De Menocchio a José Luiz: escavando sentidos para a formação de leitores
Resumo
O artigo apresenta parte de uma pesquisa que, valendo-se das narrativas orais eescritas ordináriasde um idoso, um protagonista anônimo – José Luiz da Silva, colaborador —, foi em busca de conhecer o processo de formação (humana) e como leitor de um sujeito que, mesmo privado do direito à educação escolar, alfabetizou-se em outros espaços e, por meio dessefundamento, aventurou-se à construção de conhecimentos de forma (quase) autodidata. O estudo contou com o auxílio teórico-metodológico da história oral, em diálogo com propostas de pesquisas (auto)biográficas de formação. As obras de Ginzburg (2006), Darnton (2011) e Certeau (2013)subsidiaram a interpretação das narrativas sobre leituras do colaborador. Especialmente neste artigo, enfoca-se a aproximação do processo de (auto)formação de José Luiz com o vivenciado por Menocchio, o moleiro friulano encontrado e estudado por Ginzburg em autos da Inquisição. Compreender os processos de tessitura do conhecimento sobre a cultura escrita realizados pelo narrador permitiu materializar aspectos pouco evidentes para os que se fazem convencidos de que a escola é o lugar privilegiado de ensinar e de aprender, o que José Luiz nega e repõe em outro lugar, ao narrar suas histórias. O homem-leitor que emerge da investigação resulta de suas leituras, da religiosidade que o acompanhou por um largo tempo, e de suas vivências — mas não se reduz a um reflexo dessas influências, pela forma como as apreende e recria. As respostas às provocações feitas à memória demonstraram singularidades, engendradas pela percepção do sujeito em relação ao mundo. Suas experiências mostraram o quanto a formação de um indivíduo é complexa e se complexifica ao longo da vida, mediada pelas leituras, no contexto de sociedades tecnológicas, globalizadas e grafocêntricas.
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PDFReferências
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