Educação e Percepção Ambiental na Comunidade Sertaneja do Juá, Paulo Afonso/Ba

Autores

  • Eliene Urbano Alves Nascimento
  • Carlos Alberto Batista Santos Universidade do Estado da Bahia, Campus Juazeiro (UNEB III).

Palavras-chave:

etnoecologia, subsistência, percepção, preservação ambiental

Resumo

As relações homem/natureza se reproduzem numa dupla diversidade de natureza e de cultura. As culturas humanas constituem-se de forma diversa em diferentes ecossistemas naturais, mesmo que do ponto de vista das características bio-geológicas, estes sejam distintos, semelhantes ou mesmo idênticos. Diante disso este estudo se propôs a compreender o perfil ecológico humano dos sertanejos e sertanejas residentes na Comunidade Juá – Paulo Afonso/BA, através da investigação dos meios de subsistência da comunidade, do conhecimento tradicional utilizado, verificando-se a percepção destes moradores sobre o meio ambiente, preservação e conservação dos recursos naturais e ações destes que contribuem com a preservação do meio em que vivem. Para apresentação dos dados optou-se pela abordagem qualitativa de pesquisa, justificando-se pelo fato de que os problemas se arremetem ao cotidiano e são estudados no ambiente em que eles ocorrem naturalmente, sem qualquer manipulação intencional do pesquisador. Foi utilizado gravador de voz para realização de entrevistas semiestruturadas a uma amostragem de 26 moradores com idade entre 50 e 82 anos. A comunidade está voltada para a agricultura de subsistência e pecuária extensiva, sobre os quais detêm um grande entendimento de manejo devido à experiência perpassada pelas gerações anteriores. Essa subsistência, no entanto, é ameaçada pela seca que, associada a uma fonte de água rudimentar e incapaz de atender um projeto de irrigação, inviabilizam as culturas, muitas vezes por longos períodos, como também prejudicam a saúde dos animais. Esse fato desencadeou na caça, praticada ilegalmente na área de proteção ambiental Raso da Catarina próxima do povoado. Essa atitude é reprovada pelos informantes que a praticavam apenas para subsistência, relacionando-a a diminuição no contingente de animais silvestres. Viu-se também que a maioria dos informantes conhece termos ligados à preservação ambiental, embora suas ações ainda não estejam bem de acordo com as percepções.

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Biografia do Autor

Eliene Urbano Alves Nascimento

Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado da Bahia - Campus VIII (2010) e especialização em Saúde Pública pela Universidade Castelo Branco (2011).

Carlos Alberto Batista Santos, Universidade do Estado da Bahia, Campus Juazeiro (UNEB III).

Professor Assistente da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais. Líder do Grupo de Estudos em Etnobiologia e Conservação dos Recursos Naturais (UNEB), Membro do Núcleo de Estudos em Comunidades Tradicionais e Ações Socioambientais (NECTAS – UNEB), e Pesquisador do Grupo de Pesquisa em Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação (GPEME / OPARÁ – UNEB). Coordenador do Centro de Formação e Pesquisa Indígena do Semiárido da Bahia, Pólo Juazeiro.

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Acesso em 11 jun. 2015.

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Publicado

2016-03-03

Como Citar

Nascimento, E. U. A., & Santos, C. A. B. (2016). Educação e Percepção Ambiental na Comunidade Sertaneja do Juá, Paulo Afonso/Ba. Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais E Educação, 2(3), 37–60. Recuperado de https://revistas.uneb.br/index.php/opara/article/view/2119