À emancipação da colonialidade cisgênera
Uma crítica ao apagamento de subjetividades colonizadas
Palavras-chave:
Decolonialidade, Feminismo decolonial, Eurocentrismo, Cisnormatividade, Colonialidade de gêneroResumo
Objetivamos apresentar uma tripla crítica: 1) à imposição ocidental de estratégias de emancipação feminina eurocentradas; 2) à ocidentalização de estudos de gênero provenientes de nações colonizadas; 3) e à lacuna presente em estudos de gênero decoloniais em relação às experiências de corpos trans. Para tanto, mobilizamos as discordâncias entre as autoras Oyewùmí e Rita Segato, de modo a expor, pelas perspectivas de ambas, uma crítica à imposição de um feminismo ocidentalizado a sociedades não-europeias. Elaboramos, a partir dessa crítica, outro eixo dessa imposição – a ocidentalização dos conhecimentos produzidos por estudiosos originários de países africanos e latino-americanos. Como complemento a tais posicionamentos contra-hegemônicos, apresentamos uma reflexão sobre a necessidade de se demarcar, em estudos decoloniais sobre gênero e sexualidade, o fator da “cisgeneridade” e o reconhecimento das violências sofridas por pessoas trans. Violências estas que são heranças do colonialismo, assim como o historicídio das culturas dos povos originários narradas aqui por Sandra Benites. Traremos Lélia Gonzalez por meio da interseção entre os conceitos de raça e gênero, e demonstraremos como corpos diferentes do corpo ocidental, branco, masculino, heterossexual e cisgênero são subjugados pelas forças das colonialidades. Ademais, apontarmos para uma lacuna existente em estudos de gênero decoloniais, no que concerne à transgeneridade. Defendemos, assim, que uma vertente decolonial deve se expandir para agregar todos os corpos não-normativos, e deve apontar as falhas que ela própria comete, a fim de servir um de seus principais propósitos: a decolonização do saber.
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