“Tem cor, age”
Sobre (e com) as encruzilhadas da indigenização do Hip Hop no Brasil
Palavras-chave:
Hip Hop, Interculturalidade, Diferença, Encruzilhada, Indigenização do rapResumo
A partir da experiência e de estudos no campo da cultura e da educação, com o enfoque pós-estrutural e pós-colonial, bem como pós-fundacional, esta proposta se propõe a argumentar que a desconstrução não é o final de uma cultura, não é a sua destruição; mas é a sua possibilidade de seguir viva. Nenhuma cultura é pura ou estanque, mas em curso pelas práticas de significação, a partir das quais há sempre uma possibilidade de abertura de sentidos. Sendo assim, sua objetificação não deixa de ser sua morte; já que o uso social, cultural e político independe, em algum nível, das formas de enclausuramento acadêmico. Rompendo com pensamentos de pureza, este texto destaca então inúmeras maneiras de articulação que provocam mudanças na cultura Hip Hop. Em vez de uma busca por origem ou autenticidade, aconselha os estudiosos a observar as articulações em jogo em cada contexto, percebendo-as não como dados a priori; tal como os sujeitos, o que chamamos de cenários contextuais não preexistem às demandas, mas são parte do sistema de produção de sentido. O texto quer enfatizar ainda as distintas formas de agenciamento que indígenas mobilizam a partir da cena Hip Hop.
Downloads
Referências
APPADURAI. Arjun. Dimensões culturais da globalização. Lisboa: Editorial Teorema, 2004.
BENJAMIN, Walter. Linguagem, tradução, literatura (filosofia, teoria e crítica). Trad. João Barreto. 1 ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2018.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Trad. Myriam Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis e Gláucia Renate Gonçalves. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
BURBULES, Nicholas C. Uma gramática da diferença: algumas formas de repensar a diferença e a diversidade como tópicos educacionais. In: GARCIA, Regina Leite; MOREIRA, Antônio Flávio (org.). Currículo na contemporaneidade: incertezas e desafios. São Paulo: Cortez Editora, 2003, p. 159-188.
HADDOCK-LOBO, Rafael. Os fantasmas da colônia: Notas de Desconstrução e Filosofia Popular Brasileira. Coleção X (Organização Rafael Haddock-Lobo). Rio de Janeiro: Ape´Ku, 2020.
HILL, Marc Lamont. Batidas, rimas e vida escolar: pedagogia Hip Hop e as políticas de identidade. Trad. Paola Prandini e Vinícius Puttini. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
KATU MIRIM. Não cansei, 2020. Publicado pelo canal Katu Mirim. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=u_NpkkkzGTM. Acesso em: 28 out. de 2020.
KRENAK, Ailton. A vida não é útil. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
KOPENAWA, Davi; BRUCE, Albert. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Trad. Beatriz Perrone-Moisés. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
LACLAU, Ernesto. Emancipação e Diferença. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2011.
LAGES, Susana Kampff. Walter Benjamin: Tradução e Melancolia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.
LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elizabeth. Teorias de Currículo. São Paulo: Cortez, 2011.
LOUREIRO, Braúlio Roberto de Castro. Arte, cultura e política na história do rap nacional. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Campinas, n. 63, p. 235- 241, abr. 2016.
MACEDO, Elizabeth. Currículo, Cultura e Diferença. In: LOPES, Alice Casimiro; ALBA, Alicia de (orgs.). Diálogos curriculares entre Brasil e México. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2014, p. 83-104.
MOITA LOPES, Luiz Paulo da. Capítulo 3: Como e por que teorizar o português: recurso comunicativo em sociedades porosas e em tempos híbridos de globalização cultural. In: MOITA LOPES, Luiz Paulo da (ORG.). O português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola Editorial, 2013, p. 101-119.
NASCIMENTO, André Marques. Ideologias e práticas linguísticas contra-hegemônicas na produção de rap indígena. Signótica, Goiânia, v. 25, n.2, p. 259-281, jul./ dez. 2013.
NOBRE, Domingos. Entre a escola e a casa de reza: infância, cultura e linguagem na formação de professores indígenas guarani. Niterói: Eduff, 2016.
OLIVEIRA, Luciana de. Bro MC´s Rap Indígena: o pop e a constituição de fóruns cosmopolíticos na luta pela terra Guarani Kaiowa. Revista ECO PÓS, Rio de Janeiro, v. 19, n.3, p. 199- 220, 2016.
OZ GUARANI. O índio é forte, 2018. Publicado pelo canal OZ Guarani. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=iXIpDa28HQU. Acesso em: 28 out. de 2020.
RHYS, Jean. Vasto mar de Sargaços. Trad. Léa Viveiros de Castro. Rio de Janeiro: Rocco, 2012.
RIBEIRO, William de Goes. Nós estamos aqui: o Hip Hop e a construção de identidade em um espaço de produção de sentidos e leituras de mundo. 2008. 211f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.
RIBEIRO, William de Goes. Xe Rohenoi Eju Orendive: rimas, rappers e hibridização cultural de povos indígenas no Brasil. #Tear: Revista de Educação, Ciência e Tecnologia, Canoas, v. 9, n. 2, p. 1-20, 2020.
SIQUEIRA, Thales Rodrigo de; RIBEIRO, William de Goes. Às margens da Educação Física Escolar: cultura Hip Hop, diferença e políticas curriculares. In: RIBEIRO, William de Goes; OLIVEIRA e SILVA, Rita de Cássia de; DESTRO, Denise de Souza (orgs.). Educação Física e Diferença: perspectivas e diálogos. Curitiba: CRV, 2021, p. 231-256.
SILVA, Julia Izabelle da. Práticas transidiomáticas e ideologias linguísticas no rap guarani-kaiowá – Brô Mc´s: a mistura guarani-português como estratégia de negociação cultural e de luta política. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 10, n. 4, p. 1425- 1448, out./ dez., 2016.
SOUTO MC. Ressurreição, 2019. Publicado pelo canal Souto MC. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Flp1nFKwla8. Acesso em: 28 out. de 2020.
TEPERMAN, Ricardo. Se liga no som: as transformações do rap no Brasil. 1 ed. São Paulo: Claro Enigma, 2015.
WERA MC. Retomada de Terra, 2018. Publicado pelo canal Wera MC. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lczH-Uykz94. Acesso em: 28 out. de 2020.
WESCRITOR. Caos Indígena, 2019. Publicado pelo canal Wescritor. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=gPGoKxvKWYs. Acesso em: 28 out. de 2020.
ZIMOSKI, Adauany; JONER, Carla; MARTINS, Dione (orgs.). Xadalu: movimento urbano. Porto Alegre: Joner Produções, 2017.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.Você é livre para:
Compartilhar - copia e redistribui o material em qualquer meio ou formato; Adapte - remixe, transforme e construa a partir do material para qualquer propósito, mesmo comercialmente. Esta licença é aceitável para Obras Culturais Livres. O licenciante não pode revogar essas liberdades, desde que você siga os termos da licença.
Sob os seguintes termos:
Atribuição - você deve dar o crédito apropriado, fornecer um link para a licença e indicar se alguma alteração foi feita. Você pode fazer isso de qualquer maneira razoável, mas não de uma forma que sugira que você ou seu uso seja aprovado pelo licenciante.
Não há restrições adicionais - Você não pode aplicar termos legais ou medidas tecnológicas que restrinjam legalmente outros para fazer qualquer uso permitido pela licença.