“NÃO SOMOS OBJETOS DE PESQUISA”: EM BUSCA DE UMA ANTROPOLOGIA EM COLABORAÇÃO

Autores

  • Tadeu Lopes Machado Universidade Federal do Pará (UFPA)

DOI:

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2019.v28.n56.p44-55

Palavras-chave:

Antropologia, Metodologia, Descolonização do saber, Epistemologia

Resumo

Este artigo busca desenvolver uma reflexão crítica a respeito da forma com que a antropologia desenvolve seu conhecimento e estabelece sua base metodológica, mas também busca apontar alguns mecanismos para superar o modelo metodológico que herdamos da tradição antropológica. Portanto, é travado um diálogo com estratégias etnográficas que se colocam como vozes dissonantes da concepção metodológica e epistemológica convencionais. Ao longo do trabalho será feita a descrição de uma experiência pessoal observada recentemente com os povos indígenas de Oiapoque (AP), que, durante um movimento de reivindicação por melhorias e oferta de vagas específicas e entrada diferenciada no vestibular da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), apontaram a necessidade de romper com o olhar colonizador dos pesquisadores brancos, que segundo os indígenas “veem esses grupos étnicos ainda como simples objetos de suas pesquisas”. Ao final apontamos a necessidade de construção de uma pesquisa antropológica em colaboração, intersubjetiva e voltada para atender aos anseios dos povos com os quais executamos nosso trabalho.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Tadeu Lopes Machado, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Doutorando em Sociologia e Antropologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Professor Assistente da Universidade
Federal do Amapá (UNIFAP).

Referências

CONSELHO DE CACIQUES DO POVOS INDÍGENAS DE OIAPOQUE (CCPIO). Ofício nº 120, de 14 de maio de 2018. Oiapoque, AP, 2018.

DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

FABIAN, Joannes. O tempo e o outro: como a Antropologia estabelece seu objeto. Trad. Denise Jardim Duarte. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

FALS BORDA, Orlando. As revoluções inacabadas na América Latina (1809-1968). São Paulo: Global, 1979.

FALS BORDA, Orlando. La crisis, el compromiso y la ciencia (1970). In: FALS BORDA, Orlando. Una sociología sentipensante para América Latina. Buenos Aires: CLACSO, 2009. p. 219-252.

GEERTZ, Clifford. Do ponto de vista dos nativos: a natureza do entendimento antropológico. O saber local. Novos ensaios em Antropologia Interpretativa. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

INGOLD, Tim. Antropologia: para eu serve? Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo 2010: Indígenas. Brasília, DF, 2010. Disponível em: https://indigenas.ibge.gov.br/mapas-indigenas-2.html. Acesso em: 12 ago. 2019.

MARX, Karl. O Dezoito de Brumário de Luis Bonaparte. São Paulo: Centauro, 2006.

MIGNOLO, Walter D. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Literatura, língua e identidade, n. 34, p. 287-324, 2008.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. (Colección Sur Sur). p. 107-130.

RAMOS, Alcida Rita. Do engajamento ao desprendimento. Campos, v. 8, n. 1, p. 11-32, 2007.

RAMOS, Alcida Rita. Por uma crítica indígena da razão antropológica. Brasília, DF: DAN/UNB, 2016. (Série Antropologia, v. 455).

SANTOS, Boaventura de Sousa. O fim do império cognitivo: a afirmação das epistemologias do sul. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.

TROUILLOT, Michel-Rolph. Transformaciones globales: la antropología y el mundo moderno. Traducción y presentación: Cristóbal Gnecco. Bogotá: CESO/Universidad de los Andes, 2011.

VASCO, Luis Guillermo. Así es mi método en etnografía. Tabula Rasa, Bogotá, n. 6, p. 19-52, enero/junio 2007.

WALSH, Catherine. Interculturalidad, plurinacionalidad y decolonialidad: las insurgencias político-epistémicas de refundar el estado. Tabula Rasa, Bogotá, n. 9, p. 131-152, julio/diciembre 2008.

WALSH, Catherine. La interculturalidad em la educación. Lima: Ministerio de la Educación, 2005.

ZAMBIASI, José Luiz. Problematizando a epistemologia na construção do conhecimento. Revista Pedagógica UNOCHAPECÓ, ano 8, n. 17, p. 151-172, jul./dez. 2006.

Publicado

2019-12-29

Como Citar

MACHADO, T. L. “NÃO SOMOS OBJETOS DE PESQUISA”: EM BUSCA DE UMA ANTROPOLOGIA EM COLABORAÇÃO. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, [S. l.], v. 28, n. 56, p. 44–55, 2019. DOI: 10.21879/faeeba2358-0194.2019.v28.n56.p44-55. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/view/7849. Acesso em: 28 mar. 2024.