AS BAIANAS DE ACARAJÉ: UM SIMBOLO REPRESENTATIVO DA CULTURA DE SALVADOR-BA

Autores

  • LOUISE VICTORIA MARQUES PRADO
  • CLESIALANE SANTANA PEREIRA
  • IMAIRA SANTA RITA REGIS

Palavras-chave:

Cultura, Baiana de acarajé, Cidade de Salvador

Resumo

Salvador tem um leque cultural muito diversificado por ter sido a primeira capital do Brasil, recebendo assim diferentes povos durante a colonização. Nesse contexto, temos como herança cultural a capoeira, os cultos religiosos de matriz africana, comidas com dendê, o samba, entre outros. Contudo, aqui daremos ênfase às baianas de acarajé por acreditar que as mesmas, ao longo do tempo, tornaram-se um símbolo representativo para a cidade. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é mostrar a importância cultural das baianas de acarajé na cidade de Salvador/BA. Além de buscar identificar o papel das mesmas na cidade de Salvador; mostrar o acarajé enquanto fonte de renda; e relatar o acarajé como representa ção da cultura afro brasileira. O acarajé, inicialmente chamado de acará (oferenda do Candomblé), foi trazido ao Brasil pelas pessoas escravizadas durante o comércio atlântico de escravos. O método de trabalho aqui desenvolvido foi a pesquisa de campo, com entrevistas à representante do Memorial das Baianas de Acarajé e com baianas que se encontravam nas mediações do Pelourinho, além da pesquisa bibliográfica. Durante a pesquisa de campo ao Memorial, perceberam -se espaços expositivos e de documentação, mostrando a os visitantes a evolução da profissão da baiana de acarajé e estimulando a preservação da herança e tradições dos mais de 300 anos de ofício das baianas de acarajé. Sendo uma especialidade gastronômica das culinárias africana e afro-brasileira, o acarajé é um bolinho feito de massa de feijão-fradinho, cebola e sal, frito em azeite de dendê. No início, a comercialização do acarajé era realizada pelas escravas de ganho - as ganhadeiras - mulheres que trabalhavam nas ruas para seus patrões, vendendo em tabuleiros seus quitutes. As mesmas ficavam com parte do dinheiro arrecadado nas vendas, sustentando sua família e posteriormente comprando a sua liberdade, do marido e dos filhos. Apesar de sua comercialização realizar-se no contexto profano, não devemos desassociar da religião de matriz africana, o Candomblé. As baianas devem estar obrigatoriamente padronizadas com sua vestimenta, composta por torso, fios de contas, bata, saia de tecido, e o tabuleiro de madeira contendo apena s as comidas tradicionais do ofício, de acordo com o decreto N° 26.804/2015. Por conta da venda indiscriminada do acarajé por evangélicos, substituindo a denominação tradicional por “acarajé de Jesus”, tornou -se necessário ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN ), o registro do “Oficio da Baiana do Acarajé” como Patrimônio Nacional, no ano de 2004,pela sua importância cultural e histórica. É a baiana de acarajé que apresenta Salvador, as tradições e sabores da cidade, logo a figura das baianas de acarajé é representação simbólica da cidade. Com sua simpatia e imagem própria, as baianas trazem a memória histórica e afetiva, tornando-se monumentos vivos. Diante dos dados analisados, percebe-se que as baianas de acarajé mantêm viva uma tradição ancestral. Após a abolição da escravatura e até os dias atuais, com finalidade religiosa ou comercial, o acarajé continua sendo o meio de vida de muitas mulheres e até homens que se intitulam Baianos de acarajé, sendo à base do sustento de muitas famílias, sendo um oficio passado de geração a geração e permitindo também que assumam seus múltiplos papéis como chefe de família, mães e devotas religiosas.

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Publicado

2019-12-26

Edição

Seção

RÁDIO – Arte, cultura e sociedade