MEMÓRIA FEITA DE RETALHOS: SUBJETIVIDADE EM CRISE E VIDA CULTURAL NA BELLE ÉPOQUE

Autores

  • Carmem Lúcia Negreiros de Figueiredo UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2016.v1.n2.p211-223

Palavras-chave:

Fragmentos. Diário. Crise do sujeito. Memória cultural. Lima Barreto

Resumo

O artigo apresenta os resultados parciais do estudo e pesquisa sobre Retalhos, do escritor brasileiro Lima Barreto (1881-1922), concentrando-se nas anotações e colagens relativas aos anos de 1900 a 1905. Publicado parcialmente sob o título de Diário Íntimo, seu conteúdo foi organizado em sucessão cronológica e linear, diversa da organização originalmente feita pelo escritor. Retalhos é o nome dado por Lima Barreto ao conjunto de recortes e colagens de fragmentos de jornais, observações do cotidiano e folhas de livros versando sobre críticas literárias, mesclados a anotações de ordem pessoal. Nesta leitura do diário feito de ‘retalhos’, discutem-se aspectos da intensificação da vida moderna e da subjetividade em crise, quer no método de observação e registro, quer na configuração do sujeito que coleciona recortes de jornais para, com eles, narrar a si mesmo. Sugere-se também um pouco do olhar do colecionador que busca reconhecer nas citações, recortes e comentários, um sistema de canalizações subterrâneas das heranças culturais e as redes da memória coletiva. Isto porque Retalhos apresenta simultaneamente o questionamento acerca da subjetividade em crise e um panorama multifacetado de reflexões e acontecimentos que marcaram as primeiras décadas do século XX, na Belle Époque brasileira.

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Como Citar

DE FIGUEIREDO, C. L. N. MEMÓRIA FEITA DE RETALHOS: SUBJETIVIDADE EM CRISE E VIDA CULTURAL NA BELLE ÉPOQUE. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica, [S. l.], v. 1, n. 2, p. 211–223, 2016. DOI: 10.31892/rbpab2525-426X.2016.v1.n2.p211-223. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/rbpab/article/view/2657. Acesso em: 23 abr. 2024.