A África enquanto construção discursiva e midiática

a propaganda colonial e a “Invenção” do “Outro”

Autores

  • Jonas do Nascimento Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

DOI:

https://doi.org/10.30620/gz.v5n2.p17

Palavras-chave:

África, Propaganda Colonial, Discurso, Cinema

Resumo

Por que as imagens que temos de África e dos africanos são tão depreciativas e deformadas? Por qual razão a África ocupa um lugar tão desprivilegiado em nossas imagens e imaginações? Partindo destas questões iniciais, esse breve artigo busca entender como se deu o processo de construção discursiva e midiática da alteridade africana, ou de sua “invenção”, a partir de múltiplos discursos – científico, religioso, político, literário, cinematográfico, etc. Tais discursos basearam-se, e baseiam-se, frequentemente, num “regime de autoridade” decorrente de relações desiguais de poder e conhecimento entre o Ocidente e o mundo não-ocidental. O distanciamento “antropológico” e “biológico” dos africanos, como “outros”, parece perpetuar-se. Busca-se aqui, portanto, suscitar uma discussão concisa que possibilite, no entanto, compreender e questionar a condição de marginalidade que a África – e tudo que lhe diz respeito – ocupa em nosso pensamento e imaginário ocidental.

[Recebido: 10 de ago de 2016 – aceito: 10 de nov de 2016]

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jonas do Nascimento, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Sociologia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Referências

ACHEBE, Chinua. A Educação de Uma Criança Sob o Protetorado Britânico. São Paulo: Cia das Letras, 2012.

ALMEIDA, Érica Reis de. O Panafricanismo e a formação da OUA. Revista geopaisagem (online). Ano 6, n. 12, 2007 Jul/Dez de 2007.

APPIAH, Anthony. Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

BLANCHARD, Pascal et Armelle, CHATELIER (Org.). Images et colonies: nature, discours et influence de l 'iconographie coloniale liée à la propagande coloniale et à la représentation des Africains et de l'Afrique en France, de 1920 aux Indépendances, Actes du colloque tenu à la Bibliothèque Nationale. Paris: ACHAC, 1993.

COPANS, J. et al. Antropologia: Ciência das Sociedades Primitivas, Lisboa: Edições 70, 1974.

DENIS, J. Ferdinand. Uma Festa Brasileira Celebrada em Rouen em 1550: teogonia dos antigos povos do Brasil, um fragmento recolhido no século XVI. São Bernardo do Campo: Usina de IdeiasBazar das Palavras, 2007.

FANON, F. Os Condenados da terra. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

FERKISS, Victor C. África: Um continente à procura de seu próprio destino. Rio de Janeiro: Edições G.R.D., 1967.

HEGEL, Georg. A Razão na História. Introdução à Filosofia da História Universal. Lisboa: Edições 70, 1995.

HERNANDEZ, Leila Leite. A África na sala de aula – visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.

LOPES, Carlos. A Pirâmide Invertida. Historiografia Africana feita por Africanos. Atas do Colóquio: Construção e Ensino da História de África. Lisboa: CCDP, 1995.

MACAMO, Elísio. Negotiating Modernity: Africa’s Ambivalent Experience. London: Zed Books, 2005.

MACAMO, Elísio. A constituição de uma sociologia das sociedades africanas. Estudos Moçambicanos, 19: 526. 2002.

MACHEVO, Gerson Geraldo. A Reconstrução do Discurso Identitário Africano em Valentin Yves Mudimbe. Universidade Pedagógica. Maputo, 2007.

MEYER, Charlotte. Les naissances du cinéma francophone subsaharien: les regards croisés de Jean Rouch et Ousmane Sembène. Université Du Québec, 2004.

MUDIMBE, V. Y. The Invention of Africa. London: James Currey, 1988.

MUNANGA, Kabengele. Negritude: Usos e Sentidos. 2o. ed. São Paulo: Ática, 1988.

SAID, Edward. Cultura e Imperialismo. Trad. Denise Bottman. São Paulo: Cia das Letras, 1995.

SAID, Edward. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Trad. Tomás Rosa Bueno. São Paulo: Cia das Letras, 1990.

SHAKA, Femi Okiremuete. Colonial And Postcolonial African Cinema – A Theoretical and Critical Analysis of Discursive Practices. University of Warwick, 1994.

SHOHAT, Ella; STAM, Robert. Crítica da Imagem Eurocêntrica. São Paulo: Cosac & Naify, 2006.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o Subalterno Falar? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

STAM, Robert. Introdução à teoria do cinema. Campinas; São Paulo: Papirus, 2003.

STAM, Robert; SPENCE, Louise. Colonialism, Racism and Representation: An Introduction. Screen, v. 24. 2 (1983), p. 220.

THIONG'O, Ngugi Wa. A descolonização da mente é um prérequisito para a prática criativa do cinema africano?. In: MELEIRO, Alessandra (Org.). Cinema no Mundo: África. Editora Escrituras, 2007.

Publicado

2017-11-30

Como Citar

NASCIMENTO, J. do. A África enquanto construção discursiva e midiática: a propaganda colonial e a “Invenção” do “Outro”. Grau Zero – Revista de Crítica Cultural, Alagoinhas-BA: Fábrica de Letras - UNEB, v. 5, n. 2, p. 17–50, 2017. DOI: 10.30620/gz.v5n2.p17. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/grauzero/article/view/3502. Acesso em: 28 mar. 2024.