Feos

Figura 02: Fragmento do conto La Noche de los Feos

Fonte: Benetti, 2017

A segunda parte do projeto contemplou um conto do escritor uruguaio, chamado La noche de los feos (Benetti,2017). Anteriormente, foi realizada também uma classe orientadora, com a projeção de um curta-metragem, disponível na plataforma de vídeos YouTube, sobre uma adaptação livre do conto. A partir da visualização, os alunos responderam a questões de interpretação e debateram sobre os temas suscitados.

Ao final, foi entregue e realizada a leitura de uma pequena biografia do escritor, situando-o em sua produção bibliográfica e estilo literário, uma forma de compreender o autor por detrás da obra, além de ser lido um resumo do conto, como mais uma motivação para a leitura que seria realizada. O conjunto dessas atividades, para mim, representava um estímulo a mais para os alunos terem maior proximidade com a leitura, enriquecendo seu contato com o texto.  Acreditei que a realização de debate sobre o tema presente no curta-metragem, em sala, auxiliaria na formação de ideias para a expressão escrita, que seria exigida na tarefa avaliativa, após a leitura do conto: escrever sobre a importância ou não da beleza nas relações sociais, como trabalho, amizade, vida amorosa, etc.

Figura 03: Vídeo produzido por estudantes declamando poesias

Figura 03: Vídeo produzido por estudantes declamando poesias

Fonte: Arquivo pessoal do autor, 2022.

Após decorridos os prazos para entrega dos trabalhos, foi realizado outro encontro, para a exposição dos vídeos com as declamações de poesias de amor do autor uruguaio, produzidos pelos estudantes.

Nesse momento, os alunos promoveram o exercício da escuta de seus colegas e, ao final, foi feito um concurso para eleger a melhor declamação. O momento proporcionou o trabalho coletivo e lúdico com o texto literário, propiciando a quebra do ensino pragmático, que enrijece e afasta os estudantes do texto literário.

A realização das atividades também proporcionou a manifestação de diversas habilidades, linguísticas, sociais, motivacionais, afetivas, entre outras, que precisam ainda ser apresentadas, debatidas e compreendidas pelos docentes, de maneira geral. Dessa forma, o texto literário abordado, a poesia, é uma ferramenta com incontáveis potencialidades como ferramenta pedagógica, para o ensino de idiomas. Acredito que o projeto, além de propiciar a aquisição de vocabulário, da comunicação oral e da escuta, promoveu também o desenvolvimento de outras habilidades, como a empatia e de outros aspectos para a formação humana.

Figura 04: Produção textual do estudante, a partir da leitura do conto

Figura 04: Produção textual do estudante, a partir da leitura do conto

Fonte: Arquivo pessoal do autor, 2022.

Quanto ao projeto escrito, sobre o conto de Benedetti, foi realizada a correção da compreensão leitora e da produção escrita. Os principais erros e avanços detectados foram assinalados nos textos entregues. Nesse momento, a literatura, o conhecimento de mundo e as habilidades linguísticas se interagem e se manifestam na compreensão leitora e na expressão escrita, representando um momento que reafirma o potencial pedagógico da literatura no ensino de línguas.

Finalizando as atividades do projeto, foi também promovida uma pequena conversa sobre a realização do projeto literário entre os participantes, sempre utilizando a língua meta. Nesse momento, foram feitas considerações pelo professor regente e colhidas opiniões sobre a experiência da leitura realizada pelos estudantes, o tema da beleza em nossos dias, entre outras discussões que o momento de interação com o debate entre os alunos proporcionou.

Perspectivas sobre o uso da literatura em classes de língua espanhola, a partir da experiência aplicada

O uso do texto literário em classe de espanhol serviu como eixo condutor de diversas habilidades linguísticas, como ler, escutar, escrever, falar, etc. Dessa forma, foi ampliado o trabalho com as destrezas esperadas, se comparada com aquelas que inicialmente a unidade didática do livro de classe se propunha: o trabalho apenas com a compreensão leitora e a realização de atividades de caráter estrutural. O trabalho de declamação do texto poético favoreceu a aquisição de vocabulário, a prática de articulação na pronúncia das palavras, aquisição da manifestação cultural, pela poética uruguaia, entre outros.

Por outro lado, o texto literário em sala de aula permitiu o contato do grupo com elementos culturais que expressam como outros povos interpretam e se relacionam com temas que fazem parte do conhecimento de mundo dos estudantes em sua própria cultura. Isso os levou à reflexão de temas que fazem parte do seu cotidiano, como relatados nessa experiência, ao tratar da questão da beleza e seus impactos, em áreas como relacionamentos amorosos, de trabalho, entre outros.

As obras literárias se constituem em material autêntico e como tal não estão estruturados como material de estudo, em consequência, é necessário um trabalho bem-organizado por parte do professor, para que, ademais da riqueza cultural, linguística e a universalidade das temáticas, seja possível explorar o desenvolvimento das destrezas de compreensão e produção na língua objeto e praticar o reforçar estruturas gramaticais e vocabulário (GUITIERREZ,2019).

A fim de que o texto literário cumpra sua função de ferramenta pedagógica, o professor possui papel de destaque na mediação entre o texto e a perspectiva de mundo do aluno. Com isso, o aluno terá estimulada sua participação e autonomia na produção das atividades, que serão propostas com o texto literário. González (2015) cita, como um dos elementos motivadores para o êxito da literatura em sala, a autoestima resultante da compreensão do que se lê. O propósito das aulas motivadoras era tentar aproximar o texto literário do conhecimento de mundo de cada estudante, estabelecendo um diálogo entre a mensagem que o autor desejava transmitir e a mensagem com a qual o aluno interpreta o texto.

A utilização do texto literário no projeto foi agradável para a maioria dos estudantes, conforme relatos de alguns, quando questionados. Por outro lado, a experiência favoreceu para que uma pequena parte do grupo tivesse o interesse pela literatura hispano-americana despertado e solicitasse a indicação de novos contos ou autores para que pudessem ler, no âmbito privado. Esse pequeno grupo que mostrou interesse em continuar em contato com outras obras reflete, no entanto, a carência da prática da leitura entre nossa sociedade, ao ressaltar que o grupo de trabalho nessa pesquisa era composto por jovens e adultos de distintas idades e classes sociais.

O uso da literatura como estratégia de ensino da língua espanhola foi definitivamente incorporado nas práticas avaliativas do professor desse relato, devido ao reconhecimento do potencial dessa ferramenta pedagógica, para o desenvolvimento das habilidades linguísticas e da formação humanística dos estudantes em sala de aula, durante o aprendizado do idioma. Ademais, o retorno dos alunos, aprovando e expressando o seu gosto pela participação do projeto, foi também fundamental para a consolidação da literatura como recurso didático em minhas classes.

O texto literário promoveu o reconhecimento e contato com a manifestação linguística, que permeia os países hispanofalantes, sobretudo, na manifestação de sua variação linguística, presente na diversidade de vocabulário e expressões. Ademais, o uso do texto literário também permitiu refletir sobre as semelhanças, diferenças, as mazelas, as riquezas, entre tantos outros temas, que o texto literário nos permite identificar na essência do ser humano e sua relação na interação com os outros e na sociedade.

Considerações finais

O objetivo desta investigação refletiu sobre o uso da literatura como recurso pedagógico no ensino de língua espanhola para estudantes brasileiros. Para isso, foi apresentado o relato de experiência sobre classes desenvolvidas para a aplicação de um projeto avaliativo, que contemplou o desenvolvimento das habilidades linguísticas (oral, escrita, auditiva, leitora, etc.) e da competência cultural, tendo como eixo principal a declamação de poesias e a análise de um conto, ambos escritos pelo escritor uruguaio Mario Benedetti.

Em relação à motivação e desenvolvimento do projeto, considero que existe uma limitação da abordagem do uso do texto literário nos livros didáticos de língua espanhola, normalmente utilizado como pretexto de exercícios estruturais ou de compreensão leitora. Por conseguinte, é preciso que o docente esteja consciente de que o texto literário pode ser um valioso recurso didático, para o desenvolvimento de todas as habilidades linguísticas esperadas pelo estudante de língua espanhola, além de outras competências, como o conhecimento cultural, etc., que não podem ser mensuradas.

Dessa forma, além de usar o texto literário para o desenvolvimento linguístico do estudante, o docente também deve promover o trabalho temático do texto literário, mediando-o com a cultura e o conhecimento de mundo do aluno, para ampliar a consciência linguística e humana dele. Para isso, é fundamental que o professor seja o elemento de mediação da motivação e da orientação sobre as habilidades linguísticas que serão trabalhadas quando da leitura do texto junto aos seus estudantes, por meio da elaboração de um planejamento didático.

Em relação à avaliação das habilidades apresentadas pelos estudantes na entrega das tarefas, destaca-se o envolvimento, o protagonismo do estudante no desenvolvimento de suas habilidades com o idioma. Tal postura levou a maioria dos discentes, consciente ou não, a assumir-se como sujeito do aprender, ao, por exemplo, efetuar a prática da escuta para autocorrigir-se na pronúncia e ritmo, durante sua produção oral dos poemas e de busca de correção gramatical, coesão e coerência na expressão escrita.

A aplicação das práticas pedagógicas descritas demonstrou que o uso da literatura como recurso pedagógico, uma vez bem-planejado, tem o seu uso aceito, resultando em alunos mais participativos nas atividades propostas, de forma geral. No entanto, apesar de ser uma estratégia de classe motivadora, verifica-se que poucos são os discentes que demonstram interesse na continuação de manter contato e se aprofundar na literatura hispano-americana, após o desenvolvimento desses projetos.

O caminho para reverter essa tendência passa por questões da escola e do docente incentivar a promoção do contato do aluno com o livro, um incentivo literário permanente, por meio da realização de projetos, como o aqui relatado, da educação infantil ao ensino universitário, além da disposição de bibliotecas com um acervo com as obras em língua espanhola, etc. No entanto, este é um desafio torna-se ainda maior frente a uma sociedade tecnológica, caracterizada por uma parcela que exige o oferecimento de informação e entretenimento, de forma curta, imagética e imediatista.

Assim, a carência de um uso mais aprofundado da literatura em sala de aula representa uma perda pedagógica ao aluno quanto ao seu aprendizado do idioma. A sala de aula pode ser, para alguns, o único espaço onde os discentes tenham contato com a produção cultural hispano-americana. Essa restrição pode limitar o conhecimento sobre a variedade de usos da língua espanhola (diversidade no uso de expressões, vocabulário, dentre outros aspectos linguísticos, além dos conhecimentos culturais, presentes no texto literário). Por outro lado, com tal ausência, perde-se a oportunidade para ampliar a formação humana e cidadã, a partir do contato com o pensamento de outros povos, outras culturas, que poderiam ser adquiridos a partir do texto literário aplicado no ensino de língua espanhola.

Ricardo Allan de Carvalho Rodrigues - Mestre em Educação Profissional, Professor da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – SEEDF. E-mail: rallanbr@gmail.com

Referências

  1. ANDRADE JÚNIOR, Antônio Francisco de. Letramento literário e formação de professores de língua estrangeira. Entreletras, Araguaína, v. 2, n. 1, p. 79-90, 2011. Disponível em: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/entreletras/article/download/890/466 . Acesso em out. 2022.
  2. ARRESE, Fernando Marin; GALVEZ, Reyes Morales. Vente 3: curso de español lengua extrangera. Madrid: Edelsa, 2015. 192 p.
  3. BARROS, Augusto Moretti de; MIRANDA, Kátia Rodrigues Mello. Literatura e ensino de espanhol como língua estrangeira: livros didáticos e formação de professores em perspectiva. Revista Inter Ação, [S.L.], v. 46, n. 1, p. 409-421, 17 abr. 2021. Universidade Federal de Goiás. Disponível em: https://revistas.ufg.br/interacao/article/view/65124. Acesso em jul. 2023.
  4. BENEDETTI, Mario. La muerte y otras sorpresas. Delbolsillo,2017.
  5. BENEDETTI, Mario. Poemas de otros. Buenos Aires, Visor Libros, 2022.
  6. BROWN, H. Douglas. Teaching by principles: an interactive approach to language pedagogy. New Jersey: Prentice Hall Regents, 1994.
  7. BRUMFIT, Christopher; CARTER, Ronald. Literature and language teaching. Oxford: Oxford University Press., 2000.
  8. CASTAÑO, Irene Revilla. El texto literario en el desarrollo de la comprensión lectora en niveles iniciales de la enseñanza /aprendizaje de lenguas próximas. Actas del VI Seminario de Dificultades para la Enseñanza del Español a Lusohablantes. São Paulo: Consejería de educación y Ciencia de la Embajada de España en Brasil, 1998.
  9. CONTRERAS, Mariana Elisa Castro; CONTRERAS, María de los Ángeles. ¿Para qué sirve la literatura en una clase de español? Diálogos transatlánticos. Memoria del II congreso internacional de literatura y cultura españolas contemporáneas, 2011.Disponível em:https://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar/trab_eventos/ev.2860/ev.2860.pdf. Acesso em out. 2022.
  10. DEL RIO, Tatiana Lopes; LEITE, Vânia Vieira. O Uso do texto literário nas salas de espanhol/le, 2022. Disponível em: http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno06-12.html. Acesso em out. 2022.
  11. DUARTE, Rosália. Pesquisa qualitativa: reflexões sobre o trabalho de campo. Cadernos de Pesquisa, [S.L.], n. 115, p. 139-154, mar. 2002. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0100-15742002000100005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cp/a/PmPzwqMxQsvQwH5bkrhrDKm/#. Acesso em: 25 ago. 2024.
  12. FERNANDES, Maria Lúcia Outeiro. O Texto literário no livro didático. Itinerários, Araraquara,, v. 1, n. 17, p. 165-177, 2001.Disponível em:https://periodicos.fclar.unesp.br/itinerarios/article/view/3457/3220. Acesso em mar. 2023.
  13. FRIGOTTO, Edith. Leitura literária e formação de professores. Sede de Ler, v. 2, p. 22-28, 2011
  14. GARCÍA, Albaladejo; DOLORES, María. Cómo llevar la literatura al aula de ELE: de la teoría a la práctica. Marcoele: revista de didáctica español lengua extranjera, Valencia, v. 5, n. 5, p. 1-51, jul. 2007.Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=92152376003 .Acesso em out. 2022.
  15. GONZÁLEZ, Sergio Palacios. La literatura clásica: un elemento motivador para la enseñanza de ELE in MORIMOTO, Yuko et al. La enseñanza de ELE centrada en el alumno, Rocío: ASELE,2015, p; 1209-1216. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5427418 . Acesso em mar. 2023.
  16. GUTIERREZ, Giselle Nathalie Guavita. Licenciatura en lengua castellana, inglés y francés. 2019. 35 f. TCC (Graduação) - Curso de Licenciatura En Lengua Castellana, Inglés y Francés, Universidad de La Salle, Bogotá, 2019. Disponível em: https://ciencia.lasalle.edu.co/cgi/viewcontent.cgi?article=1881&context=lic_lenguas. Acesso em mar. 2023.
  17. KARADJOUNKOVA, Magdalena. ¿Cómo seleccionar los textos literarios usados en la clase de ELE?. 2017. Disponível em: https://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/publicaciones_centros/PDF/sofia_2017/03_karadjounkova.pdf. Acesso em jul. 2023.
  18. MORENO, Amanda Brandão Araújo. O lugar da literatura no ensino de espanhol: reflexões a partir de experiências didáticas no ensino superior. Campina Grande: Realize Editora, 2014.Disponível em: https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/6053 . Acesso em out. 2022.
  19. MOROTE MAGÁN, Pascuala. (2008). El cuento de tradición oral y el cuento literario: de la narración a la lectura. Alicante: Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes,2008. Disponível em: http://www.cervantesvirtual.com/nd/ark:/59851/bmc8w3w0 . Acesso em jul. 2023.
  20. MUNIZ, Camila Dantas; CAVALCANTE, Ilane Ferreira. O lugar da literatura no ensino de espanhol como língua estrangeira. Holos, Natal, v. 4, n. 1, p. 48-56, mar. 2009. Disponível em: https://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/345/285 .Acesso em out. 2022.
  21. NARANJO, María.La poesía como instrumento didáctico en el aula de español como lengua extranjera. Madrid: Edinumen, 1999. 126 p.
  22. NEUNER, Gerhard.; KRÜGER, Michael.; GREWER, Ulrich. Übungstypologie zum kommunikativen Deutschunterricht. Berlime Munique, Langenscheidt, 1981
  23. OLIVEIRA, Eliana Kefalás. Leitura, voz e performance no ensino de literatura. Signótica, Goiânia, v. 22, n. 2, p. 277-307, jan. 2011. Disponível em: https://revistas.ufg.br/sig/article/view/13609. Acesso em abr., 2023.
  24. PINHEIRO, Maria Michelle Colaço. O texto literário no processo de formação do professor de Língua Espanhola. 2016. 99 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Letras, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – Uern, Pau dos Ferros, 2016. Disponível em:https://www.uern.br/controledepaginas/defesas2016ppgl/arquivos/3857dissertacao_de_maria_michelle_colaa%C2%A7o_pinheiro.pdf. Acesso em out. 2022.
  25. QUEIROZ, Danielle Teixeira; VALL, Janaina; SOUZA, Ângela Maria Alves e; VIEIRA, Neiva Francenely Cunha. Observação Participante na pesquisa qualitativa: conceitos e aplicações na área da saúde. Enferm, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 276-283, abr. 2007.Disponívelem:https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2020779/mod_resource/content/1/Observa%C3%A7%C3%A3o%20Participante.pdf. Acesso nov. 2022.
  26. RODRIGUES, Ricardo Allan de Carvalho. O uso dos referenciais culturais no ensino da língua espanhola: relato da experiência em um centro interescolar de línguas do DF. Pesquisas e Inovações em Ciências Linguísticas: produções científicas multidisciplinares no século XXI, Volume 1, p. 126-148, 2022.
  27. SANTIAGO; Amanda Lucimar da Silva; SILVA, Tamiris Elizabete Camila; FERREIRA, Allan Batista; ANDRADE, Valéria Maria Amaral. O texto literário e o ensino de língua espanhola: uma prática pedagógica com o gênero conto, IV CONEDU,2017. Disponível em:https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2018/TRABALHO_EV117_MD4_SA15_ID1639_16092018192124.pdf>. Acesso em mar. 2023.
  28. SANTOS, Ana Cristina dos. A literatura no ensino de línguas estrangeiras. Revista Línguas & Ensino, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 40-58, mar. 2015. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/le/article/view/21060/11942. Acesso em: 1 ago. 2023.
  29. SEGABINAZI, Daniela Maria. Educação literária e formação docente: encontros e desencontros do ensino da literatura na escola e na universidade do século XXI. 2011. 342 f. Tese (Doutorado) - Curso de Letras, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2011. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/tede/6177/1/arquivototal.pdf. Acesso em ago. 2024.
  30. SERRANI, S. O professor de língua como mediador cultural. Discurso e cultura na aula de língua: Currículo – leitura – escrita. Campinas, SP: Pontes, 2005, p. 15 – 24.
  31. SILVA, Ana Raquel Henriques; MILREU, Isis. A Representação do preconceito em La Noche de los feos de Mario Benedetti. In: VI - Encontro Nacional de Literatura Infanto-Juvenil e Ensino Arábicos - Enlije, 2016, João Pessoa. Anais [...]. João Pessoa: Realize, 2016. v. 1, p. 1-1. Disponível em: https://www.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/25891. Acesso em ago. 2024.
  32. TREVIZAN, Zizi; GEBRAN, Raimunda Abou; GUIMARÃES, Cléber Ferreira. A mediação docente no ensino da leitura literária. Teias, Rio de Janeiro, v. 18, n. 49, p. 181-193, abr./jun. 2017. Disponível em:https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistateias/article/viewFile/26708/20960. Acesso em abr. 2023.

Recebido em: 23-jul-2024
Aceito em: 26-ago-2024

Creative Commons License
Todo o conteúdo deste trabalho é publicado sob a licença Creative Commons Attribution 4.0 International License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.