Modos de produção, circulação e publicação de obras de escritoras negras

Autores

  • Taise Campos dos Santos Pinheiro de Souza Universidade do Estado da Bahia, Pós-Crítica.

Resumo

É perceptível a invisibilidade de mulheres negras em nosso campo literário brasileiro, tanto em forma de representação, geralmente ausentes do texto literário ou retratadas de forma estereotipada, quanto de acesso, pela dificuldade de inserção das mesmas no mercado editorial. Esta pesquisa busca conhecer e analisar diferentes modos alternativos de produção liter ria de quatro escritoras negras baianas, a saber: Fátima Trinchão, Jocelia Fonseca, Mel Adún e Rita Santana. Para tanto, primeiramente foi feito um mapeamento de escritoras negras baianas contemporâneas, e, em seguida, a seleção de quatro escritoras que buscassem formas alternativas e diversificadas de produção. Assim, foram realizadas entrevistas com as mesmas, no intuito de perceber seus modos de produção, abarcando os sentidos que atribuem para o literário, as ferramentas criadas para produzir, publicar, circular e distribuir suas obras, bem como a imbricação entre a produção literária e sua própria subjetividade, observando também nesse percurso, seus modos de vida. Verificamos, nesse processo, que as escritoras pesquisadas encontram diversas dificuldades no percurso de produção, publicação e circulação de suas obras, que partem de um sistema de exclusão que abarca as variáveis gênero, raça, classe e, nesse caso, também a região. Apesar das formas de interdições várias, a que são submetidas, desde a dificuldade de inserção na literatura brasileira até à materialização do livro, as escritoras negras forjam outros caminhos, como a divulgação de seus textos na internet, a participação em projetos socioculturais, a associação com outras (os) escritoras (es), entre outras táticas que facilitam a chegada de suas obras a um público leitor. Tais práticas demonstram o quanto estas escritoras, pouco visibilizadas, têm resistido e criado linhas de fuga, perante sistemas de coerção que as aprisionam.

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Publicado

2018-04-08