Ontologia histórica da cultura ou Ontologia da cultura do presente em Michel Foucault

Da episteme histórica clássica na Idade Moderna à episteme histórica efetiva na Idade Contemporânea

Autores

Palavras-chave:

Ontologia histórica, Ontologia do presente, Arqueorracionalismo, Arqueogenealogia, Michel Foucault

Resumo

Partimos da Idade Contemporânea para problematizar um tema que foi introduzido na Idade Moderna. A cultura é o lugar das enunciações, ora de saberes, ora de conhecimentos, de toda uma época. A Filosofia passa a adjudicar para a validação, quando então teríamos a Filosofia, a História e a Epistemologia da Ciência, social ou humana. Para tanto, utilizamos o arquirracionalismo crítico ou analítico, ou apenas arqueorracionalismo, enquanto um Sistema de Pensamento que problematiza o uso da subjetividade na racionalidade instrumental e na reprodutibilidade técnica da enunciação. Trabalhamos ainda, com o método arqueogenealógico, para demarcar o momento histórico da enunciação, a fim de desencavar o tempo e o lugar dos enunciados. Sendo assim, o conjunto de estudos de Ontologia da cultura histórica e de Ontologia da cultura do presente deverá abranger a problematização de três eixos principais nos enunciados: o teórico, momento no qual questionamos a forma da verdade ou da falsidade por meio da qual nos constituímos como sujeitos enquanto objeto; o ético, momento no qual questionamos a forma política por meio da qual nos constituímos como sujeitos enquanto objeto; e o teorético, momento no qual questionamos a forma teórica e ética por meio da qual nos constituímos como sujeitos que constituem outros sujeitos enquanto objeto. É nesse sentido escavador das condições de possibilidade de existência da enunciação, ligada aos objetos presentes na subjetividade dos sujeitos, que encontraremos o esclarecimento dos enunciados. A positividade dos enunciados não diz respeito apenas àqueles ligados sobre a natureza da sua história, da sua geografia, da sua arquitetura, muito menos à funcionalidade da linguagem ou da língua, mas sobremaneira àqueles que dizem respeito à sua natureza teórica e metodológica de seu fundamento epistemológico. A positividade dos enunciados não diz respeito apenas ao passado imediato das suas contingências, mas sim do lugar da função enunciativa que ocupa na atualidade a racionalidade instrumental e reprodutibilidade técnica do uso do arquivo e da escritura no enunciado.

 

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Biografia do Autor

Michel de Vilhena Ferreira, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Doutorando em Ciências da Educação (PPGED/ICED/UFPA). Professor da Secretaria Executiva de Educação e Cultura do Estado do Pará (SEDUC) e da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Belém do Pará (SEMEC).

Carlos Jorge Paixão, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Professor do Instituto de Ciências da Educação (PPGED/ICED/UFPA). Doutor em Ciências da Educação. 

Damião Bezerra Oliveira, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Professor do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (IFCH/UFPA). Doutor em Ciências da Educação. 

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Publicado

2023-08-06

Como Citar

Ferreira, M. de V., Paixão, C. J., & Oliveira, D. B. (2023). Ontologia histórica da cultura ou Ontologia da cultura do presente em Michel Foucault: Da episteme histórica clássica na Idade Moderna à episteme histórica efetiva na Idade Contemporânea. Abatirá - Revista De Ciências Humanas E Linguagens, 4(7), 418–437. Recuperado de https://revistas.uneb.br/index.php/abatira/article/view/15051